Joel Goldsmith. Trovejar do Silêncio. Como superar condicionamentos. Mestre Gualberto.

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, por mais este videocast. Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado “O Trovejar do Silêncio”. Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: “Se tivéssemos sido corretamente orientados desde a infância e tivéssemos nós tido conhecimento da lei espiritual, teríamos aprendido a evitar muitas das discórdias em nossa experiência”. Sobre essa questão dos condicionamentos que temos desde a infância, o Mestre pode trazer a sua visão de como podemos superar esses condicionamentos?

MG: Gilson, aqui nós precisamos, primeiro, nos dar conta da verdade disso. Então, sem nos darmos conta da realidade desse condicionamento, não temos como ir além dele. Então, se tornar ciente disso, se dar conta disso, é o princípio, é a base. A verdade é que não estamos cientes disso, não temos uma plena ciência da condição psicológica em que nós nos encontramos. Então, repare a dificuldade: nós podemos ouvir uma fala sobre isso, assistir a uma palestra sobre o assunto, podemos ler um livro ou muitos livros sobre isso e, no entanto, continuar sem qualquer ciência, sem esse “se dar conta”. Então, ficamos só ao nível intelectual, e nesse nível intelectual não há Compreensão Real.

Uma coisa que nós temos enfatizado sempre, Gilson, aqui, é a importância da compreensão. Você não pode compreender uma determinada coisa se não tem daquilo uma aproximação. Você não pode, por exemplo, dirigir carro se você não aprende. A gente não nasce sabendo dirigir um carro; a gente aprende, e esse aprendizado requer que você tenha, de um veículo motorizado, uma aproximação. Então, uma vez que você se aproxime do carro, você aprende a dirigir; é quando você tem uma compreensão do assunto. Mas você pode ficar na teoria sobre o que é passar uma marcha, sobre o que é se aproximar de um acostamento.

No modelo do pensamento em que nós nos encontramos, nós podemos imaginar todo tipo de coisa. Podemos imaginar estar dirigindo, podemos sonhar à noite que estamos dirigindo. Sem qualquer aproximação direta do assunto – e aqui, no caso, é do carro -, ficamos apenas na imaginação, no pensamento, no sonho. Então, nós precisamos, Gilson, é da compreensão. A compreensão é algo que determina tudo! Nós somos muito apegados a teorias, a conceitos, a ideias, a um conjunto de pensamentos que formam esses padrões de ideias. Ficamos muito agarrados a isso! Então, ficamos sempre na teoria.

Aqui, nós precisamos observar aquilo que somos em nossas relações com o mundo, com o outro e dentro de nós mesmos; a relação que temos com os pensamentos que acontecem em nós, com os sentimentos que ocorrem, com as emoções que afloram. Então, assim nos aproximamos da compreensão desse estudo de nós mesmos. É nesse estudo de si mesmo que se revela a verdade do condicionamento. Quando começamos a perceber que nossas reações são reações que vêm de um movimento de memória, que é o passado, nos levando a dizer coisas, a sentir coisas, a fazer coisas com base no passado, na memória, começamos a perceber que estamos dentro de um modelo de condicionamento, que estamos apenas reagindo a esse momento com base no passado.

Então, isso é ter uma aproximação de compreensão – veja, não mais de teoria, mas de compreensão – de como nós funcionamos. Podemos romper com isso, há como romper com isso, porque paramos nesse momento de dar continuidade, manutenção, sustentação a esse elemento que é o ego, que é o “eu”, que se separa deste instante, deste momento presente, e avalia tudo que está aqui neste instante com base no passado. Esse é o condicionamento. Estamos rompendo com isso em razão da presença do Autoconhecimento.

Então, você pergunta: “Como romper com isso? Como se livrar desse condicionamento?” Autoconhecimento! Descobrir como olhar para as nossas reações, como nos tornar cientes delas, como nos dar conta de tudo isso que se passa conosco. Veja, não estamos diante de uma tarefa tão simples, porque já estamos há milênios envolvidos num movimento mecânico, inconsciente, de falar, de agir, de pensar, de sentir, e é isso que tem nos colocado nessa psicológica condição de sofrimento, criando sofrimento; de conflito, e criando conflito. Estamos em conflito com nós mesmos, estamos em conflito com o outro, então um trabalho se faz necessário aqui, e esse trabalho é se aproximar e descobrir como não reagir, diante desse novo olhar para essas reações.

É por isso que temos enfocado, Gilson, aqui, a importância da ciência da Meditação, porque quando a mente começa a se tornar ciente dela mesma, de suas reações, uma energia nova assume, uma energia nova está presente: é essa energia da constatação. Antes, ela estava sendo desperdiçada no movimento do próprio ego, do próprio “eu”, nessa inconsciência. Estamos colocando luz, consciência, sobre essas reações, e agora essa energia está disponível. Então, quando a mente se torna ciente dela própria, ela se aquieta. Podemos romper, sim, com esse padrão de inquietude interna, de movimentação psicológica do “eu”, do “mim”.

É assim que nos aproximamos dessa ciência que revela Deus, que é a Meditação. Essa Revelação de Deus é a Ciência do seu Ser. Não estamos mais nessa condição de identidade egoica, estamos nos tornando cientes, neste momento, de nós mesmos: da inveja, do ciúme, da raiva, do medo, da imagem que fazemos dele ou dela. É quando você se torna ciente de como internamente você funciona, de como externamente você reage ou responde. Estar ciente de si mesmo é ir além desse “mim”, desse “eu”. É isso que estamos juntos trabalhando aqui com você, tendo um olhar e uma aproximação nova de tudo isso.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta aqui de um inscrito no canal, um inscrito chamado Daniel. Ele faz o seguinte comentário e pergunta: “Mestre Gualberto, como podemos observar sem o observador? O ato de observar não depende de alguém observando?”

MG: Então, Gilson, aqui temos mais uma pergunta e, nessa pergunta, mais um modelo de crença que nós temos: a ideia de que estamos presentes neste instante, por exemplo, ouvindo esta fala ou assistindo a este vídeo. O sentido de alguém presente nesta experiência é o sonho. É esse o condicionamento que nós temos. Nós acreditamos que somos o observador, e quando essa crença está presente, aquilo que estamos vendo é avaliado, é julgado, recebe avaliações e comparações desse observador.

Então, nesse sentido, esse ato de observar a partir do observador é o modelo que nós conhecemos, mas aqui estamos lhe dizendo que é possível esse observar sem esse elemento que é o observador; que é possível se dar conta, neste instante, da ciência desse olhar sem “alguém” olhando; desse perceber sem “alguém” percebendo; desse escutar sem alguém ouvindo. Veja, Gilson, estamos diante de algo que nunca nos disseram: que neste momento não existe o “eu”, não existe esse observador, esse sonhador. Esse sonhador, esse “eu”, esse observador, ele aparece quando transforma este momento numa experiência para ele. É quando o sentido do “eu” está presente, mas o nosso condicionamento, que nós recebemos da cultura humana, é de que sempre há um observador para observar as coisas, sempre há um pensador para pensar os pensamentos, temos sempre a presença de um fazedor para fazer as coisas. A ideia nossa, nesse modelo de condicionamento psicológico, de visão particular de mundo, é de que estamos presentes dentro da experiência, sendo o experimentador dela. Então, todas as experiências ocorrem “para mim”. O “meu” modo particular e condicionado de “me” posicionar na vida, de “me” posicionar no mundo, é a partir de um centro, que experimenta, que vê, que escuta, que percebe. Estamos diante de uma ilusão, que é a ilusão do “eu”, do ego.

Aqui, estamos convidando-o a descobrir a arte de olhar sem o observador, de escutar sem “alguém” escutando, de perceber sem “alguém” percebendo. É quando nós nos aproximamos do descarte do “eu”, que é o observador, que é o pensador, que é esse ouvinte, que é esse “mim”. Então, estamos diante da arte mais extraordinária da vida, que é a arte de Ser, que é Meditação. É quando nós nos aproximamos de nós mesmos, aprendemos a olhar, aprendemos sobre nós próprios, como nós funcionamos, que descartamos a ilusão desse “eu” neste instante. Então, temos a arte que revela Deus, que é Meditação.

Quando você pergunta: “O ato de observar não depende de um observador?” Veja, a observação não depende de um observador, mas esse ato de observar, quando tiramos conclusões, avaliamos, ficamos nesse gostar ou não gostar, nesse querer ou não querer, nesse dar nome e fazer escolhas, sim, nós temos a presença do observador, e essa é a forma como estamos nos mantendo no mundo há milênios, sempre trazendo o sentido do observador para este momento. Então, ele olha a partir do fundo que ele traz. A partir desse fundo, ele gosta ou não gosta.

Quando, por exemplo, você olha para uma cor, é só o olhar, mas no momento em que o cérebro identifica a cor e você nomeia a cor, e nesse instante diz “eu gosto do azul, mas não gosto do amarelo”, repare, nesse momento temos, por exemplo, a presença do observador, porque ele já se separou da experiência pura, que é a observação. Veja, a observação, nela, não existe esse “eu” e a cor, há só o olhar, a ciência. A ciência do que está ali requer a presença da observação pura, mas a nomeação, a classificação, o gostar ou não gostar, o escolher requerem a presença de um fundo de memória, de resposta que vem do passado. Esse é o observador. Esclareceu?

Nós temos momentos na vida onde há só o observar. Quando você está diante de um pôr do sol, só há o pôr do sol, não tem “você”. No observar, não há um experimentador, há só este momento, e este momento é o momento do experimentar, porque não existe o experimentador com a experiência. Então, diante daquele pôr do sol, só há o pôr do sol, mas no momento em que o pensamento surge e diz “como é bonito isso, amanhã eu vou voltar aqui de novo”, ou há uma lembrança do que ocorreu há um ano atrás, ou há um mês atrás, ou há uma semana atrás, lá na outra praia. nesse momento, o pensador surge, o observador surge, e, nesse instante, não há mais o pôr do sol; tem você e o pôr do sol, temos o princípio da dualidade.

Assim, quando temos o observador, temos a coisa observada, mas, repare, não há qualquer separação! Essa separação é algo que o pensamento está introduzindo dentro da experiência. Há só o olhar, há só o perceber, há só o experimentar. Está claro isso? A ciência da Meditação revela a ausência do “eu”, revela a Vida. Você, em seu Natural Estado de Ser, não tem o “eu”, não tem o observador; temos a presença da Realidade, o puro observar, o puro perceber, o puro sentir, o puro viver. Assim, o convite aqui é para uma vida livre do “eu”, do ego, desse observador, nessa Ciência de Ser, onde Deus se revela. Essa é a Ciência da Verdade de Deus, é a Ciência da Realidade Divina. Então, estamos diante do seu Natural Estado, que é Meditação.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito no canal, a inscrita chamada Gi Nielsen. Ela faz o seguinte comentário e pergunta: “Outra coisa: se eu estou sonhando, então quer dizer que eu também estou sonhando que o Mestre Gualberto está falando que a vida é um sonho? Eu estou sonhando que eu estou assistindo a este vídeo agora?”

MG: Sim, exatamente isso! Tudo que você, a partir de um observador, faz é visualizar o mundo a partir de uma experiência particular, pessoal. Esse é o sonho. Então, este momento aqui é um momento de sonho. Se o pensador está presente, o observador está presente, você está diante de um sonho. Tudo o que está acontecendo agora aqui é parte desse sonho para esse sonhador. A não ser que você acorde, você estará sendo capturado por essa psicológica condição onírica. Então, esse ouvir é o ouvir de um sonhador, esse ver é o ver de um sonhador, esse sentir é o sentir de um sonhador.

Aqui, é bastante curioso dizer isso para você, eu apareço dentro do seu sonho, e há um propósito. O propósito é dizer para você que isso aqui é um sonho. O único propósito desse encontro que nós temos aqui é Acordar. Meu trabalho com você é lhe dizer: “Olha, isso é um sonho. Minha imagem é um sonho, minha fala é um sonho, tudo que digo está dentro do seu sonho. Vá além dele, descubra Aquilo que não faz parte desse sonho”. E você consegue, realmente, ir além dele. A boa notícia é que o tempo não se faz necessário, é exatamente a anulação do tempo que se faz necessária.

Aqui, o nosso trabalho juntos é tomarmos ciência de Deus, que é a arte do Despertar pela Meditação. A ciência da Meditação é a arte para o Despertar. Então, a Realidade está presente agora, quando o elemento que se vê separado e à parte deste instante não está mais. É isso que estamos fazendo aqui juntos: estamos dentro de um encontro para o Despertar. Eu não sou um professor, eu não posso lhe ensinar algo, eu não tenho o que lhe ensinar sobre você. Tudo sobre você está pronto em você. Meu trabalho, aqui, em entrar neste sonho, é lhe dizer: acorde!

O Ser Realizado é aquele que diz: “Vamos lá, está na hora de levantar. Está na hora de sair da cama, de sair dessa condição de sonho, de sono, de inconsciência”. É isso que estamos fazendo juntos dentro destes encontros. Assim, a nossa proposta aqui, com vocês, é a proposta desse olhar direto para a Verdade d’Aquilo que é Você, que é a Verdade de Deus. Só há Deus, tudo é Deus! Essa é a Realidade quando esse sonho não está mais presente, quando essa ilusão da separação não está mais.

GC: Gratidão, Mestre, já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está assistindo ao vídeo e tem o desejo real, sincero, em compreender esses assuntos, fica o convite para vir para os encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros on-line de final de semana; no formato presencial, também existem encontros, inclusive retiros de vários dias. Nesses encontros, o Mestre Gualberto, além de responder diretamente às nossas perguntas, acontece algo muito mais profundo do que isso.

Pelo Mestre Gualberto já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha esse Estado de Presença, e, nesse compartilhar, a gente acaba entrando de carona nessa Presença do Mestre, nesse Silêncio do Mestre, e isso é um facilitador incrível para a gente poder observar a nós mesmos e podermos ter uma compreensão de algo que está além do intelecto. Então, fica o convite.

No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros.

E, mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.

Novembro de 2024
Gravatá – PE, Brasil