GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Mais uma vez, o Mestre Gualberto se dispôs a estar aqui conosco para tirar nossas dúvidas, responder a comentários que vocês fazem aqui nos nossos vídeos e também para trazer um aprofundamento e a vivência do que é esse Estado Natural, do que é esse Estado de Iluminação Espiritual, do que é a vida que o Mestre vive hoje. Gratidão, Mestre, pela oportunidade de estar aqui de novo.
Mestre, eu vou ler um trechinho do livro “Consciência é o que Eu Sou”, do Joel Goldsmith. Num trechinho aqui, o Joel Goldsmith fala assim: “O único problema que alguém já teve é ‘eu’, e se não houvesse ‘eu’, não haveria problema. O causador de todos os problemas é o senso pessoal de ‘eu’. Existe apenas um erro em todo o mundo, e isso é manter um falso senso de ‘eu’”. Então, eu gostaria que o Mestre fizesse alguns comentários sobre.
MG: Muito bem. O único problema é a ilusão dessa identidade, que é a identidade do “eu”. Gilson, a única coisa que realmente importa nessa vida é fazermos essa investigação. Temos que investigar a natureza e estrutura desse “eu”, dessa “pessoa que eu sou”, dessa “entidade” que eu vejo aqui, chamada “eu”, desse “mim”, dessa “pessoa que acredito ser”.
Esse sentido de um “eu” presente, esse sentido de identidade, é todo o problema do ser humano. Na verdade, é isso que o faz ter a ideia de ser alguém, alguém assim chamado “humano”. A única Realidade é a Realidade do seu Ser, e Ela definitivamente não é humana, não é animal, não é vegetal, não é mineral. É a Realidade de Deus!
O único problema nosso, [das] assim chamadas “criaturas humanas”, como nós nos denominamos, é que nós nos vemos como uma entidade separada da Realidade, que é a Realidade de Deus, e isso é a base de toda a complicação, de todo o sofrimento, de toda essa falta, carência, egoísmo, esse sentido de dualidade.
O que é esse sentido de dualidade? É a ideia de que existe esse “eu” presente e o outro lá fora, “eu e o mundo”, “eu e Deus”. Essa dualidade é o que está nos sustentando dentro dessa condição de sofrimento. Se não houver esse sentido de dualidade, que é esse sentido de separação entre “eu” e Deus, “eu” e a vida, “eu” e o outro, “eu” e a existência, não haverá medo.
Dos problemas que temos, boa parte se assenta no medo. O ser humano vive nessa condição de medo. É um assunto que a gente tem explorado, investigado com vocês dentro do canal. A condição do ser humano, no medo, é a condição desse sentido de ser um ser humano nessa dualidade. Se há você e Deus, se há você e o mundo, se há você e a vida, há você, também, e a morte, há você e a doença, há você e a velhice, há você e o medo. Tem o “eu” e aquilo que chamamos de situação, que vemos como a causa do medo, e, na realidade, é só a ilusão do “eu”.
Tudo está na ilusão do “eu”. O “eu” é o medo, o “eu” é a ilusão da separação, da dualidade, o “eu” é a ilusão de vida e morte, de saúde e doença, de novo e velho. Todos os problemas, basicamente, do ser humano são essa ideia de vivermos como uma entidade separada, e é isso que tem que ser investigado, e é isso que nós fazemos dentro deste trabalho chamado Satsang. Ver a natureza e a estrutura do “eu” é se desfazer dessa ilusão, é romper com essa ilusão. É isso que nós podemos chamar de Real Despertar da Consciência ou Iluminação Espiritual.
GC: Mestre, eu quero ler uma pergunta de um inscrito aqui do canal. A Maria do Socorro da Silva fez a seguinte pergunta: “Querido Mestre, gostaria que o senhor fizesse um vídeo de como fazemos para parar de rejeitarmos as emoções e experiências negativas. Acho que aqui é a maior de todas as dificuldades. Por favor, muito agradecida”.
MG: É interessante a colocação dela. Ela quer um vídeo para investigarmos com ela essa questão sobre a rejeição das experiências e emoções negativas. E as positivas? O que é que nós chamamos de rejeitar a experiência? Temos que investigar é a natureza do experimentador, a natureza daquele que está na emoção.
Em geral, Gilson, nós queremos nos livrar daquilo que é nocivo para esse “mim”, para esse “eu”, para essa “pessoa” com a qual eu me identifico. Então, se é algo bom, agradável, feliz, eu quero. Se é desagradável, eu não quero. Então, eu preciso me livrar do que é ruim para mim, mas, do que é bom para mim, não preciso me livrar. E aqui o ponto não é o que é bom ou o que é ruim, aqui não se trata de uma experiência agradável ou desagradável, de uma emoção positiva ou negativa; aqui se trata da investigação da natureza desse “mim”, desse “eu”.
O sentido do “eu”, que é o ego… ele é o problema! Gilson, não há nenhum outro problema a não ser a presença desse “eu” se vendo nessa separação da experiência. Ele se vê dentro da experiência como sendo aquele que está experimentando, ou seja, ele se vê como o experimentador. Então, na visão particular dele, existe a experiência e ele. Aqui reside a separação.
Um exemplo clássico disso e muito forte, muito interessante, é investigar a natureza do medo. Quando você sente medo, a ideia é que você está nesse sentir. Na verdade, o medo não está separado desse “você”. Percebam: o medo é sempre em relação a alguma coisa, e há, dentro desse modelo de medo, uma identidade para sentir essa experiência assim chamada “medo”. Quando há medo, existe sempre o experimentador e a experiência.
Você, por exemplo, tem medo da esposa, tem medo dos empregados, tem medo do patrão, você tem medo do escuro, você tem medo do passado, você tem medo do futuro, você tem medo de adoecer… Os medos em nós são inumeráveis, e esse medo só está presente em razão de uma identidade nessa dualidade. Ela é o experimentador dessa experiência que ela denomina ser o medo e a causa do medo. Na verdade, esse medo está presente em razão desse “eu”, e essa experiência do medo se estabelece como sendo real para esse experimentador exatamente porque ele está presente.
Nós temos que investigar a verdade sobre o medo e perceber a ilusão que colocamos na experiência do medo, que é a ilusão do experimentador. É isso que dá continuidade à experiência do medo. Então, não temos que nos livrar ou aprender a lidar sem rejeitar as emoções negativas, nós temos que descobrir quem é esse que está dentro dessa emoção que nós denominamos “negativa”. Quem é esse “eu”? Precisamos compreender a natureza da experiência e ver que, nessa experiência, há sempre um experimentador. Quando nós nos aproximamos da experiência e não colocamos o experimentador, que é o “eu”, essa experiência se desfaz.
Então, não é possível o medo sem o medroso, não é possível a tristeza sem o triste, não é possível esse sentimento ou experiência negativa sem a entidade, ou o “eu”, presente, vivenciando isso, sendo um experimentador. A Verdade do seu Ser, a Realidade do que se mostra, Isso apreende tudo, compreende tudo, sem se separar. Então, não há espaço para o experimentador na experiência, não há espaço para alguém no medo, para alguém na tristeza, para alguém na frustração, para alguém na violência, e assim por diante.
Aqui, o ponto é nos livrarmos da ilusão do experimentador, do observador, desse pensador, desse que está sempre julgando a experiência e querendo dela se livrar, ou querendo se agarrar a ela. Esse “eu” sempre quer se agarrar às experiências boas e positivas, e quer se livrar das experiências duras, amargas e difíceis, e isso só dá continuidade à ilusão desse senso de separação, e, portanto, o sofrimento permanece, a ilusão permanece, porque permanece a crença dessa identidade presente na experiência.
O que eu tenho dito, Gilson, sobre a Verdade da Meditação, é que a Meditação requer uma aproximação da experiência sem o experimentador, uma aproximação do pensamento sem o pensador. Então, você começa a se tornar ciente daquilo que está presente sem se colocar como uma identidade presente nesse fazer, nesse pensar, nesse sentir, nessa emoção, nessa sensação, nesse sentimento. Isso desfaz essa dualidade e, portanto, esse sentido de separação, e isso termina o conflito, porque é exatamente nessa separação que o conflito está. Se há essa presença da experiência e nós não damos o nome de “medo”, e não rejeitamos, e não tentamos escapar ou fugir da experiência, quem é que fica para o “medo”? E o que ocorre com esse assim chamado “medo” quando não há o experimentador se separando, tentando fugir, tentando escapar, tentando rejeitar?
Nós não entramos, Gilson, em contato com a experiência. Estamos sempre tentando escapar, fugir, rejeitar, lutar contra, e isso sustenta o sentido de separação, de dualidade, e isso é o sentido do “eu” presente. A anulação da ilusão está na compreensão de que esse “eu” é o que se ilude. Sem esse “eu” se iludindo, não há ilusão, tudo é como é, e, sem o sentido do “eu”, só há essa Verdade Divina. Ela assume formas, Ela assume representações, Ela aparece como uma experiência que aparece e se dissolve. É que o sentido do “eu” está sustentando e criando experiências para viver essas experiências e sustentar sua identidade nelas. Se isso desaparece, muitas dessas assim chamadas “experiências” não aparecem, nem mesmo aparecem, porque não existe alguém sendo a base para sustentar isso. Não sei se está fazendo sentido o que estamos colocando, mas é isso!
GC: Mestre, essa é a Real Meditação que o Mestre traz, é esse simplesmente “experimentar” sem o experimentador. Agora, trazendo até um pouco do que eu venho vivendo, exige uma energia muito grande estar na experiência sem deixar o processo automático da mente gostar e se separar gostando, ou rejeitar e querer fugir da experiência, porque é tão forte, dentro desse falso senso de um “eu”, julgar e gostar de algo, se separar daquilo gostando, ou se separar querendo fugir quando é ruim, que exige uma energia tremenda para estar na experiência sem esse experimentador, ou seja, só experiência.
E é engraçado, porque em alguns momentos – que daí são do passado, já não importam, mas quando acontece isso, é muito engraçado – em que tudo só acontece, independente do que for, é algo que traz uma leveza. Uma coisa muito diferente de quando esse “eu” está presente lutando para fugir ou lutando para agarrar, para manter. O Mestre poderia falar um pouco mais sobre?
MG: Então, o ponto aqui é sempre a ilusão de que você está na experiência. Existem coisas aqui, Gilson, das quais a gente precisa se aproximar, investigar e descobrir com muita clareza. Uma das coisas que eu acho importantíssimas para serem colocadas aqui é essa questão da relação que temos, por exemplo, com o pensamento. Nós não percebemos que o pensamento em nós é só uma memória. Sendo só uma memória, é só uma recordação vindo do passado. Agora mesmo, aqui, não tem alguém produzindo esse pensamento. Esse pensamento é uma aparição que está surgindo agora, aqui, mas é só uma experiência do passado que foi vivida, sendo recordada agora aqui. Isso não significa a presença de alguém produzindo esse pensamento, isso é um funcionamento do próprio cérebro. O cérebro guarda imagens, recordações e lembranças, e, quando diante de um desafio, de algo com o qual ele se depara, essa recordação por si só aparece.
Vou dar um exemplo: você vem caminhando pela rua e você vê um cachorro. Nesse momento, quem viu o cachorro foi o próprio cérebro. A própria mecânica, a própria estrutura cerebral se tornou ciente do cachorro. E, de uma forma automática, existe uma associação de memória nesse cérebro, então vai surgir a lembrança de quando você era criança, que você tinha um cachorro e que… Isso vai acontecer automaticamente. É um trabalho de reação do próprio cérebro, é ele que produz a memória. Não tem você nessa experiência ali, trazendo a história do passado diante daquela cena do cachorro ali, naquele instante. É uma resposta mecânica da própria estrutura cerebral.
Então, os pensamentos em nós, Gilson, todos são reações da memória. Não tem você sendo o pensador, produzindo esse pensamento. Mas o que é que ocorre? Nesse momento surge, juntamente com isso, a crença – que é a crença comum a todos, que é o estado de condição hipnótica em que vivemos, de sono, de inconsciência sobre quem somos – de que nós estamos agora tendo uma lembrança. Quando surge essa lembrança, ela surge naturalmente com alguns sentimentos, algumas emoções, e, nesse instante, você cai numa identificação, na ilusão de uma identidade agora presente na experiência da saudade daquele cãozinho que você tinha na infância, e você começa a viver internamente esse drama, que é o drama do “eu”.
Então, a nossa vida consiste nessa situação de identificação completa com memórias, com lembranças, com pensamentos, e quando isso está agora acontecendo, aqui não há outra coisa a não ser o ego em expressão. Isso é completa inconsciência! Esse é o estado de condicionamento psicológico em que nós vivemos. Então, estamos sempre reagindo ao momento presente com base num fundo de lembrança, de memória, de recordação, e isso é ausência de Presença, de Consciência.
Essa Consciência, essa Presença requer atenção para este instante. É aqui que essa Energia de Presença, de Consciência, se faz necessária para haver uma mudança nessa própria estrutura cerebral, a ponto de que esse condicionamento seja desfeito. Eu aqui só dei um exemplo, você pode estender isso para a nossa vida. Ela está cheia disso! Carregamos culpa, remorso, medo, arrependimento, saudade, ódio, raiva, desamor, ciúme, desejo de possuir, o conflito que os desejos causam, tudo em razão dessa desatenção sobre esse movimento, que é um movimento simplesmente de memória, de hábito cerebral, de condicionamento psicológico.
Então, a Meditação vai romper com isso, vai quebrar com isso, vai se desfazer disso, que é quando teremos o fim para essa ilusão de uma identidade presente. Quando essa identidade não entra nessa experiência do pensamento, que é memória, lembrança, essa lembrança não se estabelece como sendo uma identidade presente nela.
Então, com isso, você está realizando um trabalho sobre si mesmo, de quebra de condicionamento psicológico. É quando você está facilitando ao cérebro entrar numa Energia inteiramente nova, que é a Energia do Silêncio, da Quietude, que é Meditação. Apenas essa Quietude, Silêncio, que é Meditação, revela algo fora disso que é o modelo da egoidentidade, que é o modelo do conhecido.
Não podemos ter acesso à Realidade Divina a partir do “eu”. Podemos observar esse movimento do “eu”, e quando ele se aquieta, nessa Atenção que damos a nós mesmos nesses momentos, quando há essa Atenção Real sobre nós próprios, essa Plena Atenção, aí essa Realidade que já está presente se mostra.
Nós não alcançamos Deus, nós não chegamos até Deus, nós não realizamos Deus, no sentido de alguém chegar até lá. Isso se realiza aqui e agora quando o sentido do “eu” não está. Então, o seu trabalho com a Meditação é descobrir a Verdade de que, quando há Meditação, não tem alguém, não há o meditador, não há alguém no esforço, fazendo algo, então Isso naturalmente assume o espaço que é d’Ele. Esta Graça, esta Presença, Esta Consciência, como queiramos chamar… Isso assume. Então, há uma mudança na própria estrutura do cérebro, nas próprias células cerebrais, no próprio corpo.
A verdade, Gilson, é que, nesse condicionamento psicológico em que vivemos, o corpo está viciado nesse processo de pensar e sentir de uma forma completamente mecânica e inconsciente. A Meditação, que vem dessa observação do movimento do “eu”, que é Autoconhecimento – porque a única forma real de haver Meditação é nisso, é exatamente quando isso acontece… Quando há essa observação do movimento do “eu”, se revela essa Atenção, e, nessa Atenção, há uma mudança. Então, há um espaço para o silêncio da própria mente, para a quietude da própria mente, para a revelação desta Presença, desta Consciência.
De outra forma, continuaremos sempre nesse automatismo, nessa identificação, nesse estado sonambúlico, nesse estado de sonho, nessa egoidentidade, vivendo essas experiências de pensamentos, sentimentos, sensações, percepções, sempre dentro desse princípio de egoidentidade presente, sem qualquer ciência da realidade de que só há Deus. É bem assim… É importante acordar.
GC: É incrível essa maneira como o Mestre traz isso, porque, no meu exemplo, e eu vejo que é muito comum isso, é sempre o ego querendo buscar Deus e querendo se espiritualizar. E o Mestre traz o viés exatamente contrário: em vez de querer olhar Deus, olhe para si mesmo, olhe para a falsidade que você é, para a falsidade desse “eu” presente. E, olhando para o que é falso, como o Mestre traz, vendo a falsidade, vendo a atividade desse “eu” a todo instante, esses pensamentos, e a gente com essa identificação com o pensamento, tomando consciência disso, a Realidade, que já é presente, como o Mestre acabou de falar, vai se revelando. Mas esse foco que o Mestre traz – a gente olhar o falso e saber: “Isso é falso” – faz toda a diferença, porque, dentro do buscar Deus, o ego, com a sua sapequice, com a sua safadeza, cria e imagina infinitas coisas. Agora, olhar para dentro, olhar para inveja, olhar para o medo, olhar para os desejos e ver a falsidade que é isso, é algo incrível; e desafiador também.
MG: O ponto, Gilson, é que não podemos trazer a Realidade de Deus, porque quem é que irá trazer a Realidade de Deus? É o “eu”? Não podemos lidar com a Realidade de Deus a partir desse “eu”. Esse “eu” é uma falácia, é uma confusão, é uma balbúrdia, é um tumulto, é uma desordem. Tudo o que nós podemos fazer é nos tornar cientes dessa balbúrdia, dessa confusão e desordem. Quando nos tornamos cientes disso, aprendemos essa arte de aprender a desaprender isso tudo. Eu tenho chamado assim. Temos que aprender a desaprender esse modelo, esse padrão de condicionamento cultural, social, humano, e isso é possível nessa arte de ser Consciência, que é, basicamente, a Meditação.
Então, aqui se trata de ver o falso, basta ver o falso. E nós temos essa energia para isso, se pararmos de desperdiçá-la nessa condição psicológica de egoidentidade. Nós temos energia para isso; é a energia desta Presença na própria estrutura da máquina. Os sábios chamavam isso de Kundalini. É a energia dessa Consciência, que já está presente, só que ela está adormecida, porque não estamos dando a ela o espaço devido para que ela aflore, para que ela desperte. E ela desperta quando conseguimos olhar para nós próprios e ver essa ilusão desse falso “eu” e desse movimento, que é o movimento da mente condicionada. A direta observação, o direto olhar, já é suficiente. Ver o falso já revela a Verdade.
Então, não se trata de, positivamente, Gilson, ir até Deus, porque você não vai até Deus, você vai até uma imaginação. As pessoas estão numa procura, numa busca imaginária, de uma ideia que elas fazem do que elas acreditam ser Deus. Deus não pode ser uma ideia e não pode estar dentro de uma imaginação do próprio “eu”. Ele é naturalmente uma Realidade, mas está fora do “eu”, e nós não temos acesso a Ele. É Ele que se revela quando o “eu” não está. Então, essa que é a diferença, Gilson: olhar para aquilo que se passa aqui e agora, se tornar ciente de que não há alguém, que é só uma representação de condicionamento psicológico, de mecânica cerebral e de padrão de cultura, e todo esse tipo de coisa. Tomar ciência disso é suficiente. Agora, requer energia? Sim, mas a energia já está presente, só temos que parar com as diversas formas de fuga. E nós temos diversos expedientes para fugirmos dessa dor, dessa inveja, desse medo, dessa raiva, desse desejo, desse conflito que o desejo causa.
Nós precisamos de um trabalho sobre nós mesmos, que é o que nós temos em Satsang. Em Satsang, não há espaço para você fugir, porque você é colocado diante disso a todo instante, momento a momento. Não há como você deixar de ver o que está diante dos seus olhos se isso lhe é mostrado. Isso é Satsang: se deparar com a investigação direta, sem poder escapar de si mesmo. Isso é algo estupendo, é algo maravilhoso, porque há uma presença extraordinária de Amor, de Compaixão, em Satsang, que o faz ver essa dor e ir além dela sem fugir, sem escapar. É isso que acontece.
GC: Mestre, é engraçado como o ego romantiza essa busca espiritual, porque, por exemplo, nos próprios estudos do Joel Goldsmith, e na citação bíblica “morrer diariamente”, o ego, na sua safadeza, diz: “Nossa, coisa linda! Tenho que morrer mesmo para esse ego em ‘mim’, que é ver essa ilusão”. Agora, em Satsang, o Mestre bota isso de uma maneira viva! Então, como o Mestre acabou dizer, é um espelho onde a gente, inevitavelmente, estando em Satsang, permanecendo em Satsang, a gente acaba sendo mostrado. O Mestre coloca na nossa cara: “Olha a ilusão que é ser alguém!”. E é um tremendo desafio para o ego. O ego não quer a real morte. Ele quer um faz de conta, ele quer evoluir, ele quer ser o bonzinho. Agora, morrer mesmo ele não quer.
E esse encontro com a Verdade, que é Satsang, o encontro com o Mestre, é algo extraordinário, porque, nos videocasts, o Mestre traz um pouco das palavras e tudo… agora, no [encontro] ao vivo, online, ainda mais no intensivo, quando é presencial, é algo que é realmente sem palavras… porque é a Presença, é a Presença dessa Graça, por essa Realização que o Mestre… o seu Mestre lhe deu, né, Mestre? Porque não existe mais esse “Gualberto”. Mas é algo que realmente é para “queimar”, é para esse “morrer” diariamente para toda essa falsidade que é ser alguém. Então, é realmente uma Graça.
MG: Gilson, outra coisa sobre isso é que nós temos muita fantasia sobre essa questão do Despertar. A gente acha que é uma coisa realmente do outro mundo. Não é uma coisa do outro mundo, é só uma coisa fora do tempo. É só isso! Não é do outro mundo, é uma coisa fora do mundo. Não tem outro mundo! É um contato com a Realidade Divina, que é Você em seu Ser, uma vez que você se despiu de toda a ilusão dessa ideia de ser alguém dentro dessa experiência. E essa coisa, Gilson, é um trabalho da própria Presença, da própria Graça, mas você precisa se tornar ciente da ilusão sobre você.
Até porque, Gilson, você nasceu para realizar Isso. Então, você tem todo o potencial, você tem toda a Presença, toda a Graça, toda a energia que se faz necessária para essa Realização. É que o ser humano foge! Ele está ocupando seus dias, que não são tantos dias, seus anos, que já não são tantos, em realizações externas. A única coisa que você está aqui para fazer é descobrir que você não está aqui para nada, inclusive para fazer alguma coisa. Você está aqui apenas para constatar a Realidade do seu Ser e viver essa Verdade, e ir além dessa condição de tempo, ir além dessa condição de separação, onde há Deus e você.
Então, nós nascemos, Gilson, para realizar Deus, mas o ser humano tem outras coisas na frente. Ele tem uma lista, e ele tem que dar um “tiquezinho” em cada ponto da lista. Ele tem muita coisa ainda para fazer antes da única coisa que se faz necessária, que é realizar Deus. Então, ele coloca o Reino de Deus como a última coisa. Segundo Cristo, a primeira coisa seria colocar o Reino de Deus em primeiro lugar, e tudo o mais se resolverá. Só que o ser humano não está fazendo assim, ele faz diferente. Ele quer casar, ele quer ter filho, ele quer montar a empresa, ele quer ter sucesso, ele quer ser famoso… ele quer tudo, menos o que importa, que é ser feliz. Pessoas são naturalmente infelizes. A única Felicidade reside em ser Aquilo que Você é, que está fora do mundo, que está fora do tempo, que está fora do conhecido. Isso é realizar Deus, Isso é Real Iluminação.
GC: Mestre, gratidão! Já deu o nosso tempo, então gratidão por mais esse encontro. Pessoal, para quem está assistindo, deixe um “like”, faça comentários. Para quem não está inscrito, se inscreva no canal. E fica o convite para quem sente algo além do que está sendo dito e tem um desejo que queima no coração por realmente realizar Isso: venha para Satsang, se aproxime desse trabalho com o Mestre Gualberto, porque, de fato, Satsang é, na prática, esse “morrer” diariamente. Então, Mestre, muito, muito obrigado. Gratidão por tudo!