Ainda sobre essa questão da Kundalini, Kundalini Yoga e a Iluminação Espiritual. O que é Kundalini Yoga? E o que é Jnana Yoga? Veja, são aparentes dois caminhos, mas ambos apontam para a mesma Realidade: para a Realidade da Consciência, que é a Realidade do Ser, que é a Realidade da Verdade sobre quem Você é aqui e agora.
Então, há uma grande confusão a respeito do que é Kundalini; há muita imaginação acerca disso. Segundo o próprio Ramana, Kundalini é a própria Presença do Ser, que é o Coração.
Quando essa Energia de Presença se assenta, quando Ela Desperta e se assenta, Ela sobe pela coluna, vai até o cérebro, opera algumas mudanças e desce, segundo o próprio Ramana, e alcança o Coração. Então, há esse Despertar ou Iluminação Espiritual.
Então, é basicamente isso… Todo um processo psicofísico pelo qual o corpo passa em razão da presença desta Energia, que Ramana também chama de Shakti. Kundalini é essa Energia da própria Shakti, trabalhando no organismo, no mecanismo, nesse corpo-mente, para que esta Iluminação, para que esse Despertar, seja possível.
Agora, isso pode parecer, assim, muito técnico sendo colocado dessa forma. Na Kundalini Yoga, a prática é de mudras, respiração, há diversas práticas, e o próprio Ramana diz que aquilo que é o objetivo da Kundalini Yoga, através das práticas… Ramana diz “aqui…”, ele fala, “pela Jnana, entramos pelo caminho direto da autoinquirição, da autoinvestigação”, que é o que eu prescrevo aqui para você.
Nosso trabalho é diretamente pela Jnana. Não se preocupe com essa terminologia. Aqui nós trabalhamos com você apontando aquilo que há de mais direto para esse Despertar Espiritual ou Iluminação Espiritual, que é a Atma Vichara, a autoinquirição.
Então, aquilo que é, na Yoga, na Kundalini Yoga, obtido por práticas diversas, aqui é obtido pela auto-observação, pela autoinquirição, a observação do movimento da mente, a observação do movimento do “eu”, essa observação do movimento de estar consciente, dos sentimentos, das emoções, das sensações, das percepções… Isso pode lhe colocar em direto contato com o seu próprio Ser, com Aquilo que Você é aqui e agora.
Então, esse processo automático do Despertar da Kundalini acontece nesse corpo-mente, nesse mecanismo, através e simplesmente desta auto-observação. E o que é auto-observação? É a ciência da Verdade sobre quem Você é.
A própria ciência dessa observação da Verdade sobre quem Você é, esse olhar, uma vez que você não se identifique com a ilusão do que o pensamento está produzindo, o sentimento está produzindo, a sensação está produzindo no corpo, uma vez que você não se identifique com isso, você está em direto contato já com a Verdade sobre quem Você é.
Isso acontece de uma forma automática, de uma forma simples, de uma forma natural. Isso lhe coloca em direto contato com o Silêncio, com a Presença, com a Consciência, com o Despertar dessa Energia Divina, dessa Shakti, que alguns chamam de Kundalini.
Então, essa Energia de Presença opera um trabalho, ela realiza um trabalho nesse organismo, e ela sobe, chega ao cérebro, opera um trabalho, uma mudança, e desce até o Coração. Então, Ramana diz que Kundalini é o próprio Coração. Em algum outro momento, ele diz que Kundalini é a própria Shakti, e isso não está, necessariamente, dentro do corpo nem fora; está, segundo Ramana, dentro e fora – não numa parte e excluindo outra.
Então, veja, não há por que se ocupar psicologicamente tentando entender isso, porque isso é mais uma atividade da qual você irá, necessariamente, ter que se livrar também. Aqui, não se trata de qualquer compreensão ou entendimento intelectual, de algo assim que nos parece tão técnico, até porque nós somos ocidentais, nós não estamos acostumados com toda essa linguagem e com todas essas técnicas ou práticas milenares da Yoga.
Então, o seu trabalho direto está na ciência da Verdade sobre quem Você é, pela observação. Então, eu tenho tentando lhe mostrar aqui a beleza e a importância da Meditação e como Meditar.
Então, é disso que temos tratado e esse é o único assunto dentro desse canal. Estamos sinalizando para você a importância desse Despertar, desta Realização Divina, algo que é possível para você aqui e agora pela Constatação da Verdade que Você é, através da auto-observação, que revela o Autoconhecimento, que se apresenta como Meditação.
Eu nunca separo Meditação da autoinquirição, nem Meditação do seu próprio Estado Natural, que é Consciência. E agora você está percebendo, não há qualquer separação entre essa Consciência e o Coração; e o Coração e a própria Presença da Shakti ou da Kundalini.
A gente coloca de lado todas essas terminologias e trabalha aquilo que nós temos de mais prático aqui e agora, que é a Meditação. Talvez, algumas coisas, algumas mudanças, comecem a acontecer no próprio corpo, uma vez que você comece a dar essa atenção a si mesmo pela auto-observação, entrando dentro desse trabalho de Real de Meditação.
Então, o corpo pode passar por alguns processos, e aqui a dica é: não se embole com isso, não se confunda com isso, não se identifique com isso.
Então, na Yoga é muito conhecido o aparecimento de siddhis ou poderes. Algumas coisas podem começar a acontecer, mas isso, repare, não tem qualquer importância direta no que diz respeito Àquilo que, na verdade, Você é. São apenas mudanças. Um certo processo é possível acontecer no corpo, mas é algo que é como um processo, não é algo definitivo; é algo que acontece mas termina; é algo que pode ter um início, surgir por um tempo e depois desaparecer, e é o que naturalmente acontece, de uma forma, segundo Ramana, automática, uma vez que você se volte para esse “quem sou eu?”, para essa prática real da auto-observação, que é o que eu prescrevo aqui para você, dentro desse canal.
Essa, na realidade, foi minha experiência por mais de 20 anos nesse contato com a Presença da Graça, sob essa diretriz Divina, sob essa guiança Divina de Ramana Maharshi.