Estamos nos aproximando, dentro desses encontros, do fim da representação de “ser alguém”, para a qual fomos treinados, educados e condicionados. Isso se torna muito claro, porque na vida das pessoas não há Alegria, Amor e Liberdade. O que elas chamam de “alegria, amor e liberdade” são desejos e ações inconscientes, além de medo, muito medo.
Assim, toda a sociedade nos leva para essa direção, pois, se não nos tornarmos “alguém” nesse mundo, seremos um “ninguém”. Ser um “ninguém” é encarado como uma coisa muito negativa, dentro de nossa educação e cultura; é ser um fracassado. Então, desde crianças, somos condicionados a confiarmos nessa estrutura de “ser alguém”, a trabalharmos nessa direção. É isso que a sociedade nos ensina, e terminamos pagando um preço muito alto por estarmos enraizados nessa representação, nesse desejo de “ser alguém”.
Ao nosso redor, todos consideram isso algo muito importante. Se o propósito é “ser alguém”, o desejo é ser importante. Então, a relação entre os seres humanos é baseada na autoimportância, o que representa insegurança, ansiedade e medo. Por isso há essa preocupação com a autoimagem o tempo todo, essa busca de ser amado, o desejo de não ser esquecido.
Não é assim? Isso não é um fato? Não é isso que acontece no mundo? As pessoas estão em amor, alegria e liberdade ou estão vivendo dessa forma que acabei de colocar? Qual é o seu caso? Você está trabalhando essa “coisa” de ir além dessas conhecidas relações humanas, as quais estão carregadas dessa tremenda e terrível exigência?
Satsang é esse encontro com a Realidade, com a Verdade. Então, nosso convite é para que você viva a Verdade, a Realidade do seu Ser, indo além dessa representação, porque tudo isso é a mente egoica, o falso “eu”.
Uma coisa também curiosa é que, hoje em dia, existem muitas propostas para essa Autorrealização. Eu não sei o que é considerado Autorrealização ou Iluminação para a grande maioria. Parece-me que tem muito mais a ver com uma “autoiluminação” do que com a verdadeira Realização da Verdade sobre si mesmo. Então, o que estão chamando de “autorrealização” ou “iluminação” ainda é parte dessa ilusão, dessa estrutura egoica, pois é uma coisa imaginada, uma invenção da própria mente, faz parte da antiga estrutura do “eu”, da velha mente egoica.
Então, a pergunta é: será que essas práticas de estudos, técnicas de meditação, encontros de pessoas trocando ideias sobre iluminação, compartilhando suas convicções e crenças, funcionam mesmo? A primeira coisa aqui é que você precisa ver que o relacionamento com o mundo à sua volta não pode continuar sendo baseado nesse desejo de autoimportância, nessa busca de “ser alguém”, inclusive – e principalmente – um “alguém iluminado” ou “autorrealizado”. Isso tudo ainda é parte da mentira. A cada dia teremos mais pessoas interessadas nesse assunto e, quanto mais pessoas surgirem, mais “gurus” surgirão, também. A procura pela iluminação produzirá mais oferta.
Eu quero convidá-lo a ter uma aproximação real DISSO. Assim sendo, seu relacionamento com o seu entorno precisa ser real, baseado na Verdade e não em teorias, crenças, conceitos, ideias. Você não pode se aproximar DISSO como alguém que se aproxima de um assunto que precisa ser estudado externamente. ISSO não é algo que se aprende na escola, como matemática ou qualquer uma outra ciência objetiva, externa. Você só vai saber o que, de fato, é a Verdade sobre si mesmo, investigando a si próprio, aí dentro. Isso é possível somente quando você sai dessa velha estrutura, dessa representação baseada no desejo de “ser alguém”.
Quando você é “alguém”, pode somente enxergar outro “alguém”. Em outras palavras, se você busca autoimportância, tudo o que você deseja é ver pessoas importantes e ser como elas. Assim, você termina, também, transferindo isso para esses trabalhos de autorrealização, querendo ser tão importante quanto seu “guru”, tornando isso um jogo de trapaça, de mentira. Desse modo, não há verdade nessa busca da Verdade – o “guru” e seu discípulo estão na mentira.
Isso está acontecendo porque não há uma real relação, um real encontro com a Verdade de si mesmo, mas apenas um relacionamento entre crenças. É necessária uma completa quebra de tudo isso. Quando você observa a si mesmo, você consegue também ver o seu entorno, esse jogo, essa ilusão. Somente então é possível o fim desse ego sutil, que está se disfarçando de “buscador da Verdade” ou de “professor da Verdade”.