O que temos nesses encontros é a investigação da Verdade sobre nós mesmos. Todo o nosso interesse está na pergunta: quem sou eu?
Não podemos ver a Verdade como conseguimos ver uma árvore. Não podemos ter acesso à Verdade por meio dos sentidos, como a visão, pois eles estão acessando a “experiência dos sentidos”. A Verdade não é algo limitado, como é uma experiência sensorial. Embora a Verdade não exclua a experiência sensorial, Ela é algo maior que isso. Quando falamos da Verdade, estamos falando de uma experiência de reconhecimento de nossa Verdadeira Natureza. Trata-se do reconhecimento do nosso próprio Ser. Somente assim podemos ter acesso à Verdade, que é o acesso a nós mesmos, Àquilo que somos, e isso está além da mente e do corpo, com sua capacidade de percepção sensorial.
Nosso Ser é a Verdade e é Nele que a Consciência está presente. É nessa Consciência – a Consciência do nosso Ser – que o mundo aparece, mas, também, é Nela que o mundo desaparece. Não só o mundo dos sentidos, das percepções e das sensações, mas, também, o mundo psicológico (esse mundo interno, de pensamentos, sentimentos, emoções). Esse trabalho, em Satsang, é para você acessar a Verdade sobre si mesmo. Você precisa ser livre do mundo – do mundo externo dos sentidos e do mundo interno, que é o mundo da mente.
Nessa fala, podemos ir além da dualidade, dessa crença de uma existência separada. Toda complicação, todo problema, surge apenas para aquele que se vê como uma entidade separada do mundo, se confundindo constantemente com um personagem. Ele se confunde com o personagem que acredita ser, semelhante a um ator teatral que, ao sair de cena, tenta levar o personagem para sua vida real. Ele representou tão bem o papel no teatro, no palco, estudou tanto tempo aquele personagem, que esqueceu quem ele era de verdade, sua identidade verdadeira. Ou seja, a cortina se fechou, as luzes do teatro foram apagadas, todos foram para casa e ele, agora, no escuro do teatro, esqueceu que tem casa também. Esqueceu que aquilo era só uma peça teatral, que tem família, que tem uma mulher e filha esperando em casa… Esqueceu absolutamente tudo! Ele se lembra somente do personagem que ele acredita ser.
Compreende a confusão? Sua vida está exatamente assim, mas com a diferença de que a luz do teatro não se apagou, as pessoas não foram embora e aqueles que estavam no palco continuam no palco, interpretando seus papéis também. Tudo é o mesmo teatro acontecendo e todos esqueceram quem são. Todos os atores estão vivendo o mesmo drama, o mesmo problema. Todos estão dormindo, hipnotizados, sonhando e continuam se identificando com a história dos personagens, com suas crenças, convicções políticas, cultura, educação, religião… Cada um está vivendo seu personagem: um é o presidente americano, outro é o presidente da Coreia do Norte, outro é o presidente do Brasil…. Eles têm empregados em suas casas, que, no papel deles, lavam suas roupas, limpam suas casas, fazem a comida para eles. A diferença é só de papéis. Eles parecem ter mais poder do que os seus empregados, mas, do ponto de vista real, estão tão perturbados, confusos e desorientados quanto eles.
Assim, perceba que isso está acontecendo numa escala mundial e já vem acontecendo há milhares e milhares de anos. Na Índia, eles chamam isso de Samsara, que significa “a roda” – a roda da confusão, da desordem, do sofrimento. Isso acontece a todos. Se você não “acorda”, “desperta”, também continua “dormindo” e dormir, aqui, significa estar dentro de Samsara, dentro dessa confusão; significa não saber a Verdade sobre Si mesmo, quem Você é. Se você não sabe a Verdade sobre si mesmo, continua nesse modelo. Então, você nasce, cresce, casa-se, tem filhos, torna-se presidente da república, alguém importante e famoso, mas continua miserável, infeliz.
Compreendem isso ou é difícil de aceitar? Alguém aqui quer se tornar importante, famoso, rico? Esse é seu objetivo na vida? Para depois morrer? Porque todos morrem… Até você vai morrer! E Samsara continua. O teatro continua, mas você desaparece. É necessário “acordar”, pois somente assim você pode voltar para “casa”. Então, Samsara termina, assim como a ilusão de ser “alguém”; a história desse personagem termina. Quando esse personagem termina, o sofrimento termina, e toda a mediocridade e estupidez de querer ser “alguém” e consertar o mundo termina. Tudo é Samsara, o que não é assunto seu; Samsara é negócio de Deus! É Ele quem cuida disso tudo, dessa aparição, desse “sono”.
Isso é paradoxal, porque Deus não tem nada a ver com isso e, no entanto, isso é um assunto Dele. Isso também não é um assunto seu, mas, paradoxalmente, é um assunto totalmente seu. Você tem que “acordar” para ver isso. Esse teatro nunca existiu e você nunca existiu como personagem, mas você tem que “acordar” para saber disso. Quando você “acorda”, descobre que tudo isso é um grande jogo divino, uma grande brincadeira de Deus. Constatar Isso é a Realização da Verdade sobre si mesmo. Isso é Ser, Consciência, Felicidade! Isso é conhecer a Si mesmo! É saber porque você nasceu, e, paradoxalmente, saber que nunca nasceu.