Advaita | Como lidar com gatilhos emocionais? | Como meditar certo?

“Como é que você vê essa questão dos gatilhos emocionais? “Como lidar com os gatilhos emocionais?” Essas são as perguntas. Primeiro, vamos compreender, aqui, certas coisas.

A primeira delas é que todo esse movimento psicológico presente em você, que é o movimento da mente, é um movimento reativo. Nós não temos como mudar isso. Nós temos como tomar ciência disso: é disso que nós precisamos.

Quando ocorre uma situação, um evento, um acontecimento, isso pode disparar dentro de você, uma vez em contato com a experiência – é isso que as pessoas costumam chamar de gatilhos emocionais – um certo nível de sentimento, de emoção e uma qualidade específica de pensamento. Então, repare, o nosso funcionamento é esse.

Nosso cérebro funciona a partir de estímulos, de percepções. Então, esse movimento interno de reação a esses estímulos é determinado por aquilo que alguém poderia chamar de gatilho. Mas, repare: é assim que nós funcionamos. A pergunta aqui é como lidar com isso, porque as pessoas querem se ver livres de estados internos de sofrimento presente nelas, que ocorrem em razão desses estímulos ou desses gatilhos.

Como lidar com os gatilhos emocionais? Repare, aqui estamos apresentando para você a possibilidade de ir além desse movimento inconsciente e mecânico, dessa mecânica cerebral em nós. Nós precisamos ter a liberdade de não reagir à experiência e, portanto, precisamos estar livres desse movimento inconsciente e mecânico, criado por esses estímulos, por esses gatilhos.

É por isso que uma aproximação aqui da verdade do seu Ser irá lhe dar a compreensão de como a mente funciona. A mente apreende também, naturalmente, o cérebro e como ele processa informações, percepções e sensações. Aqui nós temos enfatizado com vocês a importância do Autoconhecimento.

As pessoas querem se ver livres da ansiedade que esses gatilhos provocam, do medo que esses gatilhos provocam. Assim, num contato com um cheiro, com a voz de alguém, com algo que está sendo visto ou percebido pelos sentidos, o cérebro dispara essa condição psicológica de ansiedade, de medo, ou volta a uma situação de memória traumática.

Nós precisamos ter uma aproximação da verdade sobre quem nós somos, da Realidade de sua Natureza Essencial, fora desse modelo, que é o modelo do “eu”, do ego, desse “mim”. Porque é esse ego, é esse “eu”, é esse “mim” que vive dentro de um modelo, de uma programação, onde a experiência está registrada nele, e tudo aquilo pelo qual ele passa, vai sempre registrando.

Algumas situações são agradáveis e isso a pessoa quer cultivar, mas as desagradáveis, ela quer dessas situações se livrar. Mas isso está assentado nesse modelo do “eu”, que é o modelo do ego. Vamos compreender claramente isso aqui. Nós podemos ter alternativas, fórmulas, truques para lidar com esses gatilhos, no entanto, isso não é o fim do sofrimento, porque isso não é o fim do “eu”, do ego.

Aqui o nosso trabalho é lhe mostrar que é possível, sim, uma vida livre do “eu”, livre do ego, portanto, livre desse experimentador; livre desse experimentador com um cérebro de uma outra qualidade, onde não existe mais esse modelo de reação inconsciente e mecânica.

Então, sim, é possível uma vida livre do sofrimento e de toda essa condição psicológica que esses, assim chamados, gatilhos emocionais provocam, criam e sustentam.

A beleza do Despertar da Consciência, o Despertar da Natureza do seu Ser, o Despertar, que é o florescer de Deus. Há uma Verdade presente que está além do “eu”, desse “mim”, desse ego. O Despertar dessa Natureza Real, dessa Verdade Divina, é o fim para o sofrimento, é o fim para os problemas.

Aqui se trata desse contato com a Realidade. Nesse contato com a Realidade não existe mais essa separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e a experiência. Como não existe mais a dualidade, porque não existe mais esse “eu”, tudo isso se desfaz, tudo isso desaparece.

Todos os diversos problemas psicológicos, de ordem sentimental e, naturalmente, emocionais, criados por uma condição psicológica presente, em razão de um contato com a experiência a partir de um cérebro condicionado e que vive nesse modelo de inconsciência e mecanicidade já há milênios, desaparece quando você tem a ciência da Realidade do seu Ser.

Então, os antigos sábios na Índia chamavam de Advaita essa não separação, essa não dualidade. Esse “eu”, esse experimentador, esse pensador, esse que responde de uma forma inconsciente e mecânica, a esses gatilhos, trazendo essa condição de memória, que vem do passado, que vem dessa condição psicológica de experiências passadas, inacabadas, não resolvidas.

O fim para esse “eu” é o fim que ocorre quando não existe mais essa dualidade, quando não existe mais essa separação, quando está presente a visão clara desse Ser que é a sua Natureza Real. Isso é Advaita.

É por isso que temos enfatizado aqui a importância de como meditar certo. As pessoas praticam meditação aí fora a partir de um método, de uma técnica, de uma fórmula. Elas querem encontrar um certo alívio de toda essa pressão psicológica que esse “eu”, esse ego, esse pensador, esse experimentador, esse que vive nessa condição, sempre capturado por esses gatilhos.

As pessoas querem descobrir como se livrar dessas condições psicológicas ou como se afastar dessas condições psicológicas, através do uso de uma técnica, de uma prática de meditação.

Aqui nós estamos enfatizando para você como meditar certo. O ponto é que esse “meditar certo” é a presença da Meditação, sem esse elemento, que é o “eu”, na prática da Meditação. Precisamos eliminar esse sentido do “eu” presente na prática da meditação, na técnica da meditação, no método de meditação.

Então, romper com a condição psicológica, que é romper com essa condição do “eu”, do ego, desse “mim”, romper com essa condição do sofredor, desse experimentador, desse que vive preso a essa condição de sofrimento, em razão da não compreensão de tudo isso, romper com isso é romper com a ignorância, é romper com a ilusão do “eu”, do ego, é romper com esse movimento de separação, de dualidade.

Então, meditar certo significa ter uma aproximação do Autoconhecimento, sem colocar o sentido do “eu” presente, aqui e agora, quando a experiência surge. A verdade da revelação do Autoconhecimento é a ciência da Meditação Real. Eu tenho chamado de Real Meditação de uma forma prática.

Se o seu propósito é romper com essa condição psicológica de prisão a esses gatilhos emocionais, você precisa descobrir o que é a Meditação Real de uma forma prática.

Então, para a resposta a essa pergunta – “Como meditar certo?” –, é necessário você descobrir que a primeira coisa aqui é a eliminação da ilusão desse que medita, que é o meditador. A Meditação é a presença da ciência de Ser, sem o “eu”, sem esse “mim”, sem esse ego. Quando há essa verdade da Meditação, não existe mais essa inconsciência, essa mecanicidade, esse movimento do cérebro para esses gatilhos. Reparem como é interessante isso aqui.

Aquilo que o ser humano precisa é do Despertar desta Verdadeira Consciência. Na Real Consciência não existe esse fundo psicológico de onde partem essas respostas reativas que vêm do passado, criando essas condições psicológicas de ansiedade, depressão, medo, frustração, e tudo aquilo que está presente nessa consciência do “eu”, nessa consciência egoica, há milênios.

O Despertar desta Real Consciência em você é o Despertar de sua Natureza Divina. Isso é Kundalini – aqui já colocamos uma outra expressão que, em geral, as pessoas usam de qualquer forma aí fora. Aqui, quando usamos a expressão Kundalini ou o Despertar da Consciência, estamos falando do florescer do seu Natural Estado de Ser, livre do “eu”, livre do ego.

A presença do Despertar da Kundalini é o Despertar Espiritual, que é o Despertar do seu Ser. Se isso está presente, esse modelo – que é o modelo do “eu”, do ego, que é esse modelo que se move de uma forma inconsciente, nessa mecanicidade, dentro desse padrão de condicionamento cerebral, emocional, psicológico, há milênios – é rompido, isso é desfeito. Então a beleza da Iluminação Espiritual, desse florescer da Kundalini, desse Despertar da Kundalini, que é o Despertar Espiritual de sua Natureza Divina, que é a Natureza de Deus.

As pessoas estão em busca de uma resposta paliativa para um problema. O nosso interesse aqui é outro. Estamos interessados em uma resposta cabal, final, para essa condição psicológica, que é a presença desse “mim”, desse “eu”, desse ego, que vive dentro desse modelo de separação, desse modelo de dualidade e, portanto, de sofrimento.

Quando há essa Liberdade – essa Liberdade de Ser, essa Real Consciência que Você é em sua Natureza Verdadeira –, estamos diante da vida sem mais essa condição de desordem, de confusão, de sofrimento, sem mais essa mecânica forma, sem mais essa mecanicidade de resposta reativa de um cérebro condicionado. Isso porque, com o Despertar da Kundalini, há uma mudança nesse mecanismo, nesse corpo, nessa mente e, naturalmente, nesse cérebro. Quando essa Realização está presente, não há mais sofrimento, não há mais desordem, não há mais esses gatilhos.

Então, como lidar com isso? Tomando ciência da Realidade de Deus, tomando ciência da Realidade do seu Ser, de sua Natureza Verdadeira, tomando ciência da não separação entre você e a vida, entre você e Deus, entre você e o outro, entre você e um pensamento, e um sentimento, e uma sensação, e uma percepção.

A verdade é que não existe mais esse sentido do “eu” presente, quando essa Realidade assumiu o espaço que é d’Ela, aqui e agora, neste instante. Então, o florescer do seu Natural Estado passa, necessariamente, pela visão real do Autoconhecimento e dessa ciência da Meditação, no viver, aqui, neste instante.

Então, essa é a nossa ênfase aqui com você, dentro desse trabalho: Despertar nesta vida, assumir uma vida livre de toda forma de sofrimento. Esse é o nosso empenho, é o nosso trabalho aqui.

Maio de 2024
Gravatá – PE, Brasil