GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho de um livro do Joel Goldsmith chamado “O Trovejar do Silêncio”. Em um trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: “Ao conhecer a Verdade, essa Verdade o libertará de todas as condições da mente carnal, ou seja, de todas as situações ou circunstâncias condicionadas por bem e por mal”. Bom, Mestre, nesse trecho, o Joel comenta sobre a mente carnal, sobre a mente humana. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a mente condicionada e o que é uma mente livre?
MG: Uma resposta real sobre isso requer, de cada um de nós, um olhar direto para aquilo que se passa dentro de cada um de nós. Observe que a nossa forma de responder a este momento presente, quando somos solicitados, é, invariavelmente, sempre a partir do pensamento. E esse modelo de pensamento que temos para a resposta para a vida, neste momento, é o modelo de um pensamento que vem do passado, que é o resultado de experiências pelas quais nós passamos. Nós temos uma forma de atender à vida a partir da memória, a partir dessas lembranças. Essas recordações, lembranças, memórias são experiências guardadas em nós na forma do pensamento. O ponto é que atender à vida neste momento, atender de uma forma completa, de uma forma verdadeira, real, requer a presença de uma visão daquilo que se faz realmente importante e necessário aqui neste instante, e o pensamento não faz isso. O pensamento vem com uma resposta pronta, com uma resposta que vem do passado, que vem da memória.
Assim, nós estamos respondendo ao momento presente a partir do passado, e respondemos em razão de que a mente, como ela está acontecendo neste instante, está programada para responder. Essa programação é o condicionamento.
Nós vivemos dentro de um padrão de condicionamento mental, psicológico. Nós temos um modo de nos assentarmos, nós temos um modo de comer, nós temos um modo de caminhar. Cada pessoa caminha de uma forma diferente. À mesa, ela se comporta de uma forma típica, característica. Isso tem a ver com o nosso condicionamento do corpo, com a forma como lidamos com as experiências do momento, da vida como está acontecendo. Nesse nível, esse condicionamento físico desse corpo é razoável, mas como seres humanos, nós estamos vivendo uma vida conflituosa, aflitiva, carregada, pesada, cheia de problema, de diversos tipos, em razão de uma outra qualidade de condicionamento, totalmente disfuncional e desnecessária, que é esse condicionamento da mente, que é esse condicionamento psicológico. A forma como você lida com o marido, com a esposa, com a família, a forma como você lida com você mesmo, isso está causando estresse, está causando divisão, está causando confusão. E esse comportamento, em nós, está nascendo do pensamento, dessas posturas mentais.
Assim como nós temos repertórios físicos, nós temos repertórios mentais. Nós estamos constantemente atendendo à vida a partir dessas posturas, dessas posturas mentais. Nós não sabemos lidar com o momento presente, porque não sabemos lidar com nós mesmos. A confusão externa é apenas uma extensão exteriorizada dessa interna confusão, que está dentro de cada um de nós em razão da presença desse caótico movimento, que é o movimento do pensamento. Nós estamos vivendo no passado ou no futuro. Essa é a forma da pessoa, essa é a forma do “eu”. Esse sentido de personalidade presente é em razão dessa forma de consciência, que reconhecemos presente em cada um de nós. Isso está acontecendo dessa forma porque a mente não é livre.
Você pergunta: “O que é a mente livre?” É a mente que não está mais presa a esse padrão. Como podemos, na vida, assumir a Verdade d’Aquilo que somos, além desse modelo de ser que apresentamos, de modelo de pessoa, de personalidade, de consciência que expressamos em nossas relações, enquanto continuarmos presos dentro desse padrão do pensamento, enquanto estivermos presos dentro desse modelo, que é o modelo dessa cultura, que é o modelo dessa sociedade, que é o modelo desse mundo? Nós precisamos ir além desse condicionamento para assumirmos a Verdade de Deus. A Verdade de Deus é a Verdade do seu Ser, de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Divina. Esse encontro com a Realidade requer o descarte da verdade que expressamos neste instante. Nós temos duas coisas aqui: nós temos a verdade que expressamos, o que expressamos ser, o que demonstramos ser, o que parecemos ser, e há uma Realidade presente, além de tudo isso. Essa Realidade só tem espaço quando a mente silencia, quando ela se aquieta, quando ela passa por uma profunda e radical mudança, quando nos despimos completamente dessa condição de consciência egoica, de mente condicionada. É por isso que é fundamental conhecer a nós mesmos, conhecer aquilo que se passa conosco. É esse conhecimento de nós mesmos, é essa visão da verdade que expressamos, é a ciência disso que traz o descarte dessa condição para o surgimento da Realidade. Qualquer ideia ou crença sobre o que nós somos ainda é parte do velho pensamento, ainda é parte dessa programação, ainda é parte desse condicionamento.
Nós estamos sempre respondendo a partir da memória. Assim, estão presentes expressões da verdade desse “eu”, desse ego, o tempo todo. Quando você se sente magoado, com raiva, triste, aborrecido, ansioso, preocupado, deprimido. esses aqui são só alguns dos inúmeros estados que nós conhecemos, que são estados egoicos, estados dessa consciência, que é a consciência do “eu”. Nossos apegos, ciúmes, invejas. todo esse tipo de coisa representa estados internos psicológicos de condicionamento. É a forma como a verdade do “eu”, do ego, se expressa. Haverá uma Realidade, como aqui estamos colocando? Sim, nós temos colocado, investigado isso, aprofundado isso aqui, com você, mas eu volto a dizer: a ideia, a crença, o conceito sobre isso não resolve. O que nos aproxima dessa Real Visão é a ciência da Meditação. Essa ciência da Meditação requer a compreensão do Autoconhecimento. Não há separação entre Autoconhecimento e aproximação da Verdade sobre a Meditação.
Nós temos aqui, no canal, uma playlist: “A Real Meditação na Prática” e “A Verdade do Autoconhecimento”. Há uma outra playlist: “Como aprender sobre o Autoconhecimento?” É quando nos aproximamos de nós mesmos, é quando olhamos para aquilo que esse “eu” representa, esse modelo de pensamento expressa, que começamos a nos dar conta da realidade dessa mente condicionada, porque a mente se aquieta e esse modelo de condicionamento é visto. O que chamamos de mente condicionada é apenas esse modelo como a mente está funcionando, como esse condicionamento está se processando, em razão do pensamento, do sentimento, da emoção. O fim para essa condição é o início, é o surgimento, é o aparecimento de algo indescritível, de algo inominável, que é a Realidade Divina. Essa é a verdade da aproximação de uma mente livre, livre do “eu”, livre do ego, livre desse condicionamento.
GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. A Tatiana faz o seguinte comentário e pergunta: “Não quero mais nada. Como é que eu solto esse saco de pensamentos?”
MG: Soltar esse “saco de pensamentos” requer a compreensão desse movimento de condicionamento. O nosso problema não são os pensamentos; nós precisamos do pensamento de uma forma prática, para assuntos práticos na vida. O seu nome é um pensamento. O seu endereço é um pensamento. O seu conhecimento profissional está presente em razão do pensamento. Assim, nesse nível, o pensamento é importante e se faz necessário.
O problema surge quando o velho modelo de pensamento está se processando de uma forma condicionada, nessa mente condicionada, nesse cérebro condicionado, nesse intelecto condicionado. Esse modelo de pensamento é o pensamento que dá formação a esse sentido do “eu”, a esse sentido egoico. Então, o descarte desse modelo, que é o modelo do pensamento condicionado. é desse modelo de pensamento que precisamos nos livrar.
Essa forma de pensamento eu tenho chamado de “pensamento psicológico”. É a memória psicológica do “eu”, é o padrão de pensamento, que é conhecimento, experiência, memória, que dá estrutura ao sentido de uma egoidentidade.
Assim, se livrar do pensamento é se livrar do pensador, desse experimentador. É se livrar dessa estrutura, que é a estrutura dessa egoidentidade, algo que está sempre se repetindo. Todas as experiências pelas quais nós passamos, o pensamento registra em seu velho formato de memória, e esse sentido de um pensador por detrás do pensamento está mantendo sua continuidade. Essa é a história do “eu”, é a história do ego.
É a aproximação desse olhar para as nossas reações, é o descobrimento da verdade sobre como o pensamento em nós se processa, que nos dá uma clara visão da verdade sobre isso, para o fim do pensamento. Podemos ter uma mente livre, um cérebro livre, um intelecto livre? Podemos viver a vida livres do passado, respondendo a este momento sem as imagens, crenças, conclusões, opiniões, ideias que vêm do passado? É o que estamos trabalhando aqui com você.
Participar desses encontros on-line nos finais de semana é fundamental! Encontros presenciais, retiros… tudo isso é parte desse real trabalho que se faz necessário nesta vida, para o fim dessa psicológica condição.
GC: Mestre, nós temos outra pergunta de uma outra inscrita aqui no canal. A Idalina faz o seguinte comentário e pergunta: “Parabéns, amei! Sou dessas, sofro há anos por excesso de pensamentos. Não consigo mudar, sou muita emoção. Como mudar?”
MG: Sim, Gilson, essa mudança é fundamental! Ou estaremos sempre dando continuidade a esse modelo de pensamento. esse modelo de pensamento, esse velho modelo de pensamento, essa condição de pensamento, que carrega sensação, sentimento, emoção, toda essa história do passado, esse velho padrão de inveja, ciúme, controle, posse, medo, raiva, preocupações. Tudo isso é a presença do sofrimento. Essa é a condição desse sentido do “eu”, desse sentido egoico.
A presença do sofrimento nos causa um impacto de alerta. Observe que, quando tudo está bem ou tudo anda bem, você não tem nenhum alerta. Quando algo complica, dificulta, e alguma forma de sofrimento chega, aí acende o alerta de que algo não anda bem.
O ser humano vive os seus dias totalmente inconsciente. O seu modelo de pensamento inquieto, tagarela, repetitivo, continuado, carregado de crenças, conceitos, preconceitos, tudo isso passa por nós de uma forma desapercebida. Nós estamos, em geral, inscientes de todo esse processo de consciência egoica, de consciência do “eu”, de mente inquieta. Mas, quando uma situação surge e o sofrimento bate, nesse momento nós nos damos conta, e, nesse momento, nós nos perguntamos: “Será que existe algo além de tudo isso? Além dessa condição de sofrimento em que eu me encontro?” Porque, quando tudo está bem, você não se pergunta; mas, quando você percebe que já não tem mais o controle e que o sofrimento está presente, e todos os velhos expedientes de fuga não estão funcionando mais, você se dá conta de que precisa descobrir algo além de tudo isso.
A vida está constantemente nos desafiando. Os gatilhos, os desafios, as propostas, o que ocorre neste instante, é algo que sempre se mostra como oportunidade para darmos uma resposta para a vida. Se ela é inadequada, o sofrimento está presente; se ela entra em linha com a vida, algo novo está presente.
Nós desconhecemos a Verdade sobre a Vida, desconhecemos a Verdade sobre nós mesmos. Quando você diz: “Sofro há anos por excesso de pensamentos” – compreender a Verdade sobre si mesmo é ir além dos pensamentos, é ir além dessa velha condição de identidade do “eu”, onde o sofrimento está presente.
O pensamento é algo prático, é algo funcional. Num certo nível, ele se faz necessário – como acabamos de colocar aqui em uma dessas respostas -, mas, ao nível psicológico, toda essa ocupação com pensamentos, todo esse padrão de comportamento, onde há toda essa inquietude interna, onde está se repetindo constantemente a ilusão de alguém aqui, que veio do passado, está aqui agora e caminhando para o futuro. O pensamento se processa assim, é assim que ele acontece dentro de cada um de nós.
Insatisfeitos com o momento presente, essa forma de pensamento, esse padrão de pensamento, está correndo veloz dentro de cada um de nós, se projetando na imaginação de um futuro onde ele será feliz. Assim, o pensamento cria uma identidade, que é o “eu”. A sensação que você tem é de ser alguém que veio do passado, está aqui no momento presente e caminhando para o futuro, e que precisa ser feliz no futuro.
É assim que o pensamento se processa dentro de cada um de nós. Ele vive dentro dessa inquietude, gerando esse estresse, essa ansiedade. Ele está sempre nessa agitação, e essa forma como o pensamento se processa, a partir dessa ilusória identidade – que é o pensador – , em razão dessa separação entre o pensamento e o pensador, está sempre estabelecida essa ilusão de tempo, para alcançar a felicidade um dia, alcançar a paz um dia, a liberdade um dia, enquanto que o sofrimento está presente para esse pensador neste momento, essa inquietude, esse vazio existencial, essa ausência de Paz, de Liberdade, de Felicidade. Isso jamais será realizado pelo pensamento, porque é exatamente a presença do pensamento que está favorecendo essa psicológica condição de sofrimento mental, de sofrimento psíquico.
Qual será a verdade sobre a vida? Qual será a verdade sobre esse “mim”? Quem sou “eu”? Nós temos colocado aqui, diversas vezes, para vocês, que há uma Realidade presente. Essa Realidade não é a verdade do que você é, nisso que você apresenta ser, nisso que você demonstra ser. Essa é a verdade do “eu”, essa é a verdade da pessoa, enquanto que há uma Realidade aqui, e essa Realidade está além do pensamento, além do sentimento, da emoção, além desse formato de ser alguém. Essa Realidade é a Realidade do seu Ser, é a Realidade Divina. A presença dessa Realidade é a presença da Felicidade, do Amor, da Liberdade. A não ser que realizemos, nesta vida, esse Silêncio, essa Compreensão de nós mesmos, da Verdade sobre essa mente livre do passado, de todo esse velho movimento do pensamento, jamais teremos Real Ciência de Deus.
Aqui, a Ciência da Verdade sobre Deus é a Visão da Realidade do seu Ser. Existem dois elementos presentes que são parte dessa Visão da Realidade: a presença do Autoconhecimento e a presença da Meditação. A base para a Ciência do seu Ser é o Autoconhecimento, e essa Ciência do seu Ser se revela quando esse Estado Divino, esse Estado de Deus, esse Estado Natural desse Ser, que é o seu Ser, se revela. Essa é a Presença da Meditação. Não é alguém na prática da meditação, é a Verdade da Meditação que se revela naturalmente, sem qualquer esforço, quando colocamos Atenção sobre tudo aquilo que se passa conosco neste instante, neste momento. Esse estudar a si mesmo é o fim para essa psicológica condição de inquietude mental, de movimento inconsciente de pensamentos e, portanto, esse é o fim do sofrimento.
GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.
E, para você que está acompanhando o videocast até o final e realmente quer se aprofundar nesses ensinamentos, ter uma compreensão real disso que o Mestre Gualberto está compartilhando, fica o convite para participar dos encontros on-line de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona. Existem no formato on-line, presenciais e também retiros. Nesses encontros, o Mestre responde diretamente às nossas perguntas e, muito mais do que isso: por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha um Estado de Presença com um Poder e uma Graça que, apenas ao estarmos na sua presença, a gente acaba entrando de carona nesse campo desse Poder de Presença. E com isso, naturalmente, a gente entra no estado meditativo, nós silenciamos nossas mentes. Então, é uma grande oportunidade e uma verdadeira graça ter acesso a um Acordado que compartilha esse Estado de Presença. Então, fica o convite.
No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o “like” no vídeo, se inscreve no canal, já faz comentários trazendo mais perguntas para a gente trazer para os próximos videocasts.
E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.