Aquilo que se mostra fundamental na vida é a compreensão de como todo esse processo de relação acontece. Observe que a vida não é outra coisa a não ser contatos. Contatos implicam a presença de relações.
Observe que você está em uma relação muito íntima, estreita e direta consigo mesmo. É uma relação muito estreita, íntima da qual você não consegue escapar. Repare que quando você está em algum nível de sofrimento, de desordem emocional, de complicação interna, de sofrimento psíquico, tudo o que você quer é se ver livre daquela condição.
Mas, repare, essa é uma condição dentro de você. É com você mesmo. Então, há uma relação muito estreita, particular e íntima com os próprios pensamentos.
Notem que são os pensamentos presentes em você, que estão causando esta dor, causando esse desconforto, sustentando esse quadro de sofrimento. Então, há uma relação consigo mesmo.
E não sabemos lidar com isso, porque não sabemos lidar com o pensamento. A ciência de todo esse processo de relação requer a compreensão de como o pensamento tem se estabelecido em nós. Em regra, em geral, norteando nossos estados internos, tanto emocionais, e essas emoções terminam nos levando a ações, quanto intelectuais nos levando à condição de resposta adequada ou não a uma dada situação que requer a presença de um pensamento lógico, claro, inteligente.
Nós não temos isso, em razão da verdade de que não sabemos lidar com nós mesmos. Não sabemos lidar com os pensamentos. Então, aqui, a pergunta é: o que é o pensamento? Por que precisamos desta ciência sobre o pensamento? Porque, sem a ciência sobre o pensamento, não temos a visão do que é em nós, o pensar, o sentir.
Como acabamos de colocar, não sabemos lidar com situações que requerem um intelecto, preciso, inteligente, capaz de uma resposta intelectual ou lógica de uma forma precisa. Precisamos desta ciência do pensar, porque precisamos ter um contato com aquilo que se passa dentro de cada um de nós, a ponto de não sofrermos essas psicológicas condições que as emoções e os sentimentos conflituosos representam. Assim, qual é a verdade sobre o pensamento? Qual é a verdade sobre o pensar? O que é pensar? O que é sentir? O que é agir? O que é se mover na vida atendendo a questões tanto intelectuais quanto emocionais, dentro dessa relação com nós mesmos, nessa relação com o outro, nessa relação com a vida, como podemos lidar com tudo isso sem uma inteira compreensão de como nós funcionamos, de como nós processamos tudo isso? Então, a verdade sobre o pensamento é que o pensamento em nós tem sido a base e está sendo a base da vida, como nós conhecemos. Tudo que você já realizou na vida, realizou a partir do pensamento.
Todas as decisões que tomou vieram do pensamento. Todas as ações que ocorreram na sua vida foram ações norteadas pelo pensamento. As não decisões, esse não fazer, tudo isso também surgiu em razão da presença do pensamento, ou da ausência desse claro pensar, desse simples e direto e objetivo e inteligente pensar.
Quando nós olhamos para todo esse movimento interno dentro de cada um de nós. Nós temos chamado isso de mente. Essa mente, como nós conhecemos, é a base desta consciência presente em nós. E não sabemos lidar com isso.
Não sabemos nos situar na vida como ela acontece, quando toda diretriz que temos é a diretriz, é o direcionamento do pensamento, nesse formato como ele acontece. Essa inquietude interna não se resolve, esse medo não se resolve, a ansiedade presente, a depressão presente, a preocupação presente, essa interna tagarelice criada pelo pensamento, sustentada em nós por essa inconsciência.
Tudo isso é o que nós conhecemos como parte desta mente, desta consciência. Será que podemos descobrir em nós um cérebro quieto, uma mente silenciosa, uma precisão de pensar, onde temos a presença de um inteligente, cirúrgico e preciso movimento de pensamento, a ponto de que ele possa apenas surgir quando se fizer necessário, e não de estarmos constantemente envolvidos com toda esta tagarelice interna com essa inquietude interna do cérebro como, em geral, estamos vivendo. Observe que a condição psicológica no ser humano é de pensamentos repetitivos, obsessivos, compulsivos.
Os nossos sentimentos e emoções carregados de quadros de lembranças do passado, criando estados internos o tempo todo. Qual será a verdade da vida acontecendo numa relação direta aqui nela, com ela, sem esse fundo, sem essa inquietude? É isso que estamos investigando aqui com você. Precisamos, na vida, olhar para ela sem o pensamento. Observe que quando você está em contato com pessoas, o seu contato não é o contato com ele ou ela.
É só o contato que o pensamento tem em você, dele ou dela. Seu contato com coisas que acontecem na vida, esse contato, em geral, você particulariza para esse mim, para esse “eu”.
Essa particularização é uma forma como o cérebro em nós tem funcionado. Aqui estamos dizendo para você que todo esse mau funcionamento psicológico presente em nós, em razão do fato de que estamos vivendo com uma mente dentro de um padrão, dentro de um formato, dentro de uma forma específica de atuação, algo que nós carregamos conosco desde a infância, esse é o padrão da mente condicionada. Nós temos uma mente condicionada, um cérebro condicionado, um intelecto condicionado, uma resposta para a vida.
Aqui a vida inclui nossa relação com nós mesmos, nossa relação com o outro, nossa relação com acontecimentos e situações. Nós temos uma resposta para a vida condicionada. Podemos ir além desta mente condicionada deste intelecto condicionado, deste cérebro condicionado, deste pensamento condicionado?
Acabamos de dar um exemplo para você. Toda a resposta que você tem para a esposa, para o marido, ela vem da inteligência e a presença da inteligência requer um cérebro livre do passado. Notem isso.
Livre dessas reações da memória. Essas reações da memória são os momentos de prazer e dor que você viveu com ele ou ela. É assim que estamos respondendo o tempo todo dentro desse contexto de relação com ele ou ela.
Então, o nosso cérebro está condicionado a dar respostas dessa qualidade nesse contexto de relação. E, se isso ocorre, está estabelecido dentro da relação a confusão, o sofrimento, algum nível de contradição. Você diz algo e esse dizer está vindo desse fundo.
Essa é a resposta do “eu”, é a resposta desse mim, desse ego. O ego é constituído de pensamentos, de memórias e lembranças, de experiências guardadas em você, que não se concluíram. Você está aborrecido, você está chateado, essa resposta é uma resposta que vem do passado. Você está sentindo prazer ou preenchimento nesse contato com ele ou ela, isso em razão de experiências do passado.
Experiências inacabadas. Nós precisamos explorar essa questão da experiência que registramos dentro de cada um de nós. Porque essas experiências registradas em nós estão sendo registradas porque elas não se concluem.
Elas não terminam quando acontecem. Nós, esse sentido do “eu”, do ego, desta mente condicionada, registra isso, e faz uso desse registro na próxima oportunidade, nesse contato de novo com ele ou ela. Reparem o que estamos colocando aqui para você: tudo o que temos dentro das nossas relações, é o passado, é a continuidade de uma experiência que não se concluiu.
Nós não temos um contato com a vida como ela acontece nesse momento, é o contato que temos com a vida a partir desse fundo de registro, de memória, de experiências que não se concluíram. Isso é o “eu”, isso é o ego. Podemos encontrar a vida nesse instante, sem o passado, sem esse fundo, sem esse mim? O encontro com a vida, nesse instante, é o encontro com a ciência do seu próprio Ser.
Aqui, com vocês, estamos trabalhando esta arte da meditação, a arte da aproximação da vida, a arte da aproximação da liberdade, a arte da aproximação da inteligência, a arte da aproximação, da presença do amor no contexto das relações. Essa é a resposta para a pergunta: o que é meditação? Meditação é o encontro com a liberdade, é o encontro com a felicidade, é o encontro com o amor. É o encontro possível na ausência desta mente condicionada, na ausência desse fundo de condicionamento egoico, dessa ilusão desse “eu”. Enquanto permanece esse sentimento de ser alguém, nesse contato com ele ou ela, estará presente esse autocentramento, esse sentido de mente condicionada, de padrão de comportamento, de fala, de ação, de sentir e pensar sobre o outro com base no passado, com base nessa velha estrutura do “eu”.
Eu não sei se isso está claro para você ou está muito confuso. Mas é possível que uma primeira aproximação desse assunto nos pareça muito, muito estranho. Então, tenha um pouco de paciência para acompanhar isso.
Nós não temos um cérebro capaz de investigar isso a princípio, porque todo o nosso treinamento é o treinamento desse pensar padronizado pela cultura, pela sociedade, onde está presente exatamente esse padrão de pensamento não compreendido, não visto, não percebido. Assim, juntos aqui, nós estamos com você, aprofundando isso, descobrindo o que é esta mente livre, o que é esta mente onde não está mais presente essa forma condicionada, programada, já repetitiva e continuada de se sustentar. Um olhar direto para esse momento, um perceber direto para esse instante, nesse contato com o outro, sem a imagem que vem do passado, sem aquela experiência inacabada, que estamos trazendo do passado é um contato com ele ou ela, de uma outra ordem, de um outro tipo.
Quando você me magoa, me aborrece, me ofende, me entristece, eu guardo isso. Os nossos contatos, nesse nível de mente padronizada, de mente condicionada, são assim.
Nós estamos constantemente sendo feridos, magoados, ficando ofendidos. Estamos constantemente ferindo o outro, magoando, aborrecendo, chateando o outro. E ele reserva, ele guarda, ele registra isso de nós.
E nós registramos isso dele. Então, o que temos presente é um cérebro que está o tempo inteiro registrando, fotografando. Então, o cérebro está sendo ferido, magoado, ofendido, guardando isso.
Então, o cérebro está condicionado. Todo esse movimento psicológico de lembranças e memórias é aquilo que nós chamamos de mente em nós. Então, essa mente está condicionada.
É isso que encontra o outro da próxima vez. É esse condicionamento. Veja como é importante compreendermos isso.
Ao me encontrar com você, esse “eu” não é outra coisa, a não ser esse ressentimento, esse aborrecimento, essa frustração, essa mágoa. Ao me encontrar com você, estamos diante de uma experiência que não se concluiu.
Veja, estamos fazendo isso o tempo todo. Então, para uma relação onde o prazer está presente ou o sofrimento está presente, o processo é o mesmo. Ao me encontrar com você, eu gosto de você, porque da última vez que eu te vi, você me elogiou, me deu crédito, me deu honra.
Você preencheu psicologicamente aqui uma carência, uma necessidade. Então, eu gosto de você, e vice-versa.
Então, nos próximos encontros, esses encontros entre nós são encontros desta qualidade. Então, nós vivemos nesse “eu”, nesse “mim”, nesse ego, em experiências que não se concluíram. Vivemos sempre em uma dependência psicológica de prazer na relação.
Vivemos sempre nessa dependência psicológica de dor dentro da relação. Assim ocorrem os encontros entre pessoas. Podemos descobrir a vida como ela é sem esse fundo psicológico de cérebro condicionado, de mente condicionada, tendo uma resposta para esse momento livre do passado? Eu posso olhar para ele ou ela sem esse fundo? Será que podemos, nesse momento, permitir que toda experiência se conclua, para não carregarmos isso conosco, para não haver registro? Para que, nesse próximo encontro, estejamos diante de algo novo, que é a vida como ela está acontecendo nesse instante, estejamos diante dele ou dela, ele ou ela sendo visto, ela sendo vista pela primeira vez? Posso me encontrar com o momento sem a ilusão de uma identidade que avalia, julga, compara, que dá colorido a esse momento com base nessa estrutura de registro, de passado, de memória?
Assim, a verdade da meditação é o encontro com esta arte de ser. Qual é a realidade sobre a arte da meditação? É a arte de responder a esse instante, sem o fundo. Uma resposta para ele ou ela, sem o passado. Experimente isso. Não carregar a lisonja, o elogio, os aplausos, a aceitação do outro.
Experimente não carregar isso. Não coloque o sentido desse “eu”, desse “mim”, dentro dessa experiência, porque ao fazer isso, naturalmente, toda essa programação do cérebro é de registrar, de novo, para manter a continuidade desse seu condicionamento. O cérebro registra.
Esse sentido do “eu”, do ego, faz isso em busca de segurança. Podemos abrir mão desta segurança e, portanto, desse condicionamento para não registrar? Não registrar o momento agradável. Permitir que esse momento termine. Veja, o encontro com o fim para esse momento, do ponto de vista psicológico, é um encontro com a morte.
Esse encontro com a morte da continuação do “eu”, da continuidade, do condicionamento, é um encontro com a vida. Assim podemos eliminar o prazer e a dor, do ponto de vista psicológico, que o outro me dá, que o outro me traz. Assim temos uma aproximação da vida como ela acontece. E ela acontece e termina. Não há registro.
Não existe a continuação do passado. Isso é o fim do ego. Isso é o fim do “eu”, aqui.
Podemos realizar isso nesta vida? A realização disso é o encontro com a ciência da meditação. Com a arte da meditação.
Percebam a beleza do que estamos colocando aqui para você. Permitir que cada momento termine, que cada experiência se conclua. Se isso ocorre, não fica o experimentador, não fica o “eu”, não fica o ego.
Podemos ter um escutar livre do passado, um olhar livre do passado, um falar com ele ou ela livre do passado? Podemos encontrar esse momento aqui, sendo ele o que de fato ele é? Um momento sem o passado. Tudo que nós temos vivido na vida até hoje é a continuação do “eu”, é a continuação do ego, é a continuação do passado. Nós não temos um encontro com esse momento livre do passado, porque estamos cultivando a memória, a lembrança, a estrutura desse condicionamento de cultura humana e esse condicionamento de percepção particular desse cérebro programado, condicionado.
A beleza desse encontro com esse instante é a verdade divina se revelando nesse contato com a vida sem o passado. A vida é a realidade que está presente aqui e agora.
E ela se mostra presente quando existe a morte para a continuidade do “eu”. A morte para a continuidade desta memória psicológica, que é a memória desta egoidentidade.
Por que será que as pessoas temem? Por que as pessoas carregam o medo? Por que as pessoas carregam preocupações? Por que elas carregam insegurança no contato com o outro, com a vida, com tudo o que acontece? Porque elas carregam esse fundo de condicionamento mental, essa mente condicionada. O encontro com a realidade da vida é um encontro com a ciência, com a arte da meditação. Isso está presente quando o “eu” não está.
Talvez você pergunte: como isso se realiza? Isso se realiza quando você aprende sobre si mesmo, como olhar suas reações, como se dar conta de como você funciona nesse contato com você, com o outro e com a vida. Portanto, a base, o fundamento para a meditação não é uma hora reservada, não é um lugar silencioso, não é uma música, para relaxar.
A base, o fundamento, consiste em observar suas reações, em estar cônscio de como, psicologicamente, você funciona nesse instante, nesse encontro com a vida como ela acontece. Então, o Autoconhecimento é o fundamento, é isso que nos dá a estrutura para a ciência desse florescer da arte da meditação. E a meditação é esta ciência que revela a verdade desse instante, que é a verdade divina, que é a verdade do seu Ser.
Aqui, nesses encontros, nos finais de semana, estamos trabalhando isso. Assim, nós temos sábado e domingo juntos. São dois dias.
Fica aqui um convite para você. Você tem aqui na descrição do vídeo o nosso link, o Whatsapp, para participar desses encontros online nos finais de semana. Fora esses encontros, nós temos encontros presenciais e também retiros.
Então se isso é algo que faz sentido para você, já deixe aqui o seu like, se inscreva no canal, coloque aqui no comentário: sim, isso faz sentido. Ok? E a gente se vê. Valeu pelo encontro e até a próxima.