Aqui, juntos, nós estamos explorando essas diversas questões, que são as questões fundamentais na vida, e nós estamos com você explorando cada uma delas. E uma dessas questões é a questão das relações humanas. Nós não sabemos nada sobre isso, ou não temos investigado isso com profundidade.
Observe que a vida consiste de relações acontecendo. Nós estamos constantemente, a cada instante, em contato com coisas, em lugares, com pessoas, com pensamentos, com sentimentos, emoções e sensações. Assim, a nossa vida consiste de relações acontecendo. E, em particular, essa questão das relações humanas, que são os nossos contatos que temos com outras pessoas, nós não temos investigado isso, nós não temos nos aproximado disso, nós não temos explorado essa questão.
A confusão na vida não consiste em a vida ser confusa, desordeira, problemática. A confusão na vida consiste nessa particular vida presente nesse contexto de nossas relações, de nossas relações humanas. Nós não temos problema com os objetos ou com as situações quando elas não são desfavoráveis para nós, mas uma vez que esses acontecimentos sejam desfavoráveis para esse “mim”, neste momento está estabelecido o conflito.
Mas, em especial, nossas relações com as pessoas são conflituosas na maior parte das vezes; isso porque está presente em cada um de nós um modelo de ser, de existir como alguém, vivendo dentro de um autocentramento, de um autointeresse. Nesse interesse egocêntrico, interessado como estamos em nós mesmos e o outro também, cada um está defendendo ou procurando defender aquilo que deseja para si mesmo, isso é algo típico desse padrão de egocentramento, de autocentramento egocêntrico.
Nós podemos descobrir, na vida, a Vida Real dentro dessas relações, onde esteja presente Algo fora desse contexto de confusão, de desordem, conflito e sofrimento? É isso que estamos trabalhando aqui com você. Investigar a natureza do “eu”, a verdade sobre si mesmo, aprender sobre si mesmo, é aprender sobre o Autoconhecimento; descobrir como você funciona, como sua mente funciona, suas emoções, seus sentimentos, suas sensações, se dar conta desse padrão egocêntrico de ser alguém, se dar conta disso.
É interessante essa colocação aqui, porque se dar conta disso, tomar ciência disso não é para mudar isso a partir de um ajustamento, autodisciplina, para se tornar uma pessoa diferente ou uma pessoa melhor, mas é se dar conta para que isso se rompa, para que haja um rompimento com essa psicológica condição de identidade do “eu”, de identidade egoica. Esse é o propósito real da investigação da natureza do “eu”.
É nesse sentido que nós usamos aqui a expressão “Autoconhecimento”, compreender esse sentido do “eu”, esse movimento de separação da vida, do outro, de si mesmo, para o fim dessa psicológica condição, para o início de algo novo. Esse algo novo é aquilo que alguns chamam de Despertar da consciência ou Iluminação espiritual, é uma qualidade de vida desconhecida do pensamento.
Há um propósito na vida, e esse propósito consiste na própria vida sendo vivida livre desse sentido de alguém presente dentro dela. Veja, é exatamente o que você acaba de ouvir: é a vida em expressão; não é alguém vivo em expressão, é a própria vida em expressão, nessa natural Inteligência Divina dentro das relações. E como boa parte dessas relações são as nossas relações humanas, a visão da Realidade sobre você é a visão da Realidade d’Aquilo que é Você livre do “eu”, livre desse “mim”; e esse Você é algo fora do conhecido, é a Realidade Divina.
Portanto, nós precisamos aprender sobre nós mesmos tomando ciência dessa construção do pensamento dentro de cada um de nós. O pensamento tem construído em nós uma representação que procura manter a sua continuidade a partir de um centro que ele tem estabelecido, que é esse “eu”. Essa é a construção do pensamento em cada um de nós; ele construiu uma ideia, um quadro, uma representação mental dele mesmo: é essa autoimagem.
Veja, estamos colocando aqui para você algo que não é uma teoria, não é um conceito, não é uma crença, é um fato. A pessoa como você se vê, como você sente ser, é uma autoimagem, uma imagem que o pensamento construiu. Então, essa construção do pensamento tem estabelecido dentro de cada um de nós essa figura central; ela está interessada exclusivamente nela mesma, ela não tem uma visão inclusiva da vida e, sim, exclusiva.
Uma observação direta do movimento do pensamento em você, uma simples e direta observação, irá lhe mostrar que os seus pensamentos giram em torno dessa ambição que você tem, desse desejo que você tem, dessa procura que você tem, dessa busca que você tem por algum nível de satisfação, de realização, de preenchimento.
Assim, esse padrão exclusivo de ser é algo centrado, girando em torno dessa autoimagem. Quando você usa o pronome “eu” ou a expressão, dentro de um contexto de fala, como “mim”, “eu mesmo”, você está sempre se referindo a essa autoimagem. O modo como você se relaciona com o outro, seja ele o marido, a esposa, os filhos ou a família, o patrão, o colega de trabalho, toda a sua relação com o mundo é a relação desse centro, dessa autoimagem. Assim, você vê o mundo a partir das suas conclusões, opiniões, inclinações, desejos, motivações e escolhas.
Essa forma autocentrada de se sustentar na vida como sendo alguém nos coloca dentro de um isolacionismo. Esse padrão exclusivo, egocêntrico, isolacionista de ser alguém, todos estão vivendo dessa forma, então estamos separados uns dos outros. Nós podemos até nos unir para realizar propósitos comuns, mas mesmo nessa união, nós não temos a presença de uma verdadeira comunhão, porque o que impera é um idealismo ainda de grupo – “o meu grupo tem esse propósito, mas o outro grupo tem um outro propósito”.
Então, esse modelo de identidade do “eu” pode ser pessoal ou pode ser de grupo, mas estamos sempre trabalhando em prol desse isolacionismo, dessa separação; e dentro dessa separação, nós sustentamos algum nível de desordem, de contradição, de conflito. Acompanhe isso com calma. Podemos nos libertar, nesta vida, desse sentido do “eu”, do ego, desse “mim”? Podemos nos livrar dessa autoimagem?
O marido vê a esposa a partir desse lugar, e ela o vê a partir desse lugar. Se a visão que você faz do outro é a partir da imagem que você tem de si mesmo, a visão que você tem dele é a visão particular de uma escolha, daquilo que você gosta ou não gosta dele ou dela, portanto, está estabelecido o conflito, está estabelecido o sofrimento.
Podemos nos livrar, nesta vida, dessa autoimagem e, portanto, desse “eu”, desse ego? Observe que essa é uma das questões fundamentais da vida, porque uma vez livres desse sentido do “eu”, do ego, nós estamos livres do sofrimento, de sustentar sofrimento em nós. E reparem, uma vez livre do sofrimento em você, você não cria sofrimento no mundo. É apenas quando você é infeliz e está sofrendo que você produz sofrimento e infelicidade à sua volta.
O encontro com a Verdade d’Aquilo que é Você é o fim dessa autoimagem, porque aqui estamos dizendo para você que existe Algo aqui presente que se mantém desconhecida e que não pode se revelar até que tenhamos um fim para essa psicológica condição em que nós nos encontramos, de autocentramento, de autoimagem. Esta Realidade é a Realidade Divina. Por isso que a base para a compreensão dessa Realidade requer a presença do conhecimento de nós mesmos.
Aprender sobre o Autoconhecimento é descartar a ilusão desse sentido do “eu”, do ego, dessa imagem que o pensamento tem estabelecido como sendo real em cada um de nós, para uma compreensão de algo que está além da mente, além do “eu”, além do ego. A estrutura do ego, a base do ego, é esse padrão de pensamento presente em cada um de nós: um pensamento não observado, um sentimento não constatado, uma emoção não vista; precisamos nos dar conta dessas reações, tomar ciência dessas reações.
A observação do pensamento, do sentimento, da emoção, assim como dos seus gestos, palavras e ações, se dar conta disso, tomar ciência disso. Descobrir o que é olhar para tudo isso é investigar o movimento desse centro ilusório, desse falso “eu”, desse ilusório “eu”, desse autoimagem; é quando pela primeira vez nos aproximamos, pelo Autoconhecimento, da Revelação da ciência de Deus, da ciência do seu Ser. A Meditação é esta ciência.
Nós não sabemos o que é a Meditação. Qual é a verdade sobre a Meditação? O que é Real Meditação? Como meditar de forma correta? O que é esta ciência da Revelação de Deus, chamada Meditação? Evidente que nós não estamos tratando aqui da meditação tradicional, daquilo que as pessoas aí fora chamam de meditação. Estamos falando de algo do qual você se aproxima a partir do Autoconhecimento, a partir dessa Relação quando aprende a observar pensamentos, sentimentos, emoções, percepções, gestos, ações, sem reagir a isso, ou seja, sem esse elemento, que é o próprio “eu”.
Aprender a olhar, a observar, a perceber: perceber sem o percebedor, olhar sem esse elemento que olha, observar sem o observador. É assim que descobrimos como descartar essa autoimagem, esse autocentramento, para uma vida livre de todo esse padrão de comportamento do “eu”. É o que estamos vendo aqui, trabalhando aqui com você. Aquilo que nos dá a real base para essa aproximação é a arte desse olhar, dessa autoinvestigação, dessa autoinquirição.
Cada um desses assuntos, nós estamos trabalhando aqui com você. Assim, estamos somando aqui centenas de falas, todas abordando essa possibilidade de, nesta vida, você realizar a Verdade d’Aquilo que é Você. A natureza do seu Ser não é a pessoa que você acredita ser. Essa Realidade presente é a Realidade da própria Vida, e em linha com ela não há conflito, não há desordem, não há confusão, não há sofrimento. Você nasceu para realizar Isso, para assumir, na vida, a Verdade da Vida.
Podemos estabelecer, em nossas relações, a Verdade da relação? A beleza desta Verdade é a presença da comunhão, onde não existe mais esse “eu” e o outro, esse nós e eles. Um olhar para o movimento da vida sem o passado, sem o pensador, sem o experimentador, sem esse centro que se sustenta a partir de crenças, conclusões, avaliações, julgamentos e escolhas. Uma vida livre do sentido de separação é a Vida de Deus, em Inteligência.
Essa é a Realidade do Amor. Aquilo que nós temos identificado ou com o qual nós estamos nos identificando aqui fora nessa ideia de amor é completamente ilusório. A Realidade do Amor é Aquilo que está presente quando o “eu” não está, quando não há mais esse fundo, esse elemento, essa ideia de alguém presente nesse contato com o outro. Assim, a Verdade da relação é a presença da comunhão; nessa comunhão está presente o Amor, e se o Amor está presente, não há mais confusão, desordem ou sofrimento.
Uma Vida Divina é uma Vida em Inteligência, em Liberdade. Alguns chamam isso de o Despertar Espiritual ou Iluminação Espiritual, e esse é o nosso assunto aqui dentro do canal. Aqui nesses encontros, sábado e domingo – são dois dias juntos, de forma online -, nós estamos aprofundando isso com você. Então fica aqui esse convite.