Quando você se torna ciente da importância de estar cônscio de suas reações, de dar essa Atenção a essas reações – e dar Atenção a elas significa poder olhar como você funciona internamente, psicologicamente e, naturalmente, como responde externamente em suas ações, gestos, palavras, comportamentos –, quando isso ocorre, você está diante da oportunidade da Revelação da Verdade sobre Você.
Quando alguém se volta para esse trabalho, a primeira coisa que percebe é que desconhece a Verdade sobre ela mesma. Não sabemos nada, absolutamente nada, a respeito de quem somos, nisso que transparecemos ser, que demonstramos ser, que mostramos ser, que acreditamos ser e que fazemos os outros acreditarem que somos. Nós desconhecemos isso.
Assim, descobrir o que é dar Atenção a essas reações é descobrir a Verdade sobre essa Plena Atenção sobre si mesmo. Veja, alguns colocam mindfulness ou essa aproximação da atenção plena como uma técnica ou prática para lidarem melhor com as situações do momento presente sem todo esse sofrimento que psicologicamente o passado representa dentro de nós. Mas isso é visto como uma técnica, como uma prática, como algo que você pratica.
Aqui, o que é mindfulness? A palavra mindfulness em inglês significa essa alerteza da mente, a mente em seu estado de ciência dela própria. Então, há uma grande beleza na compreensão real, vivencial dessa ciência de aproximação sobre você, sobre quem é você ou sobre aquilo que você representa ser nesse momento. Aqui, juntos, nós estamos vendo sobre esse aprender sobre o Autoconhecimento.
A nossa ênfase aqui consiste em descobrir a diferença entre aprender e meramente adquirir informações, conhecimento e experiência. Então você adquire informações, conhecimentos e experiências, e age a partir dessas informações, experiências e conhecimentos. A real forma de aprender não é algo assim, não é algo mecânico. Essa é a forma como o cérebro adquire conhecimento, naturalmente, experiência e a habilidade de lidar com os assuntos da vida.
Sim, isso tem uma real importância dentro desse contexto de vida como nós conhecemos, mas há uma nova forma de aprender que não consiste de acumular informações ou adquirir conhecimentos. Essa forma de aprender requer a ciência desse instante, daquilo que está aqui e agora. Olhar para aquilo que se mostra nesse instante.
Algo novo acontece dentro de você quando o cérebro se aquieta, quando a mente se torna ciente do próprio movimento dela, quando ela apenas toma ciência desse movimento que ela tem. Quando há esta ciência do movimento da mente, uma vez a mente ciente do seu próprio movimento nesse instante, ela se aquieta, ela silencia. Nesse momento, você está em um estado novo, que é o estado de Atenção sobre suas reações. Então, esse é um momento de mente alerta, é um momento de mindfulness.
Você está caminhando pela rua, você está conversando com alguém, você está assistindo um filme, você está almoçando, jantando ou fazendo um lanche e nesse momento só tem esse instante para essa ciência de si mesmo, então a mente se torna consciente dela própria nesse momento. Tudo continua acontecendo, mas não há psicologicamente, interiormente, internamente, um envolvimento dentro da experiência. Então, nesse momento, há uma quebra de continuidade para esse movimento, que é o movimento do passado. Esse movimento do passado em nós é um movimento do “eu” em nós, desse “mim”.
Sua avaliação é com base em critérios que você traz, que você tem. Esses critérios estão assentados na memória, e isso faz com que você tenha conclusões sobre o que acontece, conclusões sobre o momento, avaliações sobre ele, e se isso está presente, o estado é o estado comum da mente presa ao antigo e velho movimento de continuidade. Acabamos de colocar aqui, com palavras diferentes, a nossa psicológica condição de identidade egoica.
Por que a ansiedade está presente, o medo está presente, a preocupação está presente? Por que a culpa está presente, o arrependimento, a tristeza ou essa, assim chamada, alegria, essa coisa eufórica em razão do fato da lembrança de ter acabado de ganhar um presente? Por que isso está presente, por que temos esses estados? Nós temos esses estados porque a psicológica condição de funcionamento em nós é a condição orientada pelo movimento do pensamento.
Uma vez que o pensamento não é outra coisa a não ser um movimento que vem do passado, formando imagens, quadros de prazer e dor, você está sempre como sendo alguém, alguém no tempo, alguém nesse momento. É assim que somos alguém, e esse sentido de alguém é a continuidade de uma condição psicológica norteada por esse movimento de passado, presente e futuro. Assim, não existe a ciência desse instante.
Notem como é simples e ao mesmo tempo muito complexo tudo isso. Há uma simplicidade de colocação aqui, mas há uma complexidade de compreensão também aqui, porque psicologicamente a nossa forma de aproximação desses assuntos é bastante complicada. A vida está agora, aqui, totalmente aqui e, no entanto, nós estamos subjetivamente presos a um padrão psicológico de existência no tempo.
É assim que o ser humano funciona: ou ele está no passado ou ele está no futuro, em razão do próprio movimento do pensamento e de tudo o que ele representa quando ele chega; porque o pensamento carrega sensações, ele carrega a história lincada a sentimentos, a emoções, a prazer, dor, e a nossa vida psicológica está dentro desta condição. E por que estamos vivendo assim? Estamos vivendo assim porque estamos vivendo nesse sentido de separação, nesse condicionamento mental, nessa forma de ser alguém separado da vida, da totalidade da vida, alienado desse instante.
Assim, a vida está acontecendo aqui, nesse momento e, no entanto, o nosso modo de aproximação desse instante é o modo passado, é a forma do que foi, do que será. Estamos sempre entre o passado e o futuro. Aqui estamos com você trabalhando esse aprender sobre o Autoconhecimento, esse descortinar essa psicológica condição para algo novo, para algo desconhecido, para algo possível nesta vida e que alguns já realizaram, que é a ciência da Verdade Divina.
Então, aprender sobre nós mesmos, estudar cada um de nós, estudar a nós próprios, quando isso se faz presente, nesse contato com o outro, nesse estudar a si mesmo, estamos diante de um momento de revelação, de compreensão de como o outro funciona, uma vez que compreendida como a mente funciona. Nossa psicológica condição é de desordem e, portanto, de sofrimento, porque estamos vivendo uma vida centrada no ego.
Assim, uma aproximação do que é Mindfulness de verdade e o que é Atenção Plena de verdade significa olhar para cada um de nós nesse instante. Apenas olhar, trazer toda essa energia de Atenção para esse momento. Assim, abandonamos essa psicológica dispersividade interna, de orientação de padrão de tempo “eu não sou, mas eu serei”, “eu não tenho, mas eu terei”, “eu não posso, mas um dia irei poder, eu conseguirei”. Enquanto houver em nós esse movimento, não haverá ciência da vida nesse instante, daquilo que ela revela aqui e agora.
Aquilo que temos recomendado aqui para você é: fique ciente desse instante, se torne ciente de suas reações. Isso não requer nenhuma técnica, prática ou esforço. Quando há um real interesse na direção de se estudar, de se auto-observar, de uma forma natural isso ocorre, isso acontece. Quando você fala ou quando o pensamento está presente ou um sentimento surge, isso surge nesse instante. Nós nunca estamos lidando com o passado, só estamos lidando com o instante.
O pensamento tem um modelo de representação da história, ou seja, daquilo que foi; o modelo do pensamento não trata do que é e, sim, do que foi. Assim, uma das coisas por demais complicada no ser humano é exatamente confiar no pensamento, porque o pensamento não lida com a realidade, ele lida com especulações: ele especula o futuro, ele interpreta o presente e ele norteia essa interpretação do presente e essa especulação do futuro com base no passado, mas o passado é só história, memória, algo morto.
Então reparem como é interessante essa forma de funcionamento que nós temos, a nossa vida assentada no pensamento está assentada em algo que já foi. Nós estamos constantemente, em razão da desatenção, que é a não ciência desse instante, daquilo que se passa aqui e agora, vivificando aquilo que não é mais, aquilo que não é real. O passado é algo morto, mas recebe vida em razão dessa desatenção presente em todos nós.
O ponto aqui é que nós fomos condicionados, educados, programados para dar continuidade ao movimento do passado, que é o movimento do “eu”. Esse sentimento, pensamento e sensação de ser alguém presente em você está presente em razão do passado. Aqui, esse instante, revela a vida sem o “eu”, mas o pensamento faz uma leitura desta revelação e coloca uma identidade presente, um elemento que vem do passado.
Então, estamos constantemente sustentando esse tempo que o pensamento constrói: ”não sou feliz, mas serei feliz”, “não tenho paz, mas eu terei paz”, “não há alegria, mas encontrarei alegria”, “um dia alcanço o amor”. Estamos sempre olhando para o futuro, comparando aquilo que está aqui com o que virá, com o que será. É assim que o pensamento funciona, comparando o que está aqui ou o que não está aqui com o que foi. Então nós vivemos dentro dessa psicológica condição de ausência de ciência de ser.
Então, o que é ter uma aproximação da vida como ela é? É abandonar a ilusão da ideia de alguém presente. A ideia de estar presente nesse momento é um pensamento sobre você. Você se identifica com o corpo, se identifica com a mente, se identifica com a história, com toda a memória, com todo o passado e, assim, coloca uma identidade presente aqui.
Quando você olha para alguém, se ela é uma pessoa conhecida, você a vê a partir do pensamento, você a trata a partir do pensamento, você sente sobre ela a partir do pensamento. Então, o que você tem sobre ela? Absolutamente nada, apenas uma projeção do próprio ego. Assim são nossas relações com o mundo a nossa volta, com as pessoas a nossa volta, assim são nossas relações com nós mesmos.
As diversas condições psicológicas presentes no ser humano, na sua relação com ele mesmo, de uma forma equivocada como ocorre, em razão da presença do passado, que é o pensamento, que é esse modelo de autoimagem que ele tem, lhe coloca em quadros, em situações de desordem emocional, de sofrimento mental, de estados conflituosos. Aqui com você nós estamos trabalhando o fim do sofrimento, o fim dessa ilusão, desse sentido do “eu” que se vê separado da vida.
Então uma mente nova se faz necessária, uma mente nova é algo fundamental, um novo modo de perceber, de escutar, de sentir, de agir, de se mover na vida. O descarte desse sentido do “eu”, dessa ilusão da ego identidade é o fim dessa mente egoica. Então temos nesse momento Algo além da mente, a presença de Algo que está além do conhecido, que se revela apenas quando nós temos o fim para essa ilusão dessa velha condição, que é a condição do ego.
Aqui estamos trabalhando com você exatamente isso. Sábado e domingo nós temos encontros, são os nossos encontros online. Então, através de perguntas, respostas e dentro de um contato com essa auto investigação – aquilo que Ramana Maharshi chamava de Atma Vichara –, estamos trabalhando com você a aproximação da Atma Vichara, dessa auto-observação, desse olhar para todo esse movimento do “eu”, nessa disposição da revelação do Autoconhecimento. Além disso, temos encontros presenciais e também retiros.