Me fizeram a seguinte pergunta: “Para você, o que é saúde mental?” A resposta para essa pergunta requer uma investigação da verdade sobre a mente. Então fará sentido a resposta, essa resposta com palavras. Temos que investigar a estrutura e a natureza da mente. Uma vez compreendido isso, uma resposta verbal, sim, fará sentido; de outra forma, não fará nenhum sentido.
Nós precisamos investigar isso de uma forma direta, dentro de cada um de nós. A verdade sobre a saúde mental, o que é? Qual é a verdade sobre essa sanidade ou essa mente saudável? A meu ver, a questão da saúde mental requer a ausência da condição psicológica de tempo presente na mente. Enquanto a condição psicológica no ser humano for de tempo, de noção de tempo, passado, presente e futuro, do ponto de vista psicológico, não haverá saúde mental.
Repare, a cada ano os especialistas, os médicos, os que estudam a respeito disso, estão trazendo novas constatações e nomes para quadros de desordem psicológica, de transtornos psicológicos, de transtornos mentais. Então, a cada ano é acrescentado novos nomes a esse manual de transtornos psicológicos. São nomes que retratam novos quadros ou novos nomes para antigos quadros de desordem psicológica, de transtornos psicológicos.
Então, a condição psicológica do ser humano é problemática. Assim, nós desconhecemos a verdade sobre a mente saudável. A mente saudável é a mente livre do tempo psicológico. Podemos chamar de mente, mas estamos aqui tratando de algo desconhecido dessa mente como nós conhecemos, que é a mente do “eu”, desse “mim”, desse ego.
Nós precisamos eliminar essa condição psicológica de dentro de cada um de nós. Esse pensamento, emoção, sentimento e sensação de ser alguém que você tem, isso não tem base na Realidade. Isso se assenta e tem uma estrutura no modelo do pensamento, desse psicológico pensamento condicionado que nós temos.
Se eu pergunto o seu nome, você me diz o seu nome. Se eu pergunto o seu endereço, você me apresenta o seu endereço. Mas essa informação é uma informação de memória, de estrutura cerebral desse mecanismo, desse corpo-mente que está aí, que você diz que é você.
Qual é a verdade sobre você? Você é o corpo? Você é a mente? De fato, você tem um nome? Tem um endereço? Em sono profundo, você tem um endereço, você tem um nome, você tem um corpo, você tem uma história? Em desmaio ou sob um efeito de anestesia geral, você tem um nome, uma história, um corpo? Observe que isso surge com o pensamento. Assim, o que nós chamamos de mente não é outra coisa a não ser o pensamento.
Quando esse pensamento se move, nós chamamos isso de consciência. Veja como é básico e simples tudo isso. O que nós chamamos de consciência é o movimento do pensamento, e o que nós chamamos de mente é a presença do pensamento. É isso que está presente nesse corpo e nesse mecanismo, que nós chamamos de mente: pensamento, emoção, sensação, percepção. E tudo isso se move, necessariamente, no tempo.
Assim, nós temos o tempo cronológico. Ao longo de milênios, de milhões de anos, nós temos o aparecimento da vida no planeta. O ser humano está aqui também como um mecanismo biológico, psicofísico nessa, assim chamada, vida no planeta. O movimento dessa mente, que é o movimento do pensamento, é um movimento presente que nós chamamos de consciência. Mas sem o movimento do pensamento, essa assim chamada consciência humana não existe.
É a presença do pensamento, algo que tem se formado ao longo desses milhares e milhões de anos – eu me refiro a essa estrutura cerebral e mecânica de funcionamento de memória, de lembrança, de recordação, porque isso é o pensamento –, que tem dado origem a essa, assim chamada, consciência em nós.
Notem que coisa interessante nós temos aqui. Esse é um movimento que é um movimento que ocorre no tempo. Então nós temos o tempo cronológico, que é esse tempo que a gente conhece pelo relógio e pelo calendário; é ele que tem dado origem ao pensamento, porque a estrutura do pensamento tem por base esse tempo, que é memória.
O pensamento em você não é outra coisa a não ser uma recordação, uma lembrança. Você não tem um único pensamento que não seja memória, que não seja lembrança ou recordação. Isso é o conhecimento, isso é a experiência, e isso vem do passado. Quando esse pensamento se move, nós temos essa presença da consciência, que é a consciência do “eu”. Você tem consciência de tudo o que reconhece, e tudo o que você reconhece, reconhece em razão da presença do pensamento.
Mas aqui nós temos um equívoco presente: nós confundimos a presença do pensamento, que é memória, que é a recordação registrada no cérebro de uma experiência passada, nós confundimos esse pensamento com a presença de alguém. Então, para nós, existe o pensador que fabrica pensamentos, o que não é verdade. O que temos é, na verdade, o cérebro respondendo a partir do pensamento, que é memória, a essa ou aquela reação de estímulo.
Por que é fundamental termos uma compreensão não intelectual, mas vivencial desse assunto? Porque todo tipo de sofrimento, conflito, problema, desordem e, portanto, todos esses transtornos de desordem emocional, psicológica, psíquica, de sofrimento psíquico, estão presentes em nós em razão da não compreensão de como se processa essa mecânica, que é a mecânica do pensamento.
Nós temos um cérebro presente nesse mecanismo, mas não há uma compreensão de como ele funciona psicologicamente. O resultado disso é que o pensamento está criando uma identidade para cada um de nós, então você se vê como alguém separado do outro, da vida, dos eventos, dos acontecimentos. Você se vê como alguém dentro do corpo, também separado do corpo, dos sentimentos, das emoções e do pensamento.
O que é que está produzindo isso? É o pensamento. É apenas o pensamento que lhe posiciona na vida, nesse existir, como sendo alguém. Você se vê como alguém, e esse “ver” nasce do pensamento, quando ele se separa e cria uma identidade, que é o “mim”, o “eu”. Se eu pergunto o seu nome, se eu pergunto o seu endereço, quem está me dando a resposta não é você, é o cérebro. Esse você é uma ideia que o pensamento tem de um pensador presente dando uma resposta.
Quando você usa o pronome “eu”, repare, é um pensamento. É o pensamento que está criando esse pronome, sustentando esse pronome e lhe dando uma sensação, sentimento, emoção, certeza de uma entidade presente com um “eu”, tendo a palavra “eu” como um simples pronome. É o pensamento que está lhe dando essa sugestão de uma identidade presente aqui e agora, na experiência.
A pergunta que eu lhe faço: sem o pensamento, quem é você? Se não há qualquer pensamento agora, aqui, quem é você? Em sono profundo não há pensamento, no desmaio não há pensamento. Quando você recebe uma forte pancada na cabeça, leva alguns segundos para você tomar consciência de novo desse sentimento, sensação e pensamento “eu estou aqui”, porque naquele dado momento da pancada na cabeça o cérebro não tem resposta para essa pergunta, se eu lhe fizer a pergunta; você precisa de um tempo para a resposta, para se recobrar da pancada na cabeça. Esse tempo é o pensamento.
Do sono profundo para o estado de vigília um tempo se faz necessário. Apenas quando você acorda e toma ciência de si, tem autoconsciência, é que você pode me dar uma resposta. Nós funcionamos, repare, com base no pensamento. Esse sentido do “eu” está presente com base no pensamento. É assim que nós temos funcionado, é assim que nós estamos funcionando. Então, há uma relação muito estreita entre mente, como nós conhecemos, e o tempo psicológico.
A presença do pensamento é o tempo. A ideia de ser alguém que você tem se baseia no passado, que é memória, que é lembrança, que é tempo. Tudo o que você pode dizer sobre você para mim é com base na memória, que o pensamento registrou, que está registrado aí, que o cérebro registrou. Então, o pensamento registrado no cérebro, que é o passado, que é a lembrança, que é a memória, que é tempo está me falando desse alguém.
Então, o “eu” é o passado. Esse “eu”, que é o passado, fala desse “eu” que está no presente e desse “eu” que está indo para o futuro. Não existe tal coisa, é só um modelo do pensamento se firmando na ideia do que foi, do que é e do que será. Esse é o sentido do “eu”, do ego.
Em você, o problema é a condição psicológica de ser você, que não é outra coisa a não ser uma condição de desordem, de desordem psicológica, em razão desse modelo de tempo psicológico. Investigar a natureza do “eu”, do ego, desse “mim”, desse “você” é ir além da mente e do tempo psicológico para o seu Natural Estado de Serm, que é atemporal, que é não espacial, que é não mental.
Assim, o seu Natural Estado Real de Ser é a verdadeira Consciência, que é Felicidade, que é Amor, que é Inteligência. Isso não tem nada a ver com esse sentido do “eu”, com esse sentimento, pensamento, emoção “eu”, que o ego conhece, que está dentro desse condicionamento psicológico. Esse condicionamento psicológico é o resultado de toda a história da humanidade presente nesse cérebro, nesse modelo de intelecto condicionado.
Assim, nós temos falado aqui com você, sempre, da importância do Autoconhecimento, porque é o Autoconhecimento que lhe dá o descarte dessa ilusão, da ilusão dessa egoidentidade. Aqui eu me refiro à Verdade do Autoconhecimento.
Aqui colocamos essa expressão “Autoconhecimento” de uma forma diferente da psicologia, da filosofia. Colocamos no sentido da compreensão direta da verdade sobre essa, assim chamada, consciência do “eu”. A verdade sobre essa consciência do “eu” é que ela não passa de um conjunto de memórias e lembranças dando uma identidade ilusória a esse mecanismo, a esse corpo-mente, e isso é descartado quando existe a Verdade do Despertar Espiritual, da Realização de Deus.
Então, é isso que estamos trabalhando aqui com você. Essa foi a mensagem do sábio Ramana Maharshi. Quando as pessoas lhe procuravam, ele tinha uma pergunta para elas. A pergunta é: quem é você? Olhe para si mesmo, investigue isso, pergunte: quem sou eu? O que é esse “eu”? Assim, esse é o nosso trabalho aqui com você.
Nós precisamos descobrir esse Natural Estado de Ser. Se Isso está presente, nós temos a Verdade do que é a mente livre, do que é a mente nova, do que é a mente livre dessa mente egoica como nós conhecemos. É Você em seu Natural Estado de Ser, onde está presente a Realidade Divina. Então, ter uma aproximação do Autoconhecimento e da Verdade da Real Meditação de uma forma prática, como nós temos trabalhado com você aqui neste canal, é fundamental.
Então, estamos dizendo para você que, sim, é possível uma vida livre de toda e qualquer forma de sofrimento psíquico. Uma mente livre, nova, uma mente livre desse modelo de tempo psicológico, livre dessa ilusão de “eu fui, eu sou e eu serei” é Você em seu Estado Natural, livre do ego. Alguns chamam isso de o Despertar da Consciência, que é Felicidade, que é Liberdade. Você nasceu para realizar Isso.
Então, esse é o nosso trabalho aqui. Além disso, nós temos encontros presenciais e retiros que ocorrem em alguns períodos do ano. Fora isso, a cada semana nós temos uma oportunidade de estarmos juntos: nós temos encontros online, que ocorrem aos sábados e domingos. Dois dias juntos, através de perguntas e respostas, aprofundando isso, trabalhando isso com você.