Como alcançar a Iluminação? Sabedoria: como adquirir?

Você já percebeu que aqui nós estamos trabalhando essas diversas perguntas, que são perguntas comuns que as pessoas fazem dentro desse formato de procura ou de busca que elas têm. Uma das perguntas é: “Como meditar de forma correta?”

Aqui nós temos que ver essa questão da Meditação muito de perto, porque a presença da Meditação em nossas vidas é a coisa mais importante e que precisamos ter plena compreensão. Há uma outra pergunta comum e que nós vamos abordar, que é: “Como alcançar a Iluminação Espiritual?”

Observe que nossas perguntas se iniciam com a expressão “como”: “como alcançar”, “como lidar com o medo”, “como se livrar da inveja”, e assim por diante. É natural que as nossas perguntas comecem com esse “como”, porque nós queremos descobrir a forma, a maneira de realizar aquilo. E, para nós, é natural a ideia de que precisamos aprender. Até aí tudo bem.

Sim, nós precisamos aprender, só não sabemos o que é, de fato, aprender, assim como não sabemos o que é, de fato, a diferença entre ter uma compreensão direta e apenas um mero entendimento de um determinado assunto. Então, nós vamos começar aqui falando sobre essa diferença entre entender algo, e ter um mero entendimento sobre alguma coisa, ou uma compreensão direta.

Qual é a diferença? Você pode conhecer intelectualmente um determinado assunto, porque já leu a respeito, já estudou sobre aquilo, já ouviu palestras e já teve ensinamentos sobre aquilo, então o que você tem agora é, de fato, um conhecimento, você tem um saber. Esse saber, esse conhecimento, difere da compreensão. E qual é a diferença?

Quando você entende algo ou sabe algo, isso não significa que haja uma compreensão daquilo, porque compreensão é vivência, é um saber experimental, é um conhecimento direto, enquanto que o entendimento fica a nível de palavras, de ideias, de conceitos.

Por exemplo, você pode estudar sobre mecânica de aviação e, mesmo assim, não ser um mecânico. O mecânico é aquele que conhece ou sabe, vivencialmente, como solucionar uma pane em uma aeronave. Então, você tem conhecimento teórico, você aprendeu sobre aquilo, você leu sobre aquilo, mas não sabe, ainda, vivencialmente. Essa é a diferença.

Em geral, as pessoas estão abarrotadas de entendimento, porque já leram muito, estudaram muito, mas não viveram. Então, vamos compreender isso. Talvez você já tenha se perguntado: “Por que é que, apesar de saber tanto, isso ainda não é real aqui?” É porque esse saber é intelectual, é um conhecimento verbal: o que você tem é um entendimento.

Como é essa questão da Verdade da Meditação? Para nós, a meditação tem funcionado, pelo menos o que a maioria das pessoas entende por meditação, a partir de uma aproximação teórica, conceitual, verbal do assunto, porque já lemos livros ou, no máximo, nos envolvemos com alguma técnica ou prática meditativa e acreditamos estar num contato direto com a compreensão da meditação. E o que ocorre também, juntamente com isso, é o fato de que a prática dessa, assim chamada, meditação técnica ou através de um método, é feita a partir de uma intenção de se livrar de estados internos, conflituosos, aflitivos, de sofrimento.

As pessoas buscam a meditação como uma ferramenta terapêutica, como algo que possa ajudá-las a se livrarem temporariamente do estresse, da ansiedade, do medo, da culpa, da depressão. Então há uma ilusão aqui, porque não há uma compreensão real do que a Meditação significa.

As pessoas, em razão de estarem nesse saber teórico, acreditam na meditação como uma técnica ou uma ferramenta terapêutica. Quando falamos aqui na Verdade da Meditação, estamos falando de algo que não tem nada a ver com uma técnica, uma prática, um sistema ou uma ajuda para soluções temporárias de problemas de ordem psicológica e emocional.

Veja, não estamos dizendo que aquilo que as pessoas chamam de meditação e praticam não funciona. Sim, funciona. Mas funciona como, também, um expediente de escape ou de fuga para uma condição aflitiva. Então, reparem: isso é parte daquilo que é compreendido como uma fuga na psicologia.

Então a maioria das pessoas tem, na meditação, um expediente de escape ou fuga da dor. Algumas pessoas fogem para a bebida, outras para a comida, outras para o teatro, o cinema, para o sexo, e algumas fogem para uma prática meditativa. Isso é algo inteiramente diferente daquilo que estamos propondo aqui para você.

Nós estamos trabalhando com você a ciência da Revelação do seu Ser. Essa Revelação é a Verdade que floresce quando o sofrimento é compreendido. Então a verdade sobre como meditar de forma correta requer a presença da visão, da compreensão de si mesmo, nesse instante. Reparem, nós estamos lidando com os estados internos que surgem. Eles precisam ser compreendidos. Ou nós compreendemos o estado ou escapamos dele.

De um modo geral, o ser humano está procurando escapar desses estados. Nós não sabemos o que é ter um olhar direto para aquilo que aqui está presente, como, por exemplo, a ansiedade, a angústia, a dor da solidão, o medo, o conflito que os desejos internos em nós, contraditórios, estabelecem.

Observe que nós desejamos uma coisa, mas, ao mesmo tempo, queremos uma outra, porque sabemos que aquela primeira coisa pode nos criar problemas. Então nós temos medo de que aquela primeira coisa nos cause problemas. Repare: nossos estados internos são contraditórios. Você tem dois desejos que se contradizem e ainda tem o medo por trás desses desejos contraditórios.

Notem que é assim que, psicologicamente, nós estamos funcionando. E para escaparmos disso, nós usamos expedientes de fuga. São essas fugas conhecidas na psicologia. Todo movimento em nós não é para uma aproximação da compreensão e, portanto, para o fim dessa condição psicológica, mas, sim, para escaparmos disso.

Nós precisamos ter um olhar real para essa condição, disso que se mostra aqui. Enquanto houver uma forma qualquer de conflito, de sofrimento, em razão de todos esses estados internos que surgem e não são visíveis, não são olhados, não são compreendidos, não teremos uma base verdadeira para a Meditação. E se não temos essa base para a Meditação, não temos a Verdade da compreensão sobre nós mesmos.

Quando há um interesse verdadeiro, profundo, real em nós, de Realizar a Verdade d’Aquilo que nós somos, nos aproximamos da Sabedoria. A Sabedoria, por exemplo, é outra pergunta: “Como adquirir?” Notem, a pessoa quer descobrir como adquirir a sabedoria, como alcançar a Iluminação Espiritual, como meditar de forma certa, como meditar de forma correta, mas tudo isso requer que tenhamos primeiro, antes de tudo, um olhar para aquilo que aqui está presente, aparecendo como sendo nossa vida, essa vida particular da pessoa.

A pessoa presente, esse “eu” presente, esse “mim”, o ego, carrega conflitos, contradições, desejos, medos, e tudo isso está presente nesse instante. Então, estamos lidando com o que é aqui e agora, com o que se mostra aqui e agora. Antes de tudo, precisamos olhar para isso que é, sem fugir, então lançamos a base para a Meditação.

A Meditação é a Revelação do Silêncio, de Algo que surge quando a mente se aquieta, quando o cérebro silencia, então surge uma Realidade presente que está além da mente egoica, além disso que é, de todo esse conflito, desejos, contradições e problemas, que surgem em razão da presença do “eu”, da presença do ego.

Você pode ter tudo na sua vida, você já pode morar na casa dos seus sonhos, você pode ter adquirido tudo o que você já desejou na vida, mas se você for honesto e olhar, irá perceber que algo ainda está faltando. Há um sentimento presente de insatisfação dentro de você, apesar de ter realizado tudo o que já almejou, tudo o que já desejou. Olhando de perto, olhando para si mesmo, irá perceber que você ainda deseja alguma coisa, ainda continua no movimento do desejo.

As pessoas realizam tudo na vida, mas elas não compreendem a Verdade d’Aquilo que trazem em si mesmas, além dessa mente, que é a mente do “eu”, que é a mente egoica. Então há uma dor, uma incompletude, uma insuficiência interna, uma insatisfação.

As pessoas que se tornam muito bem-sucedidas no mundo, continuam ativas. Se elas pararem um pouquinho, ficarão cientes delas mesmas, da aflição que trazem em si próprias, desse estado de tédio, de insatisfação, de insuficiência, de carência. Então elas se mantêm muito ativas. E todo esse movimento é o movimento da fuga.

A verdade sobre o ser humano é que ele carrega essa condição psicológica em razão do sentido do “eu”, do sentido do ego. Temos sempre presente uma ou outra forma de psicológica condição de dor, de sofrimento, porque nos falta a ciência de Ser, a arte da quietude, a ausência da Verdade Divina. Então, há uma condição psicológica de insatisfação, porque está presente o sofrimento de alguma forma.

Um olhar direto para a vida nesse momento, aprendendo o que é a observação do movimento do “eu”, do movimento da mente, do movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, da sensação, do modo de perceber a experiência; olhar para aquilo que surge nesse momento, saber o que é olhar sem o “eu”, olhar sem esse “mim”, sem esse ego, é descobrir Algo que está além dessa condição psicológica aflitiva, desordenada, conflituosa e problemática, que é a condição da identidade egoica, da identidade ilusória do “eu” presente no momento, no instante, aqui, no viver.

Assim, a Meditação acontece quando existe um esvaziamento de todo esse conteúdo. Então, como meditar de forma correta? Tendo um esvaziamento de todo esse conteúdo que dá identidade, que oferece uma identidade para esse sentido de experimentador, de pensador, de observador da vida. Isso nos dá a ilusão da sensação de ser alguém.

A Meditação é o esvaziamento desse conteúdo, é o fim para essa condição interna, psicológica, de pessoal, é o fim do “eu”. Então, quando Isso está presente, nós temos a Verdade da Iluminação Espiritual, a Verdade da ciência de Ser pura Consciência, que é a Meditação.

Aqui nos deparamos com a Realidade da Vida, sem o sentido de separação entre você e Deus, entre você e o outro, entre você e o que acontece, entre você e a experiência. Então, a experiência, o que acontece, o outro, a vida e Deus é uma única Realidade, porque o sentido do “eu”, desse “mim”, desse alguém, não está mais.

Junho de 2024
Gravatá – PE, Brasil