Ansiedade e depressão | Condicionamento psicológico | A mente condicionada

Enquanto se mantiver presente em nós a ideia dessa separação entre a vida acontecendo e a ideia de alguém aqui, na vida, nesse formato, irá se manter a contradição, a separação, a dualidade e, portanto, toda forma de conflito, de problemas, de desordem, de sofrimento.

Nós aqui estamos abordando com você, tendo um novo olhar nessa abordagem para a vida. Então, se aproximar da vida abordando a realidade dela requer que investiguemos essa questão fundamental, que é a questão do “eu”, da pessoa como você se vê na vida, como você a representa para si mesmo.

A sua forma de olhar para a experiência presente é a partir de alguém na experiência. Quando você olha para alguma coisa, você olha a partir desse você. Isso parece natural e, no entanto, está presente uma ilusão, e não tomamos ciência da presença dessa ilusão e, por isso, nos mantemos na ignorância.

Aquilo que está sendo visto, está sendo visto por alguém – pelo menos essa é a ideia que temos. Na verdade, nós temos a presença do olhar, do perceber, desse ver. Veja, isso é algo que está presente, sim, na experiência, isso é a experiência. No entanto, nós não temos um observador separado e à parte nessa observação. Veja, é aqui que está presente a separação, a dualidade.

Quando você vê algo, há uma observação. No entanto, psicologicamente, esse “você” não existe. Nós passamos uma vida inteira nessa confiança, nessa segurança, nessa certeza, nessa convicção. É uma crença: a existência de uma entidade presente na experiência sendo o experimentador, sendo o observador, separado daquilo que está sendo observado, daquilo que está sendo experimentado.

Reparem como é simples, no entanto, nós não pegamos isso, não percebemos. E se torna fundamental nós termos uma compreensão disso. A observação requer a presença de uma única realidade aqui. Nós não temos duas partes na observação. Vejam como é simples: observação é observação. Nós é que temos dividido a observação entre o observador e a coisa observada: aqui está a separação.

Diante de um som, há só o escutar, mas nós colocamos um elemento para ouvir e um outro elemento para produzir o som. Veja, estamos diante de um único fenômeno do ponto de vista psicológico. Do ponto de vista psicológico, só existe a experiência, não há o experimentador; só existe a observação, não existe o observador; só existe o escutar, não existe alguém no escutar.

E por que a compreensão disso é fundamental para o fim de toda essa desordem, confusão, sofrimento e problemas que temos? Porque isso é o fim dessa ilusória presença do ego, do “eu”, desse “mim”, na vida, aqui e agora.

Como lidar com a ansiedade e depressão? Veja, é uma questão, mas nós temos como essa diversas outras questões: como lidar com o medo, com o conflito que os desejos estabelecem em nossas vidas?

Observe que todos esses estados internos de problemas que temos dentro de nós mesmos, e também presente em nossas relações com o mundo, com o outro, com todos à nossa volta, tudo isso está presente em razão da ilusão desse centro, desse “eu”, desse ego, desse elemento que se separa e que se move na vida de uma forma egocêntrica, centrada, sempre, nela mesma.

Essa entidade, que é o “eu”, o “mim”, o ego, está vivendo nessa dualidade, nessa separação, nesse egocentramento. Isso sustenta a confusão. Está presente a ambição, a inveja, o ciúme, o medo. Toda desordem psicológica em nós se reflete em nossas relações. Então, essa vida particular do “eu”, essa vida particular da pessoa, dessa personalidade, é a vida dos problemas, é a vida da confusão, é a vida da desordem, é a vida do sofrimento.

As pessoas não percebem que, psicologicamente, estão se vendo como entidades, como pessoas particulares, com vidas particulares e se movendo particularmente nesse autocentramento. Elas não percebem. Não percebemos isso. Temos uma mente ansiosa, uma mente tagarela, uma mente preocupada.

Todos esses diversos estados internos que nós conhecemos, e conhecemos muito bem, são algo que estamos lidando com isso já há trinta anos, quarenta, cinquenta, sessenta anos. Se você tem noventa anos, você está lidando com isso há noventa anos. No entanto, isso não é novo.

Essa é a história humana, é a história da humanidade. Há milênios o ser humano vem vivendo nesse sentido do “eu”, do ego, desse “mim” e, portanto, nessa condição de separação. Vou repetir: uma separação psicológica da vida, a introdução desse padrão psicológico na existência, na vida.

A vida como acontece é o que ela é. No entanto, psicologicamente estamos introduzindo na vida, em razão desse formato estabelecido pelo pensamento, pelo sentimento, pela emoção, pela forma particular de sensação, de percepção desse centro, desse ilusório centro, desse particular centro, desse falso centro, que é o “eu”, esse movimento interno dessa consciência, que é esse movimento de pensamento na vida.

Então, nós temos isso que aqui está presente como sendo isso que é: é nisso que se constitui a vida do “eu”. Então, o que é a vida da pessoa? Isso que é. E o que é isso? Problemas, sofrimento, a questão da ansiedade, da depressão, da angústia, as diversas formas de temores presentes.

Podemos descobrir a vida livre de tudo isso? A vida de fato como ela é, sem esse padrão que o intelecto condicionado, que a mente egoica tem constituído como sendo isso que se mostra, isso que se apresenta. Então, isso que se apresenta é, na verdade, aquilo que é para o “eu”, para o “mim”, para o ego. Podemos ir além disso que é, descobrindo a vida real como, de fato, ela é quando o “eu”, o ego, não está presente.

Aqui o trabalho consiste em tomar ciência desse padrão de ser alguém, disso que é, olhar para isso. É quando a Verdade se revela. Então, a nossa mente como nós conhecemos, como estamos vivendo, precisa ser vista. A mente precisa se tornar ciente do seu próprio movimento, do seu próprio modo de atuação, de operação, de funcionamento, porque ela está produzindo essa condição de vida particular para esse “mim”.

Uma vez que a mente comece a se tornar ciente dela própria, cônscia dela mesma, é possível que algo novo surja. Uma direta compreensão da mente requer um olhar onde a mente se torna cônscia dela mesma, ciente dela própria, de todo o seu próprio movimento. Nesse instante, a mente silencia e esse padrão de dualidade, de separação é desfeito.

Então ficamos com a vida acontecendo realmente como, de fato, ela é, sem mais esse elemento, que é o “eu”, o ego, se envolvendo com isso. Então nós temos o fim para essa condição psicológica de ser alguém, se vendo separado da vida, porque nesse momento se estabelece o Silêncio da ausência da mente egoica. Nesse Silêncio se revela a Verdade Divina, que é a verdade do seu real Ser.

Esse formato de separação, de dualidade, é algo que se assenta nessa condição psicológica de ser alguém, em razão da presença do pensamento se movimentando dentro de cada um de nós, dentro de um processo de condicionamento psicológico, que há milênios vem se repetindo. Notem que isso ocorre em razão da ausência dessa atenção sobre esse movimento de condicionamento psicológico.

É isso que estamos trabalhando aqui com você, lhe mostrando que precisamos de um descondicionamento psicológico. Precisamos de uma quebra de continuidade desse modelo, onde o pensador é aquele que se vê separado do pensamento, onde o observador se vê separado do objeto observado, onde o experimentador se vê separado da experiência.

Então há um fim para essa psicológica condição desse sentido do “eu”, do “mim”, do ego. Temos um cérebro novo, uma mente livre. Todo o seu Ser está presente nessa única e real Presença, sem qualquer separação. Não estamos mais vivendo numa condição psicológica e particular, a partir de um centro egocêntrico que se move nesse pensamento condicionado, nesse cérebro condicionado, nessa mente condicionada, onde existe toda essa noção equivocada de passado, presente e futuro.

Reparem, tudo isso faz parte do movimento do pensamento dentro de cada um de nós. É um padrão de condicionamento. Olhar para si mesmo e se ver como alguém que veio do passado, está vivendo esse momento e caminhando para o futuro, e mantendo tudo à sua volta como parte de uma experiência para o experimentador, algo sendo visto por um observador.

Reparem como isso é importante, porque os pensamentos estão presentes, os sentimentos estão presentes e, enquanto houver esse sentido de dualidade, que é esse “eu”, pensando esses pensamentos, sentindo essas emoções, estará dentro de uma particular visão, onde estará acreditando, onde estará sempre se envolvendo com os pensamentos, se envolvendo com as emoções, dentro de um ponto de vista particular, centrado no “eu”, no ego, nesse observador, que vive nesse gostar ou não gostar, que vive nesse querer mais ou querer menos da experiência, daquilo que aqui se mostra. Então, isso estabelece a divisão e, naturalmente, o conflito.

Será possível uma mente livre do “eu”, do ego e, portanto, desse modelo de separação entre pensador e pensamento, observador e coisa observada, experimentador e experiência? Será possível um coração livre, uma mente livre desse modelo de tempo psicológico? A ansiedade, a depressão, o tédio, a dor da solidão, os diversos conflitos internos presentes no ser humano estão presentes em razão desse modelo de pensamento, nessa ideia de tempo.

Tudo isso nós temos investigado aqui. Ansiedade é tempo, depressão é tempo, pensamento é tempo. Reparem que tudo isso vem do passado, se mostra nesse momento, falseando a realidade desse instante. Aqui neste momento não há medo, não há espaço para ansiedade, para depressão ou para angústia, porque esse momento é um momento completo quando o pensamento não está. Quando ele não está, não existe o tempo.

Se nós não temos o pensamento, nós não temos o tempo. Se não temos as imagens que vêm do passado, que são pensamentos, que são tempo, aquilo que está presente aqui é a ausência da mente egoica, desse movimento, que é o movimento do “eu”, que está sempre nos situando dentro dessa condição, onde está presente esse sofrimento psíquico, que é o movimento do pensamento, aqui aparecendo, sem ser visto, sem ser compreendido e, portanto, sem ser finalizado.

Assim, esse é o nosso assunto aqui com você. Estamos trabalhando o Despertar da Consciência, de sua real e verdadeira natureza nesta vida. Isso é o fim para o sofrimento, é o fim para a ansiedade, para a depressão, para a mente ansiosa. Essa é a Verdade sobre aquilo que é Você. Eu me refiro a essa Iluminação Espiritual, o despertar de sua Natureza Divina.

Junho de 2024
Gravatá – PE, Brasil