Como dominar as emoções? Vivendo nessa Real Meditação.

Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um bate-papo, mais um videocast com Marcos Gualberto, mais uma vez se disponibilizando para fazer esse bate-papo conosco. Agradeço, Mestre, por essa tua disponibilidade. Como a gente já vem fazendo em uma série de encontros, pessoal, a gente vai fazer um bate-papo onde vou trazer algumas perguntas que vocês têm feito para o Gualberto responder.

E, para quem não conhece o Marcos Gualberto ainda, já falei um pouco nos outros encontros… O foco do canal Luz do Despertar é sobre os ensinamentos que o Joel Goldsmith nos traz, que é o foco da Iluminação Espiritual, e o Marcos Gualberto tem um canal no Youtube, também, que trata exatamente disso, desse Despertar da Consciência, dessa Iluminação Espiritual. Mas ele trata disso não a partir do entendimento intelectual, da leitura de livros de Mestres, mas a partir de uma vivência, de algo que ele, através de um processo intenso de autoinvestigação de mais de vinte e um anos, pôde, pela Graça de seu Mestre Ramana [Maharshi], Despertar para esse Estado Natural do Ser.

E me encontrei, conheci o Mestre, como já comentei em alguns outros vídeos… Eu venho nessa busca há muitos anos e, nos últimos anos, focado integralmente nos ensinos do Joel Goldsmith. E, agora, nos últimos meses, veio algo muito forte internamente para eu me afastar, me afastar inclusive do canal, dos grupos de estudo, e, nessa quietude interior, acabou… um presente da Graça: foi aparecer um vídeo no Youtube do Mestre Gualberto… e assisti a um vídeo e algo me tocou. Não entendi no momento o que era, mas algo no olhar do Gualberto me tocou e eu fiquei com um sentimento de “o que é esse silêncio que eu senti vendo o vídeo?”.

E, aí, participei do encontro no final de semana, que é um Satsang online (têm [encontros] on-line e presencial, mas participei primeiro do on-line), e aí pude “entender mais” e sentir mais esse olhar, que é um olhar que vê além das aparências, como o Joel nos diz, porque é um olhar que não julga, que não critica, é o olhar de alguém que, pela Graça, “atingiu” essa Realização. E é uma enorme Graça poder estar tendo acesso ao Marcos Gualberto, poder estar acompanhando esse trabalho que ele vem compartilhando – o que é a vida dele hoje –, compartilhando o que é esse Estado Natural, que é extraordinário, que é simplesmente fora de tudo que eu acreditava que era, simplesmente fora de tudo o que a mente, nessa questão intelectual, acredita que é a Iluminação Espiritual, e é um verdadeiro presente… Eu só tenho a agradecer, Mestre, por essa Graça.

E, seguindo aqui em mais um videocast, Marcos, eu tenho uma pergunta. Deixe eu pegá-la aqui… Eu tenho a pergunta da Maria Verônica sobre esse processo, essa autoinvestigação. Ela pergunta bem assim… ela comentou: “Agradecida. Agora o que é necessário é perceber que tudo é tão simples, porém gostamos de complicar”. Daí, ela faz a pergunta: “A minha pergunta, por favor, para uma próxima vez é: como ter domínio das nossas emoções justamente no momento do conflito?”. Pode responder para nós, Mestre? Gratidão!

Então, vamos lá! É curiosa a pergunta dela. Ela disse “é tão simples” e, aí, ela faz uma pergunta que já começa a complicar, porque ela pergunta como ter domínio sobre as emoções, no que diz respeito a essa questão do conflito.

Veja, o nosso interesse, em geral, é muito particular, seja ele tendencioso para as inclinações do intelecto ou das emoções, e isso só complica. Querer dominar as emoções é como querer dominar o movimento dos pensamentos, que seria esse movimento intelectual, para algum objetivo. Aqui, o objetivo em dominar as emoções é eliminar os conflitos.

Mas, veja, o que nós precisamos não é dessa complicação, não é dominar as emoções nem dominar os pensamentos, mas é nos tornarmos cientes desse movimento, que é, basicamente, o movimento do “eu”. O que precisamos para estar livre dos conflitos – e desse conflito que é basicamente sofrimento nesse “eu”, nesse “mim”, nessa “pessoa” que nós acreditamos ser, é nos tornarmos cientes dessa “pessoa”, desse sentido de “pessoa” dentro desta dada experiência.

O que quer que esteja ocorrendo neste momento, seja ao nível intelectual ou ao nível emocional, pode ser visto – e precisa ser visto – sem o sentido de “alguém” presente: é isso que eu tenho chamado de Meditação, de aproximação do Autoconhecimento.

Então, a gente se aproxima do Autoconhecimento e tem acesso à direta constatação do que é Meditação. E o que é, basicamente, Meditação? É disso que nós precisamos; não é dominar nem os pensamentos nem as emoções. Nós precisamos da Meditação, porque a Meditação lhe mostra que esse sentido de identidade presente, neste momento, é o próprio conflito; é ele que se separa do que quer que esteja acontecendo para tentar mudar, e, quando ele resiste a este momento presente, a este instante agora, ele conflita. Conflita com que base? Com base na memória, que é basicamente o pensamento; esse pensamento é passado, crença, são ideias, são conceitos do que deve ser ou do que não deve ser, no que diz respeito ao que está acontecendo.

Então, há um sentido de rejeição desse intelecto, que é esse movimento egoico, que é esse movimento do pensamento para resistir a isto, resistir a este momento. E, quando você resiste, você cria a separação e, portanto, sustenta o ego, e isso é conflito.

Aquilo que está acontecendo aqui agora pode ser visto sem desejo, sem medo, sem resistência, sem luta, sem julgamento, sem comparação. E, quando isso é feito nesse formato, dessa forma, não há esse elemento, que é o elemento “eu”, dentro da experiência. Se esse elemento não está presente, as emoções assumem o lugar natural delas e o pensamento assume o lugar natural dele, porque não há uma identidade presente resistindo a este instante, então o conflito termina.

Nós precisamos, Gilson, é aprender a arte de viver sem o sentido de um “eu” presente dentro deste instante, dentro deste momento. Como esse “eu” é basicamente o passado, que é memória, que está sempre julgando, avaliando, comparando, rejeitando ou então se identificando com a experiência, estamos sempre vivendo nesse “mim”, nesse “eu”, nesse ego e, portanto, em conflito, fora do nosso Natural Estado, que é o estado livre do ego, livre do “eu”.

Então, eu tenho falado muito sobre a arte de ser Consciência. E, aqui, eu me refiro à Real Consciência, não a essa consciência egoica, essa consciência mental, essa consciência de percepção de experiência, mas à Consciência que transcende o próprio movimento do pensamento, das emoções, dos sentimentos e do próprio corpo. Então, é uma constatação de um Estado Natural em você que você não tem acesso porque não adentra a essa arte, que é a arte da Meditação.

Então, eu tenho procurado mostrar às pessoas o que é a Meditação no sentido Real, não essas práticas diversas de meditação que as pessoas praticam, as diversas práticas de meditação aí fora. Eu falo da Meditação no sentido de um esvaziamento completo de todo o conteúdo dessa consciência egoica, o que só é possível agora aqui, quando você se vê desafiado a reagir e o sentido do “eu” não entra para reagir.

A gente tem explorado esse assunto e aprofundado isso. Nós temos muito material sobre isso em playlists no canal [Mestre Gualberto] falando sobre a importância do Autoconhecimento e da Meditação.

Então, em resumo, lidar com pensamentos e lidar com emoções, assim como lidar com o corpo, é lidar com este momento sem o sentido de “alguém” presente. Isso só é possível, de uma forma verdadeira, quando há Real Meditação na prática. Compreende isso? É esse o assunto de que nós temos tratado.

Mestre, e é muito engraçado como esse próprio movimento do “eu” foge deste presente, desta constatação da vida. Ele está sempre fugindo ou resistindo ao que se apresenta, e mesmo no estudo espiritual, na busca – eu falo por mim… Pela Graça, nessa aproximação contigo, agora eu vejo o quanto a atividade do ego estava presente, mas não era vista. Então, existia a rejeição a todo instante, ou desejo, e hoje eu vejo isso acontecer, e o “ver isso acontecer” é ver essa ilusão de um “eu” que tem desejo, ou um “eu” que não quer tal circunstância. E o “ver essa ilusão”… Eu me lembro que [eu vi] – não sei se foi em um videocast ou em um Satsang contigo –, que esse próprio movimento de querer rejeitar ou desejar acaba gerando a separação, a dualidade.

Sim.

E o foco, como o próprio Joel Goldsmith fala, é essa União Consciente com Deus, é a Não Dualidade, como tu falas, né, Mestre? Então, quando há esse processo de rejeitar o que se apresenta, “pum!”: dois. Existe o “eu” que não quer ou o “eu” que quer, e ver esse movimento acaba ficando engraçado, porque é o tempo inteiro esse movimento do ego.

Esse movimento, Gilson, é o próprio movimento da continuidade da identidade separada, jamais você vai se tornar ciente desse movimento sem um real interesse de observá-lo. O ponto é que nós passamos a vida inteira sem essa observação desse movimento. Até porque, como você acabou de colocar, em geral, as pessoas estudam os assuntos espirituais, estudam Joel, estudam a Bhagavad Gita, a Bíblia, enfim, o Evangelho, mas esse estudo é um estudo intelectual, isso não lhe dá a percepção desse movimento da consciência integral, que é esse movimento da consciência egoica, porque é só uma acumulação de informações a que você tem acesso, e o intelecto guarda como palavras.

E o que você precisa é se tornar ciente do que está agora aqui presente. Basta estar cônscio de si neste instante. Não importa o movimento que esteja ocorrendo internamente em você, ele pode e precisa ser constatado, mas constatado sem reação. Aqui é que temos a dificuldade, porque tudo que surge, ou nós gostamos, ou não gostamos. E, quando você não gosta, você rejeita; e, quando você gosta, você se identifica. E quem é que está fazendo esse movimento sempre? É o elemento “eu”, é o elemento ego, exatamente esse sentido de identidade se fortalecendo na experiência do gostar ou do rejeitar o que quer que esteja surgindo. Resultado: você vive como uma entidade separada no tempo, como alguém que está presente na experiência, e isso não é real, isso é uma fantasia produzida por esse estado hipnótico de consciência egoica.

Não há “alguém” presente agora aqui, na experiência. Esse “alguém” aparece quando rejeita algo ou quando se identifica com algo e, aí, ele se particulariza como uma entidade separada, egocêntrica, onde o mundo está fora e ele está aqui, no centro dessa experiência. É isso que precisa ser visto, e isso não pode ser visto pelo intelecto. Então, não adianta estudar, tem que evidenciar isso, aqui e agora, e você só evidencia isso nessa auto-observação, nessa observação de si mesmo neste momento.

A minha ênfase é sempre a ênfase da Real Meditação na prática, porque ela é a chave para o Despertar dessa Real Consciência, porque até então você está dormindo. É dormindo que você nasce, você cresce, você se torna adolescente, casa, tem filhos, tem netos, adoece, envelhece e morre. O ser humano vive assim! Ele está dormindo nessa identificação com aquilo que ele não é, [que está] se passando por ele o tempo inteiro, que é essa identidade egoica, e isso é estar em um sentido de separação, nessa falta de União Consciente com Deus.

Outra coisa importante: a expressão “União Consciente com Deus” é uma expressão da qual a gente tem que se aproximar com cuidado, porque essa União Consciente é a ausência de “alguém” consciente, é a Consciência de Deus assumindo. Não tem “alguém”! E, em geral, o sentido do “eu” se imagina unido a Deus. O “eu” não se une a Deus! Quando Deus está, o sentido do “eu” desaparece, e Aquilo que está presente é esse Natural Estado de Ser, Consciência, Amor, Felicidade, Inteligência, Sabedoria, ausência de sofrimento.

Escutem isso! Estamos falando aqui, Gilson, de algo que o intelecto não alcança. Isso é indescritível! Isso a gente não encontra em palavras! Ou você vivencia essa Bem-Aventurança, esse Natural Estado de Pura Consciência livre do sentido do “eu”, ou então não sabe do que estamos falando. Podemos imaginar isso ou podemos descobrir isso agora, e só pode ser agora, aqui. Tudo bem?

Mestre, até tem um trechinho de um livro do Joel aqui, o livro é “A União Consciente com Deus”, e, na introdução do livro, o Joel fala bem assim: “A pregação sem prática é um dos pecados mais mortais. Por exemplo, a passagem bíblica tão fundamental para todo o ensinamento espiritual ‘exceto que o Senhor edifique a casa, trabalham em vão aqueles que edificam’ é uma bela citação, mas permanece apenas uma pregação até que, e a menos que, seja entendida e praticada”.

Se o Mestre puder falar um pouco sobre… já vinha falando, mas falar um pouco mais sobre essa vivência, viver nessa Real Meditação.

Então… Quando Isso se estabelece como seu Estado Real, como seu Estado Natural, você… o que diz, o que faz, o que não faz, tudo está dentro dessa Realidade. Não é mais uma ideia, não é mais um conceito, não é mais uma afirmação intelectual, não é mais uma intenção, ou desejo de vivência, Isso é o transbordamento de sua Natureza Divina.

O fato, Gilson, é que o seu Ser é a Consciência, é o Cristo. Uma vez que essa Consciência, que é o Cristo, está desperta, seu olhar, sua fala, seus gestos, o que quer que esteja ocorrendo estará ocorrendo dentro dessa Consciência do Cristo. Então, essa é a linguagem do Joel – essa vida Crística. Eu coloco dentro de uma linguagem bem particular, mas eu conheço o que ele coloca como o Cristo em nós, porque ele está simplesmente relatando o Evangelho. “O Reino dos Céus está em vós”. Aqui, é o relato do Cristo interno em nós, só que isso, olha… é muito conceitual, é muito teórico, é muito verbal, é muito imaginativo.

Podemos acessar essa Realidade do Cristo? Sim, pela Real Meditação. Então, não existe mais a ideia, o pensamento, a imagem “Cristo”, nem a ideia, o pensamento, as palavras, a teoria das Escrituras, mas a evidência do seu Natural Estado de Amor, de Pura Consciência. Viver Isso é ser O que Você é, que é Consciência, que é Deus. Então, Você é a própria Escritura viva, porque Você sabe – não é “sabe” porque entendeu, Você é a Sabedoria das Escrituras, em seu Ser!

As Escrituras nasceram dessa Consciência, desse Estado de Pura Consciência. Os homens santos, os sábios, os místicos… os santos, os místicos e os sábios escreveram ou deixaram escritas, ou registradas, ou foram faladas por eles e depois registradas por alguém, as palavras vindo desse “Lugar”.

Então, viver essa Consciência é viver essa Realidade das Escrituras Viva. Então, isso não é mais “papagaísse”, não é mais teoria, não é mais conceito, não é mais repetição de palavras; é a evidência do Amor, da Paz, da Liberdade, da Consciência do Cristo.

Então, olhar no olhar do Cristo, falar no falar do Cristo, sentir no sentir do Cristo, sem o sentido de um “eu” presente… Isso é Real e Isso não é uma teoria, Isso não é uma crença, Isso não é uma repetição das Escrituras, Isso é a Escritura Viva.

Então, viver é a única coisa que importa. Chegará um momento, Gilson, para todos aqueles que estudam, em que eles irão descobrir que não é estudando, é exatamente desaprendendo… porque saber, nós já sabemos demais, já entendemos demais, já compreendemos muito! Mas onde isso está? Ao nível de intelecto ou ao nível de sentimento. A gente se sente emocionado com palavras como Cristo, Deus, amor, mas é só uma emoção que vem e, na hora do almoço, já foi embora. Então, a gente sente e, daqui a pouco, não sente mais; a coisa está aqui e, daqui a pouco, não está mais, e as pessoas dizem “para onde foi?” É porque é só uma experiência, ainda, de sentimento, de emoção e, ainda, ligada à questão do intelecto, uma coisa verbal, ainda nesse nível.

Nós precisamos é de uma vivência, precisamos nos assentar em nosso Natural Estado de Consciência Pura, o que é possível pela prática da Real Meditação, algo que é possível quando, momento a momento, você está trazendo Consciência ao que quer que esteja ocorrendo, internamente ou externamente… essa Consciência dissipando o véu da separação, o véu da dualidade. Essa dualidade é o problema: “eu e o mundo”, “eu e Deus”, “eu e o outro”, “eu e os meus pensamentos”, “eu e as minhas emoções”. Esse “eu” se desfaz e a vida se mostra como Pura Inteligência, como Pura Consciência. Essa é a Realidade do seu Ser, Isso é Iluminação Espiritual, Isso é o Real Despertar do seu Natural Estado Crístico, na linguagem do Joel, que é o Despertar da Nova Criatura em Cristo, segundo a Bíblia, ou como eu costumo dizer: Ser-Consciência-Felicidade; isso já na linguagem dos Vedas.

Então, as expressões são múltiplas, são diversas, mas isso não importa! O que importa é viver Isso, Gilson, é assumir Isso, é conhecer essa Paz que transcende toda a compreensão humana, essa Vida de Deus, que é Deus vivendo nesse corpo, compartilhando, Ele mesmo, a Verdade do que Ele é e despertando você, tirando você da ilusão, da crença de ser alguém separado d’Ele.

É o trabalho da própria Consciência, não é alguém fazendo. Uma vez que esse Natural Estado está aí, Você é essa Realidade se expressando. Você não é um mensageiro, Você não é um enviado de Deus, Você é a Verdade, o próprio Cristo se expressando. Eu não sei se isso faz sentido para vocês que estão aqui acompanhando essa conversa, mas não sei Gilson…

Mestre, enquanto tu falavas, eu me lembrei que o Joel traz muito esse “viver pela Graça” ou, trazendo dentro dos conceitos bíblicos, [foi] quando existiu a aceitação da crença do bem e do mal que aconteceu essa dualidade; e a crença do bem e do mal são esses julgamentos… [você] julgando as circunstâncias que são boas ou ruins, rejeitando, resistindo a elas ou não. E, aí, o Joel nos traz o convite de transcender, de ir além dessa crença do bem e do mal, e esse viver pela Graça, que é a própria Graça, esse fluir da Graça, essa Unidade, esse Um.

O que eu tenho dito, Gilson, com base no que você está colocando, é que… repare, é muito interessante você estar nesse Natural Estado, porque você tem essa Liberdade de fluir, de se permitir, naturalmente, dizer a partir desse próprio “Lugar” onde você está. Então, por exemplo, você citou a questão de viver pela Graça. Essa é uma expressão bíblica, mas olha como é interessante: a gente pega a expressão “viver pela Graça”… gente, isso é algo muito básico, muito simples: é viver no seu Natural Estado de Ser, é viver Aquilo que você nasceu para viver, sem contradição, sem conflito, sem sofrimento, sem medo, sem a ilusão de estar agora vivo e poder morrer a qualquer momento e perder todas as coisas que juntou, que acumulou, que guardou. Isso tudo desaparece quando o sentido de um “eu” não está.

Não existe essa separação entre vida e morte, entre ganhar e perder, entre a Verdade e a ilusão, entre o sonho e a Realidade. Isso tudo se desfaz nesse Natural Estado de Consciência, que é Pura Graça. E a gente usa expressões como “Pura Graça” sem compreender que Graça é a única Verdade de toda manifestação. Tudo é esta Graça, porque só há Deus!

É apenas, Gilson, o sentido de um “eu” presente criando toda a confusão no mundo. E esse mundo começa dentro de nós; depois, ele se estende para a nossa casa, para o nosso bairro, para a nossa cidade, para o nosso país e para o mundo. Então, toda a confusão no mundo começa nesse “mim”, nesse “eu”. Se esse “eu” se desfaz, o mundo não é mais o que ele aparenta ser nesse sonho – porque isso tudo aqui é um sonho.

Despertar é ter o olhar do Buda, o olhar do Cristo, o olhar de Deus para esse grande jogo Divino. Os sábios na Índia antiga, eu já comentei isso com vocês, ao verem tudo isso, perceberam e disseram: “Isso é um jogo, é uma Lila, é uma grande brincadeira!”. Agora, do ponto de vista do ego, Gilson, isso não é uma grande brincadeira, isso é um terror: a fome, a doença, a morte, perder os entes queridos… Isso é um terror para o ego, que possui coisas, que quer controlar, que quer entender, que quer se perpetuar no tempo… Para esse sentido de um “eu”, que vive nessa ilusão, é um terror isso aqui, não é uma Lila, não é uma brincadeira divina, não é um jogo de Deus. Mas, quando você desperta e vê o mundo como Pura Graça, é Pura Graça mesmo!

Mestre, eu estou dando risada porque foi uma pequena experiência, mas… agora passou, há algumas semanas, o retiro de final de ano, presencial com o Mestre, sete dias, e eu participei (e, inclusive, vai ter outro agora no Carnaval, outro retiro). Mas… é um intensivo, é uma imersão, é um retiro de sete dias. E, aí, teve alguns dias em que ficou muito nítido isso que o Mestre está falando, essa grande Lila, essa grande brincadeira, ficou algo vivo em mim. E, daí, é muito engraçado, porque tudo se torna, naquele momento, naquela experiência, que foi algo passageiro, porque esse “eu” está presente aqui… mas, naquele momento, a brincadeira estava estampada! Era tudo uma brincadeira, inclusive a vida como um todo, essa brincadeira. Eu só dava risada, porque… como o ego leva a sério, muito a sério tudo!

Sim.

É um grande terror, é um grande medo, mas é essa inconsciência, esse sentido de separação que eterniza isso.

Quando não há mais isso, Gilson, quando não há, tudo é só um nada! É um nada! É um nada que contém tudo!

Sem o sentido de “alguém” presente reivindicando, querendo alterar, mudar, cobrar, buscar, desejar, fazer, acontecer, se desfazer… sem esse “mim”, sem esse “eu”, a Realidade é Felicidade, a Natureza do Ser é Amor. Não o amor que o pensamento tem estruturado como o amor. O amor, para o pensamento, é posse, é controle, é apego, é desejo, é ciúme, é possuir o outro, é tomar o outro para si, é ter a lembrança do outro para amar. Ou seja, se não houver lembrança, então não há amor. Se o amor se baseia no pensamento, na lembrança de momentos felizes ou intensos, ou de intimidade, se não houver essa lembrança, então não há amor.

E que espécie de amor é esse que o ego conhece? O amor que controla, domina, o amor que se assusta, o amor que teme perder, o amor que quer segurar, que quer controlar, que quer… Ciúme é amor? É amor? Ciúme é amor? Desejo, apego… é amor? Controlar é amor? Se lembrar do outro é amor? E quando o pensamento diz “ele pode estar com outra”, aí esse amor, que é esse pensamento chamado amor, muda. Que espécie de amor é esse? Um amor que se baseia no pensamento e no sentimento. Se muda o pensamento, muda o estado. Então, o que era chamado amor, agora não é mais amor, é raiva, é violência, é agressão, é ódio, é ciúme, é posse.

Aqui, eu falo do Amor como Consciência, é a sua Natureza Real, o Amor de permanecer aí nessa visão desse grande jogo divino, desse grande jogo de Deus.

Mestre, agradeço a mais uma oportunidade. Gratidão! Gratidão!

Já foi nosso tempo.

Já foi nosso tempo.

Pessoal, comentem, curtam o vídeo, comentem com perguntas para a gente ir trazendo para novos videocasts. Para quem sentir algo além do que está nas palavras, ao olhar para os olhos do Gualberto, o convite está na descrição. Aqui também tem o link do WhatsApp para as informações dos encontros on-line. Todo mês tem encontro de Satsang presencial e, também, on-line. Então, é só pegar as informações e, se sentiu algo a mais, é se aproximar desse trabalho para ver o que é.

Mestre, gratidão! Gratidão! Até a próxima.

Dezembro de 2022
Gravatá – PE, Brasil