Pensamentos excessivos

O assunto aqui, agora, é bem intrigante, bem interessante. Alguns dizem assim: “Ah, eu gostaria de me livrar desse modelo de pensamentos excessivos”. Então, eles têm muito essa questão: “Como posso me livrar desse hábito, desse pensar excessivamente? Como posso me livrar dos pensamentos excessivos?”

Então, para alguns, a paz irá acontecer quando eles se livrarem desse modelo, o modelo dos pensamentos excessivos. Há algo que não se percebe aqui claramente. O pensamento, em si, já é excessivo. Então, por que você quer escolher entre alguns? Por que você quer separar os que são excessivos dos que não são? Por que você não investiga a real natureza do pensamento? O que é o pensamento?

Nós vemos o pensamento, na realidade, como um fenômeno, uma aparição. Nesse sentido, todo pensamento é algo muito básico, algo muito simples, e, de uma certa forma, ele é até utilitário em alguns momentos.

Mas quem, em você, seria esse capaz de distinguir entre pensamentos excessivos e não excessivos? Então, por que fazer essa escolha? Por que não compreender o processo em si, que é o processo do pensamento, e ver que, na verdade, o pensamento, em si, já é excessivo? Boa parte dos pensamentos que você tem é completamente inútil.

Então, durante o dia, é muito típico dessa assim chamada “criatura humana” passar boa parte do seu tempo, psicologicamente ocupada com ideias, com crenças, com imaginações, em devaneio. Sendo, o tempo inteiro, carregada por esse peso, que é o peso do pensamento, e aqui é o pensamento excessivo.

Então, o pensamento, em si, não é uma imperiosa necessidade, é apenas uma aparição, mas uma aparição que se tornou um vício, um hábito. Uma vez que você se identifique com esse processo, você fica subjugado a ele, e é isso o que tem, de fato, ocorrido.

Então, eu recomendaria que você descobrisse, pela constatação, a Natureza Real do seu Ser, que é, basicamente, Silêncio. Nesse Silêncio, não há espaço para o conflito criado e produzido pelo pensamento. Então, uma vez que você constate a Natureza Real sobre quem é Você, a Verdade de seu próprio Ser, uma vez que você constate o Silêncio de sua Natureza Divina, o pensamento não é mais o problema.

Então, não iremos mais falar em pensamentos excessivos, não iremos mais falar da necessidade dessa identificação ou dessa desidentificação com o pensamento, porque, uma vez que o seu Ser se revele, se revela como o Silêncio, como a Verdade. E, aqui, sendo essa Verdade, sendo esse Silêncio, não há nenhum problema com o pensamento, não há nenhum conflito com o pensamento, então não surge mais essa questão. Mas, enquanto Isso não se revela, é necessário um trabalho nessa direção, um trabalho de desidentificação com o pensamento. Então, você não precisa se livrar dos hábitos dos pensamentos excessivos, você precisa reconhecer a Verdade do Seu Ser, e Isso irá livrá-lo dessa questão da confiança que se dá aos pensamentos.

Então, é natural que esses pensamentos desapareçam. Então, há algo que é, claramente, descoberto nessa Realização. Por exemplo, a imaginação é algo que termina, o devaneio é algo que termina, e também esse modelo de pensamento negativo, ou negativista, produzindo constantemente sofrimento pela ansiedade, pela preocupação, pela antecipação imaginária de coisas, que irão ou não acontecer. Tudo isso desaparece, porque isso só tem base nessa ilusão, na ilusão dessa falsa identidade, na ilusão dessa identificação com o pensamento.

Então, tudo que você precisa é se desidentificar dos pensamentos. Essa desidentificação dos pensamentos revela o lugar real do pensamento, desse fenômeno existencial. É claro que isso requer um trabalho. Colocado aqui, dessa forma, parece algo basicamente muito simples. Só que na verdade, na prática, apesar de soar de uma forma simples, não é, na verdade, algo fácil.

Você tem passado todos esses anos identificado ou dando verdade a uma identidade que é falsa: essa identidade do “eu”, que, basicamente, são pensamentos, lembranças, memórias, imagens, crenças, imaginações. E tudo isso precisa desaparecer, porque nada disso é Você! Seu Ser não é isso!

Nosso trabalho, em Satsang, é a Constatação da Verdade sobre quem nós somos. Essa Constatação, passa, naturalmente, pela desidentificação daquilo que não somos, dessa falsa identidade, desse falso centro, deste falso “eu”. E isso é, claro, o fim dos pensamentos. É nesse sentido que todo pensamento é, em si, excessivo.

Então, nós deixamos de lado essa distinção entre pensamentos excessivos e não excessivos, e investigamos a natureza real do pensamento. Que espaço real ele tem? E, é claro, isso não pode ser feito pelo próprio pensamento. Isso é feito, ou acontece, de uma forma muito natural pela Compreensão da Verdade sobre quem Você é. Isso, basicamente, é Meditação.

Então, a Meditação revela Isso. Meditação é, basicamente, se desidentificar do pensamento. Não tem nada a ver com postura física, com práticas, com sistemas, com métodos. É a desidentificação natural que acontece, a desidentificação que, naturalmente, acontece, a desidentificação dos pensamentos, pela atenção a si mesmo, pela observação desse movimento. Isso é o fim para esse movimento, é o fim para essa inquietude interna, para todo esse conflito que o pensamento produz. Isso, sim, é o fim; Isso, sim, é a resposta para o fim desse hábito, o hábito do pensamento, o hábito da identificação com o pensamento, da confiança, da crença, da ilusão, de sofrer no pensamento, pelo pensamento.

Janeiro de 2022
Gravatá – PE, Brasil