Outro ponto que eu acho importante de ser considerado aqui é essa ideia tão comum: a ideia da “pessoa”, a existência da “pessoa”.
Nós temos essa crença, nós acreditamos existir como uma entidade separada, então nós acreditamos que somos uma pessoa.
Assim, existe essa ideia, a ideia central de uma “pessoa” aqui presente. Isso é completamente falso! Isso é apenas uma ideia que encontra uma identidade suposta. Ela forma, forja, uma identidade.
Então, o que nós chamamos de “pessoa” é apenas uma ideia, um conceito, uma crença. Na verdade, uma imaginação. Então, o pensamento cria uma ficção, a ficção de uma identidade presente, dessa “pessoa” que “eu” acredito ser. Não existe essa “pessoa”, não existe esse “eu”. Isso é apenas uma ficção criada pelo pensamento.
A mente recebe um nome, um rótulo, uma rotulação, passa a se denominar João, Maria, José, e ela acredita nisso. Então, o pensamento forma, de si mesmo, uma imagem, engendrada por ele próprio; uma autoimagem. A “pessoa” é somente uma criação, uma criação imaginária do pensamento.
Então, na razão em que esse mecanismo, esse organismo, começa a falar, a agir, a fazer escolhas – eu digo escolhas aparentes, porque não existe alguém nessas escolhas. Há essa escolha, mas não esse “alguém” na escolha –, isso tudo que vai acontecendo vai só confirmando a presença dessa “pessoa”. No entanto, essa “pessoa” é uma ilusão. Uma “pessoa” que pensa, uma “pessoa” que fala, uma “pessoa” que faz escolhas, uma “pessoa” que resolve, uma “pessoa” que tem os frutos de suas ações, ações positivas ou negativas, isso vai apenas confirmando essa ideia central, a ideia de uma “pessoa” presente.
O problema com isso é que toda confusão, todo sofrimento, toda forma de ansiedade, medo, preocupação e dificuldades que essa “pessoa” enfrenta são enfrentados e assumidos como reais.
O trabalho de observação de si mesmo, o trabalho de investigação da Verdade sobre quem é Você, irá desfazer essa crença, então essa entidade imaginária irá desaparecer, porque, na verdade, essa entidade imaginária nunca existiu; é apenas um falso centro.
A beleza da aproximação desse trabalho de autoinvestigação, de meditação e entrega, de rendição à Verdade, é que isso destrói completamente, anula, esse falso centro, esse falso “eu”. Isso finaliza com essa identidade ilusória.
Então, veja, aquilo que nós chamamos de “ego”, de “pessoa”, é uma imaginação. No entanto, o pensamento engendrou isso de tal forma que isso parece ser muito real. Isso é real apenas nessa identificação com esse mecanismo, com esse corpo-mente.
Se você observa o movimento da mente, consegue ver o mecanismo de construção dessa falsa identidade, desse falso centro, e, uma vez que isso seja feito, de uma forma verdadeira, legítima, uma vez que você comece a trabalhar isso em si mesmo, essa falsa identidade, esse falso centro, desaparece, e, com o desaparecimento dele, o que você tem presente é a Liberdade, a Liberdade de Ser, de Ser Aquilo que Você é, de Ser Aquilo que você “nasceu” para Ser.
Toda essa ideia, também, de nascimento – por isso que coloquei entre aspas a palavra “nasceu” –, aplicada a essa identidade, é algo completamente falso.
Sua Natureza Real é a Natureza Divina, é a Natureza de Deus, e Isso não tem nascimento nem morte, mas é algo para ser constatado por você. Esse é o seu trabalho, o trabalho de descobrimento da Verdade sobre Si mesma, sobre Si mesmo. Então, é fundamental essa aproximação, esse olhar para Aquilo que somos.
Nós temos expressões, em nossa cultura, como “alma”, “espírito”… Mas são expressões que nós usamos sem nenhuma ciência do que representam ou do que significam.
Aqui, estou sinalizando para você a importância desse Autodescobrimento, do descobrimento de sua Natureza Real, de sua Natureza Divina. Essa Natureza não tem nome. Ela também não tem forma. Ela não nasceu e também não morre.
Todo o seu debate, toda a sua luta, toda a sua confusão, todos os dramas dessa que você chama de “sua vida” giram em torno dessa falsa identidade, desse falso centro, desse assim chamado “ego”, o que é, repito, uma imaginação, uma ficção.
O trabalho de descarte dessa ilusão começa por essa atenção sobre si mesmo, por essa observação daquilo que se passa agora, aqui, nesse mecanismo, nesse organismo. Não nessa “pessoa”… Não há “pessoa”! O que temos presente é esse organismo, é esse mecanismo, e todo esse processo chamado de “mente”.
Então, temos mente-corpo, e isso pode ser constatado pela observação. Uma vez constatado pela observação, esse centro falso é descaracterizado, então desaparecem as ilusões, como a ilusão da escolha, da ação, da presença de um pensador…
A beleza de tudo isso é o fim da confusão, dessa psicológica confusão que esse centro falso tem sustentado há milênios. Na Índia, eles chamam de Liberação. Sim, Liberação! Liberação é o fim dessa ilusão, é a constatação da Verdade. Então, há o fim desse imaginário centro e a Verdade se revela, a Liberdade se revela.
Iluminação é isso! Realização da Verdade é isso! Realização de Deus é isso! Isso é algo possível aqui e agora. Isso é algo possível nessa constatação da Verdade que Você é, aqui.