A busca de um significado para a vida e de um contentamento interno em meio a circunstâncias externas é um hábito geral. Isso mantém sua mente sempre em busca de alguma coisa e, assim, muito ocupada. Quando você permanece ocupado com exterioridades, quando a mente se mantém nessa procura de um significado, você perde a oportunidade de se voltar para dentro, para aquilo que é fundamental, essencial, e esse tem sido o comportamento humano há milhares e milhares de anos. Significado e contentamento não podem ser encontrados numa base falsa, ou seja, externamente, em circunstâncias do lado de fora.
De fato, essa busca externa trabalha como uma forte oposição a esse Descobrimento, pois, quanto mais ocupado você se encontra, mais distante você está de Si mesmo. Então, você não tem espaço interno, nem tempo, para o trabalho em direção a esse Descobrimento.
Você acredita que existe um tesouro do lado de fora, do qual você nunca teve nenhuma evidência, mas a mente tem muita imaginação sobre isso e, então, ela vai à procura desse contentamento, desse significado. É um hábito, um movimento do círculo vicioso do pensamento.
Quando você se aproxima de Satsang, eu tento lhe mostrar a importância de se aquietar. A quietude é onde a Meditação, que é a chave desse Descobrimento, se assenta. A mente está nesse processo de busca de significado e de contentamento há muitos milênios, então, quando você chega em Satsang, o corpo se aquieta, a mente silencia e você dorme, de tão viciado que você está em se ocupar psicologicamente.
A mente egoica não suporta ficar desocupada e esse é um grande obstáculo à Iluminação, à Realização da Verdade sobre Si mesmo. O primeiro obstáculo que o impede de permanecer nessa base de quietude e, assim, descobrir a beleza da Meditação, é o sono. Esse sono, naqueles que se envolvem com a meditação, é um ótimo mecanismo de fuga da mente egoica, para ela não ser destruída. Por isso, ela vive confortavelmente dentro do seu movimento de atividade, que é a busca de significado e de contentamento.
Quando você chega em Satsang, é convidado a abandonar essa procura e, então, um espaço se abre, uma quietude logo se aproxima. Nesse momento, a mente, para fugir, coloca você para dormir. A questão é que você nunca deu importância para a ausência da mente egoica. Toda a sua vida conhecida está dentro desse processo, que é o movimento desse falso “eu”, e você está viciado nisso: experimentar, sentir, ocupar-se, fazer, querer, buscar, pensar… O seu vício de ser “alguém” é muito forte, por isso você se conserva nessa ocupação.
A mera compreensão intelectual disso não é suficiente para quebrar esse processo. Alguns tentam fazer isso ouvindo falas, inclusive como essa, ou lendo livros que tratam dessa questão do Despertar, da Iluminação, da Realização de Deus. Porém, como a mente egoica é muito hábil, ela logo transforma tudo isso em algo dela, em um prazer dela, e se torna, também, viciada no conhecimento intelectual acerca desse assunto, em leituras e no prazer de ouvir falas sobre esse tema.
Chegará o tempo em que você ficará cansado disso e não mais se sentirá satisfeito em ler, ouvir e ter um entendimento intelectual sobre “si mesmo”. Essa é somente uma fase que deverá ser abandonada, porque isso ainda faz parte dessa busca de contentamento externo, que representa um preenchimento emocional e intelectual através do conhecimento.
Você pode se tornar um especialista, mas o sentido de um “eu”, de uma identidade separada conhecedora profunda do tema, do assunto, ainda estará presente. A ilusão estará presente, apesar de todo o conhecimento – o qual, inclusive, é parte dela. Quando a ilusão está presente, a ignorância também está. Portanto, esse conhecimento ainda é ignorância, a qual se manifesta na vida diária como uma ou outra forma de sofrimento. Enquanto seu Estado Natural não estiver assentado, não importará o quanto você sinta ou conheça este assunto. O sentimento e o intelecto não poderão trazer Real Significado nem Real Contentamento.
Chegará a hora em que você fará uma oração e a Graça ocupará o lugar do intelecto. Então, o Guru interno, que é Deus, vai orar a Deus. Assim, um outro momento chegará à sua vida, porque você já estará cansado da busca de significado, de contentamento, e da procura do conhecimento e do preenchimento sentimental em palavras e práticas diversas. Então, quando o discípulo estiver pronto, o Mestre aparecerá. Todas as falas que você tem acesso, todos os livros que você já leu e irá ler são apenas um convite para esse momento de entrega e rendição do desejo de encontrar um significado e um contentamento do lado de fora. Esse fenômeno vai acontecer a você!
Somente o Guru desperta o Guru, apenas a Graça traz o despertar da Graça. Eu falo a partir de minha própria experiência. Essa é a minha jornada. É necessária uma mudança interna, em toda essa estrutura física e psíquica, uma particular mudança no corpo, no cérebro, em seu coração. Somente a Graça pode lhe conceder isso! O Guru desperta o Guru, a Graça desperta a Graça, Deus acorda Deus!
Eu sei que você deve ter pensado, em algum momento, que poderia dar conta disso, que poderia resolver isso sozinho, o que é bem típico da arrogância, da vaidade e da “independência” do ego. Se esse pensamento ainda passa em sua cabeça, saiba que isso é somente uma “viagem egoica”.