Mais uma vez estamos juntos, focando naquilo que é essencial. Mais uma vez nos colocamos nessa disposição, tendo uma aproximação legítima, que é essa aproximação do “coração”. Nosso propósito nesse encontro é investigar essa questão da Realidade. Esse trabalho é para aqueles que já perceberam, sentem claramente, que a vida sem essa Realização é uma vida sem significado; é para aqueles que sentem um impulso verdadeiro e estão dispostos a investigar verdadeiramente essa questão da Realização, que representa a Real Felicidade.
A vida sem esse significado real, que é a constatação do que verdadeiramente nós somos, é uma vida distante da Realidade, distante da Verdade, e Verdade é Felicidade. O tema básico em Satsang é sempre a questão da Felicidade; não a busca de um significado para a vida, mas sim a constatação da Felicidade, que é a Vida. A mente está sempre buscando significado para ela mesma, que é o significado que ela projeta como sendo real para ela própria. Aqui não estamos interessados na mente e no significado que ela busca. A mente, com suas projeções, pode estar em busca da paz, da liberdade, da felicidade, ou de qualquer coisa que ela projete, mas tudo o que ela projeta é parte do que ela deseja, ou parte daquilo que ela teme. Portanto, isso não pode ser real.
Felicidade é o Estado de Ser, não um estado que a mente possa alcançar, porque tudo o que a mente pode obter ainda é parte dela mesma. Desfrutar da Felicidade real do Ser, que nós somos, requer que a mente retorne à Fonte, saia da sua habitual agitação. A mente geralmente está muito agitada, com pensamentos, sentimentos, desejos, medos, imaginações, conclusões, objetivos, e tudo isso está voltado para fora, para aquilo que ela conhece. Essas atividades da mente são a causa de todo distúrbio, de toda confusão, então, ela necessita cessar essas atividades, e isso é quando você está desidentificado da mente.
Identificado com a mente, você está distante de sua Natureza Essencial. Toda confusão está nessa identificação com a mente. A verdadeira Felicidade é algo descrito como essa Paz, da qual as escrituras tratam, falam, que é uma Paz que ultrapassa toda a compreensão humana − é esse Estado Natural de Ser, no qual a mente, com toda a sua atividade, cessa; é essa compreensão de sua Real Natureza. Você passa a maior parte do seu dia se confundindo com pensamentos, sentimentos e tudo aquilo que a mente conhece; tem raros momentos de descanso em si mesmo, de descanso nessa Presença, nessa Consciência, nessa Verdade de si próprio, de si mesmo, que é Felicidade, Paz.
Compreendem isso? Observem que é exatamente assim que acontece!
Assim, toda essa atividade cria o distúrbio, afasta você dessa simplicidade e calma de apenas Ser. A Felicidade é algo que já existe aqui e agora, dentro de nós, e de fato é a nossa verdadeira Essência, nossa verdadeira Natureza. Mas a mente está sempre procurando sensações, buscando satisfações e realizações de prazer, e, somado a isso, ela está constantemente fugindo de alguma coisa, de alguma dor, o que é basicamente medo. Esse é o movimento dessa ego-identidade. Quando falamos que a Felicidade é essencialmente o nosso Ser, nós estamos dizendo que essa mesma Felicidade é a natureza da Consciência em nós. Então, quando há Consciência, há Felicidade.
Se você carrega alguma forma de sofrimento, isso é sinal de inconsciência, de identificação com a “mente egoica”. É impossível haver infelicidade na Consciência. Miséria e sofrimento são possíveis na inconsciência, mas isso é algo impossível na Consciência, porque Consciência é plena Felicidade, é plena Liberdade. Infelicidade é prisão. Não importa a condição do corpo e nem da própria estrutura psicossomática, ou seja, não importa a condição do corpo ou da mente (aqui, mente é esse mecanismo de percepção, de movimento de pensamentos, lembranças, intelecto, e assim por diante), quando há Consciência tudo isso funciona de uma forma bastante natural, sem nenhum conflito, sem nenhuma desordem, sem nenhum distúrbio e sofrimento. O único elemento estranho aqui é essa “mente egoica”, é a ilusão de uma identidade presa a essa identificação com as histórias, presa às imaginações do pensamento.
Geralmente, o sentido de “pessoa” está presente nessa inconsciência, sobrecarregado de crenças, histórias, desejos, preocupações. Portanto, Felicidade significa Consciência, e Consciência significa o verdadeiro conhecimento, sem qualquer ilusão. Na Índia, esse verdadeiro conhecimento é chamado de Jnana, que significa a compreensão do que é falso, e essa compreensão é o fim do falso, da ilusão; isso é o Real Conhecimento.
Está claro isso?
Quando o falso é visto como falso, a ilusão perde todo o seu poder e desaparece. Então, o que está presente é a Liberdade, a Consciência, a Felicidade. Assim, a mente retorna à Fonte e desaparece ali. Isso é Silêncio, Inteligência e Verdade. Você não pode saber o que você realmente é identificado com a mente, seus desejos e medos. A menos que você tenha essa clara visão, o verdadeiro conhecimento de quem você verdadeiramente é, estará sempre vivendo no medo e no desejo, e vivendo dessa forma não há como ter o significado Real da palavra Felicidade. Aquilo que é o seu Estado Natural pode ser visto somente dentro dessa constatação – quando a mente termina – e, então, toda busca termina; a busca material, espiritual, termina.
Tudo isso precisa ser encontrado, ou constatado, dentro de você, e não do lado de fora. A palavra Satsang significa encontro com a Realidade do Ser – a Realidade que você é, aqui e agora, dentro. Isso é Ser, Consciência e Felicidade – Sat-Chit-Ananda (essa é a expressão da Vedanta).
Ok. Vamos ficar por aqui. Valeu pelo encontro. Namastê.