Estamos diante do reconhecimento de algo que nós não podemos negar. Satsang, basicamente, aponta para isso. Agora mesmo, você está tendo a experiência de ouvir essa fala. Isso é uma coisa, em nossa experiência, que nós não podemos negar. Existe algo presente e ciente dessa experiência. Afinal, o que é isso que está ciente e presente quando essa experiência de ouvir está acontecendo? O que é isso que não podemos negar, afinal?
Essa é a Natureza Real do nosso Ser, a Natureza da Consciência. É a Consciência presente e ciente dessa experiência. As experiências podem ser diversas, mas a presença e a ciência dessa experiência é sempre uma só.
Essa Consciência, que está presente e consciente, é sempre uma só. A experiência pode ser a de ouvir uma fala, sentir ou ver alguma coisa, mas sempre há algo presente e ciente, que não muda. O Ser, a Consciência, a Verdade sobre a sua Real Natureza, é aquilo que está presente e ciente, independentemente de qual seja a experiência, o que esteja mudando, o que esteja acontecendo.
É isso que eu chamo de simples e inegável. Essa Presença, essa Consciência, essa Verdade sobre a sua Real Natureza, está sempre aqui e agora. Essa é a realidade de sua Natureza Verdadeira, aquilo que permanece imutável; aquilo onde as experiências acontecem. Por isso é um grande equívoco você se confundir com o corpo e com a mente (com sensações, emoções, sentimentos, pensamentos), porque isso que está sempre mudando não é você. Você é essa Presença, ciente e presente, quando isso está mudando.
Não existe um espaço onde a experiência esteja acontecendo de forma separada dessa Consciência. O espaço dessa experiência é o espaço onde essa Consciência está, e ela está aqui e agora, ciente e presente. O seu único problema é se confundir com o corpo, com os sentidos, com os pensamentos, que é quando você se confunde com a experiência. Você, como Consciência, que é esta presença e ciência do que acontece, se confunde com o que acontece. Esse é o estado egoico, o estado da mente egoica.
Cada coisa é experimentada como Ser, como Consciência, como Presença. Tudo é essa Consciência! É Ela surgindo, nesse instante, como essa experiência! Não há “pessoa” nisso, não há “alguém” nisso. Essa experiência não é de uma pessoa, não é de alguém, é a manifestação desta Consciência. A Liberação é assumir isso, assumir a Verdade de sua Natureza Real, que é Consciência.
Assim como os objetos aparecem dentro do espaço de uma sala, as experiências acontecem nesse espaço que é Consciência. O corpo, a mente, as sensações e os sentimentos são experiências; são objetos nesse espaço. Não há nada que não esteja aparecendo nesse espaço. Não há nada separado desse espaço que é Consciência. Nada é seu inimigo! É apenas a ilusão que cria todo o problema. Não existe nada presente em nossa experiência que não esteja acontecendo nessa Consciência. É só uma crença a de que há “alguém” presente.
Você foi educado para acreditar que é uma “pessoa”; agora tem que desaprender isso. O meu trabalho com você é esse: mostrar-lhe a fraude. Você é uma fraude! Você não é o que pensa ser! Você não é o que sente ser! Você só tem problemas porque você acredita que é uma “pessoa”. A crença em ser uma “pessoa” cria essa limitação, essa confusão – a confusão da dualidade: sujeito e objeto; eu e o outro; eu e o mundo. Precisamos investigar isso, pacientemente, pelo tempo que for necessário, até que o sentido de separação se dissolva nessa clara Consciência, na luz dessa Consciência, na luz dessa Presença, na luz de sua Verdade, dessa sua Real Natureza. Você precisa se desabituar dessa “pessoa” que você acredita ser. Eu falo literalmente! Você precisa se desacostumar de você!
Participante: Quando eu pergunto, tem alguém perguntando?
Mestre Gualberto: Não, só tem a pergunta. É necessário que a pergunta apareça até ficar claro aí que não tem alguém perguntando, porque a questão toda é que, quando a pergunta é feita, existe a ilusão de alguém fazendo-a. Então, é necessário que a pergunta seja feita até que essa ilusão de “alguém” fazendo-a desapareça. Dessa forma, a pergunta deve ser feita até que não haja mais o perguntador.
Participante: E de onde ela vem?
Mestre Gualberto: Toda pergunta nasce da ilusão, da confusão. Quando não há confusão, não há ilusão, e não há pergunta. Mas a pergunta precisa ser feita até que fique claro que a ilusão da confusão não é real. Consequentemente, as perguntas cessam, porque a ilusão do perguntador desaparece.
Enquanto existir qualquer confusão, qualquer falta de clareza, ou enquanto houver a ideia, a crença, de um perguntador, as perguntas serão importantes. Enquanto houver dúvida, é importante que a pergunta apareça, até que fique claro que não há nenhum perguntador. Então, ficará claro que não há nenhuma resposta, e, portanto, não haverá mais nenhuma pergunta. Até que isso, de fato, seja real, repito: a pergunta sempre será importante. Quando o sentido de separação não estiver mais presente, não haverá mais perguntas.
A pergunta, em si, não provoca uma resposta. Esse tipo de pergunta, aqui, provoca a investigação da natureza ilusória do perguntador. Com o fim do perguntador, nós temos o fim da pergunta.
Participante: Mestre, por que isso me parece impossível de compreender?
Mestre Gualberto: Porque, de fato, é impossível mesmo. Você não precisa compreender isso. Isso não é uma lição que você aprende e depois repete por ter aprendido. Isso não pode ser compreendido, porque isso já é sua Real Natureza. Isso está além de alguém que possa compreender; está além da necessidade da compreensão. Isso é a sua Real Natureza!
Aqui se trata exatamente do contrário. Aqui não se trata de compreender sobre o assunto, mas de desaprender tudo que você aprendeu sobre si mesmo. Esse assunto não é algo que vai lhe dar mais uma informação sobre você. Você não adquirirá uma informação sobre si mesmo. Aqui, você vai descobrir a natureza da ilusão, dessa crença que você faz sobre si mesmo. Isso é possível ser descoberto, não compreendido. Não é algo que se aprende, é algo que você desaprende. Você desaprende a ser quem acredita ser e assume Aquilo que de fato Você já é. Isso não pode ser aprendido ou compreendido.
Apenas escute essa fala. Coloque o seu coração em cada palavra, em cada pausa, em cada momento de intervalo entre as palavras. Não tente capturar isso. Não transforme isso num novo conhecimento. Fique com o Silêncio, com a Presença dentro desse ensino, não com o ensinamento, não com o conhecimento teórico, verbal, desse ensino.
Aqui, trata-se de sentir e não de compreender. Trata-se de respirar essa atmosfera de Presença, de Consciência, da Verdade sobre você mesmo.