Joel Goldsmith | Os Fundamentos do Misticismo | como podemos lidar com o medo | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado “Os Fundamentos do Misticismo”. Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: “Se há pessimismo, medo ou perigo no ar, você se sente desanimado, triste e com medo”. Sobre esse assunto do medo. o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre como podemos lidar com o medo?

MG: Gilson, a pergunta é “como lidar com o medo?” Existem diversas outras perguntas que envolvem também essa questão do medo. Nós temos, por exemplo, “como vencer o medo?”, “como superar o medo?”, “como se livrar do medo?”… Veja, nós precisamos descobrir a verdade sobre o medo. Primeiro, antes de tudo. aqui, a pergunta antes de todas essas deveria ser, naturalmente, “o que é o medo?” Em geral, nós queremos nos livrar, ou vencer, ou lidar com algo sem antes termos uma direta compreensão daquilo. Aqui, no caso, é a questão do medo, mas nós temos isso também para com a morte – queremos vencer a morte, nos livrar da dor da morte – e questões como rejeição, preocupação, ansiedade, depressão.

Veja, qual é a verdade de tudo isso? Por que não nos aproximarmos disso para investigar de perto e tomar ciência disso? Se, por exemplo, eu tenho um carro e ele dá defeito, eu procuro o mecânico, porque eu não tenho qualquer conhecimento dessa área. Então, é natural que apelemos para o mecânico, que procuremos o mecânico. Se você tem um problema de saúde e você não é médico, então você procura, consulta, um especialista daquela área, de preferência daquela especialidade, naquela especialização do seu problema de saúde. Então, é natural que estejamos sempre procurando alguém para nos ajudar.

No que diz respeito a questões como o carro quebrando ou a saúde física debilitada ou com problema, e também para essas desordens emocionais, nós estamos sempre indo em busca de alguém que possa nos ajudar, vamos em busca de um especialista. Mas repare, quando o seu carro quebra numa estrada, você liga e chama o guincho. Agora, lidar consigo mesmo, veja, não é tão simples assim. Em um estado de ansiedade, tomado de ansiedade, de angústia, de depressão, nem sempre o guincho chega rápido. À noite, quando você se deita para dormir e os pensamentos estão presentes e não o permitem dormir, produzindo todo tipo de ansiedade – e ansiedade é medo -, você não tem ali do seu lado um especialista para atendê-lo, para cuidar de você. Você está sozinho.

Então, se o seu carro enguiça na estrada, você chama um mecânico. chama o guincho ou chama o mecânico. Mas, quando nós olhamos para nós mesmos, nem sempre podemos resolver dessa forma nossas internas questões. Aliás, elas não se resolvem. Podemos tomar uma medicação, um tranquilizante, um calmante. Essa busca de ajuda na terapia é excelente, é maravilhosa, mas há sempre uma limitação. Aqui, nós precisamos tomar ciência da verdade do medo, aqui e agora, em cada um de nós, e temos que fazer a pergunta, além de todas essas que já fizemos: se é possível uma vida livre do medo, porque o medo, notem, é algo comum a todos e está o tempo todo aparecendo, em um formato ou em outro.

Será possível uma vida livre, absolutamente livre de toda forma de medo? Então, vamos para a resposta da pergunta. O que é o medo? Não sabemos o que é o medo, e não podemos ter uma resposta teórica, verbal, de alguém, e não podemos ter apenas uma medicação ou uma terapia que nos ajude temporariamente a lidar com isso. Nós precisamos descobrir a verdade sobre o medo, tomarmos ciência de como nós funcionamos, porque é em nós que está essa presença, a presença do medo. E, aqui, não tem dentro de você um outro especialista para dar conta disso, para resolver isso.

Aqui, nós estamos com você trabalhando o Despertar da Consciência, de uma nova Consciência, porque essa consciência que nós conhecemos é a consciência que vive no medo. Mas o que é o medo? Repare que o medo é algo relacionado ao modelo de pensamento que está presente em nós, ao perfil de pensamento presente dentro de cada um de nós. Do que é que você tem medo? Você tem medo do passado voltar a acontecer? Alguma coisa que você viveu ontem, que lhe provocou dor, você não quer que isso volte. Você tem medo de perder coisas que você tem e que lhe dão prazer, preenchimento e realização nesse momento. e você tem medo de perder.

Esse medo de perder é o medo do futuro, de que aquilo seja tirado de você. Então, você tem medo do passado e você tem medo do futuro. Tem medo de coisas ruins voltando a acontecer, agora, aparecendo de novo, coisas que você viveu no passado, e tem medo de perder coisas que estão com você agora e que, de repente, no futuro, daqui a um dia, dois, ou daqui a alguns anos, você não tenha mais. Então, nós temos medo do passado, temos medo do futuro, temos medo de pessoas, temos medo de situações imprevistas, que não queremos que aconteçam conosco.

Reparem, nós temos diversas formas de medo, são incontáveis as formas de medo – você pode aí encontrar seus exemplos -, e todos esses medos, observem bem isso, todos eles estão atrelados ao pensamento. Neste instante, aqui, não há medo, mas, se um pensamento surge sobre o passado ou sobre o futuro. E pensamento, reparem, pensamento se move no tempo. O pensamento é que é a base, a estrutura do medo, dessa dor que nós chamamos de medo. Veja, o que é o medo? É essa dor, essa dor de perder, ou essa dor de não controlar, ou essa dor de sofrer alguma coisa. E esse medo está sempre atrelado ao pensamento, e o pensamento está sempre atrelado ao tempo, porque, neste instante, não há medo, mas o pensamento surge, o tempo surge, e, com o tempo e o pensamento, surge o medo. Então, qual é a verdade sobre o medo? É a presença do pensamento. Qual é a verdade sobre o medo? É a dor, o conflito, a desordem, a confusão, o sofrimento que o pensamento representa dentro de cada um de nós. Essa é a estrutura do medo.

Assim, quando você vem e pergunta “como lidar com o medo?”. aqui, a pergunta seria “como lidar com o pensamento?”, porque é o pensamento a base para o medo. Se você tem a lembrança de algo que lhe aconteceu no passado, mas é só a lembrança, uma imagem, e o pensamento não captura isso e transporta isso para o futuro, a lembrança é só uma recordação. Veja que coisa interessante vamos lhe dizer aqui: é quando o pensamento toma posse da lembrança. A lembrança é pensamento, mas quando o pensamento toma posse dessa lembrança e transporta isso para o futuro, nós temos a presença do medo. E o elemento que faz isso é o “eu”, é o “mim”, é esse elemento que também está vindo do passado, que é o observador. É ele que está observando a lembrança e formando com essa lembrança um quadro de dor no futuro. Esse é o movimento do ego, é o movimento do “eu”.

Então, o que é o medo? O medo é a presença do pensamento com esse “eu”, que é o pensador, que é o gestor, que é esse elemento que gerencia essa memória, essa lembrança, esse passado. Você pergunta “como lidar com o medo?” Tome ciência da lembrança e fique só com a lembrança. Não se envolva com a lembrança, não se envolva com o pensamento. Quando você se envolve com o pensamento, esse envolvimento é o envolvimento do “eu”. Mas o que é esse “eu”? Esse “eu” é apenas uma parte desse pensamento que surgiu, que se separou para fazer algo com o pensamento. Nós temos diversos vídeos no canal aprofundando essa questão desse pensador e o pensamento. Então, eu lhe recomendo dar uma olhadinha aqui no canal, nessas playlists: “O que é o pensamento?”, “O que é o pensar?”, “O que é esse aprender sobre o Autoconhecimento?” Todos esses assuntos aqui no canal, estão em playlists aqui. Depois você dá uma olhada e aprofunda isso.

Então, o que é o medo? São playlists aqui no canal. Podemos romper com isso? Esse é o propósito. Tomando ciência da Verdade sobre nossa Natureza Divina, sobre nossa Natureza Real, sobre a Verdade d’Aquilo que este Ser representa. Esse é o fim desse “eu”, desse pensador, e quando isso termina, o medo termina, o sofrimento termina.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. O Fernando faz a seguinte pergunta: “Mestre, como preencher este vazio existencial?”

MG: Como preencher o vazio existencial? Repare, Gilson, a nossa ideia é só o nosso pensamento. O pensamento que temos de imediato é de soluções mágicas, quando, por exemplo, queremos nos livrar, ou vencer, ou lidar da forma mais rápida possível com aquela determinada coisa, ou queremos preencher. Então, há essa dor, esse vazio existencial, e a ideia de preencher, de encher esse vazio, porque o nosso pensamento é que, se houver um preenchimento, ficaremos livres da dor. Repare, é exatamente isso que temos feito o tempo todo. Nós estamos o tempo inteiro procurando situações que possam romper com velhas situações; situações novas, de prazer, que possam romper com situações antigas que trazemos de dor, e estamos constantemente procurando preencher, substituir.

É isso que temos feito. No entanto, não resolve. Aquilo que você preenche agora, daqui a pouco estará vazio de novo. Você terá que buscar preencher de novo, e logo ficará vazio novamente. Aqui, nós precisamos investigar a natureza desse vazio. Qual é a verdade desse vazio existencial? Por que é que nada, de fato, preencheu de forma definitiva até hoje, embora estejamos tentando isso já há anos? E agora queremos saber como preencher. Mas, veja, nós queremos algo definitivo. Veja, não existe nada definitivo nesse sentido.

Aqui, nós precisamos tomar ciência desse vazio. Gilson, esse vazio existencial no ser humano é algo presente, e aqui eu vou revelar para você que está dentro desse vídeo, assistindo a essa fala: isso é algo presente em razão do sentido do “eu”, desse “mim”, desse ego. Esse ego, “eu”, esse “mim”, jamais ficará feliz, satisfeito, realizado ou preenchido. Ele vive dentro de um sentido de separação da vida, do outro e de Deus.

Nós precisamos romper com esta ilusão, com essa psicológica condição de existência, de uma identidade que é o “mim”, que é essa pessoa. Enquanto isso estiver presente, a dor estará presente e todos esses estados internos de conflito, de desordem e sofrimento. Veja, apenas os nomes são diferentes. Podemos chamar de dor da solidão, de vazio existencial, de ansiedade, de angústia, depressão, medo. Os nomes são diferentes, mas esse sentido de separação é o mesmo. E é ele que sustenta todos esses quadros de sofrimento, de conflito, de problemas para o ser humano.

Uma aproximação e um olhar direto para como você funciona irá lhe mostrar com clareza seus apegos, o seu medo de perder as coisas, o seu desejo de controlar as coisas, de possuir as coisas – veja, as coisas, as situações e as pessoas – e tudo isso sustenta essa dor desse vazio existencial, desta dor da solidão, desta angústia, desta depressão. Enquanto o ego estiver presente, haverá sofrimento. Romper com isso é assumir a Verdade do seu Ser, é Realizar Deus nesta vida. Isso requer a presença da Meditação. Aprofundar esses assuntos aqui, nessas playlists diversas que nós temos aqui no canal, é algo essencial.

Repare que nós temos centenas de vídeos e eles estão colocados aqui em playlists, porque cada um desses assuntos requer um aprofundamento. E na razão em que você se aproxima e aprende a escutar essas falas, você se aproxima de si mesmo para essa constatação do “eu” e da ilusão que ele representa. É quando, de verdade, você se aproxima de si mesmo, desse “mim”, desse ego. Então, nesse instante, você não depende mais de um apoio externo, de uma ajuda externa, para lidar consigo mesmo, porque você está nesse aprender sobre si mesmo. Você descobriu a arte desse aprender sobre o Autoconhecimento.

Essa é uma outra playlist aqui no canal: “Aprender sobre o Autoconhecimento”. Aprender sobre como o “eu” funciona, o ego funciona, como eu tenho enfatizado aqui, esse Autoconhecimento, essa expressão aqui. Aqui, não se trata de um conhecimento técnico para, como pessoa, você melhorar. Aqui, usamos essa expressão de uma forma muito específica, apontando para a liberação do fim do “eu”, do fim do ego, pela compreensão do movimento do “eu”. Não se trata do aperfeiçoamento do ego, de uma ferramenta ou técnica para, como pessoa, você melhorar. Não é isso. Aqui se trata de uma aproximação de autodescoberta, de constatação exatamente desta ilusão, que é o ego, para a ciência da Verdade Divina.

A aproximação da Sabedoria requer Autoconhecimento, e a Sabedoria é a visão de Deus. Olhar para a vida sem esse sentido do ego, essa é a Visão de Deus. Essa é a proposta da verdade sobre o Autoconhecimento. Ter essa autodescoberta é a chave para o fim da confusão, para o fim do sofrimento, para o fim desse vazio essencial.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Maria faz a seguinte pergunta: “Como faço para sair da tristeza? Não sei mais o que fazer”.

MG: Gilson, a pergunta é: “Como faço para sair da tristeza?” Investigando a verdade da tristeza, você irá descobrir que não existe nenhuma separação entre a tristeza e você. Você já notou que quando está triste, não tem qualquer ideia dentro da sua cabeça de você ser triste? Quando só há tristeza, não existe a ideia de você, é só a tristeza. Apenas quando um pensamento surge dentro da sua cabeça e esse pensamento é: “Como isso é ruim, não quero isso, tenho que me livrar disso” então temos a presença do “eu”, a presença desse “você” e a tristeza.

Notem que coisa importante estamos colocando aqui. Nós precisamos investigar a natureza da tristeza. Já começamos agora a fazer isso aqui, com você. Só há tristeza, só há esse estado. É apenas quando o pensamento surge que ele se separa, criando esse “eu” e a tristeza. E quando ele aparece, ele quer se livrar desse estado, porque é doloroso, é sofrido, é ruim, é desagradável. Mas, não existe esse elemento presente, que é o “eu”. Quando esse pensamento surge, ele cria essa entidade, essa identidade, esse “mim”, esse “eu”, esse “você”, separado da tristeza. Mas essa tristeza agora passa, também, a ser uma ideia para esse “eu”, do qual esse “eu” quer se livrar.

Aqui estamos lhe convidando a ficar ciente da tristeza, sem esse triste, sem esse “eu”. A aproximação da verdade do fim da tristeza, veja, não é de alguém se livrando da tristeza, é do fim da tristeza. A verdade sobre o fim da tristeza é a ciência de que só há tristeza.

Quando não temos qualquer ideia do que fazer com esse estado chamado tristeza, temos apenas o próprio estado, nós não temos a separação. E quando não temos a separação, essa tristeza desaparece. Notem, ela desaparece exatamente porque não existem mais pensamentos em torno do estado, explicando esse estado, justificando esse estado, trazendo imagens para justificar a presença dele, trazendo imagens de libertação desse estado.

Então, temos a presença do estado, mas não temos esse elemento mais, que é o “eu”, esse “mim”. Temos a tristeza, mas não temos esse triste. E, se temos a tristeza que é o estado sem alguém, essa tristeza se desfaz, ela se dissolve. Repare que somos nós que sustentamos esses estados, quando sustentamos pensamentos em torno desses estados. Veja como é simples isso, e de extrema beleza essa compreensão.

Quando você está com raiva de alguém, por quanto tempo permanece esse estado de raiva sem a lembrança dessa pessoa? Não é a lembrança dessa pessoa, da imagem dela, do que ela fez com você, dessa frustração, dessa rejeição, dessa decepção que ela causou a você, ou desses maus tratos? Não são essas imagens que sustentam o estado? Mas há uma separação entre o estado e essas imagens? Existe alguma separação?

Então, notem, é a não atenção sobre esse estado. É isso que faz com que pensamentos continuem girando em torno do próprio estado. E esse pensamento está sendo sustentado pelo observador, pelo “eu”, por esse “mim”, por esse ego. Ele está se separando e sustentando a tristeza, a raiva, a angústia, a preocupação, o medo. Veja, nós estamos diante do mesmo fenômeno, e esse fenômeno é o fenômeno da ilusão do experimentador com a sua experiência, do pensador com o seu pensamento, do sentimento com aquele que está sentindo. Essa divisão é a ilusão que sustenta essa condição.

Aqui com você, dentro do canal, nós estamos lhe mostrando como ir além do “eu”, além do ego, como viver a vida livre, absolutamente, completamente livre do sofrimento. Uma vida em Amor, em Liberdade, em Felicidade, é a vida da Realidade Divina, é a vida da Realidade de Deus, é a vida do seu Ser. Não é a vida desse “eu”, desse “mim”, desse ego. Se aproximar de si mesmo é tomar ciência disso, é ir além desta velha condição para algo totalmente novo, radicalmente novo – eu diria revolucionariamente novo. É a presença da Sabedoria, é a presença da Verdade, é a presença do Amor. E se isso está presente, não há mais tristeza, não há mais sofrimento, não há mais esse vazio existencial, não há mais essa confusão que o pensamento, o sentimento tem estabelecido aqui, presente, em cada um de nós. Esse modelo de consciência egoica, de consciência do “eu”, não está mais. Temos uma nova mente, um novo coração, uma nova consciência. Toda essa linguagem, todas essas falas, são apenas palavras diante d’Aquilo que é indescritível. É isso que estamos trabalhando aqui, com você.

GC: Gratidão, gratidão, Mestre. Já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais esse videocast.

E para você que está acompanhando o videocast até o final, quero deixar aqui um convite, que é participar dos encontros intensivos de final de semana que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros on-line, existem também encontros presenciais e retiros. Nesses encontros, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas perguntas, e muito mais do que isso! Por o Mestre já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha esse Estado de Presença, e nesse compartilhar, a gente acaba entrando de carona, nessa Energia, nessa Graça, e isso nos ajuda demais nessa investigação de nós mesmos, em podermos perceber, ter uma compreensão do que está além do entendimento intelectual. Então, fica o convite. No primeiro comentário fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o “like” no vídeo, se inscreve no canal. E, mais uma vez, Mestre, gratidão por este videocast.

Fevereiro de 2025
Gravatá – PE, Brasil