Relações humanas | Autoimagem psicologia | Aprender sobre Autoconhecimento | O que é Atenção Plena?

Se existe algo que nós precisamos ter aqui é uma aproximação da verdade das nossas relações. O que são essas relações, o que são esses nossos relacionamentos humanos? A verdade sobre isso é que, para a maioria de nós, relacionamento é medo; é medo porque se sustenta em algum tipo de dependência, ou dependência física ou dependência psicológica. Algum nível de dependência física está presente na maioria dos relacionamentos, assim como dependência psicológica, e nós não sabemos lidar com isso, porque não sabemos lidar com nós mesmos.

Assim, a base para uma vida livre dentro dessas relações humanas requer a presença de uma visão de si mesmo, uma visão clara e livre, o que é absolutamente impossível enquanto o modelo do pensamento permanece intacto. Esse modelo do pensamento estabelecido em nós, como seres humanos há milênios, precisa ser investigado.

Nós precisamos de Silêncio. O Silêncio é algo que se torna presente quando há Liberdade. Então, sem essa Liberdade para sentir, para pensar, nós não temos esse Silêncio. Sem a presença desse Silêncio, não há essa Verdade da compreensão das nossas relações. Então nós estamos aqui com você explorando essa questão das relações humanas.

A vida é real quando há Liberdade. Repito, a Liberdade requer a presença desse Silêncio. Apenas quando a mente compreende a vida como ela acontece é que temos essa visão ou essa ciência da Liberdade desse sentir, da Liberdade desse pensar; é quando os relacionamentos, que são essas relações humanas, não oferecem mais problemas. De outra forma, estamos sempre dentro dessa oferta de problemas em nossos relacionamentos, e isso ocorre porque o pensamento está presente. Eu me refiro a esse padrão, a esse formato, a esse modelo de pensamento.

Quando, por exemplo, você gosta de mim – reparem que coisa estranha temos aqui -, você não tem a menor ciência do porquê desse gostar; você gosta de mim porque eu lhe proporciono algo para esse padrão de pensamento, para esse modelo de pensamento que está presente em você, que é o pensamento condicionado.

Nesse padrão de pensamento condicionado, você quer ser aceito, alguém entrando em concordância com os seus desejos, alguém lhe apreciando, lhe elogiando, lhe reconhecendo. Nós damos a isso o nome de amor. Então você se sente amado, é quando você gosta de mim.

Qual é a verdade sobre isso? Há por detrás desse gostar um preenchimento, uma satisfação, uma realização emocional, sentimental, intelectual, ou nesse aspecto de preenchimento ou realização física, sexual, financeira. Então, do ponto de vista psicológico, há esse assim chamado amor, mas repare, não há verdade no pensamento. No momento em que eu mudar com você, você vai deixar de me amar, porque não estarei preenchendo suas expectativas, seus anseios, desejos.

Então, você funciona assim, eu funciono assim, o mundo funciona assim. Isto é a ausência da Liberdade, é a ausência desse Silêncio, é a ausência do Amor. Quando existe o Real Amor, que é Silêncio, que nasce, floresce em Liberdade, esse sentido do “eu”, do ego, em mim e em você, não está presente; então, nesse momento, há um encontro real com você, mas você não é mais uma pessoa.

Pessoa é ser carente, necessitado, é estar em busca de preenchimento, satisfação, realização no outro. Tudo isso desaparece quando há essa visão da Realidade, da Vida, sem o “eu”, sem o ego. Então, qual é a verdade de uma relação ou de um relacionamento com o outro? É a verdade do contato, da comunhão, do compartilhar do Amor, da Alegria, da Felicidade, desse Silêncio, dessa Liberdade, então não há medo, não há dependência, não há essa busca de preenchimento.

Aqui nós estamos juntos investigando isso. A expressão “o Despertar da Consciência” é o Despertar dessa Divina e Real Consciência. Aquilo que temos como consciência está em estado de sono, de inconsciência. É assim que o pensamento tem funcionado em cada um de nós, esse é o programa, esse é o modelo. Nós estamos respondendo à vida a partir desse programa, desse modelo e, portanto, inscientes de todo esse processo que se passa conosco dentro dessas relações humanas, dentro desses relacionamentos.

Então, o ser humano vive possuindo, controlando, dominando. O medo de perder esse controle provoca suspeita, ciúme, raiva, ressentimento, rancor. Tudo isso está dentro de nossas relações humanas quando esse princípio do “eu”, do ego, está presente.

O ponto é que nós chamamos isso de amor – a dependência mútua, a troca de gratificação, de preenchimento, a troca de aceitação -, mas quando a divergência ocorre, e ela ocorre com muita frequência, nós saímos dessa relação para uma outra, desse relacionamento para o próximo, isso porque estamos internamente insuficientes, carentes, infelizes, porque nos falta a visão da Verdade sobre Deus.

Deus não é uma Realidade distante, mas é uma Realidade presente quando o “eu” não está, quando o ego não está. O nosso amor é o amor que o pensamento expressa o tempo todo. Repare o que nós fizemos com essa expressão: usamos a expressão “amor à pátria”, “amor ao time”, “amor ao filme”, “amor ao livro”, “eu amo esse filme”, “eu amo esse livro”, “eu amo o meu time”, “eu amo o meu país”, “eu amo você”. Sim, “eu amo tudo isso”, mas quem é esse “eu” que ama tudo isso?

Esse “amor” que tenho por você, como acabamos de colocar, há muita coisa envolvida para que esse amor continue presente. Então, é a presença do prazer que você me proporciona, que me faz te amar, que me faz te aceitar, querer estar perto de você. Mas há envolvido em tudo isso algo que não nos damos conta, que é a presença desse sentido do “eu”, que é por estrutura e natureza isolacionista, separatista e, portanto, egocentrado, sempre interessado nele mesmo, no que vai lhe dar prazer, no que vai lhe dar preenchimento, realização, satisfação, como acabamos de colocar.

Podemos romper com tudo isso para uma vida livre em Deus? Uma vida livre em Deus é uma vida livre em seu Ser, é quando o sentido do “eu”, do ego, desse “mim” não está mais presente. É quando esse modelo comum de cultura social, de padrão de mundo, não está mais presente que temos a presença do Amor, porque temos uma única presença, e essa presença está quando o “eu” não está, quando esse “mim” não está.

Assim, o meu contato com ele ou ela é um contato onde temos a presença da comunhão, a presença da Liberdade, a presença da Paz, a presença do Amor, porque esse sentido de ego centramento, esse sentido de identidade isolacionista, separatista, autointeresseira, não está mais presente. Podemos trazer para as nossas vidas a ciência do Amor?

Uma vida livre desse autocentramento é uma vida onde está presente essa ciência, mas isso está presente quando Deus está. Você não irá encontrar Isso, Isso é algo que se revela quando você toma ciência de suas reações dentro das relações, quando você toma ciência de como você funciona. Ao tomar ciência disso, você pode descartar essa psicológica condição de egocentramento; isso requer a presença de uma atenção sobre suas reações.

Aqui surge a pergunta: o que é Atenção Plena? É se tornar ciente dessas reações, nesse instante, se dando conta desse sentido do “eu” presente, desse “mim”, desse ego. Apenas olhar para essas reações, o pensamento, o sentimento, a emoção, a sensação, a percepção, o modo como você lida com o outro, tomar ciência dessa autoimagem presente.

Veja, isso já ficou claro em psicologia, mas apenas no aspecto teórico, conceitual. Aqui não estamos interessados em teorias, em conceitos, mas em uma visão direta do que essa autoimagem representa. O fim para essa autoimagem é o surgimento de algo novo. Essa autoimagem é o “eu”, o “mim”, o ego, o sentido de alguém presente. O fim para essa condição é a Verdade Divina se mostrando, é a Verdade de Deus se revelando.

Assim, uma das coisas que temos tratado aqui com você é essa questão da Atenção Plena. Há uma confusão muito grande na cabeça das pessoas; para elas, essa questão da atenção é uma ferramenta para algum propósito, para algum objetivo de aperfeiçoamento ou melhoramento da pessoa, e isso não é verdade.

Tomar ciência de suas reações, aqui, nesse instante, nesse momento, de um pensamento que surge, um sentimento que surge, uma emoção, uma sensação, uma percepção, tomar ciência dessa imagem quando surge nesse contato com ele ou ela requer a presença de uma atenção completa, de uma Atenção Plena, isso é a Atenção Plena.

E a presença dessa Atenção não é para melhorar a pessoa. A Verdade dessa Atenção é o descarte dessa pessoa, desse sentido do “eu”. Então, esse propósito de uma técnica ou prática de atenção para o aperfeiçoamento desse “mim”, desse “eu”, não se aplica – estamos ainda diante de uma ilusão. Tomar ciência de suas reações é a base do Autoconhecimento, e quando há essa aproximação do Autoconhecimento, nós temos o descarte dessa autoimagem, desse “eu”. Então isso é a aproximação desse aprender sobre o Autoconhecimento.

Nós precisamos, na vida, a vida nessas relações – relações com pessoas, que chamamos de relacionamentos – da presença do Amor, a presença da Verdade. A Realidade dessas relações é, repito, a Comunhão, onde esse sentido de “pessoa” perde completamente a importância. Temos uma relação entre seres humanos, entre nós, a relação com ele ou ela, mas não mais nesse sentido do “eu”, desse “mim”, desse ego, dessa assim chamada “pessoa”.

É isso que estamos trabalhando aqui com você, aprofundando aqui com você. A ciência do seu Ser é o Despertar Espiritual, é o Despertar de Deus, é o fim desse movimento, que é o movimento do “eu”, que é o movimento do ego, é o fim para essa autoimagem.

Assim, a verdade dessas relações, desses relacionamentos, é a presença da Graça, é a presença Divina, é a presença de Deus, onde não temos mais esse modelo de autoimagem, onde não temos mais esse modelo do pensamento, essa condição onde o sentido do “eu”, do ego, vive em sua busca de alguma coisa. Isso não está mais.

Então, esse é o nosso trabalho aqui com você. Esses encontros que nós temos aqui nos finais de semana, sábado e domingo, têm esse propósito. Fora isso temos encontros presenciais e, também, retiros. Então, se isso é algo que faz sentido para você, fica aqui esse convite.

Fevereiro de 2025
Gravatá – PE, Brasil