GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado “Um Parêntese na Eternidade”. Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: “Somente através da meditação você pode ir profundamente para dentro do seu ser”. Sobre esse assunto da meditação, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a meditação?
MG: Gilson, a Meditação é a aproximação da Vida. A real aproximação da Vida consiste na visão da não separação, da não dualidade; essa visão da não dualidade, da não separação, é Meditação. Nós não podemos colocar em palavras, exatamente, o que é a Meditação – veja, acabamos de fazer uma colocação aqui que não diz muita coisa. O que nós precisamos fazer, no que diz respeito a essa questão da Meditação, é tomar ciência do que não é a Meditação. A própria investigação, a própria averiguação ou esse estudo dessa psicológica condição em que nós nos encontramos, para o descarte disso, já faz parte de uma real aproximação da Meditação.
Todas as vezes em que aqui colocamos para você esses diversos aspectos desse sentido do “eu” e a ilusão que isso representa, nós estamos nos aproximando da Meditação, porque, na razão em que você comece a tomar ciência, a perceber a ilusão desse movimento, que é o movimento da mente condicionada, com seus velhos padrões de crenças, de comportamentos, de visões equivocadas, de opiniões e avaliações, na razão em que isso vai ficando claro para você, mais você se aproxima da possibilidade do esvaziamento dessa psicológica condição de mente condicionada.
Portanto, quando você pergunta: “O que é a meditação?”… investigando aquilo que não é a Meditação, nos aproximamos da resposta do que a Meditação é, do que a Meditação representa, porque a verdade da Meditação é Aquilo que o pensamento não alcança, é Aquilo que está presente quando, exatamente, o pensamento, no seu velho padrão, desapareceu. Se aproximar da Realidade de Deus, ter a ciência dessa Presença aqui e agora, livre da mente egoica, é Meditação. Assim, nós temos que nos aproximar da Verdade da Meditação da mesma forma que nos aproximamos da Realidade de Deus.
Nós não podemos ter uma descrição sobre Deus. Toda e qualquer descrição lida com palavras. Palavras são pensamentos expressos; um conjunto de pensamentos forma uma ideia. Com base nisso, as pessoas estão tentando descrever Deus. É muito comum as pessoas falarem dos atributos de Deus. Veja, estamos apenas jogando com palavras. Essa Realidade, que chamamos de Deus, está além da fala, está além da palavra, está além do pensamento. Então, o que quer que tenhamos para dizer ou estejamos dizendo não faz jus, ainda estamos lidando com ideias, com conceitos, com crenças. Assim, a Verdade da Meditação é algo para ser constatado, mas não é algo para ser descrito.
Tudo que podemos dizer para você, aqui, é o que a Meditação não é. Por exemplo, qualquer movimento que nós façamos ainda será um movimento calculado, idealizado, planejado, ajustado dentro de um programa de pensamento, para uma técnica, para um sistema, para uma prática da meditação. Portanto, estamos diante de algo mecânico. O que eu posso lhe dizer é que isso não é Meditação; no entanto, as pessoas estão fazendo uso desses mecanismos. O que elas encontram nessa assim chamada “prática”, “técnica de meditação”, é relaxamento. Elas têm um momento de quietude, de silêncio, de relaxamento, mas esse é um silenciamento, uma quietude e um relaxamento mecânico, técnico.
Por que isso não nos dá uma base real para a verdade da Meditação? Isso porque a verdade da Meditação requer a ausência de todo o movimento do “eu”. Então, estamos diante de algo fora do conhecido, fora da mente, portanto não pode ser algo mecânico. Não podemos ter presente, na verdade da Meditação, um elemento na prática. Então, o que é a Meditação? É a presença d’Aquilo que é a Realidade, sem o meditador. Quando a Meditação se revela, não existe o “eu”, portanto qualquer coisa técnica, qualquer coisa prática, requer a presença de um sistema, de um programa, de um modelo. A verdadeira aproximação da Meditação é, exatamente, esse trabalho do esvaziamento de todo esse padrão de comportamento inconsciente, voluntarioso, mecânico, do próprio “eu”. É por isso que temos mostrado para vocês que a base para a Meditação é trazer para este momento a visão daquilo que se passa com você neste instante. Veja, isso não é algo mecânico, isso requer a presença de uma Atenção sobre nossas reações.
Todo esse movimento em nós é algo que tem esse dinamismo, é algo que está acontecendo a todo momento. A cada momento, algo novo está surgindo para ser visto, constatado, observado. Então, a verdade da aproximação da Meditação requer a presença do Autoconhecimento, e Autoconhecimento é esse olhar para aquilo que se passa conosco aqui e agora, não é algo separado do próprio movimento da Vida. Então, você não separa um momento para meditar, o momento da Meditação está aqui, neste instante, a todo momento. Quando o pensamento surge, uma emoção surge, uma sensação surge; quando a vida surge, quando tudo acontece neste instante, esse encontro com o surgimento de tudo isso é o encontro a partir desse olhar livre do passado, ou a partir desse fundo de condicionamento de memória, de reação de pensamento. Quando isso ocorre nesse formato, não há Meditação. O encontro com este momento é novo, e nós estamos sempre trazendo do passado nossas respostas que vêm desse fundo de memória, desse fundo de pensamento. Então, atender a este instante requer uma aproximação, deste momento, livre do passado.
Então, essa é a base dessa Atenção que traz a visão do Autoconhecimento e que abre esse portal para a verdade da Meditação. E, reparem que coisa interessante: enquanto você fala com alguém, enquanto você dirige o seu carro, enquanto você executa um trabalho intelectual, físico, nesse momento estamos diante da Vida, atendendo e dando respostas a esse mundo externo, e estamos, também, em contato com nossas reações surgindo internamente.
Podemos nos aproximar do mundo externo e desse mundo interno – do mundo externo de atividades, trabalho, ocupações físicas e intelectuais, e desse mundo interno de pensamentos, sentimentos e emoções -, podemos nos aproximar de tudo isso sem trazer uma resposta desse fundo que é a ideia de alguém presente nisso, que é esse “mim”, esse “eu”? Apenas olhar, observar, sem reagir? Apenas se dar conta daquilo que se passa internamente e externamente? Essa, Gilson, é a forma real da aproximação do Autoconhecimento, da Meditação. Assim, não temos nada mecânico aqui. É necessário atender a este instante. Isso requer essa energia de Atenção para as nossas reações, para não nos confundirmos com isso, não colocarmos uma identidade presente nesse constatar. Um pensamento aparece, uma emoção surge, uma sensação acontece, e há só o olhar, o escutar, o observar, sem o “eu”.
Então, você pergunta o que é a meditação. Estamos lhe mostrando que essa Meditação requer a presença dessa Atenção. Essa Atenção presente é a presença do Autoconhecimento. Agora, o que a Meditação revela está além dessa psicológica condição, e só podemos tomar ciência disso a partir desse observar, constatar e escutar o momento presente sem interferir, sem se envolver com isso. Nós temos trabalhado isso em nossos encontros on-line, em nossos encontros presenciais, em nossos retiros: como ter da Vida, na Vida, uma aproximação d’Ela sem o “eu”. Então, isso é a Meditação. Então, essa é a forma real dessa aproximação da Vida, dessa Vida Divina, dessa Vida de Deus.
GC: Mestre, nós temos uma pergunta aqui, de um inscrito no canal. O Juan faz o seguinte comentário e pergunta: “Oi, Mestre Gualberto. Já faz cinco anos que senti a eternidade no meu espírito, mas eu me desconectei dessa essência e eu não estou conseguindo voltar. Estou me sentindo muito deprimido com isso. Eu ainda posso voltar a essa essência?”
MG: Então, pela sua descrição, o que você teve foi uma experiência. Nós podemos ter, em alguns momentos, alguns vislumbres de algo além do conhecido, de algo além da mente, mas esses vislumbres aparecem e desaparecem. Quando desaparecem, eles ficam assim, eles ficam na memória. Você diz: “Há cinco anos eu vivi isso”, ou seja, uma memória, uma lembrança. Assim são as nossas experiências. Veja, Gilson, nós não precisamos de experiências, nós precisamos, neste instante, de uma aproximação direta daquilo que está presente aqui e agora, surgindo como pensamentos, sentimentos, emoções, como a Vida acontecendo externamente e internamente. Precisamos aprender a nos aproximar disso para essa constatação. É quando, de fato, podemos romper com esse elemento, que é o elemento que vive de experiências, que vive de recordações.
Então, nós podemos passar uma vida inteira tendo vislumbres de estados fora da mente egoica, mas são apenas vislumbres. Sim, a Natureza do Ser, a Natureza da Verdade, em cada um de nós, é essa Realidade fora do “eu”, fora do ego, mas nós precisamos é do descarte dessa ilusão, dessa egoidentidade, e isso não é possível apenas tendo vislumbres, passando por experiências. Nós precisamos, sim, é de nos aproximarmos de nós mesmos, para estudarmos nossas reações; e, aqui, estudar é se dar conta delas, aprendendo a olhar para elas sem se confundir com elas, sem se embolar com elas. Então, sim, nos aproximamos da base para uma visão além do “eu”, mas não se trata de um vislumbre. Nós precisamos trazer isso para o dia a dia, para o nosso viver diário.
No máximo, as pessoas, em alguns momentos, podem ter vislumbres, sobretudo quando elas se dedicam a algumas práticas de respiração, de meditação. mas isso sempre fica ao nível de memória. É por isso que eu tenho sempre insistido na importância de uma aproximação da Meditação neste instante, aqui e agora, porque é neste momento que se revela a Vida acontecendo. Então, você pode estar se identificando com isso ou desidentificado disso; você pode aprender a olhar sem o observador, ou você pode continuar se confundindo com esse elemento que olha a partir do próprio pensador, do próprio observador, que é isso que temos feito. Se aproximar deste instante sem esse fundo é a base para irmos além das experiências.
Então, aqui eu recomendo a você que deixemos de lado essas experiências. Essas experiências são só memórias! Vamos deixar isso de lado, vamos trabalhar neste instante para essa visão daquilo que está aqui e agora, sem esse fundo que é o “eu”, o “mim,” o ego, que é esse pensador, esse observador, esse que olha e avalia, compara, julga, gosta, não gosta. Trazer Atenção para este momento é nos colocarmos na base para o Autoconhecimento, para essa aproximação da Meditação. Veja, nós colocamos dessa forma, mas, na realidade, é algo acontecendo de uma forma simultânea. Nós não temos aqui um passo a passo, nós temos algo surgindo neste momento, em bloco. A ciência dessa Atenção é o Autoconhecimento; isso é Meditação, Real Meditação. Portanto, não se trata – quero repetir isso – não se trata de experiências. Experiências são assim mesmo, ficam como memórias, como lembranças. Vamos deixar de lado essas experiências. Vamos descobrir, neste instante, essa ciência se revelando aqui e agora.
GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta, de outro inscrito aqui no canal. de uma inscrita, na realidade, a Ione. Ela faz o seguinte comentário e pergunta: “Deixa eu te fazer uma pergunta: Como viver em estado de paz sempre? Como não se abater com palavras negativas? Como estar sempre de bem com a luz?”
MG: Gilson, repare na pergunta: “Como viver em estado de paz sempre, sem se deixar abater por palavras? Como não se deixar abater por palavras negativas?” Veja, a nossa ideia é equivocada. Nós precisamos trabalhar o fim dessa autoimagem, dessa imagem que temos sobre nós mesmos, para, de fato, nos livrarmos da imagem que temos do outro. Quando estamos livres dessa autoimagem, que é a imagem que o pensamento tem construído dentro de cada um de nós sobre quem nós somos, nos livramos da imagem que temos sobre o outro. Nesse momento, rompemos com essa mente condicionada que se magoa, que se entristece, que se aborrece, que fica triste, que está sempre reagindo ao outro, com base nessas reações, que são as reações dessa autoimagem.
Uma aproximação, Gilson, da Verdade sobre nós mesmos é o fim dessa autoimagem. E, se Isso está presente, você não fica mais como “alguém” presente para se sentir ofendido, magoado, triste, com raiva do outro. Então, a eliminação desse sentido do “eu”, do ego, que é essa autoimagem, é a presença da Paz.
Nós queremos uma fórmula para encontrarmos essa Paz para sempre, para nunca mais sermos feridos, ofendidos e magoados pelo outro. Reparem, enquanto houver essa autoimagem, esse sentido do “eu”, do ego, presente, todo esse nosso movimento será um movimento de autodefesa, se sustentando no medo, no medo de ser ferido, no medo de ser magoado.
A Realidade Divina, a Realidade do seu Ser, não é essa mente do “eu”, não é essa mente egoica, que vive sendo ferida, magoada, ofendida, e que depois se reconcilia, perdoa. Então, nós temos diversos truques para continuarmos mantendo nossas relações, que são relações que ocorrem entre imagens: a imagem que eu tenho sobre quem sou nessa relação com a imagem que eu faço dele ou dela. Enquanto isso estiver presente, sempre seremos feridos, magoados, estaremos sempre magoando e ferindo, e vivendo dentro dessa condição, que é a condição do ego. A aproximação do Autoconhecimento é o descarte dessa psicológica condição, que é a condição do “eu”, que é a condição da autoimagem. Será possível uma vida livre do ego para nunca mais sermos feridos, magoados, ofendidos, [ficarmos] com raiva, inveja, ciúme, medo?
Reparem, isso requer a presença de algo além do “eu”, além do ego, além dessa autoimagem, e Isso se revela quando nós nos aproximamos do Autoconhecimento, da base para uma Real Visão de Deus, da base para a Ciência da Felicidade, do Amor, da Liberdade, da Inteligência, tudo isso presente dentro das relações com o mundo, com o outro. Mas, Gilson, tudo isso começa, antes de tudo, em nós mesmos. Todo esse contato que temos com o mundo à nossa volta apenas nos mostra nossa real condição psicológica de dependência e medo, de sofrimento e de sentido de separação, e dessa autoimagem que está sempre presa a esse padrão, a esse velho modelo de sofrimento. Romper com tudo isso é tomar ciência da Realidade Divina, é tomar ciência da Realidade de Deus. É isso que estamos trabalhando aqui com você, é isso que estamos vendo juntos nesses encontros.
GC: Gratidão, Mestre, fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.
E, para você que está acompanhando o videocast até o final e tem um desejo de se aprofundar e viver essas verdades, o convite é para participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos de final de semana no formato on-line, presenciais e também retiros. Nesses encontros, o Mestre Gualberto responde diretamente, ao vivo, às nossas perguntas, além de compartilhar esse Estado de Presença que o Mestre vive, porque, nesse compartilhar, a gente acaba entrando de carona nessa energia, e isso ajuda demais para a gente investigar a nós mesmos, observar essa mente doida, cheia de pensamentos. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros.
E, Mestre, mais uma vez, gratidão pelo videocast.