Joel Goldsmith | Deixe Suas Redes | O que é a atenção? | Marcos Gualberto

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast; novamente o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença. Hoje eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado “Deixe Suas Redes”. Num trecho desse livro, Mestre, o Joel Goldsmith faz o seguinte comentário: “A Graça e a paz estão aqui e agora, mas somente quando você retira a sua atenção daquilo que já está manifesto no mundo e desiste de tentar dividi-lo.” Nesse trecho o Joel cita a atenção. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é a atenção?

MG: Gilson, essa expressão “atenção”, repare, é algo muito, muito importante dentro deste contexto deste trabalho do Despertar, uma vez que é a presença desta atenção que revela a Verdade sobre o Autoconhecimento. Se existe um elemento fundamental nessa compreensão, nesta visão, nesse esclarecimento a respeito de quem somos, de quem nós somos – que é a presença do Autoconhecimento, que é a presença desta clareza sobre nós mesmos – um dos elementos essenciais no Autoconhecimento é esta atenção. Aqui se trata de uma completa atenção, de uma perfeita atenção. Ela não pode estar dividida, se ela está dividida, não é essa atenção completa.

Alguns têm uma expressão para essa atenção completa: é “mindfulness”, é “atenção plena”. Mas repare, isso tem sido mal compreendido pela maioria das pessoas, porque elas olham para essa questão desta atenção, desta plena atenção, como um elemento ou uma ferramenta para objetivos dentro do próprio “eu”, dentro do próprio ego. Então, não é a Verdade da revelação do “eu”, não é algo dentro desta ciência do Autoconhecimento. É algo que as pessoas interpretam como uma ferramenta, um elemento para dele fazerem uso para objetivos dentro do próprio movimento do “eu”. A ideia é a pessoa encontrar resultados a partir de uma técnica chamada de atenção plena.

Uma outra palavra atrelada a essa confusão é “autoconhecimento”. Aqui se trata, dentro desse equívoco, de conhecer nosso temperamento, nosso modo de lidar com o outro, de aprender a se relacionar a partir de um conhecimento de quem nós somos, mas na ideia do conhecimento de alguém, para mudar, alterar, melhorar como pessoa. Então, são dois termos que nós fazemos uso aqui, fundamentais, uma vez compreendidos de uma forma clara o significado deles para o Despertar da Consciência, para a Realização de Deus. E, no entanto, as pessoas estão utilizando esses termos dentro de uma visão equivocada, como modelos ou princípios de técnicas para melhorarem como pessoas, para se autoaperfeiçoarem.

Então vamos lá, qual é a verdade desta atenção? A verdade da atenção é aquilo que lhe aproxima desse observar sem o “eu”, desse observar sem o observador. Veja, nós estamos diante de algo muito, muito natural; uma criança, ainda pequena, faz uso desta atenção plena. Veja, não existe nenhuma técnica, nenhuma prática, nenhum exercício que lhe foi ensinado para que ela colocasse em evidência esta ciência desse olhar sem o “eu”. O interesse de uma criança em olhar para as árvores, para os passarinhos, para aquele gramado verde onde as formigas estão passeando, veja, esse é um interesse na criança e é um interesse em cada um de nós. Mesmo como adultos, nós continuamos nos utilizando de uma forma espontânea e natural desta ciência desse olhar sem o “eu”.

Quando você se encontra com a natureza, o seu momento de encontro com a natureza, de relação com a natureza, ocorre por alguns segundos, mas são esses segundos onde o pensamento não está presente, onde suas emoções ou sentimentos não estão presentes. Temos, diante desse encontro com a natureza, a presença de um olhar sem o observador. Todos nós sabemos o que é isso. Nós amamos estar em lugares novos, porque em lugares novos você olha sem a interpretação de um fundo, você olha a partir de uma curiosidade natural. Esse interesse de olhar te coloca em um estado interno de Quietude, de Silêncio, de Paz. Em razão desta atenção, a palavra “mindfulness” é a mente alerta. E atenção não é outra coisa, é a mente alerta. Quando a mente está alerta, ela não tem pensamentos, há apenas a ciência do constatar aquele som do pássaro cantando, a dança daquelas folhas naquela árvore, o barulho do mar com suas ondas. Nesse momento você está em atenção plena.

Veja, não houve qualquer exercício, prática ou técnica. Nesse momento você está nesse olhar, nesse observar. Portanto, esse olhar para si mesmo sem reagir àquilo que se observa, é a verdadeira aproximação desta atenção plena do Autoconhecimento. Nós precisamos, na vida, aprender a nos aproximarmos, a olhar, a perceber a vida a partir dessa atenção plena. E nós começamos a aprender sobre a vida quando começamos a investigar a Verdade sobre nós mesmos, quando aprendemos a olhar quem nós somos, aquilo que nós somos. E esse olhar requer um olhar livre do observador.

Esse elemento em nós que, a partir do olhar, gosta, não gosta, compara, julga, avalia, nomeia, classifica, esse elemento em nós é o observador. O nosso modo de relação com nós mesmos, o nosso modo de relação com o outro, também com a vida, com os eventos, acontecimentos e circunstâncias, tudo isso ocorre dentro desse equívoco, a partir desse observador. A nossa prática de vida, a nossa maneira de viver, é a partir desse observador; esse observador é o “eu”, é o ego. Quando isso está presente não existe atenção, não existe essa atenção que é esse olhar sem o passado.

O observador em nós é o elemento que vem do passado. Ele está o tempo todo respondendo à vida, àquilo que está aqui acontecendo, a partir da interpretação do passado. É assim que estamos respondendo à vida; nossa resposta para o outro, nossa resposta para as situações, nossa resposta para nós mesmos, tem por princípio esse modelo, que é o modelo do observador, que é o modelo do “eu”. Assim, a nossa condição psicológica de vida, de existência, é a existência centrada nesta egoidentidade. A verdade sobre isso é que não existe esta ciência da Verdade sobre quem nós somos além do “eu”, além do ego. Tudo que sabemos sobre nós se assenta no “eu”, se assenta no ego, se assenta nesta psicológica condição de condicionamento, de pensamento, de avaliação, de julgamento, de aceitação e rejeição. Essa é a vida do “eu”.

Portanto, qual é a importância desta atenção? É a importância de um olhar livre do passado, é a importância de se atender o instante, sem alguém envolvido nisso. Então, a verdade da aproximação da atenção é aquilo que nos facilita esta ciência da auto-observação, do Autoconhecimento, para que isso se realize. Assim, nós temos como princípio, para a Verdade da Meditação, a aproximação do Autoconhecimento; e, do Autoconhecimento, uma aproximação a partir dessa atenção. Uma coisa importante nesta atenção: não há esforço. Quando uma pessoa diz para a outra assim: “Preste atenção!”, veja, o que ela está pedindo para a outra é uma intenção ou interesse a partir do esforço. Porque se houvesse, já, o interesse natural dele ou dela, você não iria pedir isso a ele ou ela.

Esse interesse natural lhe coloca nessa atenção, de acompanhar aquilo ali, de acompanhar o assunto, de estar presente por inteiro naquele momento. Mas porque a pessoa está dividida entre estar ali e um outro interesse, nós dizemos para ela: “Preste atenção!”. Mas aqui o que estamos exigindo dela é concentração. Reparem a diferença entre a concentração e a atenção. Essa atenção é sem esforço, já a concentração é quando estamos divididos e precisamos ter interesse, também, na outra coisa, então nós nos concentramos, mas concentração não é atenção. Uma real aproximação da meditação não requer concentração, requer simplesmente atenção. Veja, essa também é uma confusão na cabeça das pessoas: elas não sabem o que é Meditação.

Elas procuram afastar pensamentos ou se concentrar em pensamentos. Elas querem se livrar de distrações – que são os pensamentos que elas querem afastar – e elas querem se envolver nesse ou naquele pensamento ou mantra para a concentração, para estabelecer aquele pensamento como a base da meditação. Isso não é Meditação. A Meditação é aquilo que está presente quando há um completo esvaziamento de todo esse conteúdo do “eu”, do ego. Na ausência do pensamento, do pensador, do meditador, nós temos a presença da Meditação. Aqui, juntos, estamos investigando isso: como ter uma aproximação da vida livre do “eu”, livre do ego, pela atenção, pelo Autoconhecimento, pela Meditação.

GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal. O Vinícius fez a seguinte pergunta: “Como se livrar dos pensamentos obsessivos?”

MG: Então, Gilson, aqui a pergunta é: “Como se livrar dos pensamentos obsessivos?” Uma real compreensão disso é uma real compreensão do movimento do pensamento. Como ele acontece? Como ele se estabelece nesse modelo psicológico de existência em cada um de nós? Qual é a natureza do pensamento? Como ele surge? Aqui a primeira coisa é se dar conta de que não existe tal coisa como esse que está aí, que pode se livrar do pensamento. Esse que está aí quando o pensamento obsessivo está presente, é o próprio pensamento nesse formato de alguém, que nós denominamos de “eu”.

Então, repare, a ilusão consiste na ideia desse “eu” que está pensando e que pode se livrar dos pensamentos. A ideia central é alguém no controle dos pensamentos, que pode se livrar dos pensamentos. A maior prova de que isso é completamente ilusório é que o ser humano não se livra desses pensamentos obsessivos. O máximo que temos conseguido é, temporariamente, nos distrairmos deles em razão de um padrão de comportamento de fuga. Nós podemos estabelecer hábitos de fuga, padrões de fugas para esses pensamentos e é isso que temos feito. O ser humano vem escapando, fugindo dos pensamentos obsessivos.

Qualquer qualidade de pensamento presente, na verdade, é algo que está presente sem ser solicitado. Nesse sentido, todo tipo de pensamento é obsessivo, é uma mania, é um vício, é uma prática, é um hábito que o cérebro tem, em particular em algumas pessoas, de sustentar esse vício, essa continuidade de estar constantemente reproduzindo pensamentos. Nós precisamos, Gilson, investigar a verdade sobre essa ideia, essa ilusão desse “eu”, desse pensador. Então, nós temos que descobrir a verdade, primeiro, sobre o que é o pensamento.

Ligado a isso, temos uma outra pergunta: “O que é o pensar?” Nós não sabemos nada sobre isso. E nós não podemos ter uma fórmula mágica para nos livrarmos dos pensamentos, sem compreender que esse elemento que quer se livrar dos pensamentos é uma fraude, é uma ilusão. Esse próprio elemento é, ainda, parte do pensamento. É que o pensamento, na verdade, vem em bloco, em conjunto, e quando ele aparece ele se separa, ele se divide, ele cria um fragmento de todo esse conjunto, separa esse fragmento que nós chamamos de “eu”, de “mim”, de pessoa, de pensador.

Só há uma forma real de nos livrarmos de todos os conflitos, desordens, sofrimentos estabelecidos pelo pensamento: é tomarmos ciência da Verdade sobre nossa essencial Natureza, que não é o pensador, o “eu”, o “mim”, a pessoa, o ego. De outra forma, estaremos sempre encontrando expedientes de, temporariamente, escaparmos de algum nível de contradição, desconforto, conflito ou sofrimento. É isso que estamos vendo aqui com vocês. Você nasceu para realizar o seu Ser, e em sua Natureza Real não há sofrimento.

Aqui, precisamos da aproximação da Meditação, então dá uma olhadinha no canal. Nós temos uma playlist sobre esta ciência da Meditação e o que é esse “aprender sobre o Autoconhecimento”. É isso que nos dá a base para uma vida livre de todo esse sofrimento psíquico, de todo esse sofrimento psicológico. Temos que investigar isso, ir além desta psicológica condição de desordem e sofrimento que o pensamento tem estabelecido em nós. A boa notícia é que você pode realizar isso, você nasceu para realizar isso.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito. O Elivelton fez a seguinte pergunta: “Mestre, o pensamento não está separado do pensador?”

MG: Então Gilson, repare, nós temos aqui mais uma outra pergunta bem interessante. E a verdade sobre esta questão é que, de fato, não existe qualquer separação entre o pensamento e o pensador. É que, em razão de todo esse condicionamento que nós recebemos de vida, nesse contexto de visão coletiva, de estrutura de condicionamento social, cultural, educacional que nós recebemos, nós temos a ilusão de um pensador; um pensador produzindo pensamentos. Nós temos essa ilusão, a ilusão de alguém presente dentro da experiência, sendo o experimentador; alguém presente olhando, sendo o observador; alguém presente sentindo, sendo esse que sente; alguém percebendo, sendo esse alguém o percebedor.

Veja, nós estamos diante de uma ideia, de um conceito, de uma crença. Assim, nós temos também a ideia de pensamentos a partir de um pensador. Olhe para você e me responda isso: se realmente você fosse o pensador dos pensamentos, você estaria pensando, tendo pensamentos ruins, desagradáveis, como, por exemplo, esses pensamentos obsessivos de que falamos agora há pouco? Você estaria sendo o pensador, fabricando pensamentos de sofrimento, de preocupação, que produzem medo? Reparem, estamos falando que tudo isso são pensamentos que vêm da memória, algo que vem do passado.

Repare, você não fabrica pensamentos; eles surgem, eles aparecem, e eles aparecem em razão desse fundo que é o passado, que é uma memória. Então, você não pensa, pensamentos aparecem em razão de um estímulo, de um desafio. Quando eu pergunto algo a você, você responde, mas você responde com base na estrutura do passado. Essa é a estrutura do pensamento e essa resposta é uma resposta que o seu cérebro está dando. Não tem esse pensador pensando, tem só o pensamento se processando, acontecendo. E, um detalhe importante: todo esse pensamento que surge está vindo do passado. Você não pode pensar sobre o que desconhece, todo o seu pensamento está dentro do modelo do conhecido.

É assim que nós pensamos, mas esse “nós pensamos” é o cérebro funcionando. É a resposta cerebral de reação a esse estímulo, que é a pergunta ou alguma cena que você vê. Então, nós temos estímulos externos e estímulos internos. Nós estamos vivendo nessa condição, como seres humanos, sem a menor ciência de como nós funcionamos. É por isso que nós precisamos tomar ciência de nossas reações. É quando, de fato, descobrimos que esta consciência é a consciência do “eu”, é a consciência do ego, é a consciência desta pessoa. E essa consciência não é outra coisa a não ser um conteúdo de memória, de lembranças, de recordações. Assim são essas respostas, as nossas respostas. Ir além desta condição psicológica de consciência do “eu” é a Liberação, é a ciência da Verdade do seu Ser.

Assim, não existe tal separação entre o pensamento e o pensador. Uma vez que você descubra a Verdade desse olhar sem o “eu”, desse perceber sem o percebedor, desse “se dar conta” sem esse elemento que é o “eu” envolvido nisso, fica claro que a presença do pensamento é a presença do pensador. E, quando você aprende a olhar para isso, aqui temos a resposta para o fim do pensamento como nós conhecemos. É quando essa condição de desordem psicológica, chamada “pensamentos compulsivos”, ou “obsessivos”, ou “negativos”, desaparecem.

Assim, a nossa psicológica condição de desordem é algo que está presente em razão desta ilusão. Nós estamos sustentando a ideia de um pensador. Enquanto essa ideia estiver presente, os pensamentos estarão aí. Livres da ideia do pensador, livres da ideia, da continuidade, da continuação desse modelo de pensamento como nós conhecemos, então temos uma Liberação completa, uma Libertação total desta desordem, desta confusão. Se aproximar da realidade da vida neste momento, sem esta psicológica condição, que é a condição do “eu”, que é a condição do ego, é o fim para esta condição interna de desordem mental, de desordem psicológica. Então nós temos o fim para esta separação e, portanto, para essa ilusão, tanto da continuidade do pensador quanto desse modelo, que é o modelo do pensamento – inquieto, tagarela, obsessivo, possessivo, de preocupação, que sustenta medos, conflitos de desejos e todo tipo de coisa. Então, a visão real da vida é a Liberação, é a ciência do seu Ser, é a ciência de Deus.

GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast. E, para você que está acompanhando o videocast até o final, e tem esse desejo real e sincero em vivenciar essas Verdades, fica o convite para participar dos encontros intensivos que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros on-line e existem também encontros presenciais e retiros. Nesses encontros, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas perguntas, e muito mais do que isso. Por ele já viver nesse Estado Desperto de Consciência, ele compartilha esse estado de Presença que ele vive, e nesse compartilhar, a gente acaba entrando de carona nessa Energia e nesse Poder. E isso é um facilitador incrível para estudarmos a nós mesmos, para podermos observar a nossa mente e termos uma visão do que está além da compreensão, além do entendimento intelectual.

Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros. Além disso, já dá o like no vídeo, se inscreve no canal e faz comentário aqui trazendo perguntas, para a gente trazer para os próximos videocasts. E mais uma vez, gratidão Mestre!

Janeiro de 2025
Gravatá – PE, Brasil