GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.
Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado Vivendo Entre Dois Mundos. Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: “Aos poucos, nos descobrimos vivendo como observadores, observando Deus viver sua vida como nós”. Sobre esse assunto do observar, o Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o observador e a coisa observada?
MG: Gilson, aqui nós nos deparamos com um aspecto psicológico presente em nós, de que nós não nos damos conta. Nós nunca atentamos para isso, nunca olhamos de perto, nunca nos aproximamos disso: do simples fato de que, quando você está sobrecarregado, por exemplo, de preocupações, não existe qualquer separação entre você preocupado e a preocupação acontecendo. Não existe uma separação aí. Agora, por que não nos damos conta disso? Porque nós estamos insistentemente com a ideia, a crença, de que temos que nos livrar da preocupação. A crença é de que nós somos “alguém preocupado”. Então, tem a preocupação e tem “alguém”; essa é a nossa crença.
Quando você tem, por exemplo, pensamentos acontecendo aí, a nossa crença, a sua crença, é de que você é o pensador e o pensamento é um elemento separado de você. Veja, isso é um equívoco! O que nós temos presente, quando o pensamento está presente, é o pensamento. Não há separação entre esse pensador e o pensamento, assim como não há separação entre essa preocupação e esse preocupado. Então, isso é algo que requer que você aprenda a olhar para as reações para perceber que não existe essa separação. Como nós nunca olhamos para isso, nós nunca nos libertamos da preocupação definitivamente.
Nós sempre temos uma ou outra forma de preocupação em nossas vidas e não sabemos lidar com a preocupação, porque não sabemos lidar com esse elemento que se vê separado da preocupação, que é o preocupado, que é esse “mim”, esse “eu”. Não existe, Gilson, separação entre o pensador e o pensamento, assim como não existe separação entre a preocupação e o preocupado. Essa é uma crença que nós temos. Quando você está triste, não tem alguém triste, temos a presença da tristeza, mas nós temos a ilusão de que estamos tristes, alimentamos essa ilusão. Então, tem esse “eu” e a tristeza, como se estivéssemos diante de dois fenômenos separados, de duas coisas separadas, de duas situações. Não temos duas situações, não temos duas coisas, não temos dois fenômenos. Há um único fenômeno, e esse fenômeno é a tristeza, e esse fenômeno é o pensamento, e esse fenômeno é a preocupação, porque não existe essa separação. Isso é uma crença!
Podemos descobrir a verdade sobre isso? Podemos nos dar conta de que é o pensamento, o próprio pensamento, que cria a ideia de um pensador por detrás dele? Podemos nos dar conta de que a própria preocupação, por essa força de hábito em nós, nos dá a ideia de alguém preocupado? Veja, tudo isso é só um jogo do pensamento. O pensamento cria o pensador, o pensamento cria esse preocupado, o pensamento de tristeza cria esse triste, essa “pessoa”. É isso que estamos aqui, com você, explorando, investigando, nos dando conta disso: a compreensão de que não existe tal coisa como essa separação. Isso põe fim à preocupação, isso põe fim ao pensamento, isso põe fim à tristeza.
É que nós estamos condicionados nesse velho modelo de se ver presente na vida, ou seja, dentro da experiência da vida, como um elemento separado dela, para lidar com as situações. Então, estamos sempre impondo uma crença a essa experiência deste instante, e essa crença é a crença desse experimentador separado da experiência. É essa dualidade que sustenta em nossas vidas a psicológica condição de não compreensão da Vida como Ela acontece. Essa não compreensão é a ignorância, e se está presente a ignorância, nós temos a presença do problema, da confusão, do sofrimento, da tristeza, da preocupação, do medo, dessa inquietude psicológica que o pensamento produz. Tudo isso em razão dessa não compreensão de que o pensamento é o próprio pensador, de que a tristeza é o próprio triste, a compreensão de que o medo não está separado desse que é o medroso. Descobrir isso é eliminar essa dualidade e, portanto, os problemas envolvidos nessa ignorância, dentro dessa ilusão.
Um trabalho em direção à Verdade da revelação sobre tudo isso requer esse olhar sem a separação, apenas olhar sem a separação. Esse tipo de atitude que nós temos tido, que estamos tendo há milênios, nos coloca numa condição onde acreditamos que nós precisamos mudar as situações, nos coloca numa situação em que nós acreditamos poder mudar as situações. Notem, a vida acontece como um grande fenômeno existencial. Esse “sentido de alguém” que se vê separado da vida para monitorar, controlar, ajustar, resolver, fazer algo com a vida, isso está sustentando em nós a ilusão desse ego, desse “eu”, desse “mim”.
Assim, não sabemos lidar com a Vida como Ela acontece, porque acreditamos poder lidar com ela como um elemento separado dela. É como se nós fôssemos assistir a um filme e acreditássemos poder nos envolver com os eventos e acontecimentos dentro desse filme, isso porque nos vemos como parte integrante do filme, com o poder de comando, de controle, de atuação dentro do filme. A verdade é que, diante de um filme, você é só um espectador, mas esse espectador transcende essa dualidade, ele transcende essa ideia de observador e coisa observada, de pensador e pensamento, de alguém no sentir e o sentimento. Então, tudo que ocorre dentro desse filme está ocorrendo dentro do filme, não existe um elemento capaz de se envolver com o que ocorre no filme.
Essa ciência desse olhar sem o observador, desse escutar sem esse elemento no ouvir, desse perceber sem esse elemento na percepção, é o fim dessa dualidade, é o fim dessa tentativa de mudar, alterar, ajustar, consertar, avaliar, julgar, gostar ou não gostar do que acontece. Isso é o fim do “eu”. Então, temos o princípio de uma visão livre desse modelo de egoidentidade; é quando nos aproximamos da ciência da Meditação, que nos dá esse olhar livre da pessoa, livre dessa noção de tempo e espaço.
Veja, estamos colocando algo aqui, para você, que requer uma aproximação muito direta, muito real desse assunto, para evidenciarmos de uma forma prática o que estamos colocando. Não dá para ficarmos aqui na abstração, na teoria. Temos que nos aproximar e aprender a olhar, a escutar, a perceber dessa forma. É por isso que aqui, no canal, nós estamos trabalhando com você essa aproximação, para, nesta vida, [ter] essa Ciência de Deus, essa Ciência do Despertar, da Realização Divina.
GC: Mestre, nós temos uma pergunta de um inscrito aqui no canal, do Daniel, exatamente sobre esse tema da observação. Ele faz o seguinte comentário e pergunta: “Mestre Gualberto, como observar sem o observador? O ato de observar não depende de alguém observando?”
MG: Gilson, aqui a pergunta é: “Esse observar não requer a presença do observador?” Veja, observar requer olhar. Observar requer observar, não requer a presença de um elemento para avaliar, julgar, comparar, aceitar, rejeitar, dizer o nome, classificar aquilo que observa. Veja, esse observar não requer, necessariamente, o observador. Esse observador é o elemento que surge para dizer “isso é feio”, “isso é bonito”, “eu gosto”, “eu não gosto”. Esse é o elemento presente em nós, esse observador, que julga, classifica, nomeia a experiência.
Nós estamos sempre, Gilson, diante da Vida como Ela acontece, só como Ela acontece. Então, estamos diante daquilo que são fatos na Vida, evidências na Vida, acontecimentos na Vida, mas a nossa aproximação, em geral, é a aproximação daquele que opina, tem ideias, tem conclusões, tem crenças. Assim, as nossas opiniões, conclusões, crenças e ideias. isso está dentro desse observador.
Então, percebam, é assim que nós, equivocadamente, nos aproximamos da vida: a partir do observador. Esse é o equívoco! Porque essa ideia de alguém presente como observador está nos colocando em uma condição onde não percebemos que esse observador, o que ele está vendo, na verdade, é parte dele mesmo. É ele que está avaliando, julgando, comparando, então esse julgamento, avaliação e comparação são parte dele. Não estamos diante da Realidade d’Aquilo que é, dessa forma; estamos diante de um conceito, de uma crença, de uma opinião, de uma conclusão, de um julgamento.
Então, é importante nós aprendermos, é fundamental nós aprendermos a olhar sem o observador, porque é quando estamos em contato com a Vida como Ela acontece. É a Visão, Gilson, da Verdade, que liberta, e nós não temos a Visão da Verdade quando o olhar é a partir desse que observa, que é o “eu”, que é o ego, que é o observador.
Por que não sabemos lidar com pensamentos? Porque não sabemos apenas olhar. Nós sempre colocamos alguém envolvido no pensamento, com o pensamento, para o pensamento. Ao fazermos isso, estamos colocando a presença do observador, que é a presença do pensador, que é a presença desse “eu”. Um exemplo simples disso é quando você olha para a sua esposa. Você não a vê como ela é, você a vê como você acredita que ela seja. Você a vê a partir do pensamento que você tem dela. Essa é a visão equivocada do observador, essa é a visão equivocada do “eu”, do ego. E nós estamos constantemente vivendo assim dentro das nossas relações, com marido, com amigos, com pessoas, com nós mesmos, com aquilo que acontece na vida, porque nós vivemos constantemente nessa ilusão do “eu”, nessa ilusão desse observador, desse ego, desse elemento que aparece dentro da experiência para corrigir, consertar, opinar, tentar mudar. Isso produz confusão, isso produz desordem e sofrimento! Essa é a vida do ego. Espero que esteja ficando claro isso aqui para você.
A nossa condição de condicionamento mental é olhar para a vida a partir dessa janela, que é a janela do observador. E aqui estamos dizendo para você que não existe tal coisa como a necessidade dessa janela. Há uma forma de olhar para a vida sem essa janela, e olhar para a vida sem essa janela é olhar para o outro sem o “eu”, é lidar com a vida sem o “eu”, é lidar com o momento sem o “eu”. Então, o ego não entra, porque o observador não entra, essa desfiguração criada pelo pensamento do observador não aparece. Então, nós temos o fim da comparação, o fim da avaliação, o fim desse sentido egoico. Então, temos o fim desse sentido do “eu”, que envolve pensamento, sentimento, emoção e tudo o mais. Temos um contato com a Vida a partir do que Ela é, e não nesse conceito ou crença de como Ela deveria ser, porque estamos lidando com evidências, com os fatos, com o que acontece.
Então, colocando aqui claramente a resposta para você: esse ato de observar não requer a presença do observador. Agora, o ato de julgar, avaliar, comparar, gostar, não gostar, sim, isso exige a presença do observador. Mas essa ação do observar é uma ação nova quando o “eu” não está, quando o ego não está, quando o observador não está. É quando, de fato, nesse observar, você está lidando com a vida, com o outro, consigo mesmo, sem essa ilusão dessa autoimagem, desse centro ilusório.
Nós temos, no canal, diversos vídeos sobre esses assuntos aqui: o assunto da autoimagem, dessa visão equivocada do ego, que é a visão do observador, esse assunto desse olhar sem o observador. São playlists que nós temos aqui. Podemos aprofundar isso, tomar ciência disso e realizar a Verdade de que não existe esse observador. Ele é o elemento que está aparecendo criando confusão, desordem e sofrimento em nossas vidas; criando, na verdade, essa particular vida do ego, essa vida do “eu”.
GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta, de um outro inscrito aqui no canal. O Vanderli faz a seguinte pergunta: “Como posso dominar meu ego?”
MG: Reparem como nós formulamos nossas perguntas. “Como posso dominar o ego?” A nossa ideia é que existe uma separação entre esse “eu” e o ego. Eu tenho visto as pessoas usarem a expressão “eu” como esse “Eu Sou”, esse “Eu Maior”. A ideia é que existe uma separação entre esse “eu” e o ego. Isso é real? Quando você pergunta “como posso dominar o ego?”, existe alguma separação entre esse que domina e aquilo que é dominado, esse que controla e aquilo que é controlado? Como acabamos de colocar agora aqui, dentro do próprio vídeo, há uma separação entre esse observador e a coisa observada, ou estamos diante de um único fenômeno? Então, quando falamos em dominar o ego, quem é esse elemento que quer dominar o ego? Há uma separação entre esse elemento e o ego? Há uma separação entre esse que vê e aquilo que ele está vendo? Quando você está aborrecido, há uma separação entre você e o aborrecimento? Ou com raiva? Quando você está aborrecido, existe uma separação entre o aborrecimento e você?
Observe isso com calma. No momento da raiva, existe uma separação entre você e a raiva? Ou é só alguns minutos depois que a raiva diminui que o pensamento surge falando de alguém com raiva? Repare, quando há raiva, é só raiva. Quando há medo, nesse momento do medo. não é só quando o medo diminui que você percebe que você está com medo? Porque quando o medo está presente, é medo; não há separação entre o medo e você. Você é o medo! Quando há raiva, é só raiva presente; quando há tristeza, não tem alguém ali dizendo “estou triste”. Quando você começa a dizer “estou triste”, já não está triste! Essa separação já ocorreu! Essa separação é algo que o pensamento está produzindo, assim como essa ideia de controlar a raiva, de controlar o medo. Temos a ideia de controlar o ego, de se livrar do ego, de dominar o ego. Tudo isso está dentro desse movimento equivocado, que é essa ilusão entre o observador e a coisa observada. Não existe tal separação, não existe tal divisão.
Eu recomendo a vocês darem uma olhada aqui no canal a respeito desse assunto. Essas playlists diversas que nós temos aqui tratam e abordam essa questão do fim para essa ilusão da separação e, naturalmente, do fim dessa ilusão do “eu”. E por que usamos a expressão “ilusão do ‘eu'”? Porque não estamos lidando com uma realidade separada da ilusão. Esse “eu” é a própria ilusão. Enquanto houver ilusão, haverá esse sentido do “eu”. Não existe aqui, também, qualquer separação; a presença da ilusão é a presença do “eu”. No entanto, essa realidade do “eu” é uma ilusão. Veja, essa realidade do “eu” é uma ilusão, porque esse “eu” é constituído de crenças, opiniões, julgamentos, avaliações, um conjunto de condicionamento de pensamento, sentimento e ação. Quando nós temos o fim desse condicionamento, temos o fim dessa ilusão; isso é o fim do “eu”.
Então, um trabalho, se faz necessário, se torna fundamental. Temos que investigar a verdade sobre quem nós somos, para irmos além dessa ilusão. É isso que estamos propondo aqui para você, dentro deste canal.
GC: Gratidão, Mestre, já fechou o nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.
E, para você que está acompanhando o videocast até o final, eu quero deixar aqui um convite: se você tem o desejo real e sincero em se aprofundar nessas verdades, aqui no primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para entrar no grupo e participar dos encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros intensivos de final de semana. Tem no formato on-line, tem no formato presencial e também retiros de vários dias. Nesses encontros, que são muito mais profundos do que qualquer vídeo aqui no YouTube, o Mestre Gualberto responde diretamente às nossas perguntas ao vivo. E, além disso – e, principalmente -, o Mestre, por já viver nesse Estado Desperto de Consciência, compartilha esse Estado de Presença, e, nesse compartilhar, há um Poder, uma Energia e uma Graça que nos ajudam demais nessa autoinvestigação, porque a gente acaba entrando de carona nessa Energia. Então, no primeiro comentário, fixado, tem o link para poder participar desses encontros.
Além disso, já dá um “like” no vídeo, já traz um comentário, com perguntas, para a gente trazer para os próximos videocasts, e se não for inscrito no canal, já se inscreve.
E, mais uma vez, Mestre, gratidão pelo videocast.