Joel Goldsmith. Além das Palavras e Pensamentos. Quem sou eu? Marcos Gualberto.

GC: Olá, pessoal! Estamos aqui para mais um videocast. Novamente, o Mestre Gualberto aqui conosco. Gratidão, Mestre, pela presença.

Hoje, eu vou ler um trecho do livro do Joel Goldsmith chamado “Além das Palavras e Pensamentos”. Num trecho desse livro, Mestre, o Joel faz o seguinte comentário: “No momento em que ele começa a aprender e a saber, ele começa a ser”. Nesse trecho, o Joel comenta sobre o aprender. O Mestre pode compartilhar a sua visão sobre o que é o real aprender?

MG: Gilson, aqui nos deparamos, nessa sua pergunta, com a pergunta mais importante na vida. Essa pergunta está diretamente atrelada à revelação da própria Vida. Veja, a gente subestima essa questão do aprender; não conseguimos compreender a importância, a beleza, a verdade sobre o aprender, mas é o aprender que revela a Vida. Quando, por exemplo, você pergunta “quem sou eu?”, essa é uma pergunta que só tem uma resposta real a partir do verdadeiro aprender, e esse aprender a respeito daquilo que esse “eu”, esse “mim”, essa “pessoa”, representa é ter disso uma aproximação da própria Visão da Vida como Ela é. Então, vamos colocar aqui com calma isso.

Nós temos duas formas de aprender. A primeira é a que nós conhecemos: a gente aprende ouvindo falar, lendo, realizando uma tarefa. Veja, essas são formas que nós temos para aprender. Então, esse aprender, essa forma de aprendizado como nós conhecemos, é a partir do conhecimento, da prática, da execução e, naturalmente, da experiência. Aquilo que nós geralmente entendemos por aprender, na vida, é adquirir conhecimento, guardar informações, executar aquilo, tornar aquilo prático e, assim, adquirir experiência. Então, o aprender, para nós, consiste em ter experiência a partir do conhecimento aprendido. Então, é um conhecimento que foi aprendido.

Aqui, nós estamos tocando na ciência do aprender, e esse aprender. repare, o verbo aqui está ativo neste instante, neste momento. Não se trata desse “aprender” como nós conhecemos, se trata desse aprender novo, porque isso diz respeito à Vida, a esta verdade sobre esse sentido do “eu” presente neste instante, neste momento. Então, qual é a verdade sobre o real aprender? Nesse real aprender você está, neste momento, se dando conta daquilo que aqui está presente. Apenas isso! Você se dá conta do que está presente; você não guarda isso, você não acumula isso, você não leva isso para a memória. Isso não se torna, agora, parte do seu conhecimento, da sua experiência.

Esse aprender é a forma real de termos uma aproximação da Vida neste instante, e essa é a única forma de tomarmos ciência da própria Realidade desse Mistério, que é o Mistério da Vida, que é a Ciência da Realidade sobre Aquilo que é Você. É isso que revela a Verdade de Deus! Então, aprender é ter uma aproximação, neste momento, daquilo que se passa neste instante em você, porque você é o próprio portal para esta Revelação da Realidade, que é Deus. É quando nós temos esse princípio da compreensão daquilo que somos, neste instante, que podemos ir além dessa psicológica condição de condicionamento em que nós, no ego, nos encontramos. E isso só se torna possível quando você está aprendendo, momento a momento; tomando ciência, a todo instante, de suas reações.

O Despertar da Sabedoria é, na realidade, Gilson, o Despertar da Inteligência. Aqui, eu me refiro a essa Inteligência Divina, não à inteligência que adquirimos quando aprendemos alguma coisa e, pela prática, somos capazes de realizar aquilo com agilidade, com maestria, com capacidade. Em geral, nós chamamos de inteligente aquele que é capaz de executar tarefas extremamente complicadas, mas essas tarefas que são extremamente complicadas são complicadas até você ter real maestria sobre elas. No momento em que você tem, elas deixam de ser complicadas. Então, nós consideramos inteligente essa capacidade de aprender e executar. A nossa inteligência, a inteligência que nós conhecemos, é a inteligência do conhecimento e da experiência.

Já aqui, a própria presença da Inteligência é a Inteligência na ação. Não tem por princípio o conhecimento aprendido, nem a prática realizada, nem a experiência adquirida. Olhar para este momento tomando ciência de suas reações, sejam elas pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, o que aparece neste instante como a forma de perceber. apenas tomar ciência disso. Isso lhe revela a verdade sobre esse sentido de alguém presente, que é o “eu”. Portanto, essa é a real forma de aprender. É estar presente sem se confundir com a ilusão de um elemento presente dentro deste instante, nesta experiência. Olhar para este momento sem o sentido de alguém presente que avalia, compara, tem essa aceitação ou rejeição, que concorda ou discorda; olhar para este momento sem colocar um elemento presente que vem do passado para fazer essas coisas é estar nessa disposição real interna do aprender.

Então, qual é a verdade do aprender? É estar disponível à Vida, para Aquilo que a Vida é, sem o sentido de alguém presente. Quando isso ocorre, momento a momento, neste instante, ocorre uma aproximação da Visão da Realidade, da Realidade Divina. A base para o Autoconhecimento é esse aprender, e a base para esse encontro com a Realidade da Vida, que é a Realidade Divina, é a Meditação.

Assim, nós temos esse aprender, que é, na realidade, trazer Atenção para este instante, uma Atenção que não faz escolhas; que não entra em acordo ou desacordo com aquilo que surge, com aquilo que aparece; que não avalia, não compara, não traz nenhum elemento do passado para rejeitar ou aceitar.

Repare, Gilson, essa é a forma real de termos uma aproximação da verdade desse “eu”. Uma vez descartada a ilusão dessa falsa identidade, em razão da presença desse aprender, que requer a presença dessa Atenção, temos a Revelação do Autoconhecimento. Essa Revelação revela Aquilo que está além do “eu”, além de uma identidade presente para manter sua continuidade, além dessa ilusória identidade, dessa falsa identidade. Portanto, a grande verdade sobre o aprender é que, nele, esse sentido do “eu”, do ego, é desaprendido e algo novo assume esse espaço. Esse algo novo é a Realidade Divina, é a Realidade deste momento, é a Realidade de Deus. Nós precisamos descobrir o que é aprender, o que é aprender a Vida, o que é aprender sobre nós mesmos, o que é aprender sobre este instante.

GC: Nós temos uma pergunta de uma inscrita aqui no canal. A Maria faz o seguinte comentário e pergunta: “Mestre, como saber o que vem de Deus ou o que vem do ego?”

MG: Gilson, essa pergunta é uma pergunta muito comum. Nós queremos ter um discernimento, repare, a partir do pensador, desse “eu”, desse “mim”, daquilo que é uma ação real, daquilo que é uma ilusória ação. Ela coloca aqui uma ação do ego ou uma ação de Deus. Mas, repare, esse elemento presente para discernir uma coisa da outra, quem é? Quem é esse pensador? Quem é esse que pode discernir? Veja, nós precisamos de uma nova ação. Uma ação real não nasce desse centro ilusório que é o “eu”, que é o ego. Agora, qualquer tentativa pessoal, particular, desse “eu”, desse pensador, desse “mim”, de discernir a ação real de uma ação não real, isso ainda está dentro do próprio movimento do ego.

Aqui, ter uma real aproximação da ação, da real ação, requer o fim dessa ilusão de uma identidade presente. Então, eu diria para você: não pense sobre o que é uma ação real, investigue a natureza dessa ação que ocorre neste instante a partir desse “eu”, desse “mim”, que é a ação que nasce do pensamento, nasce da premeditação do pensador, algo que vem do passado. Aqui, a própria compreensão dessa qualidade de ação é o fim para ela. E, quando essa ação termina, a Verdade de uma ação está presente, que é a ação que está em linha com a Vida. Então, nós não temos como ter um discernimento do que é uma ação real com base no pensamento, com base em critérios da própria mente egoica, mas podemos descartar essa mente egoica pela auto-observação, então uma nova ação estará presente, e essa ação, com certeza, não é a ação de alguém. Mas essa ideia de uma fórmula para saber o que é e o que não é ainda é algo que parte desse movimento do próprio “eu”.

As pessoas religiosas têm procurado fazer a vontade de Deus. Se elas compreendessem a Verdade sobre a vontade de Deus pelo intelecto. só que pelo intelecto o que você pode ter são regras, ordenanças, mandamentos, tentativas de acertar. Mas quem é esse elemento nessa ação? Ainda é o ego. Aqui, se trata de abandonar o sentido do “eu”, o sentido do ego. Então, uma nova qualidade de ação surge, mas não há como capturar isso no intelecto, uma vez que o próprio intelecto condicionado é parte do próprio “eu”, do próprio ego. Está claro isso?

Assim, Gilson, uma aproximação real da Verdade da ação livre do ego só é possível quando o sentido dessa ação egocêntrica não está mais presente. Assim, a real forma da aproximação da ação, em linha com essa Realidade Divina, é algo que está presente quando a ilusão dessa egoidentidade não está mais envolvida nisso. A forma real dessa aproximação está no descarte dessa ação que nasce do pensador, que nasce da determinação do pensamento, dentro das relações, nesse contato com o outro, nesse contato com a vida, nesse contato com situações. Enquanto o movimento do pensador, que é o movimento do próprio pensamento, estiver presente, toda ação será uma ação que nasce desse centro ilusório, desse falso “eu”, e, portanto, será uma ação egocêntrica. A aproximação real disso é pela autoinvestigação, pela auto-observação. É por isso que nós precisamos da base, que é o Autoconhecimento.

GC: Mestre, nós temos uma outra pergunta de um outro inscrito aqui no canal, do José Ribeiro. Ele faz o seguinte comentário e pergunta: “Mestre, a Iluminação, então, é para o ego? Então, iluminar é o ego descobrir que ele nunca existiu, que ele não é vivo, não é uma pessoa e, portanto, num encontro consigo mesmo, ele não volta mais? Porque não se trata de alguém vivo a requerer algo. Esclarece isso, por favor”.

MG: Repare, Gilson, essa colocação aqui que o nosso amigo José faz. Veja, é só uma colocação intelectual. Aqui, não se trata de termos, mais uma vez, uma mera compreensão intelectual desse assunto. Nós somos muito tendenciosos, Gilson, ao ouvir uma fala e dela tirar conclusões. É bem típico do nosso intelecto, desse modelo de intelecto condicionado que nós temos, de buscar segurança a partir do conhecimento. O conhecimento pode nos dar palavras, pode nos dar conclusões, mas ele não pode nos dar a Visão da Realidade. Nós precisamos ir além do intelecto, além das palavras, além das conclusões.

Quando, aqui, você pergunta isso e pede um esclarecimento, nós temos aqui duas coisas para lhe dizer. A primeira é: abandone as conclusões acerca do que é Iluminação. Trabalhe em direção a essa ciência da verdade sobre você mesmo. Quanto a essa Realização, ou Iluminação, ou o nome que nós queiramos dar para Isso, Isso não é algo que acontece para alguém, é algo que acontece quando o sentido desse alguém se dissolve, mas não podemos apenas ouvir isso e daí tirar uma conclusão, porque nós ficamos apenas, ainda, no campo das ideias.

Aqui, o que se faz necessário para uma real aproximação deste trabalho é descobrir como olhar para tudo isso, como tomar ciência de como você funciona aqui e agora, neste momento. Não idealize, não imagine, não tire conclusões, não pense sobre Iluminação, porque, de fato, Iluminação não é para alguém. A Realidade do Despertar é possível, mas não é o Despertar de alguém, não é o Despertar para alguém. A Realidade da Iluminação é possível, mas não é a Iluminação para alguém, não é a Iluminação de alguém. Então, essa é a primeira coisa. A segunda coisa é quando você diz: “Esclarece isso.” Toda a clareza a respeito desse assunto nasce do próprio Estado Natural. Esse Estado Natural é chamado de “Iluminação” não é à toa, porque é, sim, um Estado de Clareza, de Claridade, de Visão, de Luz. Então, se há essa Visão, há essa Clareza, há naturalmente toda a Compreensão, mas Isso nasce do próprio Estado, não nasce do intelecto.

Toda essa base aqui, de fala, de colocação, é só uma base. Com essa base, mas indo além dela, sim, é possível essa Realização; mas, com essa base, se posicionando nessa base, se sustentando nessa base, ficamos parados. A grande maioria das pessoas passa muitos anos de suas vidas lendo livros, estudando, ouvindo palestras, mas elas estão assentadas sobre uma base. Essa base é a base do conhecimento, é a base do aprendizado. Como foi colocado agora há pouco, há uma diferença daquilo que você aprendeu para a realidade daquilo que está, neste instante, se revelando nesse aprender. Em geral, nós estamos vivendo com aquilo que aprendemos.

Assim são nossas ações, nossas falas, tomadas de decisões, realizações, todo esse saber, conhecimento, experiência, essa assim chamada “inteligência” presente em nós. toda ela tem, por princípio, essa formação que adquirimos, algo que veio do passado. Está se expressando aqui, neste momento, mas é algo que está nascendo desse passado, de tudo aquilo que nós já adquirimos em algum momento, sendo expresso neste momento, se manifestando neste momento. Toda essa ação é a ação do “eu”. Então, nós podemos estar simplesmente assentados nessa base, que é a base do conhecimento, e ali ficarmos assentados por mais quinhentos anos.

A Ciência da Revelação da Verdade, a Ciência do Despertar, é a ausência do “eu”, é a ausência do ego. Não se trata de algo que o intelecto alcança, realiza ou pode conhecer. A Verdade está além desse assim chamado “conhecimento” que nós conhecemos, e dessa assim chamada “ignorância” que, também, nós conhecemos. O nosso trabalho na vida, Gilson, consiste em tomarmos ciência diretamente; é a vivência direta, é a constatação direta, é a percepção direta, algo possível nesse aprender momento a momento. O sentido do “eu”, do ego, em nós, é um elemento que está sempre, no seu dinamismo, modificando. Esse elemento em nós, que vem do passado, tem esse dinamismo dessa mudança, mas é uma mudança de continuidade no próprio tempo.

Nós precisamos ter essa alerteza, essa aproximação desse olhar momento a momento, para tomarmos ciência daquilo que ocorre conosco dentro desse processo de mente condicionada, de condicionamento mental. Então, sim, ocorre esse aprender sobre esse processo de expressão do “eu” e, nesse aprender, descartamos essa identidade, apenas e simplesmente pelo observar, sem reagir, apenas nesse olhar, momento a momento. Então, a forma real desse aprender é, na realidade, como eu tenho dito, um desaprender sobre essa velha condição de continuidade dessa egoidentidade.

Aqui, nestes encontros, nós estamos lhe mostrando como isso se torna possível, e isso se torna possível quando você descobre o que é escutar, o que é olhar, o que é perceber, o que é sentir, o que é viver sem o passado, sem esse elemento presente em cada um de nós que, quando aparece, aparece fazendo escolhas, tomando resoluções, aparece nesse gostar ou não gostar, querendo alterar, mudar, impor pensamentos, impor sentimentos, impor ideias, crenças, emoções, sobre este instante, sobre aquilo que se mostra aqui. Olhar para essas reações é o descarte dessas reações para algo novo estar presente, algo fora da mente, algo fora do “eu”. É isso que estamos propondo aqui, para você, nestes encontros. Algo possível nesta vida, para esta vida, porque é a única Vida, é a única Realidade, onde tudo já está presente.

GC: Gratidão, Mestre! Já fechou nosso tempo. Gratidão por mais este videocast.

E, para você que está acompanhando o videocast até o final e tem um desejo sincero em compreender essas verdades, em ter, realmente, uma compreensão além do entendimento intelectual, fica o convite para vir para os encontros que o Mestre Gualberto proporciona. São encontros de final de semana. Existem no formato on-line de final de semana, existem encontros presenciais, inclusive retiros de vários dias. Nesses encontros, o Mestre responde diretamente, ao vivo, às nossas perguntas e muito mais do que isso. Por o Mestre já viver nesse Estado assim chamado “Desperto”, de Consciência, ele compartilha uma Presença, um Poder e uma Graça que nos ajuda demais nessa compreensão. A gente acaba pegando uma carona nessa energia de presença do Mestre e isso, realmente, facilita muito a gente conhecer a nós mesmos, a gente poder observar o movimento doido dos pensamentos. Então, fica o convite. No primeiro comentário, fixado, tem o link do WhatsApp para poder participar desses encontros.

E, Mestre, mais uma vez, gratidão.

Dezembro de 2024
Gravatá – PE, Brasil