Estoicismo e as relações humanas. O que é o pensamento? Aprender sobre Autoconhecimento.

Geralmente, nós temos uma forma de nos aproximarmos de qualquer assunto ou criando uma complicação muito maior do que o assunto representa ou simplificando demais. Então, há essa inclinação geral em nós: ou nós complicamos ou nós simplificamos. Há uma simplificação exagerada ou uma complicação exagerada.

Aqui nós vamos tratar hoje de alguns assuntos que envolvem a beleza desse encontro com o Autoconhecimento, esse encontro com a verdade sobre quem você é, sobre quem nós somos. Então, isso requer de cada um de nós uma nova forma de aproximação. Não podemos continuar complicando esse assunto, nem simplificando demais. Eu digo isso porque algumas pessoas escrevem dizendo: “Me parece tão simples”, enquanto outros dizem: “Mas o que você diz é muito complicado”.

Então, veja, para alguns isso é muito simples e para outros isso é muito complicado. O que é que está, de verdade, criando essa diferenciação? Aquilo que cria essa diferenciação é a nossa forma de aproximação, e nós não temos uma verdadeira forma de aproximação desses assuntos, porque estamos por demais acostumados a olhar a partir de um fundo de conhecimento e de experiência que nós trazemos, algo que nós já temos em nós e, naturalmente, isso dificulta termos uma nova aproximação. E aqui nós precisamos ter uma nova aproximação.

Só há como aprofundar um assunto como esse quando temos dele uma aproximação diferente, e essa aproximação requer de cada um de nós, logo a princípio, uma mente silenciosa, a mente com uma certa quietude para essa aproximação. Você nunca consegue compreender alguém ou compreender alguma coisa sem um mínimo de silêncio. Se você quer prestar atenção a alguma coisa, o cérebro precisa estar quieto, o que, em geral, nós não conseguimos com facilidade.

Assim, nós nos colocamos dessa forma: nós queremos compreender, mas há em nós essa interna inquietude que nos impossibilita esse silêncio, que é o silêncio que facilita o aprofundamento daquele assunto, e é isso que nós precisamos aqui. Nós precisamos descobrir nesse encontro o que é aprender sobre nós mesmos.

O nosso assunto aqui com você é esse aprender sobre o Autoconhecimento. Nós não temos essa ciência de aprender, nós não aprendemos a aprender. Nós temos alguma facilidade para aprender algumas coisas na vida, e é interessante tocarmos nisso aqui. Tudo aquilo que nós temos, de verdade, uma certa facilidade para aprender, observe em você e irá perceber, há dentro de você um interesse, um profundo interesse. Então há esse fervor interno, esse amor interno, essa paixão interna para aquele assunto.

Então, repare, não fica complicado, ou por mais complicado que pareça a você no início, isso não é levado em consideração, em razão desse fervor, desse amor, dessa paixão por aquilo. Então, aquilo se torna simples quando você aprende com facilidade, por mais difícil que a princípio aquilo tenha parecido ser.

Aqui nesses encontros, nós estamos investigando com você o assunto mais importante da vida. E qual é o assunto mais importante da vida? É a vida, a compreensão da totalidade da vida; e esta compreensão é algo que está presente quando está presente aquilo que estamos tratando aqui com você, que é a visão de si mesmo.

Não existe tal coisa como uma separação verdadeira entre você e a vida. A vida é você, você é a vida. Tudo que está presente hoje em você é aquilo que está presente na vida, nessa sua vida. Aqui a não compreensão da “sua vida” é a não compreensão da vida, como ela está acontecendo nesse momento para você.

Nós temos algumas crenças; na verdade, nós temos muitas formas de crenças. Colocando de uma forma mais específica, nós temos, com relação à vida, algumas crenças básicas das quais precisamos nos livrar. Uma crença principal é a ideia da separação, onde você se sente alguém na vida, vê a vida como algo para você. Enquanto persistir essa psicológica condição, que na realidade é ilusória, continuará presente diversas formas de conflitos estabelecidos dentro dessa sua relação com a vida.

Eu quero tocar nesse assunto das relações aqui com você. Esse assunto é um dos que nós precisamos ter dele uma real aproximação, uma verdadeira aproximação, uma significativa e profunda aproximação. Aqui, quando tocamos nessa questão do Autoconhecimento, estamos basicamente tocando na importância da compreensão de como você funciona no contexto das relações, da verdade sobre as relações.

Alguns querem ter uma aproximação disso a partir de pontos de vista filosóficos, dos relacionamentos ou das relações a partir da perspectiva da filosofia, outros da psicologia. Então, nós temos diversas formas de buscarmos uma aproximação disso. Nós temos a perspectiva religiosa, a perspectiva psicológica e, por exemplo, a perspectiva filosófica, como ocorre na questão do estoicismo – essa visão do estoicismo sobre os relacionamentos. Mas aqui estamos com você aprofundando isso a partir de uma visão daquilo que se passa aqui conosco, em cada um de nós.

As nossas relações não são reais quando estão fixadas em quadros que o pensamento constrói. Vamos esclarecer isso aqui pra você. A forma como nós nos aproximamos do outro é basicamente a forma como nós nos aproximamos de nós mesmos. Qual é a verdade dessa aproximação que temos sobre quem nós somos? A verdade é que nós não conhecemos a verdade sobre nós mesmos, temos uma aproximação a partir do que o pensamento construiu, do que o pensamento está nos mostrando, está nos apresentando.

Assim, essa aproximação é a aproximação do pensamento. Essa é a aproximação que temos de nós mesmos. Assim, naturalmente, qualquer aproximação que você tenha com o outro, nessa mesma base de aproximação, não será uma verdadeira aproximação, teremos uma equivocada aproximação, porque teremos a presença de uma separação em que a cortina da separação é o pensamento.

Então, existem diversas coisas aqui que nós precisamos estudar quando estudamos a nós mesmos. Uma delas é sobre o pensamento. Essa cortina de separação, de divisão, nos impede de uma real relação com aquilo que nós realmente somos. A nossa relação com nós mesmos é equivocada e a nossa relação com o outro também.

É impossível a verdade de uma relação quando há uma muralha, quando há um muro, quando há uma cortina. É como quando você vai para a janela e se depara com a janela, mas há uma cortina ali. Se você não abrir a janela, não haverá uma relação de visão, de contato visual com o externo. Então você tem a janela, você tem o vidro da janela e você tem a cortina. Se não abrir a cortina, se não abrir a janela, você não terá um contato real com a visão. Ao menos essa cortina precisa desaparecer desse seu campo visual, porque ela é o impedimento.

Nesse contato com você, você não se conhece, porque você tem de você aquilo que o pensamento diz sobre você; você tem sobre o outro o que o pensamento diz sobre o outro. Então, é fundamental descobrir a verdade sobre o pensamento. Como nos aproximamos dessa verdade sobre o pensamento? Tomando ciência do que ele representa.

A nossa dificuldade aqui consiste no fato de que o pensamento está o tempo inteiro ocupando esse campo, ele está o tempo inteiro sendo essa cortina que nos impede de ter ciência do que se passa, inclusive conosco. Assim, o seu contato com o outro se torna impossível.

Aquilo que temos considerado contatos em nossas relações são contatos onde está presente esse modelo de pensamento, e o pensamento distorce a realidade, ele impede a verdade daquilo que está presente nas relações. Assim, o que se situa presente nessas relações é a divisão. E se nós temos a divisão, não há ciência, não há compreensão, não há verdade.

Todo pensamento que você tem sobre você é essa cortina que lhe impede de ter ciência da realidade sobre você, assim como todo pensamento que você tem sobre o outro, essa é a cortina que lhe impede de ver a realidade de quem é o outro.

A vida requer esse aprender, momento a momento. Assim, esse contato com a vida, que é o contato consigo mesmo, é o contato do aprender; é só quando, na vida, se torna possível a Liberdade e, naturalmente, a presença da Felicidade, a presença do Amor nas relações, porque é a base dessa relação, na vida, com a vida. Uma vez que haja ciência da não separação, porque não há mais essa cortina, que é a cortina do pensamento, temos a presença dessa comunhão com nós mesmos, porque não há pensamento, temos a nossa comunhão com o outro, porque não há pensamento.

Então, nós precisamos descobrir o que é a vida sem o pensamento. E o que é basicamente o pensamento? Qual é a verdade sobre o pensamento? O pensamento é uma construção de memória, de lembrança, de recordação, de ideia. Quando lidamos com o pensamento, não estamos lidando com a realidade, estamos lidando com o símbolo, com a imagem, com a ideia sobre aquilo.

Observe como é simples isso. Quando você se lembra da sua casa, você não tem a sua casa, você tem uma imagem, uma ideia, um quadro, assim como quando você se lembra de alguém, você não tem ele ou ela, você tem uma imagem, um quadro, um pensamento. Assim, nós estamos lidando com a vida a partir do pensamento. Todas as nossas relações, todos os nossos relacionamentos, tudo aquilo com o qual estamos relacionados a partir do pensamento não é outra coisa a não ser uma imagem que o pensamento está construindo e está estabelecendo como sendo verdadeiro dentro dessas relações.

Então, aprender sobre o Autoconhecimento é tomar ciência de como você funciona nesse contato com a vida como ela acontece. E parte do que acontece na vida temos a presença do pensamento, parte da vida é esse próprio movimento dela nas relações. Assim, sem compreender o pensamento, sem compreender as relações, nós temos uma vida conflituosa, aflitiva, em desordem, em confusão.

Por isso, a base para a Realidade Divina, para a Realidade de Deus, na vida, é a ciência de sua Graça, é a ciência de sua Presença, e essa Realidade presente é a Realidade da Verdade sobre Você em sua Natureza Real. Uma compreensão direta da verdade sobre você é a eliminação desse padrão de pensamento como nós conhecemos para uma aproximação da vida e, portanto, das relações sem essa cortina. Então nós temos um contato com a realidade desse momento, que é a vida como ela acontece, onde está presente a Verdade dessa nova aproximação desse instante, desse momento presente, desse viver.

Esse contato é aquilo que eu tenho chamado de experimentar momento a momento. Não se trata de uma experiência que se tem, mas de um experimentar desse instante, nessa relação; nessa relação onde está presente a ausência dessa separação e, portanto, a Comunhão está presente, o Amor está presente, a Liberdade está presente. O que torna tudo isso possível como base é a visão da Verdade sobre quem nós somos, que é essa ciência Divina, que é esta ciência da Realidade do Amor, da Paz, da Felicidade, que é a Natureza de Deus.

Alguns têm chamado isso de Autorrealização ou Realização de Deus, é a ciência da Verdade de sua Natureza Divina se revelando em razão da visão do Autoconhecimento, da compreensão, da eliminação desse sentido do “eu”, isso em razão da verdade sobre o Autoconhecimento. Portanto, o Autoconhecimento Real não é outra coisa a não ser a eliminação dessa separação, dessa dualidade, onde temos a Verdade d’Aquilo que está além da mente, além do pensamento, além daquilo que por muito tempo em nossas vidas estamos vivendo nessa ilusão de separação.

Nesses encontros aqui nos finais de semana estamos trabalhando isso com você. Sábado e domingo estamos juntos aprofundando esse assunto aqui. Quero deixar aqui esse convite para você participar desses encontros online nos finais de semana. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.

Dezembro de 2024
Gravatá – PE, Brasil