A meu ver, a aproximação desses assuntos que nós tratamos aqui é algo que requer de cada um de nós se acercar deles de uma forma inteligente, esclarecida, bastante lúcida, e me parece que esse é o primeiro problema, porque é exatamente isso que, em geral, a maioria dos seres humanos não tem. Isso explica toda a nossa dificuldade de termos uma apreciação de um assunto que envolve a ciência do seu próprio Ser, a compreensão da Verdade sobre si mesmo.
O ser humano acredita que se conhece, ele acha que sabe quem ele é, ele tem muita certeza de suas conclusões. E quais são essas conclusões? As conclusões que ele recebeu dessa sociedade, desse mundo, dessa cultura. Chega um momento em que você percebe que está muito certo de si mesmo. Veja, certo de si mesmo em meio a confusão. Como é que no estado de confusão, em um estado de desordem emocional e de grande confusão mental nos sentimos cientes da verdade sobre quem nós somos? Notem como a mente funciona.
A mente tem um modo de funcionar em nós dentro de modelos, de padrões, de formas, fôrmas já bem específicas, já bem delineadas, bem determinadas. É assim que estamos funcionando psicologicamente, esse é o nosso condicionamento. Em psicologia, isso já foi constatado, mas em filosofia isso também já foi constatado. Veja, teoricamente nós podemos saber algo sobre isso, ou até saber bastante sobre isso, mas esse saber teórico, conceitual não resolve absolutamente nada. Nós continuamos dentro do mesmo esquema, da mesma forma.
Aqui eu quero trabalhar com você nesse encontro o Despertar de uma nova Consciência. Essa consciência que nós conhecemos é a consciência que vive dentro desse regime, desse formato, desse condicionamento claramente conhecido tanto em filosofia como em psicologia e que mesmo assim nós não resolvemos nada disso. Nós precisamos nos livrar desse condicionamento.
Então aqui se trata de um descondicionamento psicológico, do fim dessa continuidade desse movimento do “eu”, desse movimento do ego, desse movimento do sentido de alguém presente aqui no instante, na vida. Assim, é isso que estamos propondo aqui. Nós temos encontros online, nós temos retiros para exatamente trabalharmos isso: um contato com a vida, mas livre dessa programação, desse condicionamento, desse formato de ser alguém.
A meu ver, não existe nada mais importante na vida do que a compreensão dela. Não podemos ter a compreensão da vida com base em um intelecto condicionado, uma mente condicionada, dentro de uma vida programada dentro desses valores que nós recebemos de uma sociedade, de um mundo que está em conflito, em desordem, em confusão, em sofrimento, exatamente em razão desse modelo de mente presente, de consciência presente no mundo.
Se faz necessário e é urgente, fundamental para cada um de nós a ciência da verdade sobre quem nós somos, a presença de uma nova Consciência. Agora, como se aproximar disso se nós já nos aproximamos com base nesses antigos princípios que recebemos? Isso requer um coração inclinado para isso e uma ação misteriosa da Presença Divina tornando isso possível para cada um de nós.
Se você está aqui acompanhando essa fala é porque algo em você está lhe despertando nesse momento para a investigação da verdade sobre quem é você, exatamente para o rompimento desse padrão, desse modelo, para aquilo que nós temos chamado aqui de o Despertar da Inteligência Espiritual.
A Verdade dessa Inteligência é a ciência de que há uma Presença na vida, e que essa Presença na vida está dentro dessa nova Vida, onde há uma nova forma de sentir, de agir, de se mover no mundo, há uma nova forma de viver, possível quando a mente está livre, possível quando o intelecto está livre de toda a forma de condicionamento. Então entramos em contato direto com a ciência daquilo que nós somos.
Aqui estamos examinando com você, investigando com você diversos assuntos. Alguns têm chamado isso de questões fundamentais da vida. A verdade é que são inúmeras essas questões. E é interessante que se diga isso aqui: são questões ligadas a esse padrão de condicionamento mental, de condicionamento psicológico, de condicionamento da mente, que inclui esse intelecto condicionado, sentimentos e emoções também dentro já de um condicionamento, algo tão comum.
Nós vivemos nossos dias, nossas vidas como se isso fosse a coisa mais natural na vida. Embora em meio a alguns níveis de sofrimento, termina que nós buscamos ajuda, mas apenas quando esses sofrimentos são por demais contundentes, agudos, muito, muito fortes, porque, em geral, nós levamos a vida de uma forma costumeira, em meio a toda essa complexidade psicológica em que nós nos encontramos, sem uma profunda investigação sobre tudo isso.
Mas agora, aqui, nesse momento, você que está aqui acompanhando essa fala, eu gostaria de lhe fazer uma pergunta. Nós temos feito perguntas, as pessoas escrevem e fazem perguntas, e eu gostaria de lhe fazer uma pergunta: o que é o pensamento? Essa é uma das perguntas, essa é uma das questões. Uma questão é um problema não resolvido. O que é o pensamento em você? Você já se deu conta? É possível se dar conta de como o pensamento funciona dentro de você?
Você já deve ter percebido que pensamentos em nós acontecem. Nós não os controlamos, eles surgem. Alguns pensamentos são bons e outros pensamentos são ruins. Em alguns momentos temos boas lembranças, em outros momentos temos péssimas lembranças. E juntamente com esses pensamentos, sensações acompanham eles, sentimentos, emoções, e juntamente com isso um elemento de querer ou não querer, de vontade. A psicológica condição presente dentro de nós, em razão desse condicionamento em que nós nos encontramos, é de inquietude, porque nós não sabemos o que é o pensamento.
E há uma outra pergunta muito próxima dessa: o que é o pensar? A maioria das pessoas, de uma forma muito superficial, dizem que o pensamento está presente porque “eu” estou pensando, está presente porque “eu” me lembro. Vejam como é estranho essa nossa visão acerca do pensamento. Não percebemos que essa própria expressão “eu”, esse pronome que nós usamos, também é um pensamento.
Eu pergunto: quem é você? Aí você diz: “eu”. Repare, quando você diz “eu”, por que você diz “eu”? Você diz “eu” porque você está se dirigindo a si mesmo a partir de um pensamento, de uma ideia que faz com que você se sinta sendo o “eu”. Mas o que é o “eu”? Não sabemos o que é o “eu”. Então reparem: o que é o pensamento? Não sabemos. O que é o “eu”? Também não sabemos. Se você vai descrever esse “eu” para mim, você vai dizer o seu nome e a sua história, mas o seu nome e a sua história, assim como o pronome “eu”, é só um pensamento.
Qual é a verdade sobre você? Você desconhece, assim como desconhece o que é o pensamento e como ele se processa dentro de você, o porquê você pensa o que pensa, o porquê você pensa o que não quer pensar, o porquê você pensa e quer se livrar desse ou daquele pensamento e não consegue. Se você fosse o senhor dos pensamentos, se realmente você fosse o pensador desses pensamentos que você tem, você só teria pensamentos que escolheria ter, e esses pensamentos, naturalmente, seriam pensamentos felizes, e não carregados de preocupação, de ansiedade, de culpa, remorso produzindo diversas formas de medos.
Os medos dentro de nós estão presentes em razão dos pensamentos que temos. Observe com calma isso. É a nossa ligação com o movimento do pensamento que sustenta quadros psicológicos que nos assustam. Quanto mais carregada é uma pessoa de pensamentos que lhe assustam, mais medo ela tem. Veja, é muito básico tudo isso. A qualidade de pensamento que você tem, primeiro: não são pensamentos que você produz, são pensamentos que acontecem, e a qualidade desses pensamentos determina seus estados internos de alegria, leveza, tranquilidade ou inquietude e peso.
A verdade é que nós não sabemos o que é o pensamento. Não sabemos que o pensamento é aquilo que aparece em razão de uma memória ou lembrança que vem do passado, e não sabemos lidar com isso porque não sabemos ficar cônscio, ciente do pensamento quando ele está, com sua sensação, emoção ou sentimento que lhe acompanha. Isso porque não sabemos nada sobre esse aprender sobre nós mesmos. No momento em que você começar a investigar a verdade sobre você, irá ficar ciente de todo esse movimento do pensamento e do que é esse pensar.
O pensar é a mecânica do pensamento, mas essa mecânica do pensamento não é algo que você realiza, é algo que acontece nesse mecanismo, nesse corpo e nessa mente. Isso é parte dessa mecânica do cérebro. Nós precisamos da ciência do pensar, mas podemos dispensar o modelo de pensamento preso, atado a essa programação, que vem do passado, de condicionamento psicológico. Aqui, nessa fala, não temos tempo de explorar isso, mas esses são os assuntos que nós abordamos aqui com você. Tudo isso se revela nessa aproximação desse aprender sobre o Autoconhecimento.
Qual é a verdade desse aprender sobre o Autoconhecimento? Ficar ciente do movimento da consciência em você, dessa velha consciência, que é a consciência da mente egoica, que é a consciência desse padrão de pensamento que vem do passado, a compreensão dessa ciência do pensar. Nós precisamos ter de nós mesmos uma aproximação real, é isso que traz o Despertar dessa Inteligência Espiritual, que é a Inteligência Divina.
Algumas pessoas falam dessa Iluminação Espiritual ou desse Despertar Espiritual, e usam a expressão também o Despertar da Consciência, mas são teóricas. E fica muito claro quando elas falam, porque elas falam a partir do intelecto. Uma visão clara desse assunto lhe mostra que sem essa real base da compreensão desse estudar a si mesmo, não existe tal coisa como uma experiência chamada Iluminação Espiritual.
A Iluminação ou o Despertar não é uma experiência, é o Florescer da Sabedoria, em razão do Despertar dessa Inteligência, dessa Inteligência Espiritual, algo possível somente quando há uma visão sobre o Autoconhecimento. E há diversos elementos aqui para serem investigados, e é o que nós temos feito aqui com você. Nós estamos abordando diversos temas ligados diretamente a esse Florescer da Inteligência de Deus, dessa Inteligência Espiritual.
Sem essa base real, nós não temos, por exemplo, a ciência da Meditação. As pessoas praticam meditações, mas a prática da meditação não é a Real Meditação se revelando. Quando há Real Meditação, a Meditação se revela aqui e agora, nesse instante, nesse olhar sem o observador, nesse “tomar ciência” sem esse elemento envolvido nisso, que é o “eu”, que é o ego. Quando esse observador, quando esse pensador, quando o sentido do “eu” não está, temos o Florescer da Sabedoria, temos o Despertar dessa Inteligência e a real compreensão do que é o pensar.
Então, estamos com você investigando tudo isso, trabalhando isso aqui com você nesses encontros online nos finais de semana. Sábado e domingo nós estamos trabalhando isso. Se aproximar de si mesmo, investigar a verdade sobre si próprio requer um trabalho nesse instante, uma aproximação da verdade de quem é você, da verdade sobre quem realmente é você. Então, sábado e domingo estamos juntos. Além disso, temos encontros presenciais e, também, retiros.