Reparem o que estamos vendo juntos aqui quando tratamos com você da importância do Autoconhecimento: a Verdade d’Aquilo que é Você em seu Ser. Isso é a Realidade do Supremo, isso é uma Realidade Divina, é uma Realidade de Deus. Autoconhecimento Supremo não se trata de um mero conhecimento de si mesmo pela introspecção, pela análise ou fazendo uso de alguma outra técnica ou prática, na busca ou tentativa de uma melhoria como pessoa.
Não é disso que estamos tratando aqui. Estamos tratando da ciência da Bem-Aventurança Suprema, de sua Natureza Divina, dessa Verdade de Deus que Você é. Por isso aqui se trata do Autoconhecimento na prática, uma ciência direta da Verdade sobre esse movimento interno de pensar e sentir, que nos leva, naturalmente à ação, a toda forma de comportamento e direção na vida.
Um detalhe é que chamamos isso de “nossa vida”. Reparem, é aqui que se encontra todo o equívoco, desse sentido de alguém presente, na crença de que ele tem uma vida particular. Quando você usa as expressões “minha vida”, “minha história”, “minha casa”, “minha família”, “meu país”, você está, nesse momento, dentro de uma identificação com a experiência. Essa experiência é uma referência que vem do passado.
Essa experiência que vem do passado é a ideia de uma identidade numa relação direta com tudo aquilo pelo qual passou, viveu, experimentou. Isso dá formação a esse “eu”. Esse “eu”, portanto, é um centro. Em torno desse centro, todas as demais coisas, como parte de sua particular experiência, estão surgindo, aparecendo: “a minha casa”, “a minha família”, “o meu país”, “o meu mundo”, “a minha história”. Isso nos dá uma identidade.
Há o sentido de alguém presente dentro da experiência da vida. E esse alguém chama a vida de “minha vida, a “minha história”, o “meu mundo”, a “minha nação”, a “minha casa”, “meus bens”, “meu corpo”. Qual será a Verdade d’Aquilo que é Você em sua Natureza Essencial, em sua Natureza Real?
A noção que temos é de termos nascido, de estarmos vivendo e, portanto, sendo alguém. E aqui nós estamos descortinando isso com você. Estamos juntos descortinando isso, aprendendo a arte de se aproximar desse olhar sobre quem nós somos, estudando a nós mesmos, percebendo que o movimento é esse presente em nós, que nos leva para essa ou aquela direção, para esse ou aquele modo particular de pensar, de sentir, de fazer as coisas. Quem sou “eu”?
Assim, o Autoconhecimento na prática é tomar ciência de tudo isso que se processa dentro de você. Há um movimento em nós, psicológico, interno: é o movimento do pensamento. O pensamento sempre se move de um pensamento para outro, de um pensamento para outro, de um pensamento para outro. Não há um único pensamento em você que se estabilize. O pensamento surge e, a seguir, surge um outro pensamento, depois surge um outro pensamento.
Há um movimento interno de pensamentos acontecendo, de sentimentos que acompanham esses pensamentos, de sensações que acompanham esses pensamentos, porque pensamento e sensação andam juntos, pensamentos e sentimentos também andam juntos. As emoções também acompanham esse modelo de pensar, que é esse processo de movimento do pensamento em nós. Não paramos para olhar para isso, para perceber como isso acontece.
Assim, temos uma ilusão: a ilusão de que alguém está pensando. Se aproxime disso. Não é você que determina o pensamento, ele acontece. Você não determina o sentimento, ele acontece. A emoção, ela acontece. A sensação, ela acontece. Então, o que quer que esteja acontecendo, é um movimento interno, psicológico, presente, mas não tem alguém. Mas temos a ilusão de alguém no controle. Aqui já nos aproximamos da compreensão sobre o que é o pensamento. Reparem a importância disso.
As pessoas perguntam como lidar com os pensamentos, porque elas querem se ver livres dos pensamentos que as importunam, que geram problemas para a vida delas, contradição, conflito e sofrimento. Isso é bem razoável, é bem natural. Se o sofrimento está presente, é natural que queiramos nos livrar dele. Mas aqui existe uma incompreensão a respeito dessa questão, e nós investigamos isso aqui com você: a questão do fim para o sofrimento e esse simples se livrar do sofrimento.
As pessoas querem se livrar do sofrimento na ideia de que elas podem se livrar do sofrimento, sem antes ter uma compreensão real daquilo. Não é uma compreensão intelectual daquilo que as faz sofrer, mas é uma compreensão real desse elemento presente que sustenta o padrão do sofrimento. Isso não é a libertação paliativa desse ou daquele sofrimento para um outro sofrimento surgir.
A compreensão disso é o fim para o sofrimento, porque é o fim para esse elemento no qual o sofrimento se abaliza e se estrutura, que é o “eu”, o “mim”, o ego. Então, nós não compreendemos a verdade sobre isso. Acreditamos ter o controle dos pensamentos, dos sentimentos, das emoções, das sensações, das percepções, e aqui o controle sobre sofrer ou não sofrer.
Tudo isso precisamos examinar, investigar. A autoinvestigação é, na realidade, o Autoconhecimento na prática. Investigar a natureza de nós mesmos, investigar todo esse processo. Porque, repare, é um processo. Esse sentido de um “eu”, de uma entidade presente aqui, em nós, não é algo fixo, é um processo.
Você como pessoa não é a mesma pessoa o tempo todo. A cada instante você está mostrando uma face, um novo rosto, uma nova modalidade de ser. Então, estamos lidando com algo muito dinâmico. Esse sentido de um “eu” é algo muito dinâmico, tem essa vivacidade dinâmica.
Essa vivacidade, quando investigada, fica muito claro que é uma vivacidade que nasce do passado, porque o pensamento em você – esse movimento de um pensamento a outro, de um pensamento a outro – vem do passado. O sentimento é a mesma coisa, a emoção, o modo de avaliar, de julgar, de comparar o que quer que esteja acontecendo externamente ou internamente é algo que também vem do passado. Então essa é a vivacidade desse “eu”, desse centro, desse ego, dessa pessoa.
A Revelação Divina, a Revelação Suprema, a Revelação da Verdade, e por isso a expressão “Autoconhecimento Supremo”, porque se trata do conhecimento da Verdade Divina que trazemos, mas que ainda não se revelou. Se revela quando há essa aproximação de nós mesmos de uma forma vivencial, prática, quando aprendemos a olhar para esse movimento interno.
A questão aqui é descobrir como realizar Isso: olhar sem esse centro, porque um pensamento é algo que vem do passado, mas você não está trazendo esse pensamento, ele está só aparecendo. Você não está trazendo porque você, como uma entidade separada, com um centro, um “eu”, é, na realidade, uma imaginação do próprio pensamento. O que nós temos presente é um pensamento.
Tomar ciência desse pensamento, sem gostar ou não gostar, sem avaliar, sem julgar, sem comparar, sem dizer “sim”, sem dizer “não”. Tomar ciência de um pensamento quando surge é apenas olhar o movimento, que é o movimento do pensamento, do sentimento, quando surge, junto com o pensamento.
Veja, olhar a emoção quando surge com o pensamento, a sensação quando surge com o pensamento. Apenas olhar. Isso é ter uma aproximação do Autoconhecimento na prática, ao mesmo tempo que isso é esse contato com a Verdade da Meditação.
Olhar aquilo que vem do passado e, se é algo que vem do passado, é uma reação surgindo nesse momento, a algum nível de estímulo visual ou auditivo, ou mesmo interno. Quando surge esse estímulo, surge o pensamento, com a sensação, com a emoção.
Tomar ciência disso, sem colocar uma identidade para gostar ou não gostar, para julgar, avaliar, condenar, querer se livrar quando isso que surge é ruim, querer se apropriar e se agarrar quando isso que surge é bom. Apenas tomar ciência disso é Autoconhecimento.
Então, qual é a verdade desse Autoconhecimento na prática? Como tomar ciência da importância do Autoconhecimento? Se tornando cônscio de si mesmo, percebendo que quando você está ciente, essa ciência desse “você” é algo que ocorre e esse “você” desaparece. Veja como é singular isso, mas é algo que requer que você se aproxime disso de uma forma vivencial para ter uma compreensão.
Aqui se trata de que todo esse movimento é o movimento da mente, mas agora, nesse momento, a mente está se tornando cônscia dela mesma, ciente dela própria. E quando isso acontece, a mente se aquieta para olhar. Isso é ciência de Ser. Isso é consciência de Meditação, aqui e agora.
As pessoas têm falado sobre a meditação como uma prática, como uma técnica, como algo que você faz em alguns momentos do dia, ou reserva um momento à noite para se sentar em um lugar tranquilo, colocar uma música suave. As pessoas tratam da meditação como algo para alguém fazer. Elas chamam isso de prática de meditação. Sim, você pode entrar nesse modelo de prática de meditação, mas é você como alguém fazendo a meditação.
Aqui o convite é outro, é se tornar ciente desse “mim”, desse “eu”. Então uma Atenção surge, uma Presença surge, uma Consciência surge. Então, agora temos presente a mente, quieta, silenciosa, e a verdade dessa revelação desse padrão de identidade, que até então tem norteado sua vida, nossas vidas.
Olhar para todo pensamento, sentimento, emoção, sensação, quando isso ocorre, o cérebro se aquieta, a mente se aquieta e esse padrão de repetição, de continuidade, de movimento, cessa. Então, o pensamento para com esse movimento de continuidade, de um pensamento para outro pensamento, de um pensamento-sensação para um outro novo pensamento-sensação e assim por diante, porque essa Atenção sobre todo esse movimento da mente quebra esse padrão.
Esse padrão é o padrão da perpetuidade, da continuidade do “eu”, da continuidade do ego. Então, o resultado real da Revelação é a constatação de que a única Realidade presente é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus. É quando esse sentido do “eu” se desfaz, é quando essa estrutura egocêntrica perde sua relevância. Então há o desaparecimento do “eu” e sua Natureza Real se revela como Amor, como Paz, como Liberdade, como Felicidade.
Essa Natureza Real de Ser é Não dual, é aquilo que os sábios chamam de Advaita, é a natureza do seu Ser. Advaita significa “o Primeiro sem o segundo”, é a Natureza Una, Única, a Natureza Real de cada um de nós, é a Natureza de Deus. Não esse padrão, esse modelo de continuidade dessa ilusória identidade, nesse seu movimento, que está dando continuidade a um modelo de tempo, algo que vem do passado, passa pelo presente, caminha para o futuro. Todo esse tempo é o tempo do próprio “eu”, do próprio ego, da própria mente, do próprio pensamento. Isso é uma ilusão.
O pensamento está presente, o tempo está presente, a continuidade está presente. Quando o pensamento desaparece, esse modelo de continuidade de tempo se desfaz, porque ele não tem qualquer realidade fora desse padrão de pensamento, sentimento, emoção e sensação, tendo uma continuidade na ilusão de uma identidade presente. Isso é o fim da mente egoica. Então se revela Algo fora do conhecido: é a Realidade de Deus. É isso que alguns chamam de Despertar Espiritual, Despertar da Consciência, Iluminação Espiritual.