Aprender pressupõe que você está pronto para descobrir, para tomar ciência, para constatar e, em geral, não fazemos isso. O que nós queremos é ter uma confirmação já da ideia, da crença, da conclusão que trazemos. Nós não sabemos, por exemplo, o que é o medo. Vamos nos posicionar no que diz respeito à questão do medo, por exemplo.
Não sabemos o que é o medo. Nós temos, sim, uma resposta de medo, mas nunca examinamos o medo de perto, nunca apreciamos o medo, porque ao nos aproximarmos do medo, já nos aproximamos do medo para condená-lo, para querer afastá-lo de nós. Então, não sabemos, na verdade, lidar com o medo porque não conhecemos o medo dentro de uma aproximação direta. Porque, se nós já tecemos opiniões e conclusões, nós já não gostamos, não queremos, não aceitamos. Isso nos impede de ter uma aproximação para um olhar próximo.
Compreendam isso, é muito simples. Você não pode compreender sem se aproximar e olhar de perto. E você não pode compreender algo se você já coloca sobre aquilo um conjunto de opiniões, de ideias e conclusões. Então as pessoas dizem: “Olha, eu já fiz terapia, eu já fiz análise, eu já procurei diversas formas de ajuda para me livrar do medo, então eu estou aqui para lhe perguntar como me livrar do medo”.
Aqui a primeira coisa é termos uma aproximação desse estado, mas aqui já nos deparamos com outra dificuldade, que é a dificuldade de aceitar o estado sem o nome, sem esse saber, sem essa conclusão. Então estamos aqui nos deparando com algo que não é muito simples, porque a nossa inclinação é de rejeitar esse estado, e rejeitamos o estado porque, basicamente, já temos o nome dele, já sabemos o que ele significa e acreditamos que essa rejeição é algo muito, muito natural.
Aqui eu estou dizendo para você: a compreensão do estado é algo fundamental para o fim da condição desse estado. O nome não importa. A timidez é uma forma de medo, a ansiedade faz parte do medo, a preocupação com o passado é medo, com o futuro é medo, com a velhice é medo, com a doença é medo, então não importa o nome que estamos dando para esse estado e toda a clareza intelectual que nós tenhamos sobre esse estado. Analisar o estado não irá funcionar, conhecer intelectualmente o estado não irá funcionar, descobrir a causa, a razão, o porquê desse estado, isso também não irá funcionar.
Aquilo que funciona é ter um contato direto com a experiência. Sem o nome, isso é possível. Sem a análise, isso é possível. Sem a justificativa de uma causa, sem a justificação dessa causa, isso é possível. Sem uma opinião, isso é possível. Quando nos colocamos em direto contato com a experiência é quando podemos perceber que essa experiência está presente porque esse “eu” está presente.
Não há qualquer separação desse estado, que agora não tem nome. Não precisa ter nome, não precisa ter uma causa, uma justificativa para ele estar lá, tudo o que precisamos é ter uma aproximação; e quando há essa aproximação, fica claro que esse que se aproxima do estado é o estado. Não há separação entre “esse” e o estado. Isso equivale a dizer que a experiência e o experimentador não estão separados. Isso vale para o medo, como estamos investigando aqui. Na verdade, isso vale para a tristeza, para a angústia, para todos esses quadros de infelicidade psicológica que nós conhecemos. A experiência não está separada desse que se aproxima da experiência. Eu espero que isso fique claro para você.
No medo há o medroso, na tristeza tem esse que está triste, na angústia tem esse que está angustiado, mas o angustiado é angústia, a tristeza é o triste, e o medroso é o medo. Então o medo é o medroso, aquele que está triste é a tristeza, a angústia é o próprio angustiado. Quando temos uma aproximação da experiência, percebemos que não existe essa separação, e quando aprendemos a nos aproximar da experiência sem essa separação, não há rejeição.
Quando fica claro que o medroso é o medo, não há nada que se possa fazer com o medo. Quando fica claro aqui, nesse contato com a experiência, que o experimentador e a experiência são um só, não há nada o que fazer com a experiência, e quando isso ocorre, esse “eu”, que é o experimentador dentro daquela experiência, fica imobilizado, porque o “eu” é o medroso, o “eu” é o experimentador, o “eu” é o elemento angustiado, o “eu” é esse elemento que é o “eu triste”. Então o “eu” é aquele que está na experiência com uma ideia a respeito do que a experiência representa e tentando fazer algo com aquela experiência. Agora, não há separação.
Veja como é bem interessante isso aqui. A nossa predisposição é de se livrar, e aqui eu estou dizendo: apenas constate, tome ciência, se torne cônscio da experiência sem esse “eu”, sem esse experimentador; permita que o medo esteja aqui sem ser rejeitado, sem ser condenado, sem qualquer reação a ele, sem qualquer ideia ou conceito do que ele representa, abandone a análise dele, o entendimento intelectual do significado dele, abandone a busca da causa dele, apenas constate, se torne ciente disso que está se mostrando nesse instante.
Acompanhem isso. Aquilo que está se mostrando nesse instante é a experiência, ela é algo que está vindo do passado. Nenhuma experiência sem o experimentador pode permanecer viva. A experiência aqui, sem o experimentador, é só um experimentar, e esse experimentar não tem continuidade, ele aparece e se dissolve. Ele só pode ter continuidade quando há um experimentador por detrás; quando há esse experimentador por detrás da experiência, essa experiência tem continuidade.
Percebam a beleza disso. As pessoas querem vencer o medo, mas a pessoa, o sentido de um “eu” na experiência é o próprio medo. Então nós temos o medo, que é a experiência, e temos o medroso, que é o experimentador, que é o “eu”, e tudo isso é uma única coisa que se separa para manter a continuidade. Então o “eu” é esse que se separa como o experimentador da experiência para sustentar a continuidade da experiência.
Então chega você e diz: “Como vencer o medo?” Você é o medo. A presença desse experimentador é a experiência. A presença desse pensador é o pensamento. Percebam como é interessantíssimo ter uma aproximação nova deste assunto do fim do medo. É disso que tratamos com você aqui, da Real possibilidade do fim do sofrimento – não se trata de vencer o sofrimento –, da Real possibilidade do fim do medo – não se trata de vencer o medo –, do fim da inveja, do fim do ciúme. Quando esse enciumado não está, temos o fim do ciúme, quando esse medroso não está, temos o fim do medo, porque temos o fim dessa continuidade da experiência.
Assim, não há como vencer o medo sem ter que vencer de novo e de novo e de novo e de novo. Esse que vence o medo continua no medo. Tudo o que temos feito nessa coisa de vencer o medo é superar temporariamente a condição da experiência do medo; basta o experimentador mudar o foco, mudar seu interesse, mudar sua orientação psicológica e o medo desaparece. Mas uma outra coisa ainda se sustenta no lugar do medo. Então, substituir o medo por uma outra coisa, é isso que as pessoas, em geral, chamam de vencer o medo.
Aquilo que você vence uma vez, vai ter que continuar vencendo. Aquilo que você substitui uma vez, terá que continuar substituindo. Não é disso que estamos falando. Estamos falando do fim do medo, o que representa o fim do medroso. O fim para a ansiedade significa o fim para esse em ansiedade, que é o “eu”, que é o ego. Então estamos falando de algo inteiramente diferente de algo que o “eu”, o ego, esse “mim” possa fazer, vencer, se livrar, alcançar, obter, conquistar. Não se trata de conhecer Deus, aqui se trata de assumir a Verdade de que Deus é a única Realidade presente quando o “eu” não está.
Não se trata de encontrar o Amor. O Amor não é algo encontrável no tempo, que se possa obter realizando um projeto, um planejamento, traçando metas, esperando em algum momento ele acontecer. O Amor é Aquilo que está presente quando o ego não está. Não sabemos o que é a Beleza do Amor agora, a Beleza e Deus agora, a Beleza do fim o sofrimento agora. A Beleza do fim do medo é agora. Não há medo sem pensamento, não há medo sem esse tempo psicológico criado pelo pensamento, que dá formação a esse experimentador para viver o medo – tem ele e o medo. Está claro isso?
Nosso trabalho aqui consiste em olhar, em investigar, em observar, em se tornar ciente de tudo isso, de como aparece isso, como isso surge. Fazemos o uso da fala e, assim, temos que fazer uso de expressões e palavras como “medo”, “ansiedade”, “angústia”, mas reparem, isso não tem relevância. O que tem relevância é a descoberta desse Natural Estado livre de todos esses estados conflituosos, de sofrimento, de complicações emocionais, de dor psicológica, de sofrimento psicológico.
Então, o nosso trabalho aqui é nos tornarmos cientes da Verdade deste Ser que somos, que é Amor, que é Liberdade, que é Felicidade. Se Isso está presente, não há mais problemas, não há mais sofrimento, não há mais o medo, e isso é a resposta para o Amor, isso é a Real Resposta para a Felicidade, a Real Resposta para a Verdade de que Deus está Presente.
Para esse propósito nós temos encontros aqui on-line nos finais de semana. Você tem aqui na descrição do vídeo o nosso link do WhatsApp para participar desses encontros que acontecem sempre nos finais de semana. Além disso, temos encontros presenciais e temos retiros. Se isso é algo que faz sentido para você, já deixe aqui seu like, se inscreva no canal e coloque aqui nos comentários: “Sim, faz sentido”, ok? E até a próxima!