Esse aqui é um dos assuntos mais importantes na vida para termos uma compreensão direta dele. Eu tenho explicado para vocês isso aqui, que há uma diferença – e é só você observar de perto e você vai ver – entre entender um dado assunto ou ter uma compreensão direta dele. A compreensão direta requer uma vivência experimental do que aquilo significa, do que aquilo representa.
Você pode ter lido muito já sobre Iluminação Espiritual, e até ter certas ideias sobre isso ou já ter passado por algumas experiências místicas, espirituais, psicológicas, emocionais e atribuir isso à Iluminação Espiritual. Aqui estamos lhe convidando a investigar o real significado disso. Então, há uma diferença entre intelectualmente acreditar em algo, conhecer algo ou saber alguma coisa e ter uma compreensão real daquilo. Compreensão é ciência da verdade sobre aquilo.
Você pode passar anos estudando um determinado assunto e se tornar alguém realmente especialista, do ponto de vista intelectual, verbal, argumentativo, persuasivo, conhecedor profundo da teoria, do conceito, de como colocar aquilo em palavras, explicar para outros, dar lições, ensinar e esclarecer, e tudo que você pode comunicar a partir de uma visão conhecedora nesse nível, sem uma direta compreensão daquilo, são teorias.
Por exemplo: você estudou as leis da aerodinâmica. Estudando aviação, você sabe como um avião se sustenta no ar. Então você entende claramente essa questão da importância das asas, do ar que passa sobre as asas, você entende bem isso, mas nenhum conhecimento de aerodinâmica ou teórica a respeito dessa ciência de voar faz de você um piloto. Isso requer mais do que conhecimento intelectual, verbal, teórico. Isso requer a verdade, que é compreensão nessa área. Um piloto é aquele que tem compreensão; ele não tem um saber teórico, ele tem uma compreensão direta, vivencial.
Então, há diferença entre alguém que sabe vivencialmente ou experimentalmente algo e alguém que sabe intelectualmente ou teoricamente algo. Essa é a diferença. Um cozinheiro sabe cozinhar; alguém que tem um livro de receitas sabe explicar, ele sabe tudo o que precisa saber intelectualmente sobre como fazer um bolo, mas ele nunca fez. Ele sabe porque tem a receita, ele sabe porque já tem os ingredientes, mas ele não fez. Ele, de fato, não sabe, então não há compreensão.
A realidade da Sabedoria Divina é a vivência do seu Ser nesse instante. Você pode estudar teologia, filosofia, psicologia, antropologia, medicina, culinária, mecânica de aviação, engenharia de voo. Você pode ter toda a teoria, mas isso não faz de você um profissional naquela área, dentro daquela visão.
Aqui estamos nos aproximando com você da verdade de como alcançar a Iluminação Espiritual. Então, número um: temos que eliminar esse conceito, essa ideia, essa teoria, de que Iluminação é algo a ser alcançado, algo para ser obtido, realizado, e que existe um “como” para que isso se processe. Não existe um “como”, não existe uma fórmula, uma técnica, um método, uma maneira para essa Realização.
Número dois: não existe o tempo envolvido nesse processo do Florescer de sua Natureza Divina, que é a Realidade do seu Ser, porque esta Realidade está aqui, nesse instante, nesse momento. Portanto, não é algo no tempo. Não é algo no tempo, naturalmente, não é algo que se alcança, porque não está em algum lugar. Essa distância entre “aqui e lá” não existe, porque não existe esse “lá”, não há distância. Não há distância, então não há tempo.
A verdade da Revelação do seu Ser nesse instante, d’Aquilo que é Você quando esse “mim”, esse “eu”, esse sentido do alguém não está mais presente, desse você como você se vê não está mais presente. Esse aqui é um dos pontos fundamentais nessa compreensão. Veja, nessa compreensão, não nesse entendimento. Você entende tudo isso e, mesmo assim, continua sem essa compreensão.
A maior prova disso é que passamos uma vida inteira lendo, estudando e envolvidos em técnicas e práticas, por exemplo, de meditação. Acreditamos que a meditação irá nos dar a Iluminação. E aquilo que praticamos com meditação ainda está dentro desse modelo de formação meramente de entendimento que temos sobre meditação. Portanto, não sabemos nem o que é Iluminação Espiritual, nem o que é Meditação.
Quando as pessoas perguntam como meditar pela primeira vez, notem, elas idealizam, pensam, acreditam num projeto, num modelo, numa prática, em algo que elas precisam fazer. Querem descobrir isso, como se faz pela primeira vez, porque o entendimento geral é que quando você sabe a primeira, você tem facilidade para fazer na segunda, na terceira e na quarta.
Reparem, isso tem a ver com uma visão de entendimento, de conceito, de teoria, porque a verdade da compreensão da Meditação nos mostra que não estamos lidando com algo no tempo, portanto, também não se trata de algo que você realiza no tempo. Não há você presente quando a Meditação está presente, e ela está presente nesse instante, exatamente quando aprendemos a eliminar o tempo.
O Despertar Espiritual, a Iluminação Espiritual, a Realização deste Ser – o nome que você queira dar para Isso – e, também, a Meditação, a Verdade do Florescer desse Silêncio, d’Aquilo que é indescritível e inominável, é a Presença da Realidade Divina, que se revela quando há essa presença da Meditação. Quando ela está presente, isso não é algo que se faz, que se realiza ou que se alcança no tempo.
Aqui nós precisamos nos aproximar da Verdade da Meditação nesse instante, assim como do Despertar Espiritual nesse instante. Uma aproximação da Verdade sobre Isso requer, antes de tudo, a compreensão daquilo que está presente aqui, neste momento. Temos que aprender a lidar com o que é, aqui.
A vida inteira nós passamos em idealismos, em projetos, na ideia do alcançar alguma coisa. Então estamos sempre transferindo para depois, e é sempre esse elemento, que é o “eu”, tendo essa ideia de tempo para alcançar alguma coisa ou para fazer alguma coisa: alcançar a Iluminação um dia ou realizar, fazer a prática da meditação.
Aqui, olhar para aquilo que aqui está presente, o que é que você tem sobre quem você é nesse instante, esse é o fator mais importante. Olhar para o que é, sem colocar esse tempo sobre o que deveria ser, sobre como poderia ser, mas ficar com o que é, o que nós temos sobre quem nós somos, aqui e agora. É aqui que está a chave para a Meditação e, naturalmente, para o Florescer desse Natural Estado, que alguns chamam de iluminação espiritual.
Então, o que é que nós temos aqui e agora, nesse sentido do “eu”, desse “mim”, dessa “pessoa”? O medo, a inveja, a ambição, algum nível de insatisfação com um nome específico, como ansiedade, a dor da solidão. O que é que nós temos aqui, nesse instante, nesse sentido do “eu”? Violência, ciúme, inveja, raiva.
As pessoas querem lidar com esses estados internos aplicando para elas mesmas, se envolvendo elas próprias em uma técnica qualquer, chamada de meditação, para terem um alívio temporário dessa condição psicológica que está presente aqui, nesse instante. Então as pessoas vão em busca dessa, assim chamada, meditação como elas entendem aí fora, sem compreender a Verdade da Meditação. Por ter um mero entendimento teórico, conceitual do que isso representa, elas têm transformado a Meditação numa ideia de uma técnica.
As pessoas criaram técnicas que são, na realidade, os truques psicológicos para lidar com o que está aqui. O que é que está aqui? É ansiedade, é depressão, é medo, é angústia. Esse é mais um expediente ou um mecanismo como qualquer outro. Eu me refiro à meditação como uma técnica ou uma prática, algo que o pensamento tem idealizado e projetado para executar, que o pensamento chama de meditação. Temos nos utilizado desses recursos para, temporariamente, escaparmos daquilo que aqui está.
Reparem o que estamos fazendo. Isso não é Meditação! Essa é uma meditação terapêutica. Isso pode ajudar, pode aliviar, é uma forma que o pensamento, que idealizou essa técnica, lidar com aquilo que ele mesmo, que é o pensamento, está produzindo. Porque essas condições psicológicas em nós, reparem, são condições que o pensamento está produzindo.
O pensamento cria o problema do medo, da angústia, da preocupação, da ansiedade, da depressão, da autoimagem, da baixa autoestima, da rejeição, da inveja. O pensamento cria o problema e ele vai em busca de uma solução, e ele idealiza uma técnica, chamada de meditação. Isso ajuda, sim; ajuda o ser humano a continuar sempre escapando temporariamente da dor que esse “eu”, esse “mim”, esse ego representa.
Aqui, quando colocamos a beleza da Verdade da Meditação, estamos dizendo para você que a base real para a Revelação da Meditação está no Autoconhecimento. E só há Autoconhecimento quando você aprende a olhar para aquilo que está aqui sem fugir, quando descobre o que é a ciência desse olhar sem o observador, desse perceber sem o percebedor, um contato direto com o momento presente sem fugir do que quer que se mostre, do que quer que se apresente aqui. Tudo isso é parte desse “eu”, algo que vem do passado, que precisa ser constatado sem qualquer movimento de escape ou de fuga.
Assim, nós temos a base, que é a auto-observação, que é colocarmos uma atenção sobre esse estado que está aqui, nesse momento, onde não existe a ideia de rejeitar, de comparar, de tentar se livrar ou fazer qualquer coisa com o que se apresenta. Apenas olhar, sem esse julgamento, sem essa avaliação, sem essa intenção, porque tudo isso vem do observador, do pensador, desse “eu” quando se depara com o estado que o próprio pensamento está trazendo. Então, veja: essa é a base para a Verdade da Meditação se revelar nesse instante.
Assim, a base para a revelação da Meditação nesse instante é o Autoconhecimento de si mesmo, daquilo que está aqui presente. Então estamos, nesse momento, na Meditação, na aproximação da Verdade da Meditação pela primeira vez. Não há qualquer técnica. É olhar, descobrir o que é olhar sem esse passado, sem esse fundo, sem esse “eu” para isso que se apresenta aqui, para essa experiência que surge nesse momento. Olhar sem essa separação, sem essa divisão. Então, aqui temos, sim, a Verdade da chave para o Despertar da Consciência, da Iluminação Espiritual, e tudo isso é parte de uma ação Divina, que é a ação da Graça.