Nós podemos romper com tudo aquilo que o pensamento representa em nossas vidas. Eu me refiro a esse padrão de pensamento que se move produzindo conflitos, produzindo problemas. As pessoas vivem com diversos problemas. Nós, seres humanos, estamos carregados de problemas na vida. Esses problemas se situam na condição psicológica em que nós nos encontramos. Essa condição está presente porque não sabemos lidar com os pensamentos.
As pessoas querem se ver livres da ansiedade e depressão, por exemplo, mas a presença desses quadros diversos, dessas patologias que o ser humano carrega psicologicamente, é algo que está presente e é muito íntimo desse padrão, desse modelo de pensar que nós temos, que nós conhecemos. Então, ter um olhar direto para esse movimento, que é o movimento do pensamento, como ele funciona, e se livrar disso, é tudo que nós precisamos.
Aqui nós estamos dizendo a você que a mente como nós conhecemos, com a qual estamos lidando todos os dias, é a mente dentro de um padrão condicionado. Assim, psicologicamente, estamos programados para um modelo de vida norteado, orientado pelo pensamento; por esse pensamento que nos joga dentro desse formato, onde nos sentimos como pessoas vivendo em relações, vivendo em relacionamentos.
A verdade é que esse sentido de pessoa que temos não é real. A vida está acontecendo, mas o sentido de pessoa é uma aparição em razão desse padrão de pensamento que recebemos da cultura, da história humana. Esse sentimento de ser alguém separado e, naturalmente, especial, porque é assim que o ego, o “eu”, esse “mim” se posiciona na vida, é algo artificial, não é natural.
A relação com o momento presente é a relação com a vida, mas é a vida na vida. Não existe esse “eu” na vida, essa pessoa na existência, essa personalidade nos relacionamentos. É o pensamento que tem forjado isso, tem criado isso, sustentado isso. Então, como pessoas, como personalidades, com esse “eu”, vivendo nele, estamos vivendo estados conflituosos, aflitivos, de problemas e sofrimento.
Aqui estamos trabalhando isso com você, lhe dizendo que o seu Natural Estado de Ser não é esse. O seu Natural Estado é o estado livre dessa separação entre você e a vida, entre você e o outro, entre você e um pensamento que surge, um sentimento que aparece, uma emoção que desponta em razão de uma resposta nesse instante.
Quando o cérebro reage a qualquer momento, a qualquer evento, situação, acontecimento, a qualquer desafio, isso surge, isso aparece, mas não tem alguém dentro dessa experiência cerebral. É só o cérebro em função, é só o cérebro em operação, é só esse mecanismo, esse corpo e mente em expressão na vida, sem separação.
É o pensamento que tem produzido em você esse sentido de separação. E quando ele produz isso, esse sentimento do “eu”, dessa personalidade, dessa pessoa, está em apuros, está tendo problemas. Quando uma pessoa lhe ofende, lhe magoa, lhe entristece, veja, a tristeza está presente, a mágoa está presente, a raiva está presente, a frustração está presente. Isso se estabelece como regra e norma de existência em razão da presença do “eu”, do ego.
O que está ocorrendo nesse instante é que existe a ideia de alguém presente, especial, que se vê especial e separado daquilo que acontece, sendo alguém vitimado do que ocorre, do que acontece. Essa separação alimenta a ideia de alguém que não é parte do que ocorre, que não é parte do que acontece, que não é parte da vida. Então aqui está o conflito que esse modelo de dualidade estabelece.
Repare que tudo isso se processa de uma forma inconsciente, mecânica, de total insciência de todo esse processo para todos nós. Estamos apenas reagindo, respondendo. Repare, uma reação mecânica, inconsciente, que se estabelece em um modelo de tradição, de cultura humana. Então, essa sensação de separação, de identidade, de alguém, que é esse “mim”, é inconsciência.
Quando chamam você pelo nome, estão chamando quem pelo nome? Estão chamando uma ideia: a ideia que você tem sobre quem você é. Você tem uma imagem sobre você, um quadro mental, uma fotografia psicológica da pessoa, naturalmente, especial que você é.
O interessante aqui é essa questão também do especial. Não percebemos o quanto somos especiais para mais ou para menos. Podemos ser para menos – é muito comum esse sentimento de ser especial para menos. Quando alguém se sente em baixa autoestima, ele é especial para menos. Ele se vê diferenciado de todos, nesse sentimento de baixa autoestima. E alguns se sentem especiais para mais, nesse sentimento de alta autoestima.
Então, é típico da mente do “eu”, da mente egoica, da consciência egoica, estar inconsciente, reagindo a tudo que acontece dentro desse formato de autoimagem, onde nos sentimos especiais para menos ou para mais. Uma vez livres do ego, do “eu”, não existe mais ansiedade, depressão, tédio, a dor da solidão, a culpa, o medo – o medo em suas diversas formas de expressões.
Nós aqui estamos vendo com você o fim dessa psicológica condição da autoimagem, da ideia do “eu”, desse “mim”. São inúmeros os estados psicológicos para a pessoa. Aqui estamos tocando em apenas alguns aspectos, mas aqui no blog temos centenas de textos aprofundando isso com você e colocando também outros aspectos, no entanto, todos eles estão centrados na autoimagem, estão dentro desse centro, se assentando nesse particular mundo do “eu”, do ego, dessa consciência egoica.
É interessante dizermos aqui também para você isso: nós usamos a expressão “consciência” como se, de fato, tivéssemos qualquer consciência. Veja, todo o nosso padrão de comportamento é nessa autoimagem, que é a imagem que o “eu” tem, que ele faz de si próprio – é assim que o cérebro em nós tem funcionado, está funcionando dentro dessa inconsciência –, e aquilo que nós temos chamado de consciência é a consciência do “eu”.
Falamos de uma individual consciência. Repare, o que temos é uma particular consciência egoica, uma consciência que, como acabamos de ver, está se movendo dentro de um padrão de repetição e continuidade reativa de inconsciência, e por isso sofre. Descobrir todo esse movimento do “eu”, do ego, desse “mim”, que é o movimento do pensamento, que está sempre reagindo ao momento presente a partir dessa autoimagem, a ciência disso é o fim para essa condição. Então, sim, é possível a verdade da Revelação da real Consciência.
Essa consciência, assim chamada, individual, ou a consciência da pessoa, não é consciência. O que temos presente é esse padrão ou modelo de consciência humana, onde está presente tudo isso que está presente em todos, essa inconsciência comum. É aqui que se situa em cada um de nós, já por trinta, quarenta ou cinquenta anos, aquilo que está na humanidade há milênios: a inveja, o ciúme, o medo, a raiva, a angústia, a dor da solidão, o tédio. E, agora, essa, assim chamada, ansiedade ou depressão – e a cada dia um novo nome surge para esses estados internos psicológicos de inconsciência nesse “eu”.
A realidade é que esse “eu” não é real. A verdade é que esse “eu” não tem verdade alguma nele. É o sentimento de ser, é o pensamento de ser, é a sensação de ser. E como surge esse sentimento? E como surge essa sensação? E como surge essa percepção? Pelo pensamento. O pensamento coloca a ideia de alguém na sensação, de alguém na percepção, de alguém presente dentro da experiência, dentro do que surge, dentro do que acontece
Um pensamento surge, é um pensamento surgindo. Eu pergunto o seu nome e você me dá a resposta. Essa resposta é o cérebro que a encontrou. Ele foi estimulado, ele recebeu um gatilho, um estímulo e trouxe a resposta. Ele buscou a informação e apresentou a informação. Essa ideia de alguém presente nesse movimento cerebral, responsável por isso, é uma ilusão. Esse ato volitivo ou voluntário é um ato automático, mecânico, que não requer a presença de uma consciência pessoal para fazer e, no entanto, estamos colocando uma consciência pessoal na ideia de uma resposta.
Qual é o seu nome? O nome é dito. O cérebro encontrou a resposta. A resposta está sendo proferida pela fala. A ideia por detrás é que existe alguém responsável por isso. Veja, nós fomos educados para crer nisso, para ter certeza absoluta disso, de uma individualidade separada, única, especial, presente, que tem um nome. Isso é uma resposta de memória, de lembrança, de história, de recordação.
Se eu lhe faço uma pergunta e não há informação, memória, registro, aí, você não tem resposta. Você não tem resposta porque o cérebro não pode responder a algo que ele desconhece, que ele não tem, que ele não pode acessar.
Reparem, é muito importante nós termos essa compreensão, porque o sentido de alguém presente se estabelece exatamente no pensamento, quando um sentimento está presente, quando uma emoção está presente, quando uma sensação está presente. Mas a sensação, o pensamento ou o sentimento é uma resposta desse mecanismo biológico desse corpo, mente, a um dado estímulo.
A ideia de ser alguém não define absolutamente nada, mas nós carregamos essa sensação, a sensação de ser o pensador dos pensamentos, o observador das coisas que observa, de ser aquele que escuta o som que está presente. Qual será a verdade sobre isso? Está aqui, de uma forma muito clara: só há o que acontece, e nisso que acontece, e nisso que surge nesse instante, como ação e reação, não existe esse elemento presente, que se vê separado da vida, no controle dela, que pode julgar, avaliar, comparar, resolver, solucionar situações.
Veja, situações surgem e encontram soluções. O que quer que aconteça, acontece e encontra um caminho para o fim disso. Tudo que aparece, desaparece. Tudo que surge, chega um momento que não está mais. É a vida acontecendo.
No entanto, estamos alimentando o sentido de alguém presente, que carrega esse fundo ilusório de pessoa que gosta ou não gosta. que aceita ou rejeita, que quer mais ou não quer, ou quer menos. Então se estabelece o sentido de egoidentidade, da identidade de um centro em torno do qual a vida precisa acontecer do jeito que ele espera, do jeito que ele deseja.
O pensamento criou a ilusão de uma identidade presente, que é o pensador, que se sente responsável pelo pensamento. Mas não é assim! Só há o pensamento como uma reação. O pensador surge, alguns segundos depois, para dizer: “eu não pode continuar pensando assim, isso está errado”.
O pensador tem estabelecido essa ilusória identidade especial que se sente em baixa autoestima ou que se sente em alta em sua autoestima. Então, essa identidade é a identidade do “eu”, dessa autoimagem, é a ilusão de alguém. Esse alguém carrega ansiedade. carrega depressão. Aqui estamos lhe mostrando a beleza do fim para essa ilusória identidade.
Assim, ter um olhar direto para o Autoconhecimento é eliminar esse movimento, que é o movimento do pensador, do experimentador, do observador. Estamos trabalhando isso aqui juntos quando terminamos com essa noção de tempo psicológico. Então, assim, nós temos um encontro com a verdade daquilo que somos quando existe o fim para esse sofrimento psíquico, quando temos o fim para essa ilusão dessa consciência ilusória, dessa consciência, assim chamada, individual, para a ciência daquilo que somos.