Repare essa pergunta: “Como é que você vê essa questão dos sintomas da depressão bipolar?” Veja, essa é uma pergunta, mas recebemos perguntas que são diferentes, como por exemplo: “Como ter uma aproximação disso que você nos diz? Como alcançar a Iluminação Espiritual?”
Então, reparem: nós estamos vivendo, como seres humanos, na procura ou na busca de alguma coisa. Há um nível de insatisfação, de incompletude, de sofrimento presente em cada um de nós. Nós queremos encontrar respostas para esses problemas que temos.
Existem aqueles que acreditam, também, que podem encontrar respostas para isso fazendo reflexões. Eles querem refletir, por exemplo, sobre o autoconhecimento. Na ideia deles, a solução para os problemas deve existir no nível das reflexões. O fato é que o ser humano está sobrecarregado de problemas. E nessa insatisfação, nessa condição de insuficiência, de inadequação, nós estamos sofrendo. Aqui, a nossa ênfase com você é lhe mostrar que, sim, existe uma resposta para tudo isso.
O ser humano vem há milênios vivendo dentro de uma condição de desordem: desordem emocional, desordem física, desordem psicológica, desordem financeira, desordem familiar, desordem na relação, dentro de um contato com outras pessoas, em uma comunidade. Então, tudo que nós temos e estamos vivendo está sempre sendo desfigurado ou recebendo esse toque de desfiguração, em razão exatamente de quê?
Vamos investigar isso aqui com você. Em razão da presença de um modelo psicológico de ser, que tem norteado a vida do ser humano há milênios. E nós temos passado isso de geração a geração. Recebemos da geração passada, que recebeu da anterior, que recebeu daquela que chegou antes, e assim tem sido nossa vida, assim tem sido nossa história.
Qual será a resposta para tudo isso? Como realmente eliminar de nossas vidas esses estados internos de sofrimento como, por exemplo, esses sintomas da depressão bipolar? Mas temos, também, presente a ansiedade, esse estado de tédio, de aborrecimento com a vida, com o outro, com nós mesmos. Primeiro temos que perceber qual é a raiz de tudo isso, qual é a origem de tudo isso.
A origem disso, a raiz disso é esse sentido de separação entre você e a vida, entre você e a Verdade presente aqui, neste momento. Há uma Verdade presente aqui, neste momento, mas existe esse você se separando dessa Verdade; se separando em razão da presença desse movimento psicológico de existir, de ser alguém. O nosso trabalho aqui consiste em tomarmos ciência da Realidade da vida.
A Verdade da vida, a Realidade da vida, nela não existe esse centro. Sim, esse centro que vê, a partir dele, o mundo separado dele próprio. Esse centro que se vê como base de todas as experiências acontecendo. Eu me refiro ao “eu”, ao ego, a esse “mim”. Não há espaço na vida para esse “mim”, para esse “eu”. Estudar a estrutura, a natureza e o movimento desse “mim”, desse “eu”, desse ego, é tomar ciência da raiz de todo esse problema que o ser humano vive.
Eu tenho algo para dizer aqui para você que tem esse quadro, até diagnosticado já, ou qualquer um outro quadro psicológico de sofrimento presente: esse sofrimento psicológico, interno, que se mostra na vida como algo muito doloroso, isso termina quando você toma ciência da Realidade do seu Ser, que é a Realidade de Deus. Essa é a sua Natureza Verdadeira, Isso é o que, verdadeiramente, Você é. Então não tem você e a vida, não tem você e Deus, não tem você e o outro.
Esse movimento interno que norteia a nossa vida há milênios, produzindo em nossa existência condições de sofrimento, condições de conflito, condições de medo, condições de desordem, está presente porque não compreendemos a Verdade sobre quem nós somos, não estamos vivendo a Verdade do nosso Ser.
O ponto é que não podemos nos aproximar disso fazendo reflexões sobre o autoconhecimento. Só podemos nos aproximar disso pela ciência do Autoconhecimento na prática. A importância do Autoconhecimento é que, quando há Autoconhecimento, temos uma aproximação da Realidade da vida e uma anulação da ilusão desse “eu”. Esse “eu” se sustenta em nós em razão da ignorância e ele se separa criando essa dualidade.
Os antigos sábios da Índia chamavam Advaita a cura definitiva para essa condição de dualidade, de separação. Advaita significa “o Primeiro sem o segundo”. No momento que você descobre como lidar com a experiência sem o experimentador, lidar com a observação sem alguém observando, lidar com a audição sem alguém ouvindo, lidar com o sentir sem alguém se sentindo, lidar com o momento presente sem alguém nessa ilusão de estar presente, temos o fim da dualidade, o fim da separação, a presença da Advaita, da Realidade do Primeiro sem o segundo.
Portanto, a cura definitiva é o fim daquele que é o paciente, que é aquele que está doente. O sentido do “eu” presente é o sentido da própria doença. Ele se vê como uma entidade separada, no tempo e no espaço, de tudo à sua volta, sendo o centro de suas próprias experiências – naturalmente, particulares e egocêntricas. E é isso que sustenta esses estados internos de infelicidade presentes no ser humano.
Nós precisamos ter uma aproximação do Autoconhecimento. Precisamos ter o fim para a ilusão desse “eu”, desse ego, desse “mim” presente, precisamos ter a ciência da não dualidade, da Advaita. A visão clara dessa Verdade é Iluminação Espiritual. Então, repare: “Como alcançar a Iluminação Espiritual?” Tomando ciência dessa condição psicológica de ser alguém, tomando ciência da ilusão desse “eu” separado, desse “eu” que se vê separado daquilo que está aqui e agora, neste momento.
Tudo o que temos neste momento é a vida acontecendo. Os pensamentos acontecem, os sentimentos acontecem, as sensações, as percepções, o lidar com aquilo que acontece: a fala, o ouvir, o experimentar, o sentir. Notem: isso é uma vida como ela é, como ela acontece. Não há ninguém presente, não existe esse “eu”. Isso está dentro desse modelo de imaginação, nesse imaginário mundo que o pensamento constrói e coloca uma identidade dentro desse mundo, que é o pensador.
A Verdade da aproximação da Iluminação, do Despertar da Consciência, não vem por um processo do tempo. Então, não se trata de um plano, um programa, um modelo, uma fórmula para, no futuro, realizar Isso. O Despertar da Consciência, a Verdade deste Ser, essa Realidade dessa vida como acontece, está agora, aqui. Então, a ideia do alcançar, como alcançar, pressupõe tempo, futuro, movimento, pressupõe a presença do vir a ser. Esse movimento é um movimento do pensamento, um movimento da imaginação, nesse sonho de obter tal coisa chamada iluminação.
Reparem como isso é bem mais simples. O pensamento está complicando toda essa coisa. Nós queremos nos livrar do sofrimento, queremos nos livrar desses quadros que produzem sofrimento em nossas vidas e queremos alcançar essa coisa chamada iluminação. Então, para nós, alcançar essa coisa chamada iluminação representa nos livrarmos dessa condição psicológica de sofrimento, de ansiedade, medo, sintomas de depressão bipolar e tudo mais.
Aqui, tomar ciência do movimento do “eu”, do ego, desse “mim”, nesse instante, ter uma aproximação direta da Verdade do Autoconhecimento, agora, aqui, sem qualquer ideia, conceito, crença ou reflexão sobre isso, mas diretamente, é um trabalho que se faz necessário agora, aqui. É sempre aqui, nesse momento, a percepção de todo esse processo de separação, de divisão, onde o “eu” está presente querendo alterar, mudar, fazer algo com aquilo que está aqui.
Então, estamos sempre afirmando uma entidade separada no tempo e no espaço; no tempo para alcançar algo no futuro e nesse momento presente, nesse espaço onde existe esse “eu” e o não “eu”. Aqui nós temos diversos textos aprofundando isso com você, como trabalhar o fim dessa dualidade para a Revelação deste Ser, aqui e agora.
Então, a Iluminação ou Despertar está agora, aqui. Há algo que ocorre nesse corpo e nessa mente que torna possível essa visão de Realidade. Então, esse é o nosso propósito juntos. Quando aprendemos a olhar, a perceber, a tomar ciência do que está aqui, sem se separar disso, nos aproximamos dessa Revelação, da Revelação deste Ser, que não conhece a separação, que não conhece a dualidade e, portanto, não existe essa separação, não existe essa dualidade, não existe esse nível de dor, de insatisfação e sofrimento presentes nesse “eu”, nesse ego.
Repare, o que estamos dizendo é que todo sofrimento dentro do ser humano está presente em razão da ignorância. Nós ignoramos a Verdade d’Aquilo que realmente somos, porque estamos vivemos numa identidade ilusória, que se assenta num modelo de condicionamento de cultura. Por isso estamos sofrendo, por isso temos problemas.
Não estamos vivendo a Realidade que nascemos para viver, porque nossa mente e o nosso coração estão inteiramente impregnados por uma condição psicológica de existência, de condicionamento, de cultura humana. Estamos envolvidos dentro desse autocentramento, nesse modelo de ser alguém, na tentativa de obter algo do mundo, da vida, enquanto que a Realidade está aqui, como sendo a própria vida do nosso Ser, completa, sem essa separação. Aprofundar isso requer uma aproximação direta deste trabalho.