Aqui, quando nós abordamos com você a questão do Despertar da Consciência, estamos enfocando a beleza desta Consciência Espiritual. Assim, na verdade, o assunto aqui é o Despertar da Consciência Espiritual.
Aqui nós estamos lhe apresentando uma nova abordagem a respeito disso. Eu digo nova no sentido de que é algo bem diferente daquilo que, tradicionalmente, as pessoas entendem por despertar espiritual ou despertar da consciência. Nossa abordagem é sobre esse Despertar Espiritual, sobre esse Despertar da Consciência.
Assim, aquilo que nós chamamos aqui de Consciência Espiritual é algo bem diferente do que a maioria das pessoas colocam como sendo essa verdade desse Florescer. Aqui estamos tratando com você do florescer de seu Ser, do florescer de sua Natureza Divina, de sua Natureza Essencial.
Nós precisamos ter uma ciência, nesta vida, daquilo que nós somos, nesse contexto daquilo que a vida representa. Assim, uma aproximação da Realidade Divina é uma tomada de ciência, de sua Natureza Essencial. É nesse sentido que nós colocamos aqui essas expressões.
Só há uma forma direta para esta aproximação. O sábio de Arunachala, chamado Ramana Maharshi, chamava de atma vichara o caminho direto. Atma vichara significa a ciência da auto-observação: tomar ciência do “eu”. Nós estamos sempre dentro de um movimento, como pessoas, que nasce do pensamento. A formação desse “eu” é a formação dada pelo pensamento.
A aproximação direta para o despertar de sua Natureza Essencial representa o fim dessa ilusão, que é a ilusão desse “eu”, desse modelo de ser alguém, se posicionando na vida, na ilusão do controle da experiência. Uma aproximação direta disso requer um estudar a nós mesmos, uma percepção clara de todo esse movimento interno que se processa dentro de cada um de nós.
Aqui estamos tendo juntos uma aproximação dentro dessa direção. Então, aqui valorizamos muito a importância do Autoconhecimento, porque sem a base do Autoconhecimento, nós não temos a menor chance para esse Despertar Espiritual, para esse Florescer Divino.
Parte do Autoconhecimento é a arte da observação do movimento do “eu”. Essa observação desse movimento é a atma vichara. Então, isso é algo íntimo da verdade sobre a Meditação. Quando há Autoconhecimento, nós temos uma aproximação da atma vichara, da auto-observação. E a auto-observação é aquilo que lhe mostra o que a Meditação representa, nesse instante.
Aqui, quando usamos a expressão Meditação, mais uma vez, estamos colocando também dentro de um sentido diferente daquele que, em geral, as pessoas conhecem, da qual fazem uso. Elas usam a expressão “meditação” com um sentido diverso desse que estamos colocando aqui.
Aqui estamos colocando Meditação como a habilidade ou a arte de tomar ciência de todo e qualquer movimento desse “eu”. Movimento que, por sinal, nasce do pensamento e vem do passado. Então, nós temos que investigar todos esses aspectos ligados a essa identidade, a essa pessoa como nós nos vemos na vida.
A pessoa sempre está em relação – numa relação com pessoas, com objetos, com ideias, com situações, com circunstâncias. Nós não sabemos o que é essa pessoa e como ela se move dentro dessas relações. Sem a base, que é o conhecimento disso, nós não temos uma aproximação verdadeira da Meditação.
Então, reparem o que estamos colocando aqui para vocês. Não usamos o termo “Meditação” como é tratado ou abordado, a partir de uma técnica, como, por exemplo, na meditação yoga, na meditação zen ou na meditação vipassana. Nós estamos usando aqui a expressão “Meditação” no sentido da observação do movimento do pensamento, algo muito simples e direto.
Na verdade, é algo muito intuitivo. E vamos colocar aqui a expressão “intuição” não no sentido como, em geral, usamos, para esse lado místico, esotérico ou, assim chamado, espiritual. Mas, sim, no sentido de que ela carrega uma simplicidade de aproximação que, na verdade, desde criança temos tido acesso à Meditação, mesmo sem ter ciência da simplicidade que ela representa.
Qualquer contato que você tenha com um momento novo, por exemplo, cria um impacto no seu cérebro que ele, temporariamente, por alguns segundos – quando você se depara com um lugar novo, carregado de uma beleza bem simples e natural –, em alguns momentos, nesse contato, seu cérebro é como que impactado por um instante de Silêncio.
E, nesse instante, ele é esvaziado do seu conteúdo tradicional, de memória, de recordações, de lembranças, algo que vem do passado. E, nesse instante, você é tomado por um Silêncio, sem qualquer esforço, sem qualquer intenção ou volição da sua parte. Isso acontece.
Então, desde criança, nós sabemos o que é ter um contato com um instante de Silêncio, quando brincávamos, quando corríamos, quando estávamos em alguma tarefa, onde uma intenção livre de esforço estava presente. Era só um momento de atenção naquele instante, de profundo interesse, sem qualquer esforço. E, de repente, nós nos vimos como que tomados por um momento de Silêncio.
Então, esse contato com a Meditação, é nesse sentido que nós colocamos que é algo intuitivo. Quando você vai para uma praia, para uma montanha, fazer trilha ou quando você aprecia nadar, nesse instante, algo acontece nesse cérebro.
O impacto desse momento, nesse contato com o silêncio da natureza, com a amplidão do espaço quando você olha a partir de uma montanha, um vale lá embaixo, o contato com a água enquanto você nada, há algo presente nesse instante que esvazia por completo todo esse conteúdo psicológico, que é o conteúdo do “eu” do ego.
Nesse instante você está presente, mas é uma presença onde o sentido do “eu” não está. Essa é a presença da Meditação. Isso dura alguns segundos, depois o pensamento vem buscar a memória disso e diz: “olha que lugar bonito, mas que momento maravilhoso”. Já é a memória falando, porque no instante que acontece, isso não surge.
Então, aqui abordamos com você a questão da vivência dessa arte do Autoconhecimento, que lhe aproxima da verdadeira Meditação, da Real Meditação. Estamos falando desta Meditação. Então, estamos diante de algo simples, direto. É nesse sentido que nós usamos aqui a palavra “intuitivo”. E podemos colocar essa palavra no sentido, também, de que é algo inerente àquilo que você já é, aqui e agora.
As pessoas estão se voltando para todo tipo de prática na tentativa de ter acesso a esse contato com algo fora da mente egoica. Então, elas procuram um lugar reservado, se sentam, cruzam as pernas, praticam uma técnica de respiração, de concentração, tentam afastar os pensamentos ou repetem uma frase ou um mantra, mas, reparem, tudo isso é tão, tão artificial, é algo técnico.
Podemos descobrir aqui, nesse instante, podemos ter um contato aqui, nesse momento, com a presença deste Ser, que é a Realidade Divina que trazemos, como acontece na beira de uma praia, numa montanha ou fazendo caminhada numa trilha. Eu digo no dia a dia, nos assuntos mais corriqueiros, mais triviais, nesse contato com a profissão, com a família, com os colegas de trabalho, no trabalho, no consultório, na oficina, dirigindo o carro ou na cozinha, fazendo arroz ou preparando um bolo.
Podemos tomar ciência dessa Realidade deste Ser que somos aqui e agora. É nesse sentido que estamos colocando aqui a verdade da Meditação. Nós temos um propósito aqui, que é apresentar a verdade daquilo que você é, de uma forma muito direta, simples, objetiva, sem qualquer técnica, sistema ou prática, sem qualquer necessidade de apoio em escrituras – que apenas nos dão uma formação meramente intelectual ou verbal da necessidade de uma vida Divina, de uma vida religiosa, de uma vida real, de um contato real com a Graça, com Deus.
Podemos ter essa Realidade desse contato dispensando tudo isso, descobrindo de uma forma direta, pelo Autoconhecimento, pela verdade da Meditação, como ter um esvaziamento de todo esse conteúdo que tem dado formação a esse centro, a esse “mim”, a esse ego. Aqui estamos lhe apresentando a possibilidade do Despertar da Consciência Espiritual, que não é outra coisa senão o seu próprio Ser. Toda essa linguagem é uma linguagem ainda um tanto espiritualista ou religiosa.
Mas veja, estamos lidando aqui com algo muito simples, muito direto, aquilo que somos quando aquilo que parecemos ser, que demonstramos ser, que posicionamos em ser, quando há um movimento egocêntrico de vida do “eu”, do ego, não está. Quando isso não está, aquilo que verdadeiramente somos, fora do ego, fora do “eu”, fora desse velho movimento, autocentrado, pensando, agindo, falando, buscando esse próprio autointeresse nesses contatos de relacionamentos.
Assim têm sido nossas vidas. Assim têm sido nossas relações. É por isso que nossa vida está estabelecida em contradições, em toda forma de violência, medo. Há muita hipocrisia em nossa percepção de mundo e contato com ele.
Estamos falseando a realidade daquilo que sentimos dentro dessas relações, em razão de um movimento dentro de um princípio egocêntrico, nesse modelo de disfarce e hipocrisia. Tudo isso para obter resultados nas relações, com base no egoísmo, no egocentrismo, no padrão de desejo e de medo.
Se despir dessa egoidentidade, ir além desse modelo de agressão, medo, desejo, comportamentos puramente egocêntricos, se despir completamente de tudo isso é a base do Autoconhecimento, da compreensão da verdade d’Aquilo que está além do “eu”, além do ego. É nesse sentido que nós usamos aqui essa expressão.
Assim, é fundamental uma aproximação da importância do Autoconhecimento. Veja, não é o conhecimento da pessoa que você é, mas é a ciência do modelo de ilusória identidade que você apresenta a ser quando há esse movimento de separação, de dualidade e, portanto, de hipocrisia, desejo, medo e assim por diante.
O nosso assunto aqui é a não dualidade. A palavra Advaita significa “o primeiro sem o segundo”. É o contato com uma Realidade presente fora de tudo aquilo que a mente egoica conhece, de tudo aquilo que essa consciência da pessoa conhece. Uma aproximação da vida livre desse sentido do “eu”, do ego, uma aproximação da vida onde esse perfume da presença da Real Meditação está aqui e agora.
Veja, essa Real Meditação é aquilo que revela Você em seu Natural Estado, livre desse modelo, que é o modelo egocêntrico de ser, que é o modelo do “eu”. Assim, o nosso trabalho aqui consiste em termos juntos uma aproximação dessa ordem, dessa qualidade.