Em geral, a nossa condição de vida nesse mundo é algo monótono, rotineiro, e é isso que nos impulsiona a nos abarrotarmos de conhecimentos de todos os tipos, a buscarmos informações, a ler livros, a participar de eventos, a buscar diversas formas de entretenimento. Isso ocorre em razão de um estado interno, presente em cada um de nós, de insatisfação, de incompletude. Há uma ausência de algo, e nós, de verdade, não sabemos o que é isso que está ausente.
Eu gostaria de aprofundar um pouquinho com você aqui essa questão dessa insatisfação presente dentro de cada um de nós. Esse modelo de existência humana como nós conhecemos é algo repetitivo, continuado, algo que se mantém exatamente da mesma forma. O que é que tem feito das nossas vidas algo desse tipo?
Uma aproximação cuidadosa irá lhe mostrar que o único movimento presente em nós é o movimento no qual o impulso para a ação ou para esse modelo de vida é o impulso que o pensamento produz. Assim, a nossa vida tem sido moldada, ajustada, conduzida e impulsionada pelo pensamento, e nós não conhecemos nada além disso.
Não conhecemos porque nós estamos vivendo dentro dessa condição psicológica, onde aquilo que importa para cada um de nós é esse modelo de existência, onde estamos apenas repetindo o padrão comum, de vida comum para todos nós. Então, não há originalidade, não há criatividade, não há ciência de alguma coisa fora de tudo isso. Tudo que temos é exatamente isso que temos. Fora isso, não temos nada. Fora isso, não somos nada.
Seria interessante nós começarmos a descobrir o que é ter uma aproximação daquilo que está realmente fora disso, fora de tudo isso. O que seria um contato com isso que representa ser nada? Porque, repare, estamos nos abarrotando de todo tipo de experiências e estamos vivendo dentro de um modelo que é o modelo comum, orientados pelo pensamento e, no entanto, continuamos dentro dessa condição, onde prevalece, para a maioria de nós, uma insatisfação que nada satisfaz, uma carência que nada preenche.
Qual será a verdade de estar fora desse padrão? Qual será a verdade de nos depararmos realmente com esse nada? Deixarmos de lado essa busca de preenchimento, deixarmos de lado esse padrão. Reparem, esse padrão é o padrão da humanidade, é o padrão do ser humano. É o modelo de uma existência voltada para a busca de realizações externas.
Nós somos educados, formados, formatados dentro dessa cultura para a inveja, ambição, busca de realizações materiais, preenchimentos a nível de emoções e sentimentos, nessa procura de espaços onde possamos desfrutar disso. Então nós frequentamos teatro, cinema, casas de shows. Tudo que nós estamos buscando é, na verdade, a busca de um preenchimento. E só estamos em busca desse preenchimento porque não queremos nos deparar com o fato de que, fora isso, o que fica presente, quando esse tipo de coisa não está em nossas vidas, é um vazio.
O que será esse contato com esse vazio? Qual será a verdade desse vazio presente em cada um de nós? Qual será a verdade dessa condição tediosa, que é a nossa vida? Sem graça, que é a nossa vida? E que, por isso mesmo, estamos em busca de todo tipo de distração, de preenchimento, de entretenimento, para trazer um certo significado para ela. Haverá alguma coisa além de tudo isso?
Aqui estamos nos aproximando com você de um encontro com algo fora do conhecido. Porque esse é o modelo conhecido, onde tudo isso está presente. Apenas quando nos deparamos com aquilo que está fora do conhecido, temos a oportunidade de algo novo. Mas, enquanto mantivermos esse padrão de continuidade, de busca do conhecido, de busca daquilo que tudo isso representa, nesse modelo do “eu”, nesse modelo da pessoa, não temos como acessar aquilo que está fora do conhecido.
Aqui estamos explorando com você o despertar de algo novo. Esse algo novo é a presença da Real Consciência aqui e agora. Reparem: é esta Real Consciência que os sábios na antiga Índia chamavam de Kundalini. Nós estamos trabalhando com você aqui o florescer do seu Ser, que é Felicidade: essa é a verdade da Consciência Real em cada um de nós, e a natureza dessa energia, que é a energia da Kundalini.
Há muita mistificação a respeito disso aí fora. As pessoas querem ter sensações, experiências, um contato com o, assim chamado, mundo espiritual ou os mundos paralelos. Então elas se envolvem em algumas técnicas ou práticas esotéricas, espiritualistas, místicas, e chamam isso de “a busca do despertar da kundalini”.
Nós estamos mitificando essa coisa. Isso que chamamos de Kundalini, na cabeça das pessoas, é algo mítico e é, também, algo místico. Há uma mistificação a respeito disso. Em outras palavras, há muita fantasia, há muita imaginação a respeito daquilo que você traz em seu Ser como sendo você, que é essa Consciência, que é a presença de Deus, que é Kundalini.
Então, o que é o despertar da Kundalini? O que é o despertar desta Real Presença, desta Real Consciência? É o florescer do Desconhecido. Na mente egoica, todo o movimento na busca do conhecido, de todas essas coisas, é a busca de um preenchimento, é a busca de uma satisfação, de uma realização externa, de uma completude do lado de fora. Então frequentamos teatros, cinemas, casas de shows, vamos assistir os jogos. Tudo estamos fazendo na tentativa de encontrar um instante breve de preenchimento, reparem, de satisfação, de alegria.
Há, em cada um de nós, uma incompletude que nada completa. Estamos sempre perseguindo algo. E agora estamos perseguindo uma experiência. Quando aqui falamos com você da Liberação nesta vida, da Realização d’Aquilo que é você em seu Ser, estamos falando do florescer da Kundalini. Mas isso não é uma experiência, não é uma sensação, não é algo ligado a esse movimento de emoção ou percepção extrafísica ou, assim chamada, espiritual. Não é algo que você possa relatar sobre isso depois, contar algo sobre isso para alguém.
Então, vamos tornar claro aqui para você isso. O que é que as pessoas chamam de energia da Kundalini? Há uma confusão enorme. Associamos Kundalini a uma presença de poder, que quando essa energia desperta, você se torna alguém especial. E não é isso!
O florescer desta energia, que é a energia da Consciência é a energia da Kundalini. Quando ela tem a liberdade de um trabalho nesse corpo e nessa mente, ela opera uma mudança psicofísica nessa estrutura, na mente, no corpo e no cérebro. Então, agora há algo novo presente, mas não é a presença de uma experiência e de um experimentador desfrutando disso. É a Realidade d’Aquilo que é indescritível, que está além dos nomes, portanto, é inominável.
A ciência deste Ser que somos é a ciência da Realidade d’Aquilo que é Deus. Então, quando temos medo de nos afastarmos dessa condição psicológica de mundo, nessa busca de alguma coisa lá fora, tendo a crença de que esse nada é o fim da alegria, é exatamente o contrário disso.
Aqui estamos lhe propondo o fim do ego, o fim do “eu”, o fim do sentido de alguém na busca de experiências ou vivendo experiências. Então, o pensamento idealiza isso como o fim de tudo. E, na realidade, é o fim do conhecido. Mas há algo novo presente que está fora de toda descrição. É a presença da Realidade Divina, é a presença do seu Ser Verdadeiro. Não esse ser psicofísico, não esse movimento, que é o movimento da mente.
É algo que não faz parte desse contexto de modelo de pensamento, onde estamos presos a uma ideia sempre de alcançar algo. Então, queremos nos livrar do que nos importuna, do que nos faz sofrer, queremos alcançar algo que nos preencha e que nos dê prazer. Reparem, esse é o movimento do pensamento.
Esse movimento do pensamento lhe coloca dentro de uma condição, que é a condição em que o ser humano, de um modo comum, está vivendo. Repare todo esse movimento do ego presente, é na busca do prazer e na tentativa de se livrar da dor. Então, estamos sempre dentro de um movimento de alcançar, de obter ou de se livrar, de desistir. Esse é o movimento onde existe nele a importância do pensamento se movendo.
Observe sua mente, o quanto ela é agitada. Ela passa de um pensamento para outro, de um sentimento para outro, de uma emoção para outra. Tudo isso é parte do movimento da mente, composta de pensamentos, sentimentos, emoções. Então, todo esse movimento desse centro, que é o “eu”, é um movimento que se processa nessa noção de passado, presente e futuro.
Aqui estamos tomando ciência da verdade sobre quem nós somos, estamos tendo uma aproximação da Realização da Verdade de Deus. Existe algo que se torna fundamental aqui nessa aproximação: é a aproximação da Meditação.
Essa é a nossa abordagem sobre a verdade da Meditação, a Meditação em Atenção Plena. A ciência desse instante elimina o movimento do pensamento que lhe coloca nesse tempo “passado, presente e futuro”. Um contato com a realidade deste Ser requer essa Atenção Plena para esse instante.
A vida está aqui, neste momento. Esse movimento interno, psicológico, do ego, de inquietude, é um movimento do tempo, é a ausência da ciência de Ser. A Meditação agora, aqui, nesse instante. Não se trata de uma técnica ou de uma prática meditativa, se trata da ciência da verdade da Meditação se revelando aqui e agora, em Plena Atenção.
Então, nossa aproximação é dessa alerteza, é dessa ciência. Isso revela a ausência desse movimento de insatisfação, de inquietude, de desejo de obter sensações, algo tão comum na identidade egoica, nesse falso centro, nesse falso “eu”, nesse idealizado “eu”, nesse que se vê separado da experiência e querendo desfrutar de uma experiência nesse padrão de dualidade.
Uma aproximação da vida é uma aproximação da Felicidade, é o fim dessa velha condição de tédio, de rotina, de busca de algo para preencher um vazio existencial, uma condição de dor existencial, presente em razão da presença da ilusão da dualidade. O nosso assunto aqui é a Advaita, a não dualidade, a ciência da verdade do seu Ser se revelando como o Despertar Espiritual, como o Despertar da Consciência de Deus.