A pergunta aqui é: “O que é o Despertar Espiritual?” É comum as pessoas terem perguntas desse tipo. Nós vamos trabalhar com você aqui essa questão do fim da ilusão, da ilusão do “eu”, do ego, desse sentido de alguém presente aqui, neste instante.
Reparem que coisa interessante é o nosso comportamento: temos a ideia de que, por exemplo, assistindo um vídeo, tem alguém falando e você ouvindo. Então, há um ouvir, onde existem duas pessoas presentes dentro de uma dada experiência.
Nas relações, nesse contato que nós temos com o mundo, com a vida, a ideia central é a ideia de que a vida está acontecendo para mim. Aquilo que nós chamamos de “vida” ou “viver” é a vida para alguém ou o viver de alguém.
Então, o que é a Iluminação Espiritual, o que é o Despertar Espiritual? É a clara compreensão de que isso é um sonho. Estamos diante de um sonho acontecendo. À noite você tem um sonho, nesse sonho você está vivendo a vida. Essa vida que você vive no sonho é muito real para você. Então, tudo que acontece ali é muito verdadeiro, até que você acorda. E quando acorda, fica claro que essa vida não era real.
A vida do sonho, a vida onírica, ela relativa aquilo que esse sonhador podia vivenciar, experimentar, ser, ter, viver. Então, a vida do sonho é real para o personagem do sonho. Aquilo que nós chamamos de “vida”, aqui, nesse instante, aquilo que nós chamamos de “existência humana”, onde estamos dentro desse movimento de confiança, de certeza, de segurança, de absoluta convicção de que tudo isso aqui à nossa volta é real, isso está presente em razão da mesma condição.
Você só tem um sonho à noite quando dorme, e você só tem esse sonho aqui enquanto o sono também está acontecendo. A verdade sobre isso é que aquele sonho é tão real quanto esse sonho aqui é real. À noite você sonha porque dorme, e aqui, durante o dia, você sonha porque dorme.
Então, o Despertar Espiritual é o despertar de sua Natureza Real, algo além do sonho e, naturalmente, do sono. Vejam que coisa simples temos aqui e, ao mesmo tempo, de uma extrema gravidade quando não compreendida, quando não esclarecida.
É por isso que na Índia eles chamam de avidya. Avidya é uma palavra em sânscrito que significa a não visão. É como você olhar para um espelho e não conseguir se ver no espelho, porque o espelho está muito sujo, muito empoeirado. O que você tem ali é um embaçamento completo. Você não pode se ver claramente no espelho que está embaçado, que está empoeirado, muito empoeirado: isso é avidya.
A visão que você tem de si mesmo é avidya. Então, a palavra avidya significa ignorância. Quando há ignorância, não se tem a visão: é a não visão. Essa é a condição em que nós, como seres humanos, nos encontramos nesta vida.
Toda visão particular que você tem do mundo, notem isso, não é uma visão particular, é a visão coletiva, que agora se mostra como sendo a visão particular de alguém. Você se vê como sendo alguém com uma consciência individual e particular, tendo uma visão do mundo que, no pensamento, a ideia em você é que é uma visão sua e particular do mundo e da vida. Mas não é! O que você tem é uma visão de condicionamento de cultura, de sociedade, de mundo.
Essa, assim chamada, “consciência pessoal” é, na realidade, a consciência da humanidade. O modo como você vê a experiência da vida é o modo como todo ser humano vê a experiência da vida. Você se vê como uma entidade separada da vida – todo ser humano se vê assim –, tendo uma consciência individual. Todo ser humano tem esse sentimento de individualidade.
Há algo presente em você que está presente em todo ser humano. Todo ser humano é exatamente como você, psicologicamente. Então, no sentido de uma identidade presente na experiência, a única singularidade aqui presente são as impressões digitais, a forma do rosto, o seu particular nome, a sua particular história, o seu CPF (Cadastro de Pessoa Física).
Mas, psicologicamente, a estrutura dessa consciência do “eu”, que é a consciência humana, é a consciência presente em todos nós, e essa consciência está dormindo e sonhando. O seu mundo particular e privado, na realidade, é um mundo compartilhado por toda a humanidade.
Então, o que é o Despertar Espiritual? Repare, me refiro à verdade do Despertar Espiritual. Não se trata de contato com extraterrestres, não se trata de experiências particulares desse “eu”, experiências místicas, esotéricas, o contato com o extrafísico, com o não material, com o, assim chamado, “mundo espiritual”. Não se trata disso.
Estou falando aqui com você do Real Despertar, pelo menos no sentido que colocamos aqui, dentro do canal para esta expressão (Despertar Espiritual). O Real Despertar Espiritual é o fim do sonho com o seu sonho, é o fim do sentido de uma identidade presente se separando da vida, se vendo como alguém na experiência do viver. Esse é o fim do “eu”, do ego.
A Realidade do seu Ser está presente quando a ilusão termina. Então, isso é o fim da avidya. Essa palavra em sânscrito, como já colocamos, é ignorância. Essa condição de ignorância, quando termina, temos a Realidade do seu Ser presente.
Quando as pessoas perguntam o que é meditação ou como praticar a meditação, aqui colocamos a Meditação também de uma forma também diferente. Aqui chamamos de Real Meditação, diferente da meditação como técnica, como prática, como algo que você faz. Não, absolutamente!
A Real Meditação é o florescer do seu Ser quando há uma aproximação da verdade do Autoconhecimento na prática. A palavra Autoconhecimento também colocamos de uma forma diferente aqui. Estamos falando de uma aproximação da verdade sobre quem é você. Não para intervir ou interferir nisso, mas para tomar ciência desse você, que é o “eu”, o ego. É quando ele termina, é quando essa identidade, que é esse “mim”, esse “eu”, se desfaz, em razão dessa atenção, dessa visão clara da Meditação.
O Autoconhecimento, assim como a Meditação, é algo que está presente quando há essa atenção sobre todo esse movimento do “eu”, do pensamento, do sentimento, da emoção, da sensação, da percepção.
Tomar ciência disso é o fim dessa ignorância, é o fim para essa ilusão, que é a separação entre a Realidade, que é Você em seu Ser Real, e a vida. Essa separação está presente em razão dessa ilusória identidade, que é esse centro falso, esse centro ilusório, que é o “eu”, o ego.
Temos uma aproximação da verdade da Meditação quando temos essa aproximação, neste instante, de todo e qualquer movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, da sensação. O fim para essa identidade presente é o fim para essa separação. Isso é real aproximação da Meditação, porque nesse momento temos presente o Autoconhecimento.
Então, Autoconhecimento aqui é a simples constatação de que esse centro é esse elemento que se separa como sendo o experimentador, o pensador, o observador, dentro da vida, no viver, na experiência. Olhar isso de perto, se aproximar disso, é eliminar essa separação, é eliminar essa dualidade. A eliminação disso é algo que ocorre naturalmente quando há essa atenção, esse olhar.
Reparem: não é alguém na prática da meditação. Então não se trata de alguém praticando a meditação. Como praticar a Meditação? A Meditação é a ciência daquilo que é Você quando o sentido do “eu”, desse “mim”, desse você, não está mais presente.
Assim, a presença da Real Meditação é a ausência daquele que medita, é a ausência do meditador. Portanto, nossa colocação aqui é bem específica a respeito dessa questão da Meditação. Não é alguém na prática da meditação, não é alguém praticando a meditação, é a ciência de que essa atenção sobre todo esse movimento do “eu”, do ego, é o fim para esse movimento. Então Algo está presente agora, neste instante.
Esse Algo é a ciência da não separação, da não dualidade, é a ciência deste Ser, que não é pessoal. Então, a realidade da Meditação é a presença d’Aquilo que está presente quando o meditador não está, quando o “eu” não está, quando o ego não está.
Assim, a coisa mais importante na vida é termos uma aproximação da Realidade, do fim do “eu”, do ego. Ou seja, a coisa mais importante na vida é o florescer de sua Natureza Divina. É nesse sentido que usamos aqui as expressões “o Despertar Espiritual” e “Iluminação Espiritual”.
O nosso trabalho aqui consiste nessa investigação, nesse estudar aquilo que se passa conosco, aquilo que somos, aquilo que demonstramos ser, que parecemos ser, e essa Realidade que está além disso, que é Algo indescritível, inominável, que é a Realidade deste Ser, deste Verdadeiro Ser, que está presente quando o sentido do “eu”, do ego, não está mais.
Esse Natural Estado de Ser é esse florescer d’Aquilo que é Você. Então está presente esta Inteligência, esta Graça, este Amor, esta Sabedoria, esta Real Completude, esta Verdadeira Felicidade. Toda a busca do ser humano é por essa Completude, é por essa Felicidade, é por esse Amor, e Isso está presente quando o seu Ser floresce, seu Ser Real assume o espaço que é d’Ele nesse corpo e nessa mente.