Aqui o nosso enfoque está na compreensão da Realidade Divina, da Realidade deste Ser, deste Supremo Ser. Nós temos que fazer uso, naturalmente, de palavras, mas estamos tratando de algo que está fora da mente. Assim sendo, estamos colocando aqui para você algo que o pensamento não pode alcançar.
A única forma de nos aproximarmos disso, de maneira Real, é pelo Autoconhecimento. Então, o Autoconhecimento é a única forma. Essa é a única forma de aproximação da Realidade sobre quem nós somos. Essa aproximação é algo fundamental para as nossas vidas.
Assim, estamos tratando da importância do Autoconhecimento. Essa ciência do Autoconhecimento, essa Revelação do Autoconhecimento, essa compreensão daquilo que nós somos, revela essa Realidade além da mente, além desse sentido de um “eu” presente, uma vez que esse “eu” é o experimentador das experiências e é aquele que se situa dentro de um tempo que o pensamento tem criado, tem estruturado para a sua própria autoidentidade.
Então repare como é delicado tudo isso. O pensamento tem construído um tempo, estabelecido um determinado tempo para si mesmo. A ideia no pensamento é de passado, presente e futuro. É aqui que o pensamento situa essa identidade, essa particular identidade que nós acreditamos ser. Então, esse é o sentido do “eu” presente, desse “mim”, desse ego.
O ponto aqui é que só podemos ter uma aproximação da Verdade de uma forma prática. Então, o Autoconhecimento é na prática. Tomar ciência da Realidade do seu Ser, de sua Realidade Divina, é o Autoconhecimento Supremo.
Então, repare, não estamos tratando com você aqui da forma comum dessa expressão. De uma forma comum, essa expressão “autoconhecimento” é usada em diversos sentidos aí fora, e nós aqui estamos dando a esta expressão um sentido bem particular, bem peculiar, bem único: é a aproximação da investigação da natureza do pensamento.
O que é o pensamento? Qual é a natureza do pensamento? Qual é a estrutura do pensamento? O que é que o pensamento estrutura senão essa identidade, que é o “eu”? Então, a ideia que você tem sobre você é um pensamento. Esse pensamento tem no “eu”, no pensador, a ideia de uma entidade presente. Então, essa ideia é o próprio pensamento; esse pensamento é o próprio “eu”; esse “eu” é o próprio pensador.
Veja, é assim que nós nos situamos nessa condição psicológica de ser “alguém”, nesse passado, presente e futuro. A investigação dessa compreensão, que é a Verdade do Autoconhecimento na prática, vejam como é muito significativo isso, de grande relevância para todos nós.
Colocarmos a importância do Autoconhecimento para a compreensão daquilo que somos nesse momento, daquilo que manifestamos ser, que revelamos ser como pessoas, como entidades separadas, é isso que nós precisamos investigar, compreender. É isso que nós precisamos ter muito claro para as nossas vidas.
A compreensão da Verdade do seu Ser é a compreensão da Realidade de Deus. Essa Realidade de Deus não é a particular vida dessa “pessoa”. Então, quando aqui me refiro “para as nossas vidas, essa compreensão é fundamental”, eu me refiro a essa compreensão desta Única e Real Vida Divina que trazemos, mas que desconhecemos, porque estamos presos ou identificados a esse modelo de pensamento, a essa prisão psicológica de ser “alguém” dentro da experiência.
É o pensamento que está norteando tudo isso. É o pensamento que está moldando tudo isso. Assim, é o pensamento que precisa ser compreendido. A compreensão de como o pensamento ocorre, de como ele acontece dentro de cada um de nós, ter uma aproximação do pensamento, é poder ver que o pensamento é algo aparecendo como uma construção do próprio tempo – esse tempo de história humana, esse tempo de história da humanidade.
Todos os registros que nós temos são de lembranças, de memórias, de reconhecimento, de conhecimento, é algo aprendido, memorizado. É parte dessa estrutura do “eu” todo conhecimento adquirido ao longo de toda essa história humana. Então, a história da raça humana, da humanidade, é algo que está presente em cada um de nós. O nosso comportamento, o nosso modo de pensar, portanto, é algo condicionado dentro desse modelo.
O nosso formato de sentir e a forma específica de nos movermos na ação, toda ela está sendo colocada em evidência em razão dessa estrutura, que é a estrutura do pensamento em cada um de nós. Tomar ciência do pensamento, perceber que a presença desse pensamento é algo que sempre reivindica a presença de “alguém”, que é o pensador, que é esse que está experimentando a experiência e, naturalmente, traduzindo, avaliando, julgando, comparando, aceitando ou rejeitando.
Então, de uma forma real, vivencial, o Autoconhecimento na prática revela esse movimento, que é o movimento do “eu”, que é o movimento do ego. A ciência desse movimento é o fim para essa estrutura, a estrutura do pensamento.
Podemos lidar com a vida sem o pensamento? Reparem a pergunta. Podemos lidar com os assuntos da vida de uma forma direta, prescindindo desse padrão de pensamento que vem do passado? Ao lidar com você, será possível que eu possa lidar sem esse prévio conhecimento? Eu me refiro ao conhecimento psicológico que tem dado estrutura ao “eu”, ao ego.
Há uma diferença entre saber o seu nome, reconhecer o seu rosto. Repare, isso é um pensamento, é um reconhecimento de memória. Então, há um nível de conhecimento aí presente. Mas há uma diferença desse tipo de conhecimento simples para essa memória psicológica, egocêntrica, presente nessa ilusória identidade que é esse centro, que é o “eu”, o ego, que se separa de você, que te vê a partir de uma imagem de gostar, de não gostar, de tudo aquilo pelo qual nós já passamos, todos os conflitos, divergência de opiniões, ideias diferentes, crenças diferentes.
Repare, tudo isso nos separa, nos divide, nos coloca numa relação inteiramente pessoal, particular, egocêntrica, um com o outro. Então, esse é um nível de relação onde as imagens que vêm do passado, as lembranças, as memórias, os pensamentos, que são particulares desse centro, desse ego, têm uma grande relevância. Então, não há um contato Real, sem o pensador, sem o “eu”, sem o ego.
Podemos, sim, ter um contato na relação livre do “eu”, do ego. Esse nível de relação é algo que, em geral, nós desconhecemos. Desconhecemos porque não existe essa Liberdade – a Liberdade da Real Consciência presente. A consciência que temos nesse contato é a consciência egoica, é a consciência mental, é a consciência do “eu”.
Todo o nosso enfoque aqui com você está em trabalharmos tudo isso, em nos aproximarmos, dando total importância ao Autoconhecimento. É quando há essa Real importância do Autoconhecimento que nós podemos tomar ciência desse movimento, que é o movimento que vem do passado, desse padrão de pensamento, de memória, centrada no “eu”, no ego.
Tomar claramente visão disso é algo que está presente quando estamos em contato com a Meditação. E a Meditação é algo que também precisa ser compreendido. A Verdade da Meditação se Revela nesse momento, quando esse centro, quando esse “eu”, esse ego, não está presente aqui, neste instante. Isso requer Autoconhecimento, isso requer uma aproximação desse momento livre do passado, livre do experimentador com as suas experiências.
Reparem, tudo isso é algo que precisa ser estudado. Nós não estudamos isso nos livros, nós estudamos isso em nós mesmos. Nós nos tornamos cientes disso aqui, neste instante. A ciência daquilo que se passa dentro de cada um de nós é a compreensão dessa estrutura que vem do passado. É assim que nós nos aproximamos da Beleza da Vida Real.
Agora, observe que essa Vida Real está presente quando há essa morte do passado, a morte desse movimento psicológico do “eu”, do ego. Então, quando há o sentido Real da morte – e aqui esse sentido Real da morte é o fim do passado, desse passado psicológico, dessa forma específica de pensar e sentir, nessa noção do pensamento de tempo –, todas as ideias terminam, todos os conceitos desaparecem, todas as crenças volatizam.
Tudo aquilo que é ilusório nesse sentido de ser “alguém”, nesse contato com o outro, com experiências, com situações, com eventos, com acontecimentos, é algo que agora, aqui, está ocorrendo sem esse centro, sem esse “eu”; é algo que aqui, neste momento, acontece sem esse movimento que vem do passado. Então temos a Revelação do Autoconhecimento Supremo.
É isso que estamos trabalhando aqui. Há, com certeza, uma visão da Realidade que nasce do Autoconhecimento Supremo. Reparem, não é esse “autoconhecimento” para objetivos e realizações pessoais desse “mim”, desse “eu”, desse ego, a mera habilidade de lidar com esse centro, com esse ego.
É nesse sentido que as pessoas têm usado a expressão “autoconhecimento”: conhecer a si mesmas para melhorarem como pessoas, para mudarem o comportamento e, assim, obterem resultados pessoais, particulares, para elas mesmas, se ocupando com um autodesenvolvimento, com um autoaprimoramento.
Aqui não se trata disso. Estamos falando do Autoconhecimento Supremo, a Realidade deste Ser Divino se revelando, a Realidade de Deus, a Realidade Divina, Aquilo que está além das formas, além dos nomes, além das ideias, além dos conceitos e crenças. Então, há algo que se mostra presente quando o pensamento egoico, quando o movimento do “eu”, do ego, não está mais presente.
Assim, a Real resposta para a vida vem da própria Vida quando não há mais ilusão, quando não há mais as distorções que o pensamento produz – esse pensamento condicionado, essa coisa herdada da cultura, da sociedade, do modelo de mundo.