Você sabe que aqui nós estamos trabalhando com você os aspectos dos problemas da vida, os diversos aspectos de problemas que nós temos nessa, assim chamada, “vida humana”, nessa vida de todos nós. E um dos problemas que temos é essa questão do, assim chamado, “problema da morte”.
Agora, a pergunta é: será um problema a questão da morte? Ou será a verdade sobre morte o fim de todos os problemas? É isso que nós queremos trabalhar com você aqui nos próximos minutos.
As pessoas têm algumas perguntas, como, por exemplo: “Como superar o medo da morte? Como ir além disso? Como superar isso que para nós é um dos maiores problemas?” E aqui eu quero mostrar que, na realidade, a morte não é um problema. Na realidade, a verdade sobre a morte é o fim para todos os problemas, desde que você compreenda o que nós aqui estaremos colocando aqui.
A palavra morte, o que isso, na verdade, representa? Vamos lá, vamos começar dessa forma. Nós não sabemos o que é a morte. É bem curioso, porque todos os dias estamos vendo pessoas morrendo, então, há um momento para todos. A morte ocorre por um acidente, pela idade avançada – a velhice – ou por uma doença. Há diversas formas pelas quais as pessoas se deparam, finalmente, com essa, assim chamada, “morte” – aqui eu me refiro a essa morte física.
Na verdade, não sabemos o que é essa morte, mas estamos vendo as pessoas morrendo, então há um medo presente em nós, um medo de termos que nos deparar com isso. Mas reparem como é curioso esse nosso comportamento psicológico: o que nós temos sobre a morte são teorias, crenças, conceitos que nos foram ensinados, dentro da filosofia, dentro da religião, dentro da tradição e da cultura, onde fomos educados, onde fomos ensinados a pensar coisas a respeito dessa morte. Mas tudo isso são especulações, são pensamentos, são ideias, são crenças.
Na verdade, estamos sustentando essa suposta segurança dessas nossas vidas exatamente nessas crenças – crenças religiosas, crenças filosóficas, crenças espiritualistas –, porque nós desejamos continuar; esse é o propósito desse senso de pessoa. A pessoa que nós acreditamos ser deseja continuar, então ela teme, na verdade, não é a morte. O que ela teme é perder aquilo que ela conhece. Vamos calma investigar isso.
O que é que nós conhecemos por vida? Observem claramente isso: o que nós conhecemos por vida são memórias. Qualquer pensamento que você tem agora, aqui, é algo que você conhece ou reconhece em razão da memória. Uma casa, um carro, a família, o trabalho, o prazer, a dor, tudo isso faz parte da lembrança que você tem agora, aqui. Isso é memória. É isso que nós chamamos de vida.
Então, o que é a nossa vida? Memória. Sem a memória, qual é o seu nome? Qual é a sua história? Qual é a sua família? Qual é a sua casa? Qual é o seu trabalho? Qual é a sua vida? Então, o que é a nossa vida? Memória. É isso que nós chamamos de vida. O que chamamos de vida é a continuidade desse “eu”, dessa pessoa, dessa memória. Observem de perto isso. Essa pessoa é um conjunto de lembranças, de imagens guardadas. Essas memórias são de prazer e dor, de alegria e tristeza, de desejos realizados e desejos frustrados.
O que nós chamamos de “pessoa” são imagens ligadas a medos por termos perdido coisas. O nosso medo se assenta na ideia de coisas que nos foram tiradas e que nós não desejamos perder novamente. Perdemos a saúde um dia e não queremos perder a saúde novamente, esse é o medo. Perdemos um ente querido, e é a perda deste ente querido, e não a presença do amor por ele a causa do sofrimento presente em nós.
A presença do sofrimento em nós é pela perda deste ente querido que nós amamos. Mas, assim, nós também “amamos” a nossa casa, “amamos” as nossas ideias, o nosso idealismo político, “amamos” o nosso time de futebol, “amamos” nossa família. A tudo isso nós estamos dando nome de “amor” e não queremos perder. E se há algum risco de perdermos uma dessas coisas, o medo está presente, e junto com esse medo está presente essa dor, esse sofrimento. Com certeza isso não é amor.
O que nós chamamos de “amor”, “amor à vida”, na verdade, é o apego à experiência de prazer, de preenchimento, de satisfação que essas coisas representam para “mim”, para esse “eu”. A isso nós estamos dando o nome de “amor”. Reparem que é isso que nós chamamos de “minha vida”.
Vamos investigar com calma isso aqui, porque assim se torna possível irmos além de verdade do medo da morte, porque uma vez que você compreenda que você não tem nenhum problema com a morte e, sim, com o apego a tudo que você tem, ao descobrir que tudo que você tem representa esse “eu”, esse ego, essa pessoa, a compreensão disso é o fim para essa ilusão de identidade presente.
Reparem que coisa temos agora, aqui: nós temos uma crença de que estamos vivos. Essa crença de estar vivo é a crença de uma identidade presente dentro da experiência da posse; posse de pessoas, posse de objetos, posse de ideias, conclusões, crenças, opiniões. Tudo isso faz parte desse “eu”. O que será a Vida Real sem esse sentido do “eu”? Aqui estamos trabalhando isso com você, lhe mostrando que a Vida acontece quando há um fim para esse “eu”.
Então, na verdade, o fim de todos os problemas é o fim dessa ilusória identidade que tem suas coisas, que está apegado às suas coisas, que representa aquilo que ele é. Olhar para a Verdade sobre quem nós somos, ir além desse senso de identidade presente é o fim para a morte. Precisamos acolher a Verdade da Vida agora, nesse instante. Acolhemos a Verdade da Vida quando compreendemos o fim para todas as coisas; para todas as coisas as quais esse sentido do “eu”, que é o ego, está apegado. Vejam como é fascinante a compreensão disso!
Qual é a verdade sobre a Vida? É quando existe o fim para a ilusão de uma identidade, que é a identidade do “eu”, do ego, o que representa o fim para tudo isso que acreditamos ser nosso, que acreditamos possuir, sermos donos – os bens móveis, imóveis, esses bens intelectuais, essas crenças, todo conhecimento, toda experiência, toda memória, todo sentido de identidade que extraímos disso tudo. Quando ocorre o fim para tudo isso, nós temos a Verdade sobre a morte, a morte da ilusão de uma identidade presente.
Então, na verdade, nós não estamos vivos; estamos extraindo, de uma forma egoica e psicológica, de tudo à nossa volta, de tudo que a Existência colocou à nossa volta, de todas as experiências, objetos e percepções, a ilusão da vida, que é a vida do “eu”. Aquilo que em nós teme a morte é o sentido de uma identidade ilusória que está presente nesse conhecido. Então você não teme morrer, você teme perder sua identidade quando vê aquilo que você se situa como sendo você sendo tirado desse “mim”, desse “eu”, desse ego.
Nós estamos apegados às nossas experiências, apegados às nossas percepções, apegados ao nosso senso de valor, aos objetos, às pessoas, às ideias, a essa imagem que temos sobre quem somos. Tudo isso faz parte dessa ilusória identidade que acreditamos estar aqui viva e que pode morrer.
Será possível termos um contato com a vida nesse instante, sendo esse contato com a vida exatamente o fim dessa ilusória vida egoica, o que representa morrer nesse instante para os nossos apegos, desejos, medos, morrer para a autoimagem que foi magoada, insultada, que está ofendida? Porque, reparem, é isso em nós que está ofendido, que está magoado, que está agarrado a tudo.
A Verdade da aproximação da Real Vida representa o fim desse “eu”, desse ego, o que significa o contato Real com a morte. Podemos realizar Isso nesse instante? Não depois de mais trinta ou quarenta anos de vida, quando teremos que, inevitavelmente, nos deparar com o fim de tudo. Porque a morte, nós sabemos, ela é o fim de tudo – é isso que temos como um fato, como uma realidade. Fora essas crenças do “pós-morte”, o que temos de verdade é que a morte representa o fim de tudo que nós conhecemos.
Nós não podemos dizer para a morte: “aguarda um pouquinho”. A todo momento isso pode ocorrer, não sabemos o momento certo, você não pode negociar com isso, você não tem um prazo para isso acontecer. Isso pode ocorrer daqui a mais quarenta anos ou nos próximos quarenta segundos, nós não temos como negociar com a morte, e quando ela chega, tudo desaparece. Então isso é o fim de tudo que é conhecido.
Esse é um dos assuntos mais fascinantes que nós temos aqui para investigar: a beleza desse contato com a morte agora. Ao invés de esperarmos quarenta anos ou mais quarenta segundos, podemos nesse instante nos libertarmos completamente da identidade desse “eu”.
Então o que temos fora esse “eu”, fora esse conjunto de coisas que estão dentro de tudo aquilo que é conhecido? Aqui estamos dizendo que há, sim, uma Realidade além disso. É o contato com o seu Ser, com a Verdade de Deus. Deus é sinônimo de o Desconhecido, Aquilo que é Inominável, Indescritível, que não faz parte do tempo, e se não faz parte do tempo, não está dentro desses quarenta segundos, ou desses quarenta anos; é Algo que está além do nascimento e da morte. É Algo que está além desse nascer, crescer, adoecer, envelhecer e morrer.
Essa é a Realidade deste Ser Divino, desta Realidade Divina que desconhecemos e para o ego sempre continuará como algo Inominável, Indescritível e Desconhecido. Assim, o contato com a Verdade do seu Ser, com a Verdade de Deus é o fim para a morte, porque é o fim para o conhecido.
Então há Algo presente que não faz parte mais desses apegos, de todo esse senso de controle de objetos, de sensações, de percepções e de relações. Estamos diante de Algo que é a presença do Amor. Agora temos Algo presente nesse contato com as pessoas, na relação com o mundo, mas é o perfume de Algo Desconhecido. Então será possível uma Vida Real, sem a morte, nesse contato com família, com casa, com a conta bancária, com os móveis, com os imóveis sem uma identidade, que é o “eu”, o “mim”, o ego presente?
Esse contato com a Vida é Algo Real quando não há mais o sentido de um “eu”, de uma identidade egoica presente dentro dessa ilusão, dentro desse modelo do conhecido. Esse é o nosso trabalho aqui com você. Alguns chamam isso de o Despertar da Consciência, outros chamam isso de o Despertar da Kundalini, outros chamam isso de Iluminação Espiritual. Há diversos nomes para esse Natural Estado; outros chamam de estado de Turiya esse Natural Estado livre do tempo psicológico, livre desse sentido do “eu” com o seu modelo de vida ilusória, de vida egoica.