A Verdade do Autoconhecimento e a ação livre do ego. Por que ação livre do ego? Nós não compreendemos a natureza, a verdade sobre a ação. Não temos a ciência da estrutura da verdadeira ação. E por que eu coloco aqui verdadeira ação? Porque é a ação que nós precisamos dela na vida.
Nossas ações até esse momento, em razão da ignorância em que nós, psicologicamente, internamente, nos encontramos têm sido ações conflituosas, problemáticas, confusas, desorientadas, nos levando sempre a complicações, a dilemas, a adversidades, a problemas porque são ações centradas no “eu”, no ego. Notem, nossas ações não são reais, são meras atividades egocêntricas.
Aqui, ação é o movimento que atende a esse instante, a esse momento presente com precisão, com habilidade, com Verdade, com Inteligência. Isto é ação. Há uma diferença entre esta ação e essa mera atividade do “eu”. A atividade egocêntrica da pessoa é a atividade da confusão.
As pessoas querem acertar, então perguntam: “Como fazer a coisa certa?”, “Como agir sob pressão?”, “Como acertar?”, “Como não errar novamente?” São perguntas que as pessoas fazem na intenção de descobrirem uma ação que seja, para elas, a melhor ação possível. No entanto, nós nunca investigamos essa questão da ação e de onde procede essa ação.
Enquanto nossas ações estiverem firmadas no pensamento, serão ações incompletas. Esse é o ponto. Aqui, esse momento, a vida como ela se mostra nos coloca diante de um desafio sempre, a todo o momento, a cada instante. O que temos colocado aqui para você é muito simples. Observe. Agora mesmo está sendo solicitado de você uma ação. Sim, ler aqui requer um olhar, uma precisão muito real para atender esse momento nesta ação, nesse ato de ler ou, simplesmente, tudo aquilo que estará sendo colocado aqui ficará apenas a nível intelectual, verbal, quando muito, porque talvez você nem intelectualmente consiga acompanhar em razão das distrações psicológicas que, em geral, nós temos.
Ao ler um texto como esse, uma ação está sendo solicitada, e essa ação é uma sem comparação, sem avaliação, sem julgamento. Porque, quando você faz isso, aquilo que está sendo colocado começa a passar por um filtro de aceitação e rejeição. Atender a esse momento requer essa ação, a ação livre desse fundo psicológico de conceitos, preconceitos, opiniões, julgamentos.
Reparem, é sempre a mente egoica, a mente que nos impulsiona a uma ação centrada nesse fundo psicológico de condicionamento, de história, de padrão de cultura. Então, lemos a partir, no caso aqui, dos nossos preconceitos, conceitos, ideias, desejos e medos.
Na vida, a cada momento estamos sendo desafiados para a ação. Precisamos descobrir o que é uma mente livre do ego e, portanto, uma mente livre de toda a forma de condicionamento psicológico. Essa mente livre poderíamos chamar aqui de “não mente”.
Em geral, nós compreendemos a mente como um movimento de pensamento: pensamento inquieto, pensamento tagarela, pensamento preconceituoso, cheio de conceitos, de imagens. Então, para nós, “mente” é sinônimo de movimento de pensamento. Esse movimento de pensamento, como é algo que vem do passado, é um condicionamento. Então, nós vivemos dentro de uma mente condicionada. Não conhecemos essa Verdade da “mente livre”, desse Natural Estado livre da mente egoica, portanto, livre da mente. Então, nossas ações são ações centradas no pensamento.
Pensamento é memória, são lembranças, recordações, experiências. A partir dessas experiências, memórias, lembranças, a partir dessa mente condicionada para agir a partir da intenção, da motivação, do desejo e do medo, nossas ações são atividades egocêntricas, autointeresseiras, centradas nesse egoísmo dessa pessoa como nós nos vemos. Nos vemos como pessoas separadas umas das outras. Carregamos inúmeros desejos, medos, inúmeras contradições internas, inúmeros conflitos de ordem emocional, sentimental, e isso tudo nós expressamos, também, nas ações, nessas ações físicas.
Então, psicologicamente, nós vivemos em conflito, em sofrimento, carregados de problemas, angústias, frustrações, decepções. O movimento psicológico, que é o movimento do “eu” em nós, dessa mente condicionada, é sempre nessa intenção de alcançar, de obter, de realizar alguma coisa – isso sempre no futuro –, ou se livrar, afastar de nós alguma coisa. Ganhar alguma coisa ou se livrar de alguma coisa. Então, o medo é algo presente.
Quando nossas ações nascem desse condicionamento psicológico, desse modelo de mente programada na ação egocêntrica, na ação do autointeresse, na ação do egoísmo, essa é a ação da dualidade; isso porque existe esse “eu e o mundo”, “eu e o outro”, “eu e a vida”, “eu e o agir”, “eu e a ação”, “eu e o pensamento”, “eu e minhas emoções e meus sentimentos”. Reparem, essa é a dualidade.
Então, vivemos dentro de um princípio de separação, de dualidade, onde existe esse “eu e a outra coisa”. A ação centrada nessa intenção, nessa motivação é a ação da separação, é a ação do autointeresse, é a ação do problema. Eu tenho dado o nome a essa ação de atividade egocêntrica. Vivemos dentro de um modelo onde não há real ação e, sim, atividade egocêntrica.
Haverá uma ação livre do “eu”, do ego? Em alguns momentos na vida isso ocorre. Ficamos surpresos de uma ação que ocorre em um dado momento conosco e a gente percebe que foi simplesmente uma ação desinteressada, uma ação que nasceu de uma qualidade de Ser completamente diferente do que nós, em geral, temos visto em nós mesmos. Foi uma ação amorosa, foi uma ação compassiva, foi uma ação desinteressada, foi apenas uma expressão que nasceu de dentro de nós de uma dimensão que nós nem mesmo sabemos de onde isso veio. Algumas vezes nos pegamos depois da ação nos lembrando daquilo dizendo: “Que coisa estranha! Simplesmente aconteceu.”
Então, há, sim, alguns momentos em nossas vidas que uma ação livre do ego acontece. Por exemplo, dar um sorriso para alguém. De uma forma muito simples e natural, um sorriso brota do rosto. Não há qualquer intenção, motivação, interesse por trás desse sorriso, é só uma ação, um simples e direto sorriso. Um olhar compassivo, um olhar amoroso. Ao nos depararmos com uma criança, ao nos depararmos com a natureza, ao nos depararmos com um rosto de uma pessoa, nós nunca a vimos, nós não sabemos o nome dela e, de repente, você se pega sorrindo. Não houve nenhuma premeditação, nenhuma intenção, simplesmente aconteceu. Esse é um exemplo de uma ação, de uma ação livre desse centro pessoal do “eu”, desse movimento egocêntrico.
As ações em nós são problemáticas porque nascem desse fazedor. Esse fazedor vem à existência com base num movimento de pensamento. Esse movimento de pensamento é um movimento de autointeresse. Esse pensador, esse fazedor se move na ação com base, portanto, no passado. Atender a esse instante, a esse momento presente sem o modelo do pensamento é sem o modelo do passado, então, uma ação Real ocorre. A verdadeira ação nasce dessa dimensão desconhecida quando o “eu”, o ego não está.
Então, o convite aqui é para descobrirmos a Verdade sobre quem nós somos quando esse “eu” que parecemos ser, que demonstramos ser, que queremos ser, não está mais presente. O que estamos dizendo aqui para você é que há Algo presente agora e aqui que pode atender a esse instante sem esse fundo de condicionamento psicológico que é o experimentador, o pensador, o “eu”; esse movimento de pensamento premeditado, calculado, algo que vem do passado e se mostra, nesse momento, se movendo, criando situações. Essa ação é a do estresse, é a do medo, é a do desejo, é a da busca de algum resultado para alcançar alguma coisa.
Esse movimento de atividade egocêntrica desaparece quando a Realidade desse Ser, dessa Verdade Divina agora, aqui presente se mostra. Precisamos descobrir a ação livre do ego. O Autoconhecimento, a compreensão do próprio movimento do “eu”, apenas olhar para esse movimento, se tornar ciente desse movimento nesse instante, isso faz com que esse movimento termine, com que essa ação termine, porque o “eu” desaparece. Tomar ciência do movimento do “eu” é o fim para esse movimento e, portanto, é o fim para esse “eu”.
Temos que investigar a natureza do pensamento e como viver livre do pensamento. O pensamento em algum nível se faz necessário. A nível de memória, de lembrança, de reconhecimento, de algo prático e objetivo. O pensamento se faz necessário para um movimento técnico, para uma ação funcional ou trabalhar numa dada profissão. Mas nesse contato com o outro, com nós mesmos, com a vida, a presença do pensamento sendo a base da ação é conflito, é problema, é sofrimento, é a ação centrada no “eu”.
Olhar para você e reconhecer seu rosto e o seu nome é algo muito simples, mas carregar uma imagem psicológica sobre quem é você, tendo a ilusão de que eu conheço você com base nesse conceito, nessa imagem, nessa ideia que faço sobre você, nesse gostar ou não gostar, esse é o equívoco. Nossas ações na relação com família, com esposa, filhos, patrão, colega de trabalho, nossa ação no mundo tem sido desse tipo, uma ação centrada nesse fundo psicológico, nesse condicionamento psicológico.
Esse é o nosso assunto aqui com você. Descobrir a Verdade da compreensão desse movimento interno, que é o movimento do “eu”, isso é Autoconhecimento. Então, naturalmente, surge a Verdade da Real Meditação. A compreensão desse movimento é o fim para o “eu” e o surgimento da verdadeira ação, que é a ação da Consciência, que é a ação da Inteligência, que é a ação da Verdade desse Ser, dessa Realidade Desconhecida.