Aqui nesse trabalho nós estamos lhe convidando para uma ação de uma qualidade, de uma natureza e de uma realidade diferente de tudo o que nós conhecemos. Em geral, nossas ações são ações que estão ocorrendo, acontecendo centradas nesse “eu”, nesse ego. Esse tipo de ação em nossas vidas está produzindo contradições, problemas, dilemas, dificuldades e conflitos. Se o seu interesse aqui é descobrir a Verdade da ação, o que implica em uma ação livre do “eu”, do ego, nós precisamos investigar isso.
É muito comum essa procura ou busca das pessoas por Deus. Assim, há uma busca por Deus, uma procura pela Verdade, mas as pessoas não compreendem que a Verdade se encontra neste instante, neste momento. Sem uma ação livre do ego, não há uma Revelação da Verdade. O ponto aqui é investigarmos qual é a natureza Real, qual é a estrutura verdadeira dessa ação de cada um de nós, uma ação que não produza mais sofrimento, que não produza mais conflito, uma ação livre e, portanto, livre do ego. O que é essa ação?
Aqui nós estamos colocando para você a importância de uma ação livre. A ação livre do ego é a ação livre da intenção, da motivação, da proposta dos conceitos, das ideias, dos motivos pessoais. Será que essa ação é possível? Ou será que estamos condenados a uma vida de ação sempre presa dentro desse padrão de egocentrismo – o que representa, na verdade, uma vida de mera atividade egoica?
Então, nós aqui estamos lhe convidando, apontando para você, sinalizando para você a Verdade da Revelação d’Aquilo que nós somos, da Revelação do nosso próprio Ser. Este Ser se revela na ação, na ação livre das ideias. Repare como é importante essa investigação aqui, observe como é interessante nós estudarmos essa questão da ação. Toda a nossa ação nasce de um objetivo, de um propósito, nós temos um alvo. Primeiro nós temos uma ideia, temos um objetivo, um propósito, uma intenção, e tomamos a ação. Essa ação que nasce da ideia, desse propósito é a ação que nós conhecemos. Essa ação é a ação egocêntrica, é a ação centrada no “eu”.
E por que isso é muito importante nós investigarmos aqui juntos? Porque sua vida é uma vida que está assentada na ação. Tudo na nossa vida são ações. Nós estamos tomando ações a todo o momento. As ações não estão apenas no comportamento físico de cada um de nós, como também nas intenções internas. Ideias são ações. O movimento de pensamento em nós é um movimento de ação. Ler aqui é uma ação, a gesticulação é uma ação, ouvir é uma ação. Tudo em nossas vidas consiste em ações: ações acontecendo, ações se realizando, ações sendo tomadas.
Aqui o ponto é que quando essas ações nascem das ideias, elas já carregam a semente do conflito, do dilema, do problema, da dificuldade. Nós não percebemos que nossas ações precisam ser tomadas a partir desse espaço, que é o espaço da verdadeira Inteligência em nós. Esse espaço de Real Inteligência, de verdadeira Inteligência em nós é o espaço do Silêncio. Esse Silêncio é a Verdade da Compreensão. Quando há Compreensão, existe uma ação acontecendo. Não é uma ação com base nas ideias, mas é uma ação com base na Inteligência. Quando há Inteligência, há Liberdade. Como essa Liberdade é o fruto dessa Compreensão, essa Compreensão nasce desse Silêncio e nesse Silêncio está a Verdade.
Talvez soe um pouco estranho tudo isso, porque as ações que nós conhecemos são ações centradas no pensamento, portanto, ações centradas nas ideias, na motivação. Nossas ações nascem do desejo, nascem, também, como um impulso para fugirmos de alguma coisa, o que representa medo. Portanto, as ações em nós vêm do desejo, elas vêm do medo, elas têm origem num propósito meramente pessoal de ideias, de conceitos pré-formados, preestabelecidos em nós.
O ponto aqui é que nós não investigamos a natureza do pensamento. Esse pensamento em nós nos limita a uma condição de ação controlada pelo desejo, pelo medo, por nossos motivos e razões pessoais; essas razões pessoais são egocêntricas. Assim, a nossa ação que tem por base a ideia, o pensamento, é uma ação limitada e, portanto, conflituosa.
Notem, nós não sabemos o que é o pensamento. Não percebemos a limitação que implica esse modelo de ação, então, nós não sabemos também o que é essa ação e o quanto esse pensamento está limitando essa ação. Nós temos, em geral, algumas perguntas do tipo: “Como agir sob pressão?” ou “Como fazer a coisa certa?” Por que há essa preocupação? Nós temos essa preocupação porque sentimos a necessidade urgente de tomarmos ações com Inteligência, com Verdade, com Sabedoria. Então, vamos com calma olhar para isso aqui.
Aqui nós estamos investigando a Verdade sobre quem nós somos e o que representa uma ação, portanto, livre da ilusão desse centro que é o ego, que é o “eu”, esse pensador como nós acreditamos ser, esse fazedor das ações como nós acreditamos ser. A Compreensão da Verdade sobre nós mesmos, essa aproximação daquilo que se passa dentro de cada um de nós, de como nós funcionamos, de como o pensamento funciona, a clareza sobre o que é o pensamento, sobre como ele funciona e a limitação que ele representa, isso é algo fundamental porque é algo que nos liberta dessa qualidade de ação centrada no ego. Essa ação egocêntrica é aquela que está produzindo problemas, é aquela que jamais irá acertar, é aquela que jamais irá atender ao momento presente.
Vivemos como criaturas ansiosas, estressadas, angustiadas, preocupadas, aflitas, duvidosas, querendo acertar e tomando ações com base no pensamento, sem a compreensão do que é esse pensamento. É evidente que enquanto estivermos agindo nessa ansiedade, nessa angústia, nessa preocupação, enquanto estivermos agindo a partir de uma mente preocupada, ansiosa, estressada, duvidosa, carregada de desejos e medos, nossas ações serão ações que irão produzir exatamente isso, porque elas nascem desse estado interno de confusão. O ponto é que tudo isso está assentado nessa condição psicológica, nesse modelo de programa que aqui eu tenho chamado de condicionamento psicológico, que é esse modelo de pensamento. Então, temos que investigar a natureza do pensamento.
Primeiro, as ideias estão presentes em nós. Essas ideias são o resultado do conhecimento adquirido ao longo dos anos, toda a informação, toda propaganda, todas as ideias presentes em nossos pais, em nossos antepassados, dentro de nossa cultura. O modelo da ação com base no pensamento tem por princípio a experiência. A questão é: o que é essa experiência guardada em nós? É o resultado da memória. Assim, nossas ações são sempre impulsionadas por essas ideias, por esses padrões.
Enquanto não houver Silêncio, Clareza, Compreensão e Liberdade interna, em nossa mente, em nosso coração, enquanto esse cérebro em nós não compreender a Verdade da Quietude, do Silêncio, enquanto essa compreensão não estiver presente, nós estaremos atendendo a este instante, a este momento, a esta ação com base nessa experiência – nessa experiência passada. Nesse experimentador está essa experiência passada.
Qual é a verdade desse experimentador? Qual é a verdade desse “eu” que “sou”, desse “mim”? Qual é a verdade sobre esse pensador? Nossas ações estão nascendo desse pensador. A pergunta aqui é: o que é esse pensador que pensa e toma ações?
Observe que o que nós temos presente, sempre, é o pensamento surgindo. Há um propósito, há um motivo, há uma intenção com relação a esse pensamento e, com base nessa intenção, surge essa ação. Então, notem, há um intervalo entre esse pensador e essa ação, e esse intervalo é esse propósito. Então, essa ação é uma ação centrada no “eu”, uma ação particular. Tudo isso pode parecer muito razoável. Do ponto de vista técnico, nós precisamos do conhecimento, da informação, no entanto, essa elaboração do pensamento é algo muito natural.
O cérebro tem o registro do conhecimento, da experiência e de como agir. Por exemplo, para dirigir um carro o conhecimento se faz necessário, a experiência se faz necessária, a elaboração do pensamento se faz necessário, mas isso ocorre de uma forma muito natural. Então, essa informação técnica, esse conhecimento técnico, essa experiência técnica, essa memória técnica é algo importante. Então, a ação ocorre de uma forma muito natural. Dirigir um carro não requer a presença do sentido de uma identidade que se separa da própria experiência, como ocorre no caso desse ego.
O sentido do ego presente é aquele que está em uma ação com base no pensamento, também com base numa informação passada, com base numa experiência passada, mas agindo a partir desse sentido de dualidade. Por exemplo, nesse contato com você, eu estou vendo você a partir de uma ideia que faço sobre quem você é. Assim, a minha ação nasce a partir dessa ilusória separação, dessa psicológica separação; isso está assentado no pensamento, numa imagem: a imagem que eu tenho sobre você, a imagem que você tem sobre mim. Assim, nossas relações estão acontecendo em razão dessas ações ocorrendo, mas são ações centradas no ego, são ações egocêntricas.
Assim, a nossa vida nesse modelo de ação, que é a ação a partir deste ego, desse centro, desse “eu” se separando do outro, se separando da vida, se separando das situações é uma ação autocentrada, egocentrada. Assim sendo, não há Verdade Divina, não há Verdade de Deus, não há Inteligência, não há Sabedoria, não há Compreensão. Nós usamos expressões como “amor”, “paz” “liberdade”, “felicidade”.
Há uma urgente necessidade, sim, de Felicidade, de Paz, de Amor em nossas relações e, portanto, em nossas ações, e isso é algo que se torna impossível quando essa ação não nasce dessa Compreensão, não nasce dessa Inteligência, não nasce dessa Verdade do Silêncio. Quando está nascendo desse ego, temos uma ação que tem por princípio a ideia, o plano e depois a ação, então há sempre o autor da ação presente, o fazedor, que é o ego, o “eu”.
O nosso trabalho aqui consiste em irmos além desse ego, além desse “eu” e, portanto, além dessa ação egocêntrica; a ação livre do pensador, livre do experimentador, livre desse sentido de um “eu” com todas as imagens que ele tem sobre quem é o outro, sobre o que é a vida, sobre quem ele mesmo é. Reparem como é interessante isso: toda a ideia que você tem sobre você é uma imagem, que você tem sobre o outro é uma imagem, que você tem sobre a vida é uma imagem, que você tem sobre as situações são imagens criadas e sustentadas pelo pensamento.
A vida consiste de ações acontecendo, elas acontecem quando o sentido do “eu”, do ego não está, dentro de um novo modo de agir, de se mover, de falar, de sentir, de lidar com o outro, de lidar com nós mesmos, sem esse centro que é o “eu”, o ego. Esta é a ação da Verdade. Com base na Revelação do Autoconhecimento, da ciência da Verdade do seu Ser, Algo novo surge. Esse Algo novo é ação livre do ego. É isso que alguns chamam de Realização de Deus, Iluminação Espiritual, a Compreensão da Verdade Divina.