Eu gostaria de trabalhar com aqui sobre essa Verdade da ação, da ação correta. É muito comum as pessoas terem perguntas do tipo: “Como fazer a coisa certa? Como acertar?” Elas ainda não compreenderam o que é uma aproximação da Verdade do Autoconhecimento. Elas acreditam que precisam acertar, precisam fazer a coisa certa.
Uma outra pergunta muito frequente é “Como agir corretamente?” É, basicamente, a mesma pergunta com palavras diferentes. Uma outra pergunta é: “Como agir sob pressão?” Ou: “Como me manter calmo?” Nós vamos investigar com você aqui essa questão da ação, da importância da ação.
O que é ação? Para a maioria de nós a ação pressupõe, necessariamente, sempre a presença de alguém na ação. Então, em toda a forma de ação, a ideia central em nós é de um autor das ações, de um fazedor das ações, de um agente presente na ação. Nós temos primeiro a ideia, a partir do conceito de uma identidade presente, então, existe esse “eu” aqui presente para agir. Há uma ideia, um alvo, um objetivo, um propósito, uma intenção, uma motivação, uma razão, e depois vem a ação. Então, a ideia, em geral, é “eu quero”, depois vem a ação; “eu vou”, depois vem a ação. Então, a ideia principal para nós é sempre de um agente presente na ação.
Agora observem: nossas ações, quando nascem de uma ideia, na verdade, são meros ajustamentos a um programa, a um plano, a uma ideia predeterminada. Então, aquilo que nós chamamos de ação é, na verdade, uma reação. Uma ação que nasce do pensamento em nós é uma ação determinada por esse elemento, que é o pensamento, que é o pensador. Então, há esse pensador em seu pensamento que segue uma ação. Nós não sabemos nem a natureza desse pensador, a verdade sobre esse pensamento e a verdade sobre a ação.
Então, reparem como é interessante quando queremos acertar na ação sem compreender o que a ação representa, quando queremos acertar no agir sem compreender a natureza desse “eu” que quer agir, que quer acertar. Esse assunto é realmente fascinante, compreender o que é que chega primeiro. O que é que nós temos primeiro aqui? Sempre nós temos a ação ou esse “eu”, que é o agente? Porque se é esse “eu” que chega primeiro, essa ação é só um ajustamento a uma ideia. Mas se essa ação ocorre sem esse agente, sem esse “eu”, nós temos uma ação livre.
Talvez, a princípio você ache até difícil aceitar isso como sendo uma Realidade possível, uma Verdade possível em sua vida, a compreensão de que a verdadeira ação só é a ação correta, ela só é a verdadeira ação, a Real ação quando ela não produz conflito, sofrimento, desordem – e não tem sido assim nossas ações. Primeiro, nós queremos acertar para não ter problemas, e aqui eu estou dizendo que quando essa ação nasce desse agente, que é o “eu’, o ego, a “pessoa”, como esta ação é só um ajustamento a uma ideia que vem desse “eu”, que vem dessa pessoa, com certeza essa ação em algum nível – porque é uma ação de ajustamento a uma ideia – irá produzir sofrimento, irá produzir confusão.
A nossa vida está cheia de problemas. Nós temos problemas de todas as ordens, de todos os tipos, de todas as formas. Queremos viver uma vida sem problemas. É possível viver sem problemas? A resposta para isso é: sim, é possível viver sem problemas. Mas não é possível viver sem problemas se a nossa ação é uma ação que nasce desse centro, que é o “eu”, o ego, porque é uma ação que já nasce da contradição porque ela nasce de uma reação que está vindo do passado.
Vamos com calma ver isso aqui, investigar isso aqui. Vamos descobrir o que é uma ação livre do ego. O que é uma ação livre de conflito, de problemas, de contradições. O que é uma ação inteligente, uma ação, de verdade, em Compaixão, em Amor, nessa Liberdade do fluir com o instante, com o momento presente, sem atrito, sem conflito, sem resistência. Vejam o quanto isso é importante para as nossas vidas.
Todo o ser humano está à procura da Felicidade, e como nossa vida consiste de ações, desde que levantamos da cama pela manhã já estamos num movimento de ação. Tudo é ação. Notem isso, tudo é ação. Gestos são ações, fala também é uma ação. A compreensão dessas palavras é um movimento intelectual de compreensão da língua, de compreensão das palavras em ação. Então, a vida consiste de ações. Uma vida feliz, uma vida em Felicidade, em Amor, em Paz, em Liberdade consiste em uma vida onde nossa ação seja uma ação Inteligente. Necessariamente, a presença de uma ação Inteligente é de uma ação livre – livre do conflito, livre do dilema, livre do desejo e do medo –, portanto, precisa ser uma ação livre desse centro, que é o “eu”, o ego.
Vamos primeiro investigar aqui a Verdade da ação. Primeiro, a ação é aquilo que acontece agora, aqui. Mas o que é que vem primeiro? Nós colocamos agora há pouco: é o agente ou a ação? Vamos dar aqui um exemplo muito simples: quando surge um pensamento, esse é um movimento no próprio cérebro de imagens. O pensamento é sempre uma lembrança, uma memória, uma recordação. Você não tem um único pensamento que não seja uma lembrança. Então, o pensamento quando surge, ele é agora, aqui uma ação do próprio cérebro. Quando essa ação surge, no instante que surge, nesse segundo exato que surge, não há “alguém” para fazer alguma coisa com esse pensamento.
Nós temos uma ilusão presente no que diz respeito a essa questão da ação e aqui no que diz respeito a essa questão da ação do pensamento quando surge, porque acreditamos que somos nós que estamos pensando. Na verdade, quando um pensamento surge, o que está ocorrendo nesse segundo exato é que o cérebro está reagindo a um estímulo, seja ele externo ou interno.
Então, investigando a natureza da ação vamos aqui, agora também investigar a natureza do pensamento. Reparem como é interessante a gente descobrir isso aqui. Quando seus olhos percebem algo externamente, de imediato o cérebro reage. Ele recebe um estímulo, e quando ele recebe esse estímulo, ele pode reagir. Em geral, ele reage com um formato de um pensamento, de uma lembrança.
Ao ver uma árvore, quando os seus olhos se deparam com uma árvore pode surgir uma lembrança, a lembrança de uma árvore que você tinha também no jardim da sua casa quando você era criança. Isso é uma reação do cérebro a essa dada experiência sensorial do olhar. Quando isso ocorre, ocorre de uma forma automática. Percebam como é interessante: não tem “alguém” vendo a árvore, é uma reação do cérebro, das células cerebrais a essa visão, a essa percepção sensorial. Reparem que nesse momento, no exato momento desse olhar a árvore, dessa identificação da árvore, as folhas, os galhos, esse é o momento de ação. Nesse momento da ação não existe o experimentador, não existe o “eu”, não existe a pessoa, não existe esse “você”. Nesse exato segundo da percepção, nessa fração de segundo, há só uma constatação sem o observador, sem o experimentador, sem o “eu”, sem o ego. Nesse instante nós temos a ação.
Então, notem: aquilo que surge primeiro é a ação. A ação é isso que acontece. Depois desse momento de percepção direta, que é ação pura, nesse instante não há o elemento “eu”, não há o autor, não há o fazedor, não há o pensador, não há o experimentador. Um segundo depois ele surge e vem a lembrança da infância, então, nesse momento todo esse sentido de ação, de percepção está alterado, porque surgiu o elemento observador, o pensador, o experimentador, que é o “eu”. Percebam como é interessante investigarmos a Verdade sobre a ação. Então, o que é que surge primeiro? O que vem primeiro é a ação – a ação de ver, de perceber. Depois vem o nome, vem a história, vem a lembrança, vem a memória, vem o sentido de um “eu”, que é basicamente o passado se apresentando com a sua história.
O que estamos colocando aqui é que toda a ação está agora, aqui, sempre neste instante, sem o passado. Apenas um segundo depois o passado surge. Quando há tristeza, é uma sensação, mas juntamente com a tristeza vem a história desse “mim”, desse “eu”, desse “alguém” triste. Então, essa ação não é mais uma ação natural, simples, direta, real, porque o elemento “eu”, que é o agente, já está presente, e quando o agente surge, ele quer fazer algo com a ação, ele “gosta”, ele “não gosta”, ele quer rejeitar, ele quer se livrar desse estado ou quer vivenciar esse saudosismo da infância.
Então, quando o sentido de um “eu” aparece na ação, esse “eu” é o fazedor, é o autor da ação, é o gerenciador da ação, é o elemento ego. Então, as nossas ações, em geral, são ações que quando partem desse centro, que é o “eu”, que é o ego, são ações que alimentam e sustentam a ilusão de uma identidade presente, que é o ego. A pergunta aqui é essa: será possível termos uma vida aqui e agora livre desse elemento que é o “eu”, o ego, que vem do passado, que diante da ação do instante, do momento presente ele sempre surge para tentar mudar, alterar, fazer algo com isso?
Então, nós estamos aqui trabalhando com você o fim para esse “eu”, ego, para esse agente, para esse fazedor, para esse experimentador. Então, a vida consiste neste movimento aqui e agora, onde essa ação ocorre sem esse sentido de um “eu” presente. Podemos eliminar de nossas vidas esse elemento ilusório, que é o ego. Nós precisamos, sim, da memória, do reconhecimento e dessa ação prática e objetiva para alguns propósitos simples. Levar a criança para o colégio, dirigir o carro, escrever alguma coisa, isso requer, sim, a presença do conhecimento, da experiência. O conhecimento é a própria lembrança, mas é algo simples.
De uma forma prática, neste sonho de vida nós precisamos lidar com a ação nesse nível, mas nesse nível não há conflito, não há problema, não há sofrimento. Mas quando olho para você, e nesse instante, nesse olhar o passado se mostra, esse fundo, que é o “eu”, o ego, reconhece em você alguém de quem esse “eu não gosta”; quando isso está presente, quando tenho esse “gostar ou não gostar de você”… Se você me insultou, se você me agrediu com palavras, essas palavras foram registradas e guardadas na memória, nesse próximo encontro com você, que é uma ação direta e simples, o pensamento “eu” irá surgir dizendo “não gosto dele, não gosto dela”.
É possível uma ação livre do “eu”, livre do ego. É possível uma ação livre desse experimentador, desse observador, desse fazedor. Uma resposta direta e objetiva a esse instante, a esse momento sem o elemento do passado, então temos a Verdade da ação livre do “eu”, livre do ego. Essa é a Realidade do seu Ser aqui e agora se expressando como pura Consciência. Essa é a ação livre do passado. É possível estar neste instante sem o passado, que é o experimentador, o “eu”, o ego, então a vida está acontecendo como uma ação livre, porque o sentido de um “eu” não está presente. Essa é a ação livre do ego.
Então, esse é o assunto que estamos trabalhando aqui com você, lhe mostrando que, sim, é possível viver uma vida sem conflito, sem contradição, sem sofrimento e, portanto, dentro de uma ação nova, de uma ação livre do passado. Alguns chamam isso o Despertar do seu Ser, o Despertar de Deus, a Realização de Deus; alguns chamam de Iluminação Espiritual, uma vida livre do ego, uma vida onde essa ação é Amor, essa ação é a ação da Presença, é a ação da Verdade.