Aqui, nosso trabalho consiste na descoberta dessa ação, na verdade dessa ação. Eu tenho chamado de qualidade de ação a ação livre de contradição, livre de conflito e, portanto, livre de sofrimento. Haverá uma ação possível para cada um de nós onde podemos, de verdade, acertar? Porque é comum as perguntas: “Como fazer a coisa certa?”, “Como agir com sabedoria?” ou “Como agir sob pressão?” São perguntas que nós fazemos para nós mesmos ou até formulamos isso na conversa com alguém, porque temos a intenção, na verdade, de termos uma ação correta, uma ação verdadeira, uma ação real.
Nós estamos trabalhando com você aqui a verdade do Autoconhecimento nessa ação livre do ego. Quando há essa verdade do Autoconhecimento, isso se revela em uma ação livre do ego, então temos uma Real ação, uma verdadeira ação. A ação para as nossas vidas não pode ser essa ação como nós a conhecemos.
Nós temos colocado aqui para você, estudado com você essa questão da ação. Em geral, para nós, a ação nasce do pensamento, assim sendo, de um sentimento, de uma emoção, de um modo de perceber, de uma ideia. Nossas ações nascem já a partir desse centro, que é o “eu”, o ego, nascem desse fundo de memória, de lembranças, com uma intenção, com uma motivação, com um propósito.
Então, nós temos aqui três coisas. Nós temos a ideia, quer ela esteja acompanhada ou não de sentimento, de emoção, de algum nível de sensação, quer ela esteja acompanhada desse movimento de pensamento determinado. Ela nasce desta forma e ela carrega um propósito, um objetivo, um alvo, uma intenção e, juntamente com isso, vem logo a ação. Então, nossa ação tem esse movimento: pensamento, intenção e a ação. Isso coloca a presença de um fazedor, de um autor da ação, que é o “eu”, que é o ego, esse pensador, esse experimentador.
Assim, nossas ações são ações movidas por esse centro, que é o “eu”. Nós estamos aqui lhe propondo uma vida livre desse ilusório centro, que é o “eu”, o ego. Há uma ação nova que surge a partir dessa vida, a Real Vida desse Ser, dessa Real Consciência, da Verdade dessa Presença Divina. Então nós temos uma ação livre do ego, porque existe essa presença da revelação da ilusão desse “eu”, da compreensão da estrutura, da natureza e, portanto, do movimento egocêntrico em nós.
Quando nós temos uma aproximação, que é um olhar para todo esse movimento interno da consciência, conseguimos ver esse movimento. Esse olhar se torna possível quando a mente toma ciência dela própria, se torna ciente dela mesma. Essa observação da mente, essa ciência do movimento da mente, quando ela se torna ciente dela mesma, quando ela se torna ciente do seu próprio movimento, esse movimento é o movimento da consciência.
Assim, toda essa consciência como nós conhecemos, a consciência em nós, precisa ser observada. Essa consciência são lembranças, memórias, desejos, medos. Todo o peso psicológico de ser “alguém” na vida está dentro dessa consciência. Se a mente se torna ciente dela própria, esse movimento, que é essa consciência, pode ser visto. Quando essa consciência é observada, quando há ciência desse movimento, que é o movimento do “eu”, do ego, que é esse movimento da consciência egoica, dessa pessoal consciência, a ciência disso é o esvaziamento dessa consciência. Quando a mente se torna ciente do seu próprio movimento, essa condição psicológica, que é essa consciência do “eu”, é completamente esvaziada.
Aqui a aproximação dessa visão da verdade sobre quem nós somos requer que a mente se torne ciente do seu próprio movimento, do movimento dela mesma. Quando a mente se aquieta, quando ela silencia, quando há essa Atenção, quando ela dá a si mesma essa Atenção, ela se aquieta. Quando existe essa Atenção, essa Plena Atenção para observar, para se tornar ciente desse movimento, o conteúdo dessa consciência, que é a consciência do “eu”, se revela. Então ocorre, naturalmente, um esvaziamento desse conteúdo.
Assim, Autoconhecimento é uma aproximação fundamental para que haja essa Liberdade, para que ocorra o fim desse movimento, que é o movimento egoico, que é o movimento desse centro ilusório. Então, quando esse movimento do “eu” termina, não há mais essa ação egocêntrica, não há mais esse movimento da ação que tem por base a ideia e, portanto, a motivação, o desejo, o medo, o sentimento, a emoção.
Reparem o que estamos colocando: nossas ações são pessoais, elas são centradas nesse ego, nesse sentido desse experimentador, desse pensador. A ideia que você tem sobre quem você é se assenta nessa condição de consciência egoica. Com base nessa consciência egoica há esse movimento, que é o movimento da pessoa centrada nela mesma, autointeresseira, voltada para os seus próprios motivos, intenções, razões, objetivos e propósitos. Assim sendo, essa ação aqui, neste instante, na vida, é uma ação que produz sofrimento, porque nasce dessa atividade egocêntrica.
Percebam com clareza isso: precisamos ter um esvaziamento desse conteúdo psicológico, do qual esse ego é constituído, que é a vida desse “eu”. Então, Algo que está presente, que está fora do “eu” se revela quando o “eu”, o ego, quando esse conteúdo egoico não está mais presente. Então temos agora uma ação de outra ordem, a verdade, a qualidade de uma ação livre do ego.
Notem como isso é importante: nesse meu encontro com você, nós temos um encontro, neste instante, com a vida. A vida é algo novo, fresco, acontecendo pela primeira vez, mas esse encontro desse “eu” com esse “você” é um encontro entre memórias, entre lembranças, um encontro entre o passado. A ideia de ser “alguém” é o passado. A ideia que faço sobre quem sou, a ideia que tenho sobre quem você é, assim como a ideia que você tem sobre quem você é, a ideia que você faz sobre quem eu sou, quando há um encontro, nós temos a presença do passado.
A vida está aqui, neste instante, reclamando uma ação nova, trazendo um desafio para uma ação livre de conflito, de contradição, de sofrimento, trazendo o desafio para uma ação nova, mas nesse encontro, essa condição psicológica de ser “alguém” está se encontrando com esse outro “alguém”. Como a vida é ação, uma ação vai acontecer. Então “eu gosto de você” ou “eu não gosto de você”. Esse “gostar” vem do passado, esse “não gostar” vem do passado, daí temos uma ação acontecendo e esta ação será a ação do conflito, porque será a ação que se baseia no passado.
Será possível uma ação livre desse passado, sem esse centro, que é o “eu”, o ego? Então será um encontro livre dessas imagens, dessas fotografias – da que eu faço de você e da que você faz de mim. Nós aqui estamos lhe dizendo que, sim, é possível uma vida onde a ação não seja mais a ação desse centro, que é o “eu”. É a ação da própria vida quando o “eu”, o ego não está. Então, nesse encontro há uma Real relação, mas não é mais uma relação entre imagens, não é mais uma relação entre o passado – esse passado aqui e o passado aí.
Nesse trabalho aqui nós estamos lhe mostrando a possibilidade de uma vida livre do ego e, portanto, uma vida Real. Nessa Real vida há uma qualidade de ação, que é a ação que atende a esse instante, a esse desafio de uma forma inusitada, extraordinariamente bela. Então temos a verdade da ação livre de complicações, de confusões, livre de desordem, portanto, livre de sofrimento.
Aqui nós estamos explorando com você a verdade do Autoconhecimento e a Revelação do seu Ser, que é a Realidade de Deus. Nesta Realidade de Deus, que é esse Ser que somos quando esse sentido do “eu”, do ego não está, não existe essa ilusória identidade, não existe esse sentido de “alguém” como sendo o experimentador, como sendo o fazedor, como sendo aquele que efetua, realiza ações.
Então, estamos falando de uma ação livre de ideia, livre de crença, livre de opinião, livre de julgamento, livre de conceito, livre de intenção, é uma ação da vida. Para assuntos objetivos, práticos, bem simples, como dirigir um carro, nós nos deparamos com uma ação dessa qualidade. Reparem que coisa curiosa temos aqui: nós temos o conhecimento, temos a experiência, temos o movimento, que é a ação, mas é uma ação natural, a ação da própria vida, porque é uma ação técnica, objetiva, funcional.
Dirigir um carro não requer a presença dessa identidade egoica, desse sentido de um “eu”, de um ego, a não ser que naquele volante surja a ideia de alguém mais importante que as outras pessoas porque está com um carro que ele acredita ser mais bonito que o carro dos outros; a não ser que o sentido do “eu” apareça criando essa comparação, carregando essa vaidade, esse orgulho. Notem que dirigir um carro não requer a presença do ego, basta o conhecimento, a experiência, a técnica, a memória motora desse corpo-mente. Mas a verdade é que estamos sempre colocando na vida, em ações – mesmo em ações tão simples como essa de dirigir um carro –, o sentido do “eu”, do ego, a autoimagem de “alguém” que se sente muito importante por detrás daquele volante, que se sente especial porque está dirigindo um carro novo ou um carro importado.
Então, nós sempre estamos colocando o sentido do “eu”, do ego nesse movimento de ação quando existe esse experimentador, esse pensador, quando existe essa intenção, quando existe essa motivação do “eu”, quando há esse egocentramento. Estamos falando que é possível uma vida livre dessa velha qualidade de ação, que é mera atividade egocêntrica, para uma ação nova, a ação dessa Inteligência, dessa Real Presença, dessa vida Real – não dessa vida pessoal, que é a vida do “eu”. A Realização da Verdade do seu Ser é o fim do ego, é o fim do “eu”.
Então, na relação com o esposo, com o marido, com filhos, com família, com tudo à sua volta, sem o sentido do “eu”, do ego, essa ação flui de uma forma livre onde há a presença do Amor, da Compaixão, da Liberdade, da Inteligência. Essa qualidade de ação é a Verdade da ação Divina.
Aqui estamos trabalhando com você o Despertar Espiritual, o Despertar da Consciência, a Realização do seu Ser, que tem por base a visão da revelação, da compreensão de quem nós somos, de quem é você nesse instante, a compreensão da Verdade desse Ser, dessa Consciência, dessa Felicidade, que é a Natureza de Deus aqui e agora quando o sentido do “eu”, quando o seu movimento, que é o movimento dessa atividade egocêntrica, dessa ação centrada nessa ilusão, não está mais presente.