Eu gostaria de tratar com você aqui um pouco sobre a importância da ação. Eu me refiro a uma qualidade de ação que nós desconhecemos. Nossas ações são ações que nascem, que têm por base o movimento da vontade, o movimento do querer, o movimento do desejo, até mesmo do impulso que nasce do medo. Tudo isso gera algum nível de ação presente.
Eu gostaria de tratar com você sobre a Verdade da ação, quando temos presente nela a presença da verdadeira Inteligência. Uma coisa bastante curiosa a respeito disso é, por exemplo, aquilo que as pessoas estão falando muito sobre a inteligência artificial. As pessoas estão encantadas com isso. No entanto, algumas estão amedrontadas também com isso.
Percebam como nós funcionamos como seres humanos. Nós temos a questão da, assim chamada, “inteligência artificial” e o medo, porque algumas pessoas não sabem o que pode vir a acontecer em razão da presença dessa “inteligência artificial”. É bastante curioso isso porque nós estamos muito confiantes e bastante à vontade nessa, assim chamada, “inteligência humana”. Para nós, essa inteligência humana é inofensiva. Agora, olhe de perto isso e veja se de fato é assim.
Qual é a razão do medo? O que é o medo? O que é a verdade da inteligência? Qual é a verdade sobre a inteligência? Qual é a verdade sobre o medo? O que é isso que nós chamamos de inteligência artificial? Notem que nós consideramos a inteligência presente quando vemos a habilidade, a capacidade e o conhecimento presentes, se expressando em alguém. Então dizemos: “Olha como essa pessoa é inteligente”.
Alguns têm uma habilidade para a música, outros para a matemática, outros para essa noção de espaço. Então nós temos as, assim chamadas, “inteligência matemática”, “inteligência musical”, “inteligência espacial”. Nós vemos essa expressão de conhecimento, de habilidade e de experiência de alguém numa determinada área como a verdade da inteligência. E agora acaba de surgir essa, assim conhecida, inteligência artificial.
Então, há já uma disputa entre essa já antiga e conhecida inteligência humana versus essa nova inteligência, que é a inteligência artificial. E já estamos com medo dessa, assim chamada, “inteligência artificial”. Qual é a verdade sobre isso, a realidade da inteligência? Será que é, de fato, isso: inteligência é habilidade, é conhecimento, é capacidade? A verdade da inteligência é a rapidez, a maestria, a precisão como o cérebro eletrônico funciona, como no caso da inteligência artificial?
Aqui estamos tratando com você o fim para a ilusão do sofrimento humano, o fim para a ilusão do medo, o fim para a ilusão do conflito, da contradição, o fim para a ilusão dessa identidade presente que é o “eu”, o ego. O fim para isso representa um novo modo de agir na vida. Por isso eu quero tratar com você dessa Verdade da ação, da ação livre dessa, assim conhecida, inteligência humana.
Estamos falando aqui com você da Beleza da Real Inteligência, da verdadeira Inteligência. A única Inteligência que se faz, de fato, necessária em nossas vidas é aquela que pode pôr fim a todos os problemas humanos. Será que a inteligência artificial é o fim para os problemas humanos, já que com a nossa inteligência humana não conseguimos colocar fim para os problemas humanos?
O mundo está vivendo em uma condição em que há violência, há medo, há sofrimento, há ambição; a inveja é algo presente, o apego, as contradições ligadas a esse sentido de desejo em nós. Então, toda condição do ser humano nessa, assim chamada, “consciência humana”, nessa inteligência humana tem sido de problemas. A nossa ação é um clássico reflexo disso. Não sabemos o que é uma ação livre. Vamos explorar um pouquinho isso aqui e vamos nos perguntar isso: a inteligência humana colocou fim aos problemas? Há inteligência, verdadeiramente, em nossas ações só porque, tecnicamente, nós sabemos algumas coisas, temos algum nível de conhecimento, temos algum nível de experiência e habilidade para lidar com alguns assuntos?
A tecnologia tem avançado, a medicina tem avançado, a ciência tem avançado, mas do ponto de vista psicológico, nós continuamos como seres humanos nessa mesma velha condição que acabamos de relatar aqui pra você. Não sabemos viver numa relação com o outro, com nós mesmos, com a vida com harmonia, com alegria, com paz, com felicidade. É isso que se faz necessário em nossas vidas. A inteligência humana não nos deu isso. A inteligência artificial irá nos dar isso? Absolutamente! Se há algo que a inteligência artificial não pode resolver é isso.
Ela pode resolver assuntos técnicos de uma forma muito mais habilidosa do que essa, assim conhecida, inteligência humana em nós, porque se nós temos um cérebro de um computador, com uma velocidade muito mais rápida de operação, os problemas técnicos podem ser resolvidos de uma forma muito mais eficiente. Mas esses problemas técnicos são problemas apenas funcionais do aspecto tecnológico, científico, matemático e assim por diante. Aqui eu me refiro a esses problemas humanos em nós. A inveja, por exemplo, a dor que isso representa, a dor do apego, o sofrimento que isso causa quando, por exemplo, perdemos um ente querido, alguém que amamos ou que dizemos amar. Dizemos amar, acreditamos que amamos, nunca investigamos, de verdade, nossa relação com o outro, o que esse outro representa para esse “eu”. Nunca investigamos a natureza desse “eu”. Nossa, assim chamada, “inteligência humana” não nos habilitou para isso. Não temos uma aproximação dessa mente como nós a conhecemos para uma investigação do que ocorre dentro dela.
Então, toda essa, assim chamada, “inteligência” em nós é para investigar o mundo externo, é para pesquisar o mundo exterior, é para explorar os assuntos externos da vida, da existência humana, no campo da ciência, da arte, da música, da mecânica, da física, da química. Assim, nós estamos, no que diz respeito à verdade sobre quem nós somos, sem essa Verdade, sem a compreensão de nós mesmos. Então, não importa se aquilo que está presente estamos chamando de inteligência. Eu quero repetir isso aqui: o que temos chamado de inteligência é apenas conhecimento acumulado, experiência adquirida. Ao longo desses milênios, temos muita experiência adquirida, muito conhecimento acumulado, colocamos isso em uma máquina e chamamos de inteligência. Acumulamos-nos de informações dos livros, de palestras e de experiências, e chamamos isso de inteligência. Estamos aqui sinalizando para você Algo além dessa, assim chamada, “inteligência artificial”, além da inteligência humana. A ciência de uma ação agora, aqui, livre do conhecimento e, portanto, livre da reação.
Quando olhamos para um céu estrelado à noite e há só o olhar sem alguém, repare que, nesse momento, o sentido de um “eu” não está com suas ideias, seus conceitos, suas opiniões, seus julgamentos, seus medos, seus desejos. Um céu estrelado não tem nada para oferecer para o ego, para esse sentido de um “eu” presente. Repare que nesse momento, ao olhar para um céu estrelado, fica apenas o olhar. Há um impacto de silêncio, de quietude, de serenidade, onde o cérebro se aquieta, todo o movimento de pensamento, que é o movimento do conhecido, da memória, da lembrança, do passado, da recordação, da ambição, do desejo e do medo não está presente. Então há só um olhar para essa noite estrelada. Nesse momento o cérebro se aquieta. Então estamos diante de uma ação livre desse “eu”, desse ego. Não se faz necessária nenhuma, assim chamada, “inteligência”, nem a inteligência espacial, nem a inteligência musical, nem a inteligência técnica, nem a inteligência artificial, nem a inteligência humana. Nesse momento não se faz necessária nenhuma qualidade de inteligência.
Então, essa divisão de inteligência em inteligência espacial, inteligência mecânica, inteligência musical, inteligência emocional, inteligência artificial, inteligência humana, tudo isso desaparece nesse momento, fica uma apreciação da Pura Apreciação, há um modo de olhar sem o sentido de um “eu” presente. Nesse instante há um momento de profunda Quietude, de profundo Silêncio, há Algo que nesse instante se revela fora da noção de separação, dessa noção de “eu e a outra coisa”, “eu e as estrelas”, “eu e essa imensidão”, “eu e esse céu extraordinário com essas estrelas, com toda essa aparição”. Nesse momento há essa Presença de alguma Coisa que está fora do conhecido. Nós temos isso também numa praia ou à beira de um lago. A mente é completamente varrida nesses instantes de toda ocupação com o escritório, com os negócios, com os problemas de família, com os problemas de saúde, de toda a ordem. Tudo isso desaparece nesse Silêncio, nessa Quietude, esse é o encontro com a Real Inteligência. Notem: esse é o encontro com a Vida nesse instante.
Eu quero lhe fazer uma pergunta: será possível lidarmos com o marido, com a esposa, com o patrão, com os funcionários da empresa, com os colegas de trabalho, é possível lidar com o momento presente, levando a criança para o colégio, trazendo do colégio, será que é possível lidar com a vida, com as atividades diárias, com as atividades profissionais, no trabalho, sem o sentido de um “eu” presente? Permitindo-se um cérebro nessa quietude, nessa ausência desse sentido de um “eu”, que se separa do momento presente, que se separa da experiência presente, que não coloca o experimentador dentro da experiência para julgar, comparar, aceitar, rejeitar ou fazer alguma coisa com isso?
Será possível uma vida livre desse senso de um “eu” presente no viver? Um cérebro livre, uma mente em quietude é esse Florescer, o Florescer d’Aquilo que eu tenho chamado de Real Inteligência. Essa verdadeira Inteligência está presente quando o sentido do ego, do “eu”, quando essa ilusão de uma identidade presente no momento, aqui e agora, não está. Experimente isso, experimente olhar apenas sem “alguém” olhando. Experimente isso!
Experimente olhar sem “alguém”. Assim como você consegue ouvir um pássaro cantando e você não julga, não compara, não rejeita, também não se prende ao canto, mas apenas escuta, descubra também como ouvir, ouvir alguém falando com você, apenas ouvir, sem colocar em um juízo de valor, sem avaliar, sem comparar, sem concordar ou discordar com aquilo que você escuta. Exatamente como você faz quando escuta um pássaro, quando você olha para uma floresta, para uma árvore, quando você olha para o mar, quando você olha para o céu, fica só o olhar. Descobrir isso, experimente olhar para esse instante, sem esse fundo, sem esse eu, quando ele surge, ele surge se separando para gostar, não gostar, concordar, discordar, dizer sim, dizer não, para desejar o que vê, para rejeitar aquilo que está vendo, para concordar com o que escuta, para discordar do que escuta.
Quando fazemos isso, estamos apenas nesse movimento antigo e velho dessa, assim chamada, “inteligência do eu”, essa, assim chamada, “inteligência humana”, que é basicamente conhecimento, memória, lembrança, reconhecimento. Esse é o movimento do ego presente. Essa é a ausência da verdadeira Inteligência. Estamos lhe convidando aqui para o Despertar da Real Inteligência. Essa Real Inteligência é essa ação. Repare que essa ação é a ação sem “alguém” na ação. A ação de olhar, a ação de ouvir, a ação de viver a vida sem esse centro, sem esse “eu”. Alguns chamam isso o Despertar da Consciência. É o Despertar da Real Inteligência, da Verdade do seu Ser. Outros chamam isso de Iluminação Espiritual. Assim, aqui estamos trabalhando com você essa Verdade, a Verdade da Revelação d’Aquilo que é Você quando a ilusão desse “mim”, desse “eu”, desse “você” que você acredita ser não está mais presente.