Repare que estamos aqui investigando com você algumas coisas. Nós estamos descobrindo juntos, na verdade, o que representa uma vida livre, uma vida amorosa, uma vida em Felicidade, uma vida em Paz, uma vida em Completude, e isso, naturalmente, requer uma mente nova.
Será possível realizarmos Isso, nos tornarmos cientes de uma nova mente? A palavra aqui seria adquirir? Talvez não, mas, sim, nos tornarmos cientes de uma mente nova, porque essa mente nova é a mente onde Isso que acabamos de colocar aqui para você se torna possível.
Amorosidade, Paz, Liberdade, Felicidade, Inteligência é Algo que se torna presente quando há essa mente nova. Adquirir Isso de que forma? Através de um método? Através de uma forma de prática? Através de um sistema? Um método filosófico? Um método psicológico? Um método espiritual? Uma prática espiritual? Uma prática filosófica? Uma prática religiosa? Será que através disso podemos adquirir uma qualidade de mente nova, uma mente capaz de compreender a Verdade que é a vida em sua Totalidade? Porque sem essa compreensão, naturalmente se torna impossível. Essa mente nova é essa mente presente na compreensão dessa Totalidade da vida.
Nós temos levado nossa vida dentro de uma mente já padronizada, presa, aprisionada, dentro de sistemas e padrões de repetição e de continuidade, dentro de uma cultura onde não sabemos o que é o Amor. Como podemos, então, viver essa amorosidade? Onde não sabemos o que é a Paz porque estamos sempre em conflito uns com os outros. Como podemos, então, viver uma vida em Paz? Não sabemos o que é a Liberdade. Como podemos, então, viver uma vida em Liberdade? Nós aqui estamos propondo para você uma vida nova, com uma mente nova. Não essa velha e antiga mente que nós conhecemos.
Afinal, o que é a mente humana? A mente humana é esse conflito, essa contradição, essa inquietude. Toda a representação de insanidade está presente na condição dessa, assim chamada, “mente humana”; a inveja, o ciúme, o medo, o desejo, toda a forma de aflição, de inquietude. Percebam essa tagarelice interna, esse modelo de pensamento veloz que corre de uma forma desenfreada, descontrolada dentro de cada um de nós. É possível uma mente nova, livre de tudo isso? Então me parece que esse é o verdadeiro desafio.
O verdadeiro problema que nós temos não é externo, ele é interno, e esse problema consiste nessa “velha mente”, nessa mente humana, nessa condição psicológica de ser “alguém”. Então, como Isso se torna possível? Uma vida onde haja ciência da Realidade de Deus agora e aqui. Não a crença em Deus, não o conhecimento dos Livros Sagrados, a habilidade de recitar os versículos da Bíblia, do Alcorão, da Bhagavad Gita ou de qualquer Escritura Sagrada. Essa habilidade é intelectual.
Nesse intelecto condicionado, ainda preso, naturalmente, a todo esse padrão de inveja, desordem e confusão, desde que as células cerebrais estejam funcionando bem, nós guardamos tudo isso, guardamos esses versículos, guardamos essas expressões sagradas, mas é uma mera recitação verbal, oral, algo intelectual; ficamos só a nível intelectual nessa coisa desse encontro nosso com a vida, assim chamada, “religiosa”.
Essa vida, assim chamada, “religiosa” é uma vida de prática de religião organizada, onde lá nós temos esses momentos onde aprendemos tudo isso, onde guardamos essas palavras e depois repetimos. Isso não faz o menor sentido porque é algo verbal, é algo intelectual, é algo teórico. Estamos aqui sinalizando para você a importância do Despertar da Verdade do seu Ser.
Por uma questão de tradição e de cultura, nós temos muitos ensinadores das Escrituras. Em todos os países no mundo têm os instrutores, assim chamados, “espirituais”, os sacerdotes, os ensinadores que dão esses ensinamentos doutrinários, que repetem para nós o que eles também leram. Há uma distância que é, na verdade, um verdadeiro abismo entre a Verdade de Ser e a teoria sobre a Verdade.
A Verdade é a Realidade de Ser. A teoria sobre a Verdade são palavras, são conceitos e nós amamos isso, adoramos isso, ficamos sentimentalmente, emocionalmente muito tocados com a recitação das Escrituras, mas isso não nos dá uma verdadeira Vida Religiosa, que é uma vida realmente amorosa, pacífica, livre, cônscia da Realidade de que a única Verdade presente é a Realidade de Deus.
A palavra Deus não é a Verdade, a palavra Deus é só uma palavra. Não é a Realidade de Deus a palavra “Deus”. A Realidade de Deus está presente quando o “eu”, o ego, o medo, o desejo, a contradição, o sofrimento, o egoísmo não estão presentes. É isso que aqui nós chamamos de mente nova. É isso que aqui nós chamamos de Real Vida Religiosa.
Isso realmente significa descobrir o que é o viver – o viver a vida. Não é o “eu” na vida, é a vida no viver, na ausência do “eu”, e para isso, sem dúvida, se faz fundamental para todos nós uma mente nova. Essa mente nova é um novo coração, é um novo Ser, é uma nova Presença, é uma nova Realidade, é a Totalidade da vida em sua Compreensão. Mas não é a compreensão de “alguém”, não é a compreensão para “alguém”, é a Compreensão nesse Natural Estado de Ser onde o “eu” não está.
Estamos sinalizando Algo aqui desconhecido, inacessível para essa mente humana, para essa mente comum, para essa mente do “eu”. Isso se revela quando há a visão daquilo que a Real Meditação representa. Isso se torna possível quando há essa visão da Verdade sobre essa ilusão do “eu”, a visão dessa Verdade sobre essa ilusão do “eu”, que é Autoconhecimento. Então se revela a ciência da Verdade do seu Ser que é Real Meditação.
Nós vivemos numa constante busca de segurança. Por que essa constante procura ou busca de segurança? Porque nós vivemos internamente no medo. Como não há Paz, não há Amor, não há Felicidade, não há Liberdade nesse sentido do “eu”, do ego, o medo prevalece, e nesse medo há essa insegurança. Por mais que a gente procure segurança, psicologicamente e fisicamente continuamos nos sentindo atemorizados, assustados e infelizes. Essa é a condição da egoidentidade, dessa, assim chamada, “mente humana”.
Então, o que é essa mente humana? É a condição de ilusão de uma identidade presente nesse instante, nesse momento, nesse viver, vivendo sua própria vida, vivendo nesse sentido de separação, o que é algo completamente falso. Essa dualidade não é real. A Não Dualidade é a Verdade. A Não Dualidade – o que é conhecido na Índia como Advaita – é a Verdade do seu Ser, é a Verdade de Deus, é a Verdade de sua Natureza Essencial.
Assim, esse trabalho aqui consiste nessa descoberta. Estamos trabalhando juntos aqui o fim do medo, o fim da ilusão desse sentido de egoidentidade, de separação. Estamos trabalhando juntos aqui o Despertar da Consciência, o Florescer do seu Natural Estado – alguns chamam isso também de Iluminação Espiritual. Assim, aquilo que se torna importante aqui é realizarmos essa Verdade, a Verdade do nosso próprio Ser. A ciência d’Isso lhe dá essa Visão a partir dessa nova mente, desse novo coração.
Temos que examinar o que é essa mente humana, como ela funciona, o que ela representa. Podemos descobrir isso quando olhamos para nós mesmos e observamos esse movimento. Assim podemos nos tornar cientes de como a mente funciona. Em geral, nós estamos apenas funcionando de uma forma automática, inconsciente, sem uma visão direta de como funcionamos – esse olhar para esse movimento interno de pensamentos, de sentimentos, de sensações, de percepções. Quando nos tornamos cientes de nós mesmos conseguimos ver todo esse movimento, que é o movimento da mente, dessa inquieta mente, dessa tagarela mente, dessa tediosa mente, dessa preocupada mente, dessa preconceituosa mente.
Observar o movimento da mente, se tornar ciente de si mesmo, apenas olhar para isso. Não é fazer algo com isso. Qualquer coisa que você faça a partir dessa mente inquieta, nascerá dessa inquietude. Qualquer coisa que você faça a partir dessa mente tagarela, nascerá dessa tagarelice da mente. Qualquer coisa que você faça a partir dessa mente entediada, nascerá desse tédio da mente. De uma mente estressada, só nasce o estresse. De uma mente preocupada, só nasce a preocupação. Então não se trata de alguma coisa para se fazer, mas ter, sim, uma aproximação para olhar, para observar.
Percebam a beleza dessa forma de nos aproximarmos desse estudo de nós mesmos. Não é para fazer alguma coisa com aquilo que estamos vendo ou com aquilo que se mostra, mas é para nos tornarmos cientes. Isso coloca Presença, isso coloca Consciência onde não havia Consciência, havia apenas o automatismo. É assim que a mente humana funciona.
Então, o que é essa mente humana? É esse automatismo, é esse padrão de continuidade de automatismo. Isso são repetições de experiências passadas, de memórias, de lembranças se repetindo agora em um cérebro condicionado, em um intelecto condicionado; se expressando como ansiedade, tagarelice, inquietude, preocupação. Olhar para isso, apenas olhar, se tornar ciente, o que representa trazer Atenção para esse momento.
Eu tenho falado aqui da importância de colocar Atenção nessa inconsciência. Aqui se trata de uma Atenção Plena colocada neste instante, para esse padrão de inconsciência. Esse modelo de inconsciência é essa mente humana. Uma vez que haja essa Atenção Plena sobre esse movimento, que é o movimento da mente inconsciente, essa inconsciência se desfaz, e quando ela se desfaz, esse padrão de repetição tem uma quebra de continuidade, tem uma solução de continuidade, há um fim para essa continuidade, isso porque nesse instante Algo novo entrou em evidência.
Esse Algo novo é a presença dessa Real Consciência. Quando não há essa ilusão de um experimentador, de um pensador, de um observador, desse elemento que é o “eu” se identificando com essa condição de inconsciência, quando o pensamento surge, não tem o pensador por detrás; o sentimento surge, não tem aquele que sente por detrás desse sentimento; quando a preocupação surge e não há o “preocupado”; quando o estado de tédio surge, mas não há o “entediado”; quando não há esse sentido de um “eu” presente se separando para ser o experimentador dessa experiência.
Notem, essa experiência está vindo do passado, é só uma memória, é só uma lembrança, é só um movimento de continuidade que está sempre colocando um experimentador nisso, um observador nisso, um pensador nisso, “alguém” que sente isso e, naturalmente, que quer fazer algo com relação a esse padrão de mente humana, a esse padrão de mente no “eu”, de mente egoica.
Quando não colocamos esse elemento que se separa disso que surge aqui e agora, quando há só uma observação do movimento dessa mente humana, que é a mente do “eu” – apenas um observar sem intervir, sem interferir, sem se envolver –, nós temos agora essa Atenção Real, essa Atenção Verdadeira, essa Plena Atenção, essa Atenção Plena. Então não há mais essa continuidade, há uma quebra.
Eu quero repetir isso: há o fim para essa condição psicológica de mente humana, porque agora nós temos essa Atenção. Há uma compreensão desse movimento, que é o movimento do “eu”, que é o movimento da mente egoica, que é esse movimento de identidade egoica. Isso é Autoconhecimento, isso é uma aproximação da Real Meditação.