A pergunta é: como ser feliz? Aqui estamos diante de uma pergunta bem interessante. Afinal, o que representa para você a felicidade? Nós temos um ideal, um conceito, uma ideia sobre o que é ser feliz, e para a maioria das pessoas ser feliz é ter momentos de prazer, de satisfação, de realização em algum nível.
Assim, quando nós tocamos aqui no assunto da felicidade, talvez nós estejamos falando uma outra coisa. Estamos aqui sinalizando, apontando para você Aquilo que consideramos Real Felicidade, e Real Felicidade não são momentos felizes.
Para a maioria das pessoas, ser feliz ou conhecer a felicidade é ter momentos de prazer, de satisfação, de preenchimento, de gratificação, de realização em algum nível. Então, no momento desta realização, há essa, assim chamada, “felicidade”. Para a maioria das pessoas, a felicidade consiste em momentos felizes, por isso perguntam: “Como ser feliz?” Elas identificam a felicidade com esses momentos.
Aqui nós estamos trabalhando com você o fim da ilusão desse sentido de “alguém” presente, o que representa algo inteiramente diferente desse “ser feliz”. Isso representa o fim do sofrimento, do psicológico sofrimento, do egoico sofrimento, da identidade de um “eu” presente no sofrimento. Então, o fim do sofrimento é o fim do “eu”. A meu ver, isso é Real Felicidade. Não é algo que vem e vai, não é algo que aparece agora, aqui e depois logo vai embora – como acontece com os momentos felizes.
Você, sim, é feliz no dia do casamento. Sim, você é feliz quando nasce o seu primeiro filho, você é feliz quando compra o seu primeiro carro, você é feliz quando ganha no jogo, na loteria; quando você se torna um milionário, você é feliz. Agora, em nenhum momento como esses você tem a Realidade da Felicidade, exatamente porque nesses momentos, você é feliz, e no momento seguinte, você já não é feliz.
Felicidade é a Natureza do Ser, é a Natureza de sua Verdadeira Consciência. A sua Real Consciência é a Felicidade. Então, como é que os Sábios lidam com isso? Como é que os Sábios tratam dessa questão da Felicidade? Na visão dos Sábios, Felicidade não é um estado que vem e vai, é a Natureza do Ser que está além desses estados que nós conhecemos.
Os estados que nós conhecemos estão dentro – todos eles – do conhecido, dentro da experiência para aquele que experimenta. Enquanto esse que experimenta está presente nessa dada experiência, se ela é de prazer, se ela é de alegria, se ela é de preenchimento, de satisfação, de realização, então há, sim, nesse instante um momento feliz. Mas estamos lidando com algo conhecido, algo dentro do tempo, um tempo já reconhecido pelo experimentador.
Notem que a procura por desejos se assenta na busca dessa, assim chamada, “felicidade”, dessa “ordinária felicidade”, dessa “comum felicidade”. Então as pessoas estão numa procura, que é a procura da felicidade, tanto que elas perguntam também: “Como encontrar a felicidade?”, porque, para elas, é algo que poderão encontrar, é só uma questão de tempo, de planejamento, esforço e trabalho e realizarão isso em algum momento.
Assim, estamos sempre lidando com o aspecto daquilo que é conhecido, que é a felicidade que o experimentador – que é o “eu” – pode reconhecer, e estamos sempre lidando com esse fator, que é o fator do tempo para a realização disso, para a execução disso. Esse é sempre o sentido de um “eu” presente na experiência dessa, assim chamada, “felicidade”.
O ser humano está à procura de algo, em busca de algo além dessa condição de rotina, de repetição, de tédio, de continuidade que é a sua vida. No entanto, ele está à procura disso dentro de sensações, dentro de novas experiências – experiências de prazer, experiências de preenchimento.
Aqui é que nós deparamos com um equívoco, porque por maiores que sejam essas realizações, essas satisfações ou prazeres que advêm dessas experiências, é algo para esse “eu”, que é o experimentador, que é o ego; algo encontrado e reconhecido por ele mesmo, assim sendo, é algo que faz parte daquilo que ele já traz dentro dele como um projeto de preenchimento pessoal. Então, isso não pode ser a felicidade, isso apenas resulta em momentos de prazer, em momentos felizes.
Qual é a verdade sobre a Felicidade? A Felicidade é Aquilo que é, por natureza, imutável. Assim, não estamos falando mais de prazer, de sensação, de experiência, não pode ser algo no tempo, não pode ser algo que seja reconhecido por esse “eu”, por esse experimentador. Então para a pergunta “Como ser feliz?”, nós precisamos compreender antes de tudo o que significa Ser. Porque, se a nossa ideia é ser feliz em estados onde o “eu” está, o experimentador está, nós vamos sempre estar dentro dessa condição de viver experiências de prazer, de satisfação e de realização.
Um outro aspecto interessante dessa, assim chamada, “felicidade” que o “eu” conhece, que o experimentador conhece é que isso carrega um outro lado. Toda a realização, todo o preenchimento, todo o prazer, como são algo acontecendo no tempo, e são algo buscado pelo “eu”, ocultam ainda uma insatisfação, uma incompletude, uma ausência, uma carência, então nós buscamos isso em razão do desejo, que é sofrimento.
Um outro aspecto presente nesse encontro com essa, assim chamada, “felicidade” é que o outro lado desse prazer é a dor que já trazemos juntos para essa experiência. Então esse “eu”, esse ego em sua insatisfação, encontra a satisfação; esse “eu”, esse ego em sua dor, encontra o prazer; no seu estado de inquietude, encontra algo que momentaneamente o tranquiliza, mas é algo buscado pelo “eu”, algo buscado pelo próprio ego, então isso não pode ser Real.
Esse prazer ainda carrega o oposto, o contrário dele, que é a dor. Esse preenchimento ainda carrega o oposto, o contrário dele, que é essa falta. Então percebam como é simples isso. Jamais haverá satisfação plena no ego porque ele é a insatisfação da experiência na própria satisfação. Jamais haverá prazer eterno no “eu”, no ego porque ele é a dor do experimentador, do prazer na experiência. Tudo isso precisa ser investigado, compreendido.
Então, podemos descobrir a Natureza do Ser, a Natureza da Verdade sobre quem somos e, assim realizar a Real Felicidade. Assim, o nosso objetivo aqui juntos é aprofundarmos isso com você. Só podemos constatar a Verdade da Felicidade quando temos uma base correta para isso, e a base correta é a Revelação da Verdade desse que quer ser feliz, que está à procura da felicidade e que está perguntando como encontrar a felicidade.
Uma outra palavra que pode muito bem substituir a palavra “felicidade”, uma vez que nós compreendamos o significado real dela, é a palavra “amor”. Reparem que nós também não sabemos o que é o Amor.
Em nossas relações, temos satisfação, temos prazer, temos carinho, temos cuidado, temos afeição, tudo isso está presente em nossas relações com a “pessoa amada”, mas a “pessoa amada” está aqui como um ideal que buscamos, que nós em algum momento procuramos, e aquilo que nós procuramos e que nós encontramos como sendo um ideal nosso, desse próprio “eu”, ainda é parte desse sentido de egoidentidade, ainda é parte desse sentido de separação.
Nesse encontro, nós chamamos de “amor”, porque é o nome que conhecemos para essa afeição, para esse carinho, para esse cuidado, mas isso carrega, juntamente com todas essas palavras, a dependência, a carência, o sofrimento de não poder ter mais, ver mais e sentir mais o outro, sua presença, sua atenção e, também, o seu carinho de lá para cá, o seu cuidado de lá para cá.
Então há esse jogo, na verdade, de mútua dependência emocional, sentimental, psicológica, e isso nós estamos dando o nome de “amor”. É isso que nós conhecemos em nossas relações humanas, é isso que nós conhecemos nesses instantes preciosos que chamamos de “amor”.
Fazemos poesias, escrevemos livros, compomos letras de música, colocamos música nessas letras, tudo falando desse “amor” que sinto por ele ou por ela. Não percebemos o jogo oculto nisso. O sentido de um “eu” presente que se preenche nesse contato, que depende desse contato, que sofre se esse contato o despreza, o ignora, não dá relevância para isso.
Então o que nós temos dentro desse, assim chamado, “amor” é mútua dependência. Quando há o engano, quando há alguma forma de mentira – que é algo que ocorre com muita facilidade nas relações entre egos, entre pessoas –, aí surge o ciúme, o despeito, o medo, a agressão, a violência, a violência mental, a violência verbal e até mesmo a violência física. Esse, assim chamado, “amor” está embebido no conflito.
Então, nesse, assim chamado, “amor” temos a presença do sofrimento. O sofrimento prevalece nesse “amor”, então, isso não é Amor. A verdade é que nós não sabemos o que é Felicidade e, também, não sabemos o que é o Amor, e estamos procurando do nosso jeito, do nosso modo, externamente, do lado de fora. Sem uma direta compreensão da Verdade sobre quem nós somos, acreditamos poder encontrar Isso do lado de fora.
Então, o que estamos vendo aqui juntos? Estamos investigando aqui a Natureza da Verdade sobre quem nós somos, que é a Natureza de Deus, que é a Natureza da Felicidade, que é a Natureza do Amor. Se isso é encontrado aqui, na relação com o outro, o Amor está presente, mas não há mais dependência mútua, não há mais apego, não há mais medo, não há mais sofrimento.
Se o Amor é encontrado aqui, sua vida tem essa fragrância, esse perfume, essa beleza. Se a Felicidade é encontrada aqui, ela não depende mais de situações, de circunstâncias, não é Algo que muda, não é Algo que acontece em razão de uma realização externa, de um encontro com algo do lado de fora. A Felicidade é Algo presente agora. Não é mais a busca do prazer, do preenchimento e da satisfação.
Esse é o assunto que trabalhamos aqui com você. Isso é possível quando há o Despertar da Consciência ou a Iluminação Espiritual. O nome que as pessoas dão para Isso são diversos, mas se trata do fim do “eu”, da Realização do seu Ser, da Realização de Deus.