Muito bem!
A pergunta é: o que é o ego? Essa é uma pergunta muito frequente. Afinal, o que é o ego? Há uma coisa curiosa a respeito dessa pergunta. As pessoas fazem essa pergunta com a intenção de se livrarem do ego. Aquele que quer saber sobre o ego, na verdade, quer se livrar do ego. Mas percebam a situação aqui como tem que ser investigada, como precisa ser compreendida claramente.
Aquele que pergunta o que é o ego é o ego; e aquele que quer se livrar do ego também é o ego. É o ego que quer se livrar do sofrimento, mas é o ego que produz o sofrimento. Vejam como é delicado essa questão. O ego quer saber sobre o ego, quer se livrar do ego, quer se livrar do sofrimento, mas ele é a base, é a estrutura, é a natureza de toda essa confusão. Ele é aquele que se oculta, é aquele que se esconde onde você não pode encontrá-lo, onde você não pode, de verdade, enxergá-lo.
Vamos trabalhar com você hoje aqui, em alguns minutos, sobre o fim do ego. E aqui eu estou usando de propósito a expressão “o fim do ego”.
O fim do ego é, verdadeiramente, o fim da ilusão do sentido do “eu” presente dentro dessa experiência de contradição, de sofrimento, de toda forma de conflito. Assim, é algo indescritível, inexplicável, uma vida livre do ego, porque é uma vida livre — realmente livre — do sofrimento. Eu me refiro a esse mais contundente e doloroso sofrimento do ser humano. Eu me refiro a essa infelicidade tão comum presente no ser humano. Eu me refiro a essa condição psicológica, a esse sofrimento interno onde você, como uma entidade, se vê separado do outro, da natureza, dos objetos e de si mesmo, se sentindo em solidão, em angústia, em depressão, em ansiedade, em todos os quadros de temores psicológicos, todas as formas de medo.
Tudo isso está presente em razão desse “eu”, desse ego. Osho chamava isso [de] “o falso centro”. Sim, o ego é um “falso centro” — essa era a expressão do Osho sobre o ego —. Ele [Osho] chega a dizer: “Abandone o ego, abandone o ego”. Então, Osho lhe convida a abandonar o ego. Osho usa a expressão “o falso centro”. É, de fato, uma bela expressão porque o ego é um “falso centro”. Ele [ego] tem lhe dado uma noção de vida, de mundo, de existência, completamente ilusório. Você vê a si mesmo, você vê o outro, você vê a vida a partir desse “eu”, desse “mim”.
Essa forma de olhar e ver “se separando” sustenta o conflito, sustenta a contradição, sustenta o medo. Junto com o medo, no ego, aquilo que prevalece é a aflição do desejo. Então, o medo é desejo e desejo é medo. Só muda a perspectiva, a forma de nos aproximarmos e olharmos. Quando você olha, percebe claramente que a presença do desejo é porque o desconforto está agora aqui. Algo está faltando nesse momento e o ego em sua falta, em sua carência, em seu medo, produz o desejo.
O sentido de uma identidade presente aqui é uma ilusão, é uma fraude. Por isso que Ramana Maharshi, para aqueles que se aproximavam dele, sempre tinha essa pergunta para fazê-los, ele perguntava: “Quem é você?”. Olhe para si mesmo e pergunte: afinal, quem sou eu?
É sempre o sentido do “eu” presente dentro dessa experiência sustentando toda forma de sofrimento. Então, a vida a partir deste “eu”, que se separa a todo momento do que quer que esteja se mostrando, é algo que se mostra sempre no desejo e no medo. Enquanto houver alguma forma de separação — nesta separação, que é esta dualidade: “eu” e o “não eu “ — haverá medo e haverá desejo. Isso é típico desse “falso centro”.
Afinal, o que é o pensamento? Como ele se move dentro de cada um de nós? Enquanto ele [pensamento] sustenta esse modelo, enquanto ele se estabelece nesse modelo de estar sempre criando esse “falso centro”… Porque é o pensamento que cria o pensador. Não há qualquer pensador. O pensador está presente quando o pensamento está presente. Você não pode falar de um pensador quando não há pensamento. Se não há pensamento, não há pensador. A ideia do pensador é uma ideia de pensamento.
O conceito clássico é completamente ilusório — o conceito “Penso, logo existo”. Esta existência pressupõe a presença do pensamento, que é o próprio pensador, porque sem pensamento não há pensador. E a ilusão de existir é a ilusão do pensamento nesse formato dessa entidade presente que pensa. Não há qualquer pensador sem o pensamento. O pensamento é aquele que cria o pensador. Ele faz isso porque busca se sustentar na experiência. Há só o processo do pensar, que é o movimento do pensamento. Não há uma identidade presente nesse processo do pensar.
Os pensamentos aparecem dentro dessa experiência como um fenômeno existencial. Esse fenômeno existencial é basicamente memória, lembranças. Se não houvesse lembrança, não haveria pensamentos. Sem a memória não há pensamento e sem pensamento não há pensador.
A realidade da consciência mental, da consciência egoica, que é esse “falso centro”, é essa realidade do “eu”, do “mim”, do ego, o que não passa de um conjunto de imagens, memórias, lembranças, ideias, crenças, opiniões, condicionamentos. Tudo isso se baseia em pensamentos.
Então, o que é o pensamento quando o pensador não está? Pensamento e pensador aparecem juntos. É um só e único fenômeno.
Então, o que ocorre com o pensamento quando não há pensador? O que ocorre com o pensador quando não há pensamento? A aproximação da Verdade do seu Ser, de sua Natureza Essencial, d’Aquilo que transcende o sentido de “alguém” presente dentro dessa experiência da Vida aqui e agora. A Realidade do seu Ser é a Realidade d’Aquilo que não tem nome, que está fora do tempo, que está fora do “eu”.
Todo nosso condicionamento de história humana, de civilização, de cultura, nos trouxe a esse ponto, a esse momento de história humana onde carregamos essa ilusão, a ilusão de uma identidade se separando. Então existe esse “eu” e o “não eu”.
A Realidade do seu Ser é a Realidade da Vida, que é a Realidade da Real Consciência, Aquilo que transcende o tempo, que transcende a história, que transcende o mundo, que transcende o corpo, que transcende essa experiência de dualidade, de separação, esse “eu” e o “não eu”.
A Realização da Verdade do seu Ser — isso tem sido chamado de Iluminação Espiritual ou Despertar da Consciência — é a realidade do Cristo, é a realidade de sua Natureza Essencial. Assim, a realidade do Despertar da Consciência ou da Iluminação Espiritual é a realidade de Ramana Maharshi, é a realidade do Buda, é a realidade do Cristo, é a realidade do seu Ser, de todos aqueles que perceberam a realidade de sua Natureza Divina, de sua Natureza Real, de sua Natureza Essencial.
Então, o nosso trabalho aqui consiste em descobrir a Verdade dessa chave — essa chave Real — que abre essa porta para o fim dessa ilusão que é a ilusão do “eu”, do ego, deste falso centro.
Esse trabalho consiste e tem por base, como princípio fundamental, a Real Meditação na prática. O Autoconhecimento é aquilo que lhe dá a base para a Real Meditação. Sem Autoconhecimento não há Real Meditação. Aqui no canal nós temos falado sobre a Real Meditação de uma forma prática — nós temos uma playlist aqui no canal sobre isso.
Então, essa chave Real, essa chave mestra que abre a porta para a revelação da Verdade do seu Ser, de sua Natureza Essencial, de sua Natureza Divina, para este Real abandono do ego, está dentro desta Real Meditação na prática. Olhar para cada movimento do pensamento, do sentimento, da emoção, da sensação. Perceber cada experiência presente, objetos, pessoas, sensações, sentimentos. O que quer que esteja surgindo nesse momento é parte daquilo que se mostra como a experiência.
Aproximar-se disso sem colocar “alguém” dentro dessa experiência — esse ilusório “eu”, esse “falso centro” — é se aproximar do Autoconhecimento. Isso é se aproximar da Autorrealização pela Real Meditação. Se aproximar dessa experiência nesse momento presente, sem colocar esse elemento de separação — o elemento que sustenta a dualidade, que é esse “eu” que julga o que quer que esteja surgindo: pensamento, sentimento, emoção, sensação, percepção, experiência —, sem colocar esse elemento, que é o elemento “eu”, aqui e agora, dentro dessa experiência, é se aproximar da Verdadeira arte de Ser Pura Consciência: isso é Real Meditação.
Trabalhar o fim dessa ilusão, desse sentido de separação e, portanto, dessa dualidade. Essa é uma aproximação da Vida Livre da ilusão do “eu”, da ilusão do sofrimento, da ilusão desse “centro falso”, desse sentido de dualidade, desse sentido de separação.
Então, essa aproximação da Verdade do seu Ser, que é a aproximação da Realidade de Deus, necessariamente, passa pelo Autoconhecimento e pela Verdadeira, Real Meditação. O trabalho de Real Meditação é aquele no qual você se aproxima e o sentido do “eu” não entra dentro desta experiência aqui agora, então é possível perceber a Realidade. A Realidade de sua Natureza Divina, de sua Natureza Essencial.
Então, esse é o nosso propósito nesse encontro. Estamos trabalhando isso aqui com você dentro desse canal e, também, em encontros online, presenciais e retiros. Ok?
Se isso é algo que faz sentido para você, fica aí o convite.
E a gente se vê no próximo! Valeu pelo encontro!