Muito bem!
O nosso trabalho aqui juntos consiste na investigação da natureza do “eu”. O que nós temos dito aqui nesses encontros é que esse sentido do “eu” presente em você não é real. Esse sentido do “eu” em nós é uma criação do próprio pensamento. Na realidade, consiste num condicionamento interno, num condicionamento psicológico dentro de cada um de nós. Então o que nós estamos fazendo nesses encontros é investigar a ilusória natureza do “eu”, que é esse “mim”, esse ego. Essa pessoa que você acredita ser não é real. E como é que essa pessoa aparece? Como é que ela surge? Dentro dos próximos minutos vamos olhar isso aqui com você.
Nós temos uma percepção de mundo, é uma percepção simples, eu diria que é uma percepção natural. Quando nós olhamos para objetos, para pessoas, para os lugares, há uma percepção dos sentidos. Essa experiência é uma experiência de percepção sensorial, e é algo simples, é algo natural. Os sentidos em nós funcionam de uma forma muito simples, muito direta, então há esse percebimento da experiência. Essa percepção, esse modo de nos aproximarmos do que quer que esteja presente nesse instante não é nada complicado de ser compreendido. Quando você vê uma casa, há uma percepção visual, sensorial daquela casa. Quando você passa pela rua e vê pessoas andando, caminhando, você tem uma percepção sensorial. Quando você escuta um som, você tem uma percepção, também, sensorial de natureza auditiva. Então nós estamos sempre tendo um contato direto com todas as experiências a partir desta percepção dos sentidos, e essa forma de nos aproximarmos é muito simples, bastante compreensível. No entanto, ao olhar para uma dada coisa, ao ouvir um determinado som, nós também temos um modo de aproximação verbal, ou seja, intelectual, sentimental e emocional dessa experiência.
Quando vemos algo, quando ouvimos algo, essa forma de aproximação intelectual, verbal, emocional e sentimental é algo que precisa ser compreendido, porque a partir daí nós temos a presença de uma identidade dentro da experiência. Quando, por exemplo, ao olharmos alguma coisa, olhamos a partir de um conhecimento prévio, de uma ideia que fazemos sobre aquilo, neste exato momento colocamos uma identidade dentro da experiência. A sua percepção não é agora simples, ela se tornou complexa, ela se tornou pessoal, particular, ela tem um fundo. Esse fundo é a experiência passada. Ao olhar uma árvore, você sabe o nome, você classifica aquela árvore, você nomeia. Quando isso é feito, não há mais uma simples e direta percepção da árvore, agora você tem uma ideia, um quadro intelectual e também sentimental ou emocional daquela árvore, e você relata isso para outras pessoas ou você conta isso para si mesmo. Nesse momento, você não está mais nesse contato direto, simples, com a experiência da árvore ou da casa, ou de alguém com quem você está lidando, porque nesse momento temos o aparecimento do “eu”
O “eu” é aquele em nós que é resultado da experiência. Essa experiência é conhecimento passado, são idéias, conceitos, crenças, sobre aquela coisa. Então as crenças, o conhecimento, a nomeação, a experiência passada em nós são aquilo que determinam a identidade do “eu” dentro dessa experiência, é quando não estamos em direto contato com a percepção. O que estamos dizendo dentro desses encontros aqui – e isso ocorre, também, em encontros online e presenciais, e fazemos retiros para trabalharmos isso juntos – é a possibilidade de olharmos a vida simplesmente como ela se mostra, sem esse sentido de um “eu” presente, de uma identidade presente, de uma pessoa presente. Essa pessoa é uma crença, é uma ideia, é uma imaginação.
A questão toda é que quando nós temos uma aproximação assim da vida – e aqui a vida consiste em toda e qualquer forma de experiência nesse viver de cada um de nós –, temos esse elemento que é o “eu” presente e o “não eu”. Nessa separação, internalizamos toda forma de contradição, de conflito, de dilema, de distanciamento psicológico e, portanto, de problemas e de sofrimento. O sentido do “eu” presente é o sentido do ego. O ego é aquele que é o centro de todas as experiências da vida. É interessante a expressão “minha vida”, porque ela tem como princípio essa ideia: a ideia de que essa vida é uma vida pessoal, é uma vida particular. Então toda forma de percepção da vida centralizada nesse “eu” é um centro falso, é uma identidade que se separa da vida, ou seja, se separa da percepção. Ou você tem a percepção do que É, da vida como ela se mostra – e quando essa percepção está presente, esse sentido do “eu” não está, então você é a própria vida sem qualquer separação –, ou então o sentido desse “eu”, desse “mim”, desse ego, estará sempre criando complicações, problemas.
No que consiste essa Realização da Verdade, essa Realização de Deus, essa busca pela Verdade Divina? Consiste, simplesmente, em nos despirmos da ilusão de uma identidade presente. Quando não há mais essa identidade, a Verdade presente é a Verdade da não separação entre você e a vida. Nesta percepção direta sem o “eu”, não há esse “mim”, esse “eu e o outro”, “eu e a vida”, “eu e Deus”, “eu e a Realidade”. Aquilo que temos presente é a Realidade Divina, é a Realidade de Deus. Assim, a Iluminação Espiritual, o Despertar da Natureza de Deus, que é a Natureza do seu Ser, é Aquilo que está presente quando o sentido do “eu” não está, portanto, quando não há mais esta divisão, essa separação.
Nós temos alguns aspectos aqui interessantes sobre isso. O primeiro é esse de nos separarmos da percepção da vida como ela se mostra. Ao ouvirmos um som, colocamos uma identidade presente naquela experiência, com exceção de um som simples, como um pássaro cantando, esse não é um som complexo para essa percepção psicológica de condicionamento complexo que temos, mas quando alguém está dizendo algo para você, isso já se torna algo muito mais complicado, porque nós tornamos aquele som, aquele dizer, aquela fala que alguém está dirigindo para nós, como algo muito complexo. Internalizamos ideias, conceitos, imagens do que ela está dizendo. Não há o simples ouvir, existe um fundo de condicionamento presente, esse fundo de condicionamento é o “eu”. É sempre com base num passado, numa memória, numa imagem que nós nos relacionamos com o outro para ouví-lo.
Ao olharmos para alguém, não ficamos nesse olhar direto, simples. Olhamos com uma imagem, com uma ideia, com uma memória, com uma lembrança. Ao ouvirmos alguém nos dizer algo, interpretamos, avaliamos, aceitamos ou rejeitamos, não há um direto ouvir. Quando ouvimos um pássaro, não temos esse problema, não queremos entender, não queremos ajustar aquele canto, aquela melodia a alguma coisa já conhecida, nós simplesmente ouvimos. Ao olharmos para uma cadeia de montanhas, apenas olhamos. Ao olharmos para uma árvore ou qualquer coisa à nossa volta, apenas olhamos. A não ser que aquilo nos desperte um interesse, um desejo, uma motivação para obter aquilo, para possuir aquilo, há esse direto e simples olhar. Quando esse interesse, esse desejo aparece, já não estamos mais olhando aquilo, já há uma separação entre “esse que vê” e “aquilo que é visto”. Nesse instante não há uma compreensão daquilo que ali está.
Aqui uso sempre a palavra compreensão no sentido de uma percepção simples, natural, direta, sem um fundo de reconhecimento, de memória e, portanto, sem desejo. Então o desejo, o medo, o nosso contato com o outro, com o mundo, com a vida, sempre com base nesse fundo, que é esse “eu” se separando desse instante, é aquilo que nos sustenta dentro de uma base ilusória de identidade separada, é aquilo que nos mantêm constantemente em conflito, em contradição, em medo, em desejo. Então não há essa ausência do “eu”, porque estamos sempre nos mantendo dentro dessa condição de condicionamento psicológico. Esse fundo, que são pensamentos, lembranças, memórias, recordações, nos dá a base ilusória de uma identidade; ela não existe, mas se sustenta como existindo – eu me refiro a esse “mim”.
O nosso trabalho aqui é investigar a natureza ilusória do “eu” e irmos além disso, nos desfazermos disso, soltarmos isso, isso é o fim para essa ego identidade. Os sábios, assim como os místicos, têm nos falado isso há milênios. Aqueles que realizaram a Verdade sobre si mesmos estão sempre nos dizendo que isso não é real. Aqui eu quero lhe desafiar a viver isso, a ter uma compreensão. Acabei de usar a palavra compreensão. Compreender não é entender, não é nesse sentido que uso aqui a expressão “compreensão”. Não é intelectualmente ou verbalmente acompanhar uma fala como essa, mas é perceber de uma forma vivencial tudo isso que estamos colocando aqui. Eu me refiro a uma vida livre do “eu” e, portanto, uma vida livre de sofrimento, livre de todas as formas de ideias, de ideologias, de conceitos, de preconceitos, de crenças, tudo isso são coisas que nos separam uns dos outros, que nos separam da vida, que nos separam da Realidade do nosso Ser que é Deus.
Uma vida livre do “eu”, desse “mim”, do ego, é uma vida em Amor. É apenas nesse sentido que eu uso a palavra “espiritualidade”. A Verdadeira Espiritualidade é a ausência de “alguém”, de “alguém espiritual”. Portanto, esta Verdadeira Espiritualidade… Porque as pessoas perguntam: “O que é Espiritualidade?” O que é esta Espiritualidade? A Realidade do seu Ser é a Realidade de Deus, isso é algo verdadeiramente Espiritual, mas isso que é verdadeiramente Espiritual é algo muito Natural. Então ser verdadeiramente Espiritual é ser Natural. Não se trata de rituais, de práticas, de cerimônias religiosas, de conhecimento de livros sagrados e recitação dos Vedas, da Bíblia ou da Bhagavad Gita. A Verdadeira Espiritualidade é a ausência desse “mim”, desse “eu”.
Estamos tratando com você da Verdade sobre a percepção da vida como ela É, como ela se mostra quando o “eu” não está. Compreendam isso. Perceber isso é ver sem o “eu”, compreender isso é olhar sem o sentido de separação. Essa aproximação é a aproximação da Verdade do seu Ser. Nós temos falado dentro desses encontros da Verdade, da aproximação do Autoconhecimento, e aqui Autoconhecimento no sentido diferente de como as pessoas aí fora usam. Aqui é a compreensão, nesse sentido que usamos essa palavra, de que não há o “eu”, isso é Real Autoconhecimento, a compreensão direta da Verdade do seu Ser, da Verdade de Deus.
Um ponto importante dentro de tudo isso consiste em descobrir como olhar como esse “eu” surge, se separando da experiência, isso ocorre internamente. Assim a autoinvestigação: esse olhar para todo esse movimento da mente, pensamentos, sentimentos, emoções, sensações, olhar para isso nesse movimento da percepção, sem colocar uma identidade nisso. Quando um pensamento surge, um sentimento, uma emoção, uma percepção, com relação a uma visão de percepção interna ou externa, olhar para esta percepção, para esse pensamento, para esse sentimento, sem se colocar dentro disso, sem se identificar com esse pensamento, esse sentimento, essa emoção ou essa percepção. Olhar assim desfaz esse sentido de separação, então há o Real percebimento claro, há o Real percebimento simples, há o perceber sem o “eu”. Perceber sem o “eu” é o perceber sem julgar, condenar, sem nomear, sem classificar, é apenas o perceber simples. Perceber um pensamento surgindo sem rejeitá-lo, sem se confundir com ele, sem se identificar com ele, sem colocar uma identidade presente nesse “eu gosto”, nesse “eu não gosto” – “eu não gosto disso”, “eu gosto disso”.
Esse olhar livre do “eu”, sem esse elemento de uma identidade presente, não é algo tão simples, porque o nosso condicionamento psicológico desde a infância foi sempre colocar uma identidade presente na percepção. Então a percepção está sempre sendo nomeada, julgada, comparada, ela ou é aceita, ou é rejeitada.
Eu quero lhe convidar neste canal e, também, em encontros conosco online e presenciais, para essa Realização do seu Ser. Uma vida livre desse sentido do “eu” é uma vida livre desse fundo de condicionamento psicológico. Só então você está livre do passado psicológico, do futuro psicológico e desse presente que sempre o “eu”, o ego, vê como uma porta para um objetivo no futuro. Internamente, estamos sempre identificados com esse “mim” na vida, nessa experiência da vida, nesta percepção da vida. O trabalho consiste no Autoconhecimento Real e na Verdadeira Real Meditação na prática. A Verdadeira Real Meditação na prática lhe mostra a ilusão desse “eu” e isso é o fim dele e o início de Algo inteiramente novo, que é Amor, que é Verdade, que é Deus.
Esse é o assunto aqui em nosso canal. Eu quero deixar para você aí o convite, se isso é algo que faz sentido para você, deixe aí o seu like e se inscreva no canal. Lembrando mais uma vez: nós temos encontros online, encontros presenciais e, também, retiros onde estamos trabalhando isso com você.
Fica aí o convite e a gente se vê no próximo. Valeu pelo encontro!