O egocentrismo e o Autoconhecimento. Essa questão do egocentrismo, desse movimento em nós a partir desse centro, desse “eu”, desse “mim” e a questão do Autoconhecimento…
Vejam a validade, a importância e o valor do Autoconhecimento para a Compreensão d’Aquilo que nós somos, porque, em geral, nossa ação… e eu quero falar sobre esse movimento de ação que nós conhecemos. Nós nem concebemos a ideia da possibilidade de uma vida livre do esforço, livre da luta, livre desses objetivos criados pelo pensamento para realizarmos alguma coisa. É sempre o desejo e a motivação para realizarmos alguma coisa, tendo por base o esforço e a luta, e nós nem mesmo concebemos uma vida livre de esforço, uma vida livre de luta.
Isso explica por que nossa vida é tão tensa, tão estressada, tão conflituosa – porque uma vida que se baseia, como em geral acontece com todos nós ou com a maioria de nós… uma vida que se baseia no pensamento e nessa luta, e nesse esforço, tem que, necessariamente, ser estressada, conflituosa, porque é uma vida que se baseia no movimento desse egocentrismo, desse sentido do “eu” presente buscando realizar alguma coisa.
Eu quero trabalhar isso aqui com você nesses poucos minutos. De uma certa forma, para você realizar alguma coisa na vida, alguma coisa técnica – você tem um problema técnico, ou um problema de engenharia –, você precisa, sim, de disciplina, de foco, para atender àquele problema e, naturalmente, nesse nível, um certo esforço para dar solução àquele problema.
Então, nesse aspecto físico é razoável a compreensão da necessidade do esforço. E, aqui, eu não uso a palavra “luta”, e sim “disciplina” – uma certa disciplina, foco e esforço para a resolução daquele problema técnico, daquele problema de engenharia, por exemplo, ou para qualquer realização um pouco mais complexa.
Mas, aqui, eu me refiro a, internamente, psicologicamente, como tem sido nossas vidas: uma vida de esforço, uma vida de luta. Uma vida que se baseia no pensamento é uma vida que se baseia no desejo de alcançar algo, de realizar algo, de obter algo para um autopreenchimento psicológico. É aqui que nos deparamos com o conflito, com o sofrimento que carregamos.
Em geral, nossa vida… nós nem mesmo concebemos uma vida assim – uma vida sem sofrimento psicológico, sem contradição, sem conflito. E, aqui, eu quero lhe dizer: isso é possível, sim, quando você Realiza seu Ser, quando você Realiza sua Verdadeira Natureza. Alguns chamam Isso de Iluminação ou Despertar Espiritual; é quando a Verdade d’Aquilo que Você é se revela agora aqui, então não há esforço, não há luta e, porque não há esforço, não há luta, não há estresse, não há conflito, não há sofrimento.
Então, a possibilidade de uma vida psicologicamente livre, internamente livre, é uma realidade para todos aqueles que se voltam para a importante questão da Revelação do seu próprio Ser. É aqui que entramos com o valor do Autoconhecimento. Sem o Autoconhecimento, você não tem a ciência daquilo que está aqui neste instante, na mente, produzindo contradição.
O Autoconhecimento lhe coloca diante dessa visão daquilo que você é e, portanto, dessa contradição que o pensamento tem produzido entre aquilo que você tem agora aqui e aquilo que você deseja realizar – é aqui que está o esforço, é aqui que está a luta. Aquilo que você é agora aqui pode ser visto, compreendido e, portanto, dissolvido, sem luta, sem esforço. Por exemplo: a questão do medo presente, a questão do estresse presente, da ansiedade presente ou de qualquer forma de movimento nesse sentido egoico, qualquer forma de movimento conflituoso dentro desse egocentrismo, que é essa proposta da mente egoica… olhar para aquilo que se apresenta agora aqui e descobrir a Liberdade sem luta, sem esforço.
Nós precisamos de um certo nível de esforço, disciplina e foco, como eu disse agora há pouco, para resolver um problema matemático ou um problema tecnológico ou um problema de engenharia. Mas, aqui, eu me refiro, psicologicamente, à não necessidade de qualquer esforço para o fim, por exemplo, do medo, da ansiedade, do estresse ou de qualquer desordem psicológica, de qualquer sofrimento psicológico.
Quando finda, quando termina esse movimento de egocentrismo, esse movimento do ego, da egoidentidade, aquilo que permanece é Você em seu Ser, e, em sua Natureza Real, em sua Real Natureza, Verdadeira, você está fluindo com a Vida e não em luta, e não em conflito, e não dentro de um esforço.
Nós fomos condicionados, desde pequenos, desde crianças ainda, para objetivos, para realizar objetivos, sempre com a ideia da necessidade imperiosa do esforço, da luta. Então, termina que nós transferimos aquilo que nós vimos em nós mesmos, quando criança ainda, a dificuldade de realizar certas tarefas, como resolver um problema matemático ou qualquer um outro… transferimos isso para esse sentido interno, psicológico, e acreditamos que também precisamos de esforço e luta para resolver.
Na verdade, nós só fizemos uso de esforço e foco e uma certa disciplina para resolver aquilo. A luta surge quando há uma resistência dentro de nós para lidar com aquela situação. Então, quando você diz para uma criança: “Olha, resolva esse problema!”, ela precisa só de um certo esforço, foco e disciplina. Mas, desde pequenos, nós temos cultivado uma resistência psicológica quando nos deparamos com adversidades, com dificuldades, com problemas, e nós temos aplicados isso em nossa vida.
Então, desde pequenos, nós estamos vivendo uma vida com muito esforço e com muita luta e, portanto, uma vida em conflito, tentando resolver os problemas de ordem psicológica exatamente dessa mesma forma. Nos deparamos com a tristeza, com a angústia, com o vazio da solidão, nos deparamos com o tédio que é a nossa vida de rotina, nos deparamos com esses quadros internos psicológicos que a mente egoica tem nos dado, e, assim, a nossa vida é uma vida infeliz e estamos à procura da felicidade pelo esforço, pela luta.
Aqui, eu quero lhe dizer que, psicologicamente, é quando exatamente não há esforço, não há luta, que todo e qualquer problema psicológico, interno, todo e qualquer sofrimento interno, todo e qualquer quadro de infelicidade, e isso é interno, tudo isso se resolve quando há uma dissolução, quando há um desaparecimento natural dessa condição psicológica, que, por sinal, se sustenta quando há dualidade, separação entre aquilo que se mostra e um “eu” que deseja fazer algo com aquilo.
Então, as pessoas, por exemplo, têm perguntas do tipo: “Como vencer o medo?”. É sempre a ideia da luta, do esforço, é sempre a ideia de um trabalho a partir de uma vitória, da realização de uma conquista, da realização de uma vitória sobre um peso. É porque sempre existe ideia de alguém para vencer, alguém para conquistar. Então, psicologicamente, nós estamos lidando com nós mesmos exatamente dessa forma: “como vencer o medo?”, “como vencer os pensamentos obsessivos, repetitivos, negativos, impuros, os maus pensamentos?”, “como vencer a dor da solidão?”, “como vencer o apego, o desejo?”. É sempre a ideia de vencer, alguém que irá vencer, e isso requer esforço e luta.
Quando nós, aqui, estamos lidando com o sentido do ego, que é esse sentido do “eu”, não se requer esforço, não se requer luta. Todos os problemas em nós, internamente… Um problema de engenharia é um problema técnico, um problema matemático é um problema de lógica, um problema que ocorre com o seu carro é um problema mecânico. Eu não me refiro a problemas nesse nível, eu me refiro a esses problemas internos, a esses problemas psicológicos. Se o seu corpo está doente, ele precisa ser tratado, cuidado. Esse é um problema no corpo, para os especialistas que cuidam desse tipo de problema, que são os médicos.
Mas, internamente, nós estamos criando uma condição de contradição, de conflito, quando há luta, quando há esforço para resolvermos problemas de ordem psicológica. Quando nos colocamos para resolver problemas nesse nível, estamos nos deparando com um impasse: o medo não se vence, o pensamento não se vence, a dor da solidão não se vence, a dor da separação não se vence. A compreensão de um sentido de um “eu” presente nessa experiência resistindo ao que é, à Vida como Ela está se mostrando aqui e agora, tentando fazer algo contra aquilo… é isso que está sustentando o medo.
O medo está presente quando o sentido de “alguém”, no medo, está presente. O medo não existe em si mesmo, por si mesmo; o medo é sempre algo presente para “alguém” presente – o “eu” no medo. A tristeza não existe nela mesma; é “alguém” triste. Se não há “alguém”, não há tristeza; se não há alguém, não há medo. Para a ansiedade é a mesma coisa. A ansiedade não existe por si só, sem esse “eu” com pensamentos formulando quadros de medo.
É sempre o sentido do “eu” presente na experiência que dá continuidade à experiência; é a experiência para o experimentador. Então, essa resistência ao que é, é o que sustenta essa condição psicológica do “eu” em seu movimento de egocentrismo. Então, a infelicidade psicológica é um movimento do ego. Isso está dentro desse egocentrismo, desse sentido do “eu”. É esse sentido do “eu” que alimenta a continuidade da experiência para esse “mim”, para esse experimentador.
Então, eu quero lhe convidar a compreender que aquilo que é, está presente para ser visto. Se não é visto, se é rejeitado, se você luta contra aquilo, cria uma ideia sobre aquilo, resiste, nessa resistência se sustenta o conflito, o sofrimento. É por isso que nós temos essa ideia falsa, que é a ideia de vencer aquilo. E vencer como? Pelo esforço, pela luta. O resultado disso é que nunca acontece, nunca ficamos definitivamente livre do medo.
O medo tem aspectos diversos. O ser humano vive no medo. Isso pode se tornar grave até precisarmos, em razão disso, de uma ajuda médica, até chegarmos ao ponto de precisarmos de uma ajuda para lidarmos com aquele medo, para lidarmos com aquilo, porque isso desorganiza completamente o corpo e a mente – a questão do medo.
Existe o medo da esposa, existe o medo do escuro, existe o medo de fracassar, existe o medo de não ser amado, existe o medo de ser abandonado, existe o medo da traição, que provoca ciúme, agressão, violência. Enfim, é muito complexa a vida psicológica desse “mim”, desse “eu”, desse “ego”, em seu egocentrismo. E não podemos lidar com isso a partir desse equívoco, dessa ilusão, pensando em esforço, em luta. Olhar para aquilo que surge aqui e agora e não resistir a esse movimento, olhar sem o sentido de “alguém” querendo fazer algo com o que se mostra, com aquilo que se apresenta, é o fim disso, é o fim dessa experiência.
É o pensamento dentro de você, é o sentimento dentro de você, é, na realidade, esse casamento entre pensamento e sentimento dentro de você, algo que vem do passado… Pensamento é algo que sempre vem do passado, é algo que sempre vem da memória, criando expectativas negativas de derrota para esse “mim”, para esse “eu”, de sofrimento para esse “mim”, para esse “eu”, o que está sustentando o medo. Olhar para aquilo que se apresenta aqui e agora… olhar, se aproximar disso sem esforço, sem luta, sem colocar o sentido de “alguém” para triunfar sobre isso, para vencer isso… Nós não temos, nós não recebemos esse tipo de ensino.
Desde pequenos, nós fomos sempre motivados a lutar, a nos esforçar, a tentar vencer. E, aqui, eu estou lhe dizendo: apenas olhe para isso, acolha aquilo que agora está aqui sem resistência; perceba que é um pensamento, é um sentimento, é uma emoção, é uma sensação; apenas não coloque a identidade presente para julgar, para rejeitar, para lutar contra aquilo, então não haverá esforço.
Essa aproximação é Autoconhecimento. Sem isso, você não tem uma base real, verdadeira, para se aproximar da Meditação. A Meditação é o contato com a Realidade do seu Ser, de sua Natureza Essencial, que está livre do que é, que está livre dessa experiência com seu experimentador, está livre desse pensamento com esse pensador, está livre desse medo com aquele que sente esse medo, está livre do ego, está livre do sentido do “eu” e, portanto, livre do egocentrismo.
O contato com a Meditação é o contato com a Realidade do seu Ser agora aqui. Então, nessa aproximação, ao olhar para aquilo que surge sem impor algo, nenhuma volição, nenhum querer, nenhum desejo de ser diferente, de fazer diferente, de vir a ser diferente, acontece essa Liberação – isso é o fim do medo.
Veja, não é a fuga do medo, não é a solução do medo, é o fim da ilusão de uma identidade presente nessa experiência. E, como essa experiência não se sustenta sem essa identidade, há uma solução de continuidade para essa experiência, porque não existe mais o “eu”. Quando o “eu” não está, esse “mim”, esse senso de egoidentidade, não há mais o sentido de separação, portanto não há mais sofrimento.
Então, é possível uma vida livre do estresse, do medo, livre da ansiedade, livre de todos e qualquer quadro psicológico de sofrimento, livre de qualquer quadro de infelicidade interna, quando há essa Constatação. Então, o Autoconhecimento é se aproximar daquilo que aqui está. Você se aproxima disso e se aproxima, simultaneamente, da Real Meditação.
Aqui, em nosso canal, nós temos uma playlist extensa explicando essa questão do Autoconhecimento e da Real Meditação, da Real Meditação Prática. É esse contato agora aqui com aquilo que é, com aquilo que se apresenta. Diferente das diversas formas ou práticas de meditação conhecidas, você tem oportunidade de, agora, estar aqui em direto contato com a Verdadeira Meditação, e, quando há Meditação, em razão desse Autoconhecimento, não há esforço. Esse condicionamento psicológico, essa programação psicológica de resistência, de esforço e luta, tudo isso desaparece. Quando isso se realiza, se Realiza seu Ser, o fim do sofrimento. Alguns chamam Isso de Iluminação Espiritual ou o Despertar Espiritual.
Esse é o assunto desse canal, é o assunto que nós tratamos com você: a possibilidade de ir além do sentido do “eu” e, portanto, ir além do sofrimento. OK?
Se isso é algo que faz sentido para você, deixa aí seu “like”, se inscreve no canal… Quero lembrar a você: nós temos encontros on-line e, também, retiros… retiros para trabalharmos isso juntos. Fica aí o convite. OK?
Até o próximo encontro.