Veja, toda luta é só resistência. Então, as pessoas vêm e dizem “como posso me livrar de todo esse sofrimento que a mente me impõe, que o pensamento, que o sentimento, que as recordações, que as lembranças terminam me impondo?”.
Então, elas perguntam “como se livrar da mente?”, “o que posso fazer para me livrar da mente?”, “como lutar contra a mente?”. Então, está aqui… Como lutar contra a mente? Não lute! O ponto é esse: não lute, não resista, não entre em atrito. Quando você faz isso, você se separa ideologicamente, vem essa ilusão do sentido de alguém que pode vencer. Vencer quem? Vencer a mente.
Então, nessa dualidade, o que, na verdade, está acontecendo é a mente se separando dela própria, em resistência, em luta. Isso, na verdade, é algo que fortalece ainda mais o sentido de separação e, naturalmente, a luta e o conflito.
Então, não lute contra a mente. Faça algo completamente diferente disso: acolha a mente. A mente se torna o inimigo quando há um combatente contra ela; aí o inimigo surge. Então, esse inimigo tem como base a resistência, tem como base o confronto. Essa é a base da luta! Então, o inimigo surge com essa base.
A minha recomendação é que você descubra a beleza de acolher o que vem, apenas se tornando cônscio, se tornando ciente, do que isso representa. Quando isso acontece, em razão da ausência de resistência, da ausência da separação, desse sentido de dualidade, nessa ausência de conflito, a mente, ou o que ela representa, pode se revelar, e, uma vez que ela se revele, ela volatiza. Então, esse pensamento, ou esse sentimento, ou essa história de memória, que ela traz, se desfaz, desaparece. E por que ela desaparece? Porque ela não tem outra realidade. A única realidade dessa aparição é memória, é uma simples memória.
Veja, pensamento é simplesmente pensamento, e memória é simplesmente pensamento. Isso não é Você, isso não é o seu Ser, isso não é sua Natureza Real, isso não é quem Você é. Então, você está apenas diante de uma aparição fenomênica, que vem e vai. Como ela não é Você e não está sendo energizada, alimentada pela resistência, pela luta, pelo conflito, ela se desfaz, desaparece.
Então, não lute contra a mente. Repito: apenas se aproxime de uma forma amigável, e quando eu digo “se aproxime”, não é um movimento que você faz, isso é um movimento que simplesmente acontece pela constatação. A direta abertura para essa constatação torna possível essa aproximação.
Aquilo que “você” é, ou aquilo que você representa naquele momento, precisa se revelar. Você precisa se tornar cônscio inteiramente disso. Então, esse é o fim da resistência, esse é o fim da luta. Talvez você diga que esse estado é algo desconfortável, mas é o estado que, naquele momento, essa identidade separada representa, e isso tem que ser visto, isso tem que ser acolhido, isso tem que ser “compreendido”. Então, isso termina.
Em geral, o movimento é sempre o movimento de resistência ou o movimento de fuga. Ou você confronta para lutar, ou você foge. A gente pode tratar disso em algum outro momento. Aqui, eu quero tratar com você da importância de acolher.
Então, você nem foge, nem resiste, e sim descobre a importância de acolher, e acolher é observar sem se confundir, sem se embolar, sem se identificar com isso. É algo que você descobre pela experiência, pela própria auto-observação. Você começa a constatar e, com o tempo… Isso é algo que requer essa apreciação paciente, é algo que é feito, sim, momento a momento, ou deve ser feito de momento a momento, mas que, naturalmente, requer paciência e “tempo”.
Uma vez que isso é feito, fica claro o que estamos dizendo aqui para você: que é possível se libertar da mente, sem resistência, sem luta contra ela. É simplesmente assim, simplesmente assim…