Olá, pessoal. Sejam bem-vindos!
Vamos a mais um encontro aqui com você. E hoje eu quero abordar um pouco sobre essa aproximação da Realidade a partir um pouco da linguagem usada por Krishnamurti. É interessante dizer aqui que cada Ser Realizado caminha por uma forma específica de linguagem, ele desenvolve uma linguagem específica. E é interessante a linguagem de Jiddu Krishnamurti. Krishnamurti fala sobre essa visão da não dualidade de uma forma bem caraterística. A exemplo disso, nós temos aquela famosa posição dele sobre o observador e a coisa observada.
Na realidade, não há nada de novo no que Krishnamurti diz. Krishnamurti simplesmente aborda aquilo que os Sábios indianos já vêm abordando há milênios, e isso a gente encontra diretamente nos Vedas – essa questão da não separação, da não dualidade. Nos Vedas… a última parte dos Vedas é a Advaita Vedanta. Especificamente nessa parte chamada Vedanta existe a parte essencial, que eu diria que é a parte mais importante dos Vedas, é essa abordagem da Realidade da não dualidade, que é a Advaita Vedanta.
Então, os ensinos de Krishnamurti abordam isso. E aqui no nosso canal, eu tenho colocado de uma forma muito ampla, citado alguns Seres Realizados e apresentado alguma coisa a respeito de suas falas, dentro dessa visão, que não é uma visão teórica aqui.
Então, todo um processo de Realização aconteceu aqui por mais de vinte anos, e hoje eu compartilho dessa visão, embora aqui em nosso canal nós estamos usando toda essa flexibilidade de linguagem.
E hoje eu quero falar um pouco sobre essa aproximação, dentro da visão de Krishnamurti sobre a não dualidade. E, aqui, tocando nesse aspecto da não separação, que ele chama de “a não existência do observador.”
Note que existe essa ilusão, a ilusão de “alguém” presente… sempre a ilusão de alguém presente aqui nessa experiência. O ponto é que não há “alguém” presente aqui nessa experiência. A Vida é um todo acontecendo sem qualquer divisão, sem qualquer separação. A única Realidade é essa Realidade que está agora, aqui, presente nesse momento.
Eu teria muitas formas de colocar isso. E a gente está trabalhando isso aqui dentro do canal com vocês – a forma da visão da Vida, o formato da Vida, a apreensão do que a Vida é. Nós estamos investigando a Beleza da Autorrealização ou Iluminação Espiritual ou Despertar Espiritual.
E aqui eu quero falar um pouco, agora, sobre essa não dualidade dentro de uma linguagem mais próxima àquela abordada por Krishnamurti.
Essa visão do observador… Não existe esse observador. O observador está presente quando há o sentido de separação. Esse observador se apresenta quando a coisa observada está presente. Então, percebam, é muito simples! A Vida está aqui acontecendo, então existe essa percepção de realidade.
Você tem aqui nesse instante a observação, como eu tenho chamado; você tem a perceção; você tem a audição; você tem a presença do tato, do olfato; os sentidos estão alertas, estão vivos, estão funcionando, e há esse contato com essa Manifestação, com a Vida como Ela é.
E a presença desses sentidos é a presença da Vida como Ela é. Não há alguém presente nisso. Então, existe essa visão, mas não aquele que vê; existe a audição, mas não aquele que escuta; existe o tato, mas não aquele que sente; existe o sabor, mas não aquele presente na experiência do sabor. O que temos presente é só a experiência sem o experimentador. Eu me refiro à experiência pura, direta. Essa experiência, em sua Essência, em sua Realidade, é algo que transcende a própria limitação de estar consciente. Quando você está consciente da experiência, o sentido de separação surge, a ideia de uma identidade presente surge nessa experiência, e isso não é real.
É importante que você olhe para essa experiência e observe que ela surge quando há esta Consciência, mas não o pensamento traduzindo, interpretando, avaliando, julgando o que está acontecendo. Quando isso acontece, surge o experimentador dentro dessa experiência. De uma forma mais simples, isso significa dizer para você que, quando há tristeza, ela não precisa ser sustentada, porque não existe uma identidade presente nessa experiência; quando há preocupação, aquilo que está presente não é alguém preocupado.
A preocupação é simplesmente o movimento de pensamentos preocupantes. Esse movimento de pensamentos é o pensamento antecipando uma situação no futuro, prejudicial para esse “mim”, para esse “eu”, no entanto esse “eu” não é real.
A experiência em si é a experiência do pensamento, então não há por que se confundir com “alguém” dentro dessa experiência, e isso representa o fim da preocupação. Então, o lado prático é que não existe esse “eu” presente para estar triste, para estar preocupado, para estar ansioso, para estar deprimido, para estar melancólico, para se sentir em solidão. O sofrimento psicológico é idealizado por essa estrutura de dualidade, de separação.
Então, a Vida é o que Ela é, aqui, acontecendo. E, no entanto, o pensamento aparece criando esse sentido de separação. Então, como surge a presença dessa entidade? Como ela surge em meio a tudo isso? Pelo pensamento. O pensamento é que dá estrutura para essa identidade egoica, para essa identidade interna, para esse centro particular, para esse observador. Então, o sentido de “alguém” presente para observar, para ouvir, para falar, para sentir, é algo produzido pela ilusão desse sentido de separação, é sustentado por esse sentido de separação criado pelo pensamento.
A não observação do movimento do pensamento, a não observação clara desse movimento sustenta esse experimentador, esse observador, esse pensador. Nada disso é real! A presença do observador é a ilusão de “alguém” na observação. Essa observação é a Realidade, não há esse observador. A presença do pensador é a ilusão de “alguém” presente no processo do pensamento acontecendo.
A observação do movimento da mente, a pura e direta observação… e isso é algo possível quando você não se confunde com o que aparece, com o que surge. Então, estamos diante daquilo que eu tenho chamado de Meditação.
A Real Meditação é não se confundir com a experiência. Se surge um pensamento, é apenas um pensamento presente, não há um pensador. Mas, quando esse pensamento surge e não há essa observação desidentificada do pensamento, quando existe essa separação entre o pensamento e o pensador, aí surge a ideia de fazer algo com aquilo.
É quando, por exemplo, você se deita para dormir e uma lembrança de uma dívida, de uma conta para pagar, está presente, e você simplesmente está deitado para dormir. Você não está ali, na boca do caixa, para pagar a conta. Aquele momento é um momento para dormir.
Mas essa condição psicológica, essa desordem psicológica, essa configuração da mente egoica apresenta esse pensamento, e quando esse pensamento se apresenta, naquele momento surge a ilusão da ideia de alguém responsável por aquele movimento, alguém dentro desse pensamento.
Então, o pensamento sustenta a ilusão de um pensador, e o pensamento continua incidindo, continua aparecendo, continua surgindo, pedindo uma resposta, pedindo uma solução, pedindo que aquilo se resolva, pedindo a um suposto “alguém” para resolver aquilo – esse suposto pensador.
E, no entanto, tudo o que nós temos naquele momento, ali, é o corpo deitado na cama para dormir e o movimento aparecendo de uma forma repetitiva, continuada, compulsiva, e sendo retroalimentado pela ilusão de um pensador. Então, nessa dualidade está o conflito, e naquele instante o que prevalece é a contradição, é o medo, é a ansiedade naquele formato de insônia, é o sofrimento!
A situação irá se resolver na segunda-feira e já no sábado começa essa situação – sábado à noite na hora de dormir, domingo à noite na hora de dormir, e a situação irá se resolver no momento em que a conta for paga. A ideia de alguém presente, psicologicamente, naquela experiência, deitado na cama, não tem realidade.
Então, essa tem sido a nossa condição psicológica de ser, de viver, de existir.
O Despertar Espiritual, a Realização Espiritual, acontece em razão de um trabalho interno de tomada de ciência sobre quem Você é, sobre a Verdade, a Verdade do seu Ser, que é não dual. Então, é necessário que haja, que aconteça, um fim para essa condição caótica-psicológica, para essa condição de dualidade, de separação, de conflito produzido pelo pensamento, criando o pensador, criando o observador, criando o experimentador, criando aquele que sente.
Então, esse sentido de dualidade se dissolve quando há um trabalho de Real Meditação, e a Real Meditação é essa Atenção Plena, essa Plena Atenção. Uma vez que você coloque Atenção Plena sobre esse movimento do pensamento, não existe nada para se adquirir aí. Agora você está constatando a não separação, a não dualidade, está apenas constatando que o pensamento é um movimento desordenado, descontrolado, caótico.
Você não julga isso, não compara isso, não avalia isso, não analisa isso, você apenas constata, observa, e quando isso é feito, há uma quebra de identificação com esse pensamento, com esse modelo de pensamento, com esse padrão de pensamento.
Essa Atenção Plena sobre o movimento do pensamento, essa Visão do pensamento, alguns chamam de Mindfulness. Mindfulness é simplesmente um termo em inglês para a mente atenta, para Atenção Plena, tirada do budismo zen, do zen-budismo. Então, notem: a linguagem, tanto empregada por Krishnamurti como no zen, ou em qualquer outra escola, como por exemplo no Yoga, ou em qualquer outra escola de Autorrealização, de Realização do Despertar Espiritual… a linguagem é diferente, mas aquele que Realizou o seu Ser, que está assentado em seu Natural Estado de Consciência, tem essa Liberdade de fazer uso de qualquer uma dessas linguagens. Mas todos apontam para a mesma direção, para a mesma Realidade.
Assim, cada Ser Realizado tem uma forma de expressar isso. Eu quero lhe convidar a compreender isso de uma forma vivencial, compreender a prática de Mindfulness, aqui e agora. Essa atenção sobre esse movimento da mente é a Liberdade de assumir a Verdade sobre quem Você é aqui e agora.
Essa Visão da Realidade é o Despertar de sua Natureza Essencial, da Verdade sobre o seu próprio Ser, a Verdade sobre a sua Natureza Divina. Isso é estar além desse falso centro, desse falso “eu”, dessa falsa identidade, desse “mim”, desse ego, da ilusão desse experimentador, da ilusão desse observador, da ilusão desse pensador.
Então, é na desatenção que surge o observador. Uma vez que você dê atenção a si mesmo, há uma quebra para essa ilusão – a ilusão do observador se separando da coisa observada. Uma vez que você dê atenção a si mesmo, há uma quebra de identificação dentro dessa egoidentidade, para esse falso “eu”. Isso é o fim para o conflito, é o fim para o sofrimento, é o fim para a ilusão. OK?
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