Vamos lá? O assunto é Kundalini, Kundalini Yoga, essa relação entre o Despertar e a Kundalini. A Kundalini é esta Presença que Ramana chama de Shakti; é a própria Presença do Ser, é a Presença da Consciência. Segundo Ramana, esta Presença, que é Kundalini, Ela é algo que está dentro e fora do corpo. A ideia de que Ela é algo presente dentro do corpo exclusivamente, segundo Ramana, é em razão dessa identificação com “eu sou o corpo”.
Quando falamos de Kundalini, estamos falando desta Energia de Presença, que é esta Consciência em Você. O Despertar desta Energia, o Despertar desta Presença, desta Consciência, é o Despertar da Kundalini.
Um dia, um visitante foi a Ramana falando sobre Kundalini Yoga: “Qual é a diferença entre a Kundalini Yoga e o caminho Jnana, da Jnana Yoga?”. E Ramana explicou para ele que a Kundalini Yoga trabalha com mudras, respiração, pranayama e diversas outras técnicas, enquanto que, na Jnana, a única coisa aqui – e esse era o caminho de Ramana, que é o caminho que indicamos aqui para você em direção a esse Despertar, em direção a esta Iluminação Espiritual –, aqui estamos pela autoinquirição, que Ramana chamava de Atma Vichara. A pergunta “quem sou eu?”… e a gente vê isso num diálogo lá em 1945, do dia a dia com Bhagavan… Ele explica ao visitante que, de uma forma automática, acontece pela Atma Vichara aquilo que na Kundalini Yoga é buscado através de diversas práticas.
Então, o nosso trabalho aqui com você – porque isso foi a minha experiência com relação a esse Despertar, a essa Iluminação Espiritual – é pela autoinquirição, pela Atma Vichara. Então, Kundalini é o Despertar desta Presença, desta Consciência. Isso é algo que acontece automaticamente nesta autoinquirição.
Então, aquilo que eu tenho apontado aqui dentro do canal para você, como real prática, e o que há de mais prático, é exatamente o caminho direto que Ramana indicava. Esse caminho é a autoinquirição, a autoinvestigação.
Então, quando falamos de Kundalini, estamos falando de uma mudança nessa própria estrutura do corpo e da mente. Então, a Realização Espiritual, a Iluminação, acontece aí neste mecanismo, nesse organismo, em razão de uma mudança psicofísica. Então, você precisa passar por uma mudança, e essa mudança acontece quando esta Energia, que, segundo Ramana, está dentro e fora do próprio corpo, Desperta e ela alcança não o topo da cabeça, e sim o próprio Coração.
Então, segundo Ramana, Kundalini é essa Energia, é esta Consciência presente, que, quando Desperta, o Coração Espiritual, esse “Espaço” de Pura Consciência – eu chamo “Espaço” de Pura Consciência – floresce aí.
Então, isso é algo que a gente pode colocar de uma forma muito mais simples: apenas faça a autoinquirição, trabalhe essa questão em você, essa questão da Meditação, e esse Despertar da Kundalini será, segundo o próprio Ramana, de uma forma automática.
Então, nós aqui dispensamos essas práticas e colocamos para você isso de uma forma direta. Talvez você me pergunte: “E qual é a forma direta de trabalharmos isso em nós mesmos, já que não é pela respiração, pela pranayama, ou por mudras, ou outras técnicas, como são prescritas aí na Kundalini Yoga? Qual é a forma direta de entrarmos em contato com a Verdade sobre quem nós somos? O que é, então, isso? O que é esse ‘quem sou eu?’? O que é essa autoinquirição?”. Eu tenho dito isso aqui em inúmeros vídeos: o seu trabalho está em observar o movimento da mente. A auto-observação já traz, necessariamente, esta autoinquirição. Alguns chamam de autoinvestigação, eu chamo de autoinquirição também, porque Atma Vichara é basicamente autoinquirição; não é autoinvestigação, e sim autoinquirição.
Então, essa observação do movimento da mente, a própria observação – e eu, quando coloco a palavra “observação”, estou me referindo a esse olhar sem escolha, sem julgamento, sem comparação, sem aceitar ou rejeitar o que o pensamento diz…
Veja, isso é algo muito, muito importante; ao mesmo tempo, muito, muito delicado. Então, quando falamos do Despertar da Kundalini, ou quando tratamos da questão da Kundalini, que é o Despertar desta Presença, dessa Consciência, quando essa Energia alcança o Coração – e aqui eu me refiro a esse Coração Espiritual… Ramana falou muito sobre esse Coração: é a Presença da Consciência. Não é algo basicamente no corpo, embora se situe também no corpo, não exclusivamente; é esta Consciência que transcende a própria forma, transcende o próprio corpo. O corpo é uma aparição dentro Dela, desta Consciência.
Isso soa algo muito vago, muito teórico. Então, vamos ao lado prático disso, e eu quero repetir: o lado prático está na Ciência da Verdade sobre quem Você é, pela auto-observação. Então, o Autoconhecimento é a forma direta desse contato com a Verdade sobre quem Você é, pela autoinquirição, que é a simples e direta observação de todo o movimento interno.
Um pensamento surge e você observa; um sentimento surge e você observa; uma emoção surge e você observa… essa observação sem se confundir, sem se embolar com essa experiência, sem se identificar com todo o processo ligado a pensamentos, a imaginações, a imagens, a crenças que estejam surgindo; sem se confundir com sensações ou emoções que surjam no corpo.
Então, você entra num direto contato com a Verdade desse “quem sou eu?”, porque agora, nesse instante, acontece uma desidentificação da ideia “eu sou o corpo”, “eu estou dentro do corpo”, “eu sou alguém”.
Então, temos aqui a base para a Meditação. A base para a Meditação cria esta facilitação para a Compreensão da Verdade sobre quem Você é, e esta Compreensão revela a Presença da Graça, a Presença da Consciência, a Presença da Kundalini, que Ramana diz que é o mesmo que o próprio Coração. Então, não há separação entre Kundalini e Consciência, entre Consciência e Coração – Isso é o Ser!